FRANCISCO, José Chafi - Desenvolvimento Religioso Do Norte de Santa Catarina - Diocese de Joinville

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Síntese: O artigo parte da fundação da Colônia Dona Francisca, mais tarde

chamada Joinville, em 1851, ressaltando a atuação do Pe. Carlos Boegershau-


sen, alemão, aí chegado em 1857 e aí permanecendo até sua morte em 1906.
Após breve referência ao Pe. Sundrup, menciona-se a criação da diocese em
1927 e a nomeação de seu primeiro bispo, Dom Pio de Freitas, em 1929, cujas
atividades são elencadas. Em 1949 chega Dom Frei Inácio Dal Monte, como
Coadjutor e, em 1953, Dom Inácio Krause, nomeado Administrador Apostólico
em 1955. Nesse ano Dom Pio de Freitas renuncia por motivo de saúde. Em
1957 inicia o pastoreio de Dom Gregório Warmeling, 2º bispo diocesano, ao qual
se deve, entre outras obras, a renovação da diocese à luz do concílio Vaticano
II e a construção da nova Catedral. Em 1994, Dom Orlando Brandes assume
a diocese, aí permanecendo até 2006. Em 2007, em agosto, toma posse o 4º
bispo diocesano, Dom Irineu Roque Scherer. Na parte final do artigo é descrita
a situação sócio-eclesial da diocese, alistando-se os positivos e os negativos.
Abstract: At the beginning the author gives a brief outline of the Colony of Mrs.
Franscisca as the territory of Joinville was called until it received its new name in
1851 being called Joinville. In this city was well known the activity of Fr. Charles
Boegershausen, a German priest who arrived there in 1857 and continued unin-
terruptedly working in the parish until 1906. Reference is made to Fr. Sundrup
and mention is made to the creation of the diocese in 1929 whose first bishop
was Fr. Pio de Freitas who was engaged in many laudable activities. In 1949
he was succeeded by Fr. Inácio Dal Morte as coadjutor only to be replaced two
years later for reason of lack of health, Fr. Gregório Warmeling was installed as
the second bishop of the diocese. He has the recognition of the people due to
many building projects such as the new cathedral and innovations in the diocese
inspired in the II. Vatican Council. In 1994 Fr. Orlando Brandes succeeded as the
third bishop remaining as spiritual leader of the diocese until his replacement in
2006 by Fr. Irineu Roque Scherer who took over the diocese as the fourth acting
bishop. At the end of the article a description of social e ecclesial situation of
the diocese is added with an evaluation of the whole spectrum of intermediate
positions and counterpositions.

Desenvolvimento Religioso
do Norte de Santa Catarina
Diocese de Joinville
José Chafi Francisco*

* O Autor é presbítero da diocese de Joinville, Monsenhor, Chanceler do Bispado.

Encontros Teológicos nº 48
Ano 22 / número 3 / 2007, p. 95-103.
Desenvolvimento Religioso do Norte de Santa Catarina – Diocese de Joinville

Introdução

A Evangelização, aqui no norte de Santa Catarina, precisamente


em Joinville, “teve origem com o casamento entre a família imperial e a
realeza francesa, pois as terras onde hoje está a cidade, foram doadas ao
Príncipe de Joinville, em 1843, como dote da Princesa Francisca Carolina,
irmã do Imperador Dom Pedro II. O casal negociou parte das terras com a
Sociedade Colonizadora Hamburguesa e, na metade do século XIX, che-
garam a esta terra 118 imigrantes germânicos e suíços e 74 noruegueses.
Foi assim que, em 9 de março de 1851, nasceu a Colônia Dona Francisca,
que mais tarde passou a chamar-se Joinville, em homenagem ao Príncipe
de Joinville, François Ferdinand Philippe Louis Marie d`Orléans”.
“A vida católica na primitiva Colônia Dona Francisca teve como
sustentáculo e impulsionador o Pe. Carlos José Leopoldo Boegershausen.
Ele, nascido em Duderstadt, Hanover, a 16 de agosto de 1833, pertencia
à diocese de Hildesheim e foi ordenado sacerdote a 13 de junho de 1857.
Após sua ordenação recebeu e aceitou, da Companhia Colonizadora, o
convite para vir tomar conta da assistência religiosa aos católicos nesta
Colônia. Aqui chegou a 9 de novembro de 1857, com o veleiro Lucie-
Caroline. Com ele, veio o médico Dr. Wingand Engelke, seu íntimo
amigo, que prestou por muito tempo ao povo daqui seus humanitários
serviços. Em 14 de novembro de 1857, Pe. Carlos fez sua primeira visita
aos 142 paroquianos. Encontrou, aqui na Colônia, 1286 luteranos e um
pastor de nome George Höbzel. Embora formando pequena minoria,
os católicos pediam insistentemente um padre que pudesse dar-lhes
assistência espiritual”.
“Um ano após sua chegada, em 1858, o dinâmico reverendo
inaugurou a primeira escola particular em que acolhia, indistintamente,
católicos e evangélicos. Desse educandário formou a “Oeffentliche
Knabenschule” ou escola pública para rapazes, tornando-se o Pe. Carlos
Boergershausen professor vitálicio em 1871”.
“Em outubro de 1905, recebe Joinville a 2ª visita pastoral, então
feita por Dom Duarte Leopoldo e Silva, bispo de Curitiba, que deixou
no termo de visita estes elogios ao Pe. Carlos:


