Resident Evil 4 Remake revive o clássico em moldes modernos; veja review

Nova versão de um dos jogos mais amados da franquia alia uma história já consolidada a um modelo de gameplay mais atual e dinâmico; veja análise completa

Por , da Redação


Resident Evil 4 Remake Reprodução/Luiza M. Martins

Resident Evil 4 Remake é o mais recente título da franquia de jogos de ação e terror da Capcom. Com lançamento previsto para 24 de março, o game vem gerando muitas expectativas no público, principalmente pelo fato deste ser um dos títulos mais queridos pelos fãs da saga. Na história, o jogador assume o papel de Leon S. Kennedy, um dos ex-integrantes do Departamento de Polícia de Raccoon City, em uma nova missão: resgatar Ashley, a filha do presidente dos Estados Unidos, em um vilarejo na Espanha. A tarefa, no entanto, vai ser bem mais desafiadora do que parece.

Disponível no PlayStation 5 (PS5), PlayStation 4 (PS4), Xbox Series X, Xbox Series S e PC, o game chega ao mercado com preço sugerido de até R$ 259,50 na edição padrão. Além disso, o título tem a tarefa de trazer uma nova roupagem a uma história já consolidada e abraçada pelos jogadores. Mas será que ele consegue se sobressair nessa proposta? Confira a análise do TechTudo para descobrir!

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Resident Evil 4 entre clássicos e remakes

O ano de 2023 tem sido bastante criticado por conta da enorme quantidade de remakes em um curto período de tempo. Poucos meses depois do lançamento de Dead Space Remake, em janeiro, Resident Evil 4 Remake chega ao mercado. Ainda sem data confirmada, mas com indicativos de estreia neste ano, há Silent Hill 2, também com um remake. Curiosamente, todos esses são de terror – ou pelo menos, contam com elementos do gênero. Isso sem mencionar títulos como The Witcher, Splinter Cell e Final Fantasy VII Rebirth, continuação do remake de 2020, ainda em vista para algum momento dos próximos meses.

Para muitos jogadores e críticos de games, isso demonstra um certo cansaço por parte da indústria. Entre os mais ferrenhos, a escolha por readaptar histórias consolidadas e que já contam com grande apelo por parte do público soa até mesmo como uma falta de criatividade para tentar algo novo. The Last of Us Parte 1, lançado em setembro de 2022, foi um bom exemplo disso. Um remake graficamente lindo, mas que, fora as questões de acessibilidade e marketing envolvendo a série de TV até então vindoura, muitos consideraram desnecessário.

Apesar dos gráficos lindos, The Last of Us Part 1 foi considerado desnecessário por muita gente — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

No caso de Resident Evil 4, a questão também é curiosa. De alguns anos para cá, a Capcom tem feito trabalhos louváveis com os remakes da franquia, principalmente o Resident Evil 2. Contudo, tanto RE2 quanto RE3 eram jogos que não tinham opções amplas, em termos de acesso, para serem jogados atualmente. Quem quisesse aproveitar a franquia do início pela primeira vez, por exemplo, provavelmente teria que se contentar com gameplays da época do PlayStation One e PlayStation 2.

Entretanto, o RE4 tem portes em HD para praticamente todos os consoles. Logo, a justificativa de que o título teria ficado "preso no tempo", como aconteceu com Dead Space, Silent Hill e seus próprios antecessores, não caberia aqui. Dentre tantos remakes recentes e os que ainda estão por vir, a missão da Capcom com esse jogo certamente seria mais difícil do que com os títulos anteriores. Contudo, o que a empresa entrega certamente vai agradar os fãs de longa data e, também, os que querem viver essa experiência pela primeira vez.

Uma experiência que se aproveitou bem do tempo

Resident Evil 4 Remake já impressiona, desde a primeira cutscene, pelos gráficos muito bonitos e com uma paleta de cores bem diferente dos tons terrosos do game clássico. Mas isso é o mínimo que se espera de um bom remake. O game vai ficando mais interessante conforme notamos a forma com que ele vai trazendo os conceitos mais modernos da indústria à jogatina, adaptando-os de forma tão orgânica que, por vezes, o jogador nem nota que, na versão original, aquilo não estava lá.

Já nas primeiras cenas, quando Leon está com os dois policiais chegando ao vilarejo na Espanha, algumas mudanças já se mostram significativas. A primeira delas é a adição de mais falas – o protagonista continua introspectivo, mas ele se comunica melhor e de forma mais clara. Os monólogos onde dizia para si mesmo (ou para o jogador) tudo que tinha que fazer foram redistribuídos para que as interações soassem mais naturais. Os policiais também ganharam novos diálogos e até mesmo novos destinos, já nesses primeiros minutos. Como é de se esperar, no entanto, o final deles ainda é triste.

