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Por Raquel Freire, para o TechTudo


As smart TVs 4K finalmente vêm sendo uma opção viável para o consumidor brasileiro, que encontra uma grande variedade de modelos no mercado. Fabricantes como Samsung, LG, Sony, Phillips e AOC estão presentes no mercado nacional com aparelhos de diferentes tamanhos e especificações.

Apesar desse movimento de popularização, diversos mitos envolvem as smart TVs 4K. Elas valem a pena? A resolução é mesmo perceptível? Os critérios do UHD são bem definidos? Abaixo, o TechTudo responde a essas e outras dúvidas.

Smart TV: o que você precisa saber para comprar um aparelho novo

Smart TV: o que você precisa saber para comprar um aparelho novo

1. Todo 4K é igual?

Mito. Ao ler "4K", pensamos que as fabricantes estão falando sempre de uma mesma característica, mas não é bem assim. A Consumer Electronics Association (CEA) lançou o termo Ultra High Definition (UHD) em 2012 para descrever aparelhos com pelo menos 3840 x 2160 pixels. A ideia era substituir o nome "4K", padrão desenvolvido para as telas de cinema e com resolução de 4096 x 2160 pixels. No entanto, o fato é que a organização não tem poder regulatório. Assim, uma fabricante pode vender smart TVs 4K com 4096 x 2160 pixels, enquanto outra vende aparelhos de 3840 x 2160 pixels, também 4K.

Soma-se a isso o debate em relação à estrutura dos pixels. A CEA confere o certificado UHD apenas às TVs cujos pixels RGB estejam íntegros, o que não ocorre quando uma marca trabalha com um painel RGBW (que retira partes das cores primárias para adicionar pixels brancos). Como as regras da CEA não são obrigatórias, as marcas não são impedidas a declararem seus modelos como de ultra definição, ainda que sem o logo da associação.

A UHD Alliance foi criada em 2015 justamente para emitir certificações a partir de outros critérios, em que os pixels RGBW e RGBY podem ser considerados UHD. Portanto, pode haver uma diferença enorme entre dois painéis UHD 4K. O consumidor precisa pesquisar quais são os critérios adotados por cada marca antes de realizar a compra.

2. TVs curvas são melhores?

Mito. As fabricantes frequentemente anunciam smart TVs curvas como sendo melhores para aumentar a sensação de imersão, cobrindo maior campo de visão do espectador. Isso é verdade em um monitor desktop, mas não para as smart TVs.

Há duas diferenças cruciais entre esses dois painéis: tamanho e número de espectadores. No computador, o resultado da imersão é efetivo porque apenas uma pessoa está bem de frente para a tela. Só que as TVs são projetadas para serem vistas por mais de uma pessoa, o que altera toda a dinâmica. Neste cenário, quem estiver na ponta do sofá verá uma imagem distorcida, além de não usufruir da imersividade.

Smart TVs com tela curva não são melhores que as de tela plana  — Foto: Melissa Cruz / TechTudo
Smart TVs com tela curva não são melhores que as de tela plana — Foto: Melissa Cruz / TechTudo

3. O olho humano não distingue o 4K?

Parcialmente verdade. O olho humano possui uma capacidade fixa de captura da resolução. Isso significa que, por mais pixels que apareçam na tela, há um limite a partir do qual não fará diferença para nossa visão. Em média, um indivíduo consegue distinguir objetos separados em um intervalo de 0,1 mm a uma distância de 25 cm, segundo estudo dos engenheiros Paul Alt e Kohki Noda, publicado no IBM Journal. Quanto menor a distância, maior a capacidade de distinção.

Apesar disso, provavelmente, você não vai sentar a menos de 25 cm de uma TV 4K. Se o fizer, aí sim a diferença entre o Full HD e o UHD fica visível. Caso contrário, será preciso uma tela realmente grande, com mais de 65 polegadas, para que o espaço entre os pixels seja tão grande no 1080p que o salto para o 4K se faça perceptível. "A definição desempenha cerca de 25% da nossa capacidade visual. Ela é importante, mas é só uma parte do processo.”, explicou Paulo Schor, oftalmologista da Unifesp, ao TechTudo.

4. Há pouco conteúdo disponível?

Verdade. Certamente, há muito mais conteúdo disponível hoje do que quando o padrão foi lançado. A Globo Play exibe parte da sua programação em 4K HDR nas smart TVs desde de 2016. O Netflix também conta com filmes e séries em Ultra HD, assim como outras plataformas de streaming de vídeos.

No entanto, a disponibilidade ainda é baixa. A TV aberta não possui transmissão em 4K e, mesmo nos serviços em que a resolução está presente, a oferta é bem menor do que o HD e Full HD. Além disso, é necessário uma conexão de Internet robusta para que o carregamento ocorra sem problemas e todos os bits sejam transmitidos, de maneira a resultar em uma imagem realmente 4K.