Cf Guia Joinville e Região – 2006 a 2007, p. 8

Cf CHAFI FRANCISCO, José, Livro de Dom Pio de Freitas CM, edição outubro de
2002, pp. 111,115,117

FISCHER, Carlos, História de Jonville, 2ª edição

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“Um dos sacerdotes a quem mais deve esta diocese, que se honra
de o contar no número de seus vigários e, com imensa consolação de
nossa parte, verificamos o respeito e acatamento que lhe dispensam os
paroquianos, sem distinção de sexo, condição ou idade. Este respeito e
acatamento não iam somente ao pároco mas também ao mestre. A escola
era seu carinho. Ele a estabeleceu pouco tempo depois de sua chegada
e a manteve sempre, ensinando pessoalmente e se fazendo ajudar por
professores. Muitas gerações passaram diante de sua cátedra e ali recebe-
ram preciosas lições de ciências e de virtude. Sua escola foi reconhecida
pelo Governo, tornou-se oficial e ele era o Diretor até ser aposentado,
um ano antes de sua morte.”
Zeloso de seu ministério atendeu, durante seu longo paroquiato, a
extensa zona de mais de 3 mil quilômetros quadrados que compreende,
hoje, Joinville, Campo Alegre, São Bento, Corupá, Jaraguá e Guaramirim,
distâncias que percorria a cavalo, por estradas incompletas e a qualquer
tempo. Depois de 49 anos de perseverança em vida abnegada, toda en-
tregue aos sagrados deveres de seu sacerdócio, Pe. Carlos é chamado
para a recompensa que não se recebe neste mundo. Sua morte ocorreu a
12 de dezembro de 1906, no Hospital Municipal, o qual ele tanto tinha
contribuído para construir. Sua falta, sentida por todos, produziu grande
vácuo na sociedade joinvilense.
Pe. José Sundrup, o segundo vigário de Joinville. Seu paroquiato
durou 11 anos, ilustrados por diversos fatos de relevância. Interessou-se
pela educação religiosa das crianças e fundou, para isto, em agosto de
1907, a Escola paroquial. Hoje, Colégio Santos Anjos.
O Estado de Santa Catarina pertencera eclesiasticamente à dioce-
se do Rio de Janeiro e, o do Paraná, à diocese de São Paulo. Em 25 de
maio de 1892, foi criada a diocese de Curitiba com o território dos dois
Estados e a ela ficou pertencendo Joinville”.

Criação da Diocese de Joinville-SC

“Pela Constituição Apostólica “Inter praecipuas”, de 17 de janei-


ro de 1927, do Papa Pio XI, a Diocese de Florianópolis foi elevada à
categoria de Arquidiocese e, no mesmo documento, foram criadas duas
dioceses sufragâneas: a de Lages, na zona centro e ocidental do Estado,


Cf CHAFI FRANCISCO, José, op. cit., p. 118

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e a de Joinville, na zona norte-oriental, tendo como sede episcopal a


cidade de Joinville.
Criada a Diocese de Joinville, a Igreja Matriz de São Francisco
Xavier, construída pelo Pe. Carlos Boergershausen, no começo da co-
lônia e solenemente benta no dia 8 de dezembro de 1867, passou a ser
a Catedral do Bispado.