Resident Evil 4 Remake tem mudanças interessantes já nos seus primeiros minutos de gameplay — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

A quantidade de cutscenes também está maior em relação ao que foi visto no primeiro game. A interação com a agente Hunnigan, restrita a uma tela de menu onde Leon e ela trocavam informações sobre o andamento da missão, se transformou em uma série de cutscenes mais trabalhadas e capazes de envolver mais a personagem, até então distante, na trama. Esse movimento lembra, inclusive, o que foi feito em Dead Space Remake, com os agentes que se comunicam com Isaac por rádio.

Outro fator que fica evidente desde os primeiros minutos é que o game aprimorou seu level design, ou seja, o planejamento das fases do jogo. Se antes, Leon estava sempre andando reto em curtas distâncias e as fases soavam demasiadamente rápidas, agora, os caminhos são mais longos e complexos, obrigando o protagonista a subir, descer e passar diversas vezes pelos mesmos cenários.

No Resident Evil 4 original, Leon e Hunnigan se comunicavam através dessa tela — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Algumas casas têm mais andares, porões e há mais estruturas para interagir durante os percursos. Isso é interessante para trazer um "tempero" a mais na interatividade, fator importante para não deixar o jogador entediado. Vale ressaltar que, para os padrões de hoje, áreas amplas e mortas já são vistas como ultrapassadas, algo que o jogo soube adaptar bem em relação à versão original.

No entanto, mesmo com essa novidades, o jogo ainda encontra suas formas de fazer referência à versão antiga. O pulo de Leon das janelas, por exemplo, é algo difícil de esquecer e que o jogo retoma em contextos diferentes do original.

A floresta ganhou tons frios e bem mais escuros no remake — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Ainda nesse ponto, vale ressaltar o excelente trabalho de ambientação feito pela Capcom. A floresta do game parece, ao mesmo tempo, deslumbrante e perigosa. Nela, há, inclusive, alguns elementos de gore que não estavam presentes na versão passada, como corpos de pessoas e animais decepados. A paleta ainda conta com muito marrom e dourado, também traz tons mais frios que deixam o visual mais parecido com o que foi visto em Resident Evil Village.

Nos ambientes internos, a iluminação, que já é bem bonita, salta aos olhos quando o jogador opta por deixar o Ray Tracing ativado. Se no título original, havia poucas partes escuras em que o terror era o elemento central, no remake, as cenas em ambientes fechados e claustrofóbicos estão bem mais presentes, trazendo novos tons à trama.

Pelo menos à minha vista, elas beberam da fonte de jogos que fazem isso muito bem, como o indie Outlast e Resident Evil 7: Biohazard. O encontro com o primeiro Ganado, por exemplo, acontece em um ambiente bem diferente do original. O mesmo pode ser dito do primeiro contato com Luis Sera.

Resident Evil 4 Remake tem elementos de jogos de terror como Outlast e Resident Evil 7 — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Se todos esses fatores já são capazes de oferecer uma experiência bem diferente em relação ao jogo original, quando o assunto é a gameplay, a discussão fica ainda mais densa. A começar pelos comandos, que foram atualizados para trazer uma estrutura alinhada com o padrão de jogos de tiro recentes.

Se antes, era preciso acessar o menu para selecionar uma arma, agora, Leon consegue mudar de equipamento apertando as setas, como se usasse coldres. Além disso, ele agacha para desviar de golpes e pode usar sua faca para fazer abates furtivos, o que já muda drasticamente o panorama do game. Sabe a cena da cabana, logo quando o protagonista chega ao Vilarejo? É possível limpar uma boa parte dos Ganados furtivamente ali, permitindo, assim, que o jogo se torne mais estratégico e esteja aberto a diversos tipos de abordagem na hora dos combates.

Resident Evil 4 Remake adapta a gameplay para modelos mais atuais e, por isso, a retícula tradicional assumiu o lugar da mira laser — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

A faca de Leon, por sinal, foi remodelada por completo. Agora, ela tem um limite de uso e quebra se a durabilidade se esgota. Com ela, o personagem pode investir na furtividade, se livrar dos inimigos, fazer parrys em nos ataques – incluindo os do homem da serra elétrica – além de golpeá-los como no game original. Outra coisa que faz muita diferença é que Leon anda enquanto mira, algo que, no game antigo, não acontecia. A mira laser também foi deixada de lado e deu lugar à retícula mais tradicional.

O jogo também oferece uma quantidade maior de sidequests, ainda oferecidas nos folhetos azuis espalhados pelos mapas. Há novas armas e diagramas para fazer munição para elas, como acontece nos remakes de RE2 e RE3. Além disso, os quick time events (QTEs), momentos em que o jogador precisa apertar botões específicos na tela, foram cortados do game.

