Resident Evil 4 Remake no iPhone 15 Pro é versão dispensável; testamos

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Resident Evil 4 Remake conta a história do resgate de Ashley, filha do presidente dos Estados Unidos, de um vilarejo na Espanha. Tal missão é dada ao protagonista Leon S. Kennedy, um dos ex-integrantes do Departamento de Polícia de Raccoon City. Considerado um dos melhores da franquia da Capcom, o título de survival horror teve remake lançado em 2022 para consoles PlayStation, Xbox e PC, e recebeu inúmeros elogios do público e da crítica especializada.

Em vista do grande sucesso e uma boa oportunidade de mercado, a desenvolvedora do jogo decidiu apostar numa versão mobile, voltada para dispositivos iOS. Afinal, com os chips A17 instalados nos novos iPhone 15 Pro e iPhone 15 Pro Max e a experiência adquirida com Village Mobile, a ideia de oferecer títulos AAA em smartphones — agora, de forma convincente — parecia fácil e brilhante. Mas, parece que a empresa não aprendeu muito.

O jogo é extremamente fiel à versão de console, tanto que parece não terem sido feitas adaptações significativas ao formato mobile — a não ser para o jogo abrir e rodar, literalmente. Nesse sentido, vemos as mesmíssimas cutscenes e missões do game para PS5, por exemplo, mas com jogabilidade nada facilitada e qualidade gráfica bastante reduzida.

Esses detalhes gráficos são especialmente perceptíveis ao reparar nas sombras, reflexos e texturas do jogo. Em alguns momentos, inclusive, a gameplay acaba prejudicada pelos bugs visuais, como quando é preciso analisar um animal ou objeto em ambientes de baixa iluminação.

Vale destacar que o jogo também apresentou muito engasgo em algumas animações e sofreu muitas quedas de FPS em momentos chave, como durante fugas e combates. Para tentar melhorar o desempenho, alguns recursos foram desativados, como o Motion Blur e o HDR. Mas, mesmo assim, a taxa de quadros permaneceu caindo de 30 para 20 fps — ou 25, em áreas mais simples.

Outro ponto negativo recaiu sobre legendas e botões de interação in-game. Há uma notável falta de equilíbrio nas proporções, resultando em textos pequenos demais, e até ilegíveis em certas partes. Ao mesmo tempo, os botões do controle virtual ocupam uma grande parte da tela, prejudicando a visão do jogo.

Apesar dos vários erros, um ponto positivo vai para a movimentação de Leon, que é bastante fluída quando a play roda sem problemas. Além disso, se não for a sua primeira vez jogando o título, a navegação entre os cenários e a noção do que fazer em seguida são bastante tranquilas. Assim, dá para encontrar itens, armas e munições normalmente.

A grande promessa da linha Pro do iPhone 15 é o chip A17 Pro, que acompanha tela OLED de 6,1 polegadas, tecnologia Super Retina XDR, resolução de 2556 x 1179 pixels e armazenamento de 1 TB. Todas essas especificações chamam muito a atenção, especialmente no que diz respeito ao uso do celular no dia a dia. Assim, ao pensar nelas em relação à jogatina de Resident Evil 4 Remake, o esperado, naturalmente, era a de uma grande performance. Porém, esse não é o caso.

Mesmo com o enorme espaço de armazenamento, o jogo causou sérios travamentos e comprometeu a temperatura do smartphone diversas vezes. Inclusive, durante o primeiro combate com os moradores da vila, logo nos primeiros minutos, o telefone emitiu um aviso sobre a necessidade de resfriamento. No que diz respeito à bateria, após 30 minutos de gameplay, mais de 20% da carga já havia sido comprometida.

Por conta disso, acaba sendo injusto comparar o iPhone 15 Pro com um console portátil — pelo menos ao rodar RE4 Remake. Isso porque, com o game, o smartphone falha justamente nos quesitos que esses videogames mais se destacam: no desempenho liso e resfriamento. Em todo caso, é preciso ressaltar que o celular pode, de fato, ser uma boa plataforma para jogos, mas desde que a adaptação seja feita adequadamente.

Não à toa, títulos também presentes em consoles como Call of Duty Mobile, Hogwarts Legacy Mobile, Wild Rift, Diablo Immortal e outros no catálogo da App Store, atraem milhões de jogadores diariamente. Porém, só vai ser possível fazer uma comparação justa, de fato, com RE4 Remake, quando outros jogos AAA chegarem ao serviço da Apple — como Assassin’s Creed Mirage.

Na versão mobile de Resident Evil 4 Remake, usuários podem escolher entre jogar com o controle virtual ou conectar um joystick externo via Bluetooth. No início da gameplay, optamos por jogar direto na tela, e, apesar de parecerem familiares para usuários de console, os botões ficam bastante desproporcionais na tela do celular da Apple.

Em geral, a ideia é que a mão fique posicionada exatamente como num controle de videogame. Mas, como o touch ocupa muito espaço no display, às vezes os dedos tampam o que devemos ver e atrapalham a jogatina.

Depois de muito falhar em combates por conta dessa questão, conectamos o controle externo e refizemos o teste. A experiência de jogo melhorou consideravelmente, mas, ao ponderar sobre o custo do jogo mobile, do smartphone e do controle externo, fica uma dúvida sobre se realmente a versão vale a pena.

Por exemplo, ao realizar uma análise rápida dos custos, levando em conta o iPhone 15, com preço inicial de R$ 9.299 no Brasil; a versão mobile do Resident Evil 4, disponível por R$ 259; e o custo de um controle externo, variando entre R$ 50 e R$ 300 (como o GameSir X3), já atingimos um montante que poderia ser investido na aquisição de um console de última geração, por exemplo. Um console portátil como o ROG Ally, da Asus, por exemplo, sai por ao menos R$ 5.460 no e-commerce nacional.

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