1º Bispo: Dom Pio de Freitas Silveira

No dia 25 de janeiro de 1929, a Santa Sé nomeou o Pe. Pio de


Freitas Silveira, da Congregação da Missão, então reitor do Seminário
de Diamantina – MG, Bispo da nova Diocese. A posse ocorreu somente
no dia 18 de agosto de 1929, devido aos preparativos para instalação do
novo Bispado e recepção do novo Bispo, atividades confiadas ao então
Vigário da paróquia São Francisco Xavier, Pe. Gercino de Sant`Ana e
Oliveira”.
Atividades de Dom Pio:
− Construção do Salão São José; Ampliação da Catedral São
Francisco Xavier; Construção do Colégio Agrícola São Vicente de Paulo,
Pré Seminário em Morro dos Monos – Araquari; Construção do Semi-
nário Diocesano N. Sra. da Salete, em Ribeirão Grande; Construção do
Palácio Episcopal, hoje Hotel Anthurium); Criação de novas paróquias;
Admissão de novas Congregações Religiosas na Diocese; Movimento
Vicentino; Ampliação do Colégio São Vicente de Paulo (hoje Colégio
Santos Anjos).
O tempo de seu pastoreio fecundo teve como ponto alto as fes-
tividades do Jubileu de Prata da Diocese, o Congresso Mariano e a
Celebração dos seus 25 anos de episcopado. Dom Pio faleceu aos 19
de maio de 1963, tendo renunciado em 19 de janeiro de 1955, devido
ao Mal de Parkinson.
Bispos que ajudaram Dom Pio
Bispo Coadjutor: “Dom Frei Inácio Dal Monte – OFM.Cap.. Para
ajudar Dom Pio, que se encontrava enfermo, a Santa Sé nomeou Dom
Inácio Dal Monte, da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, como


Cf Edição Especial – Jubileu de Prata Ordenação Episcopal de Dom Gregório War-
meling, 21-07-1982, p. 1

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Bispo Coadjutor com direito à sucessão. De março de 1949 a agosto de


1952, Dom Frei Inácio foi incansável auxiliar de Dom Pio, percorrendo
a Diocese em inúmeras viagens pastorais, até a Santa Sé chama-lo para
ocupar a Sé episcopal da Diocese de Guaxupé- MG.
Administrador Apostólico – Dom Inácio Krause, CM. A pedido
de Dom Pio, a Santa Sé, em data de 24.02.1953, autoriza Dom Inácio
Krause, CM., que havia sido missionário e Bispo na China, a auxiliar
Dom Pio nos trabalhos pastorais, “sem, porém, lhe dar o título de Bispo
Auxiliar”.
Dom Inácio chegou a Joinville no dia 12 de setembro de 1953 e
exerceu as funções de Vigário Geral até 19 de janeiro de 1955. Sob a sua
dinâmica orientação e ação foram comemorados, com grande júbilo, o
Congresso Mariano e o jubileu Episcopal de Dom Pio de Freitas.
Com a renúncia de Dom Pio, em conseqüência de seu estado
de saúde, Dom Inácio Krause foi nomeado, em 19 de janeiro de 1955,
Administrador Apostólico. Dom Inácio Krause ficou no cargo de Admi-
nistrador até 21 de julho de 1957, data de posse do 2º Bispo de Joinville,
Dom Gregório Warmeling”.

2º Bispo: Dom Gregório Warmeling

Tomou posse no dia 21 de julho de 1957. Personalidade forte,


decidido, dedicado e incansável pastor. Fazia-se presente onde o soli-
citavam. Amigo dos padres, dos religiosos e religiosas. Grande orador,
marcando seus sermões com slogans que inquietavam as consciências
numa decisão para Cristo.
Humilde, atencioso, homem de oração. Gostava de anunciar Cristo,
com veemência, como centro da nossa espiritualidade. Desde que chegou,
aqui implantou o espírito ecumênico de respeito à opção e nível de cons-
ciência de cada pessoa. Foi atencioso, sabendo agradecer as felicitações,
nunca deixando de responder ao menor dos bilhetinhos.
Ao chegar em Joinville, em 1957, no palanque da Praça Nereu
Ramos, onde foi recepcionado por grande multidão, saudou vigorosa-
mente a cidade com estas palavras que ficaram gravadas na memória e
no coração dos joinvillenses: “Joinville não falha”. Iniciou e inaugurou


Cf CHAFI FRANCISCO, José, op.cit., p. 91

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a nova Catedral São Francisco Xavier, o Seminário de Bateias (Campo


Alegre), o Pensionato Vianney (dependência da Creche Conde Modesto
Leal), o Seminário Diocesano Divino Espírito Santo. Trabalhou para
desembocar numa Igreja toda ela ministerial.
Bom músico, procurou apoiar os Corais na diocese para que o
canto, como expressão litúrgica, fosse para glorificar Deus e sua obra.
Foi criticado, questionado, mas sua serenidade diante do sofrimento foi
a certeza do Deus bondade e forte, que o amparava.
Tive a graça de o assistir nos últimos momentos e lhe administrei os
santos óleos. Ao término, Ele com voz clara e forte me disse: “Obrigado
por ter vindo, obrigado pela administração dos Santos óleos”. Morreu
no Hospital Hans Dieter Schmidt, rodeado pelas irmãs e alguns amigos.
Antes do desenlace, chamou Ir. Maria