Resident Evil 4 tem um combate bem datado que foi refeito no remake — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Quanto a Ashley, os upgrades também foram consideráveis. Agora, além da personagem ser mais relevante na trama (ponto positivo para a Capcom, inclusive), é possível comandá-la para ficar perto ou mais longe de Leon, em uma dinâmica parecida com o que acontece entre Amícia e Hugo, de A Plague Tale: Innocence. A Inteligência Artificial da personagem também melhorou bastante, o que faz com que ela consiga se virar relativamente bem e não precise do amparo do jogador o tempo inteiro.

A personagem, que ficou marcada por ser praticamente um fardo nos combates do game, agora não compromete tanto. Como ela não tem mais uma barra de vida, Leon não precisa se preocupar em não deixá-la morrer – apenas em levantá-la do chão caso seja atingida ou não permitir que algum Ganado a sequestre. Além disso, Ashley parece estar mais velha e sofreu alterações importantes na dublagem, tanto em relação aos pedidos de ajuda quanto ao seu tom de voz, bem menos agudo (e irritante).

Por conta da influência de jogos mais recentes que envolvem duplas de personagens, como God of War, Uncharted: The Lost Legacy e o já citado The Last of Us, acredito que a Capcom perdeu uma oportunidade interessante de adicionar mais diálogos e interações entre Leon e Ashley. Por mais que isso pudesse amenizar a atmosfera de terror, seria uma forma interessante de desenvolver ainda mais os clássicos personagens, que continuam pouco falantes para moldes modernos. Durante a gameplay, senti falta desse tipo de recurso.

Ashley parece mais velha e teve sua inteligência artificial aprimorada em Resident Evil 4 Remake — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Aspectos técnicos e performance

De forma geral, a performance do Resident Evil 4 Remake é bem estável. Notamos eventuais quedas na taxa de framerate e alguns gargalos, sobretudo em partes de mais ação. O que mais incomodou, contudo, foi um bug nos menus do game e no modo foto que fazia o cursor apontar para a direita, como em um drift de analógico. Testamos diferentes controles para entender se não era, de fato, um problema no DualSense, mas o problema perdurou mesmo com nossas tentativas.

O rosto de Leon destoa dos demais elementos de Resident Evil 4 Remake — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Além disso, há algumas texturas em baixa resolução. O rosto de Leon, por exemplo, destoa das demais partes de seu corpo (do cabelo, principalmente, que tem física própria), sobretudo em partes de gameplay. Tirar fotos dele de frente vai incomodar os mais exigentes. Vale lembrar, contudo, que essas questão não atrapalharam o andamento do game e podem ser resolvidas com algumas atualizações.

Resident Evil 4 Remake oferece opções para priorizar a resolução ou o desempenho. Na primeira delas, o jogo roda em 4K nativo (2160p) com a opção de Ray Tracing a uma taxa de 30 fps. Na segunda opção, o jogo roda em 4K dinâmico sem opção de traçado de raios e 60 fps. Os testes do TechTudo foram realizados em um PlayStation 5 (PS5) no modo resolução.

Resident Evil 4 Remake vale a pena?

O Mercador está de volta para barganhar com os jogadores em RE4 Remake — Foto: Reprodução/Luiza M. Martins

Apesar da vasta quantidade de remakes chegando ao mercado nos últimos tempos, é seguro dizer que Resident Evil 4 é um dos que mais aproveitam a oportunidade para melhorar o que já era bom. Trazendo uma experiência consolidada a moldes mais atuais, o game conquista novos públicos sem deixar de prestar a devida homenagem ao clássico. Caso você seja um jogador interessado em prestigiar o game pela primeira vez, certamente essa será uma oportunidade bem interessante.

Para quem quer reviver a história de Leon na Espanha, o chamariz é ainda maior. Quando consideramos que a Capcom optou por lançar o game por um preço mais baixo em relação aos concorrentes, a circunstância fica ainda mais atrativa. Tudo que fez de Resident Evil 4 um grande game está ali, por um valor mais "acessível" e com conteúdo adicional em relação ao original. Sem dúvida, este é um forte candidato a superar o RE2 como o remake mais querido da Capcom.

9.3
Uma releitura brilhante
Resident Evil 4 Remake aproveita as oportunidades de melhoria para entregar um game redondo capaz de agradar tanto os fãs da velha guarda quanto os marinheiros de primeira viagem. A performance, no entanto, precisa de mais polimento.
Gameplay
9
Ambientação
9
Gráficos
9
Diversão
10
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