Conteúdo em 4K já está disponível, mas ainda é baixo — Foto: Melissa Cruz/TechTudo
Conteúdo em 4K já está disponível, mas ainda é baixo — Foto: Melissa Cruz/TechTudo

5. TV 4K é cara?

Mito. A afirmação já foi uma realidade, mas não se pode dizer isso em 2018. Comparando dois modelos com tela flat de 55 polegadas da Samsung, o Full HD 55K5300 sai por R$ 3.500, enquanto o 4K KU6000 tem preço de R$ 3.700. A diferença é muito pequena, ainda mais considerando que outras especificações da TV UHD também são superiores – ela tem HDR, ausente na Full HD, e sua taxa de atualização é de 120 Hz contra 60 Hz.

Quando pesquisamos smart TVs de 40 polegadas Full HD e 4K, os preços mais baixos nas respectivas categorias são de R$ 1.400 e R$ 1.900. O valor absoluto ainda costuma ser um pouco acima dos modelos Full HD, porém não tanto a ponto de definir os aparelhos UHD como "caros".

6. Taxa de atualização é essencial?

Mito. Há uma grande espetacularização em torno da taxa de atualização nas TVs, especialmente nas 4K. A verdade é que o valor descrito pela fabricante diz pouco sobre o que o aparelho entrega.

O problema é que não há uma padronização para medir a taxa de atualização. Uma marca estabelece seus próprios parâmetros para informar que uma TV tem 60 Hz, 120 Hz ou 240Hz. Portanto, basear-se neste número individualmente na hora de comprar uma smart TV faz pouco ou nenhum sentido.

7. Painel OLED é melhor que LCD?

Verdade. A tecnologia OLED traz uma melhoria em relação aos LED. O sistema de iluminação é feito pixel por pixel, diferentemente do que acontece nas telas LCD e LED, em que tudo é iluminado por um único painel traseiro. O resultado disso é o maior controle no brilho e contraste, além da emissão de cores mais precisas e tons escuros mais densos.

A tecnologia não interfere em nada na quantidade de pixels: um display OLED 4K tem os mesmos 3840 x 2160 pixels do que um LCD ou LED 4K. O ganho na qualidade de imagem está na melhoria da cor e contraste, algo que os críticos do "quanto mais resolução, melhor" estão sempre apontando como especificações mais importantes.

A LG é uma das fabricantes que mais investe em painéis OLED, mas isso não significa que as concorrentes apenas observam. No início de 2017, a Samsung apresentou seu QLED, que promete reproduzir 100% das variações de cores mesmo no brilho máximo.

Painel OLED oferece melhor qualidade de imagem que LCD — Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo
Painel OLED oferece melhor qualidade de imagem que LCD — Foto: Fabrício Vitorino/TechTudo

8. Garantia estendida é fundamental?

Mito. Mesmo que não sejam particularmente caras, as smart TVs 4K não são itens baratos (assim como as smart TVs de forma geral). É aí que os vendedores insistem na garantia estendida, que evitaria gastar dinheiro com consertos durante um bom tempo.

O investimento, porém, se mostra inútil na maioria dos casos. Segundo levantamento da Consumer Reports de 2014, apenas 4% das TVs precisam de reparo durante os primeiros quatro anos. Considerando que boa parte deste tempo é coberto pela garantia padrão – que costuma ser de um ou dois anos –, o custo extra não deve valer a pena.

9. Não existe TV 4K sem ser smart?

Parcialmente verdade. Não há nada que impeça uma TV de ser 4K sem ser smart, portanto isso pode acontecer. Na prática, porém, nenhuma fabricante põe no mercado modelos 4K sem conexão com a Internet. Procurar um modelo UHD sem funções inteligentes para economizar fica fora de questão.

TVs 4K à venda têm recurso smart com conexão à Internet — Foto: Melissa Cruz/TechTudo
TVs 4K à venda têm recurso smart com conexão à Internet — Foto: Melissa Cruz/TechTudo

10. Não há padronização?

Verdade. Como dissemos antes, ainda não existe uma regulamentação para as TV 4K e o principal problema disso é óbvio: comparar dois modelos pode ser uma verdadeira aventura, pois os números da ficha técnica significam pouco.

CEA e UHD Alliance não são as únicas organizações que estabelecem critérios para certificações. A Digital Europe também tem seu próprio logo UHD, com normas diversas das mencionadas organizações. Empresas como Samsung fazem parte das três, enquanto LG é certificada pela UHD Alliance e Digital Europe, mas não pela CEA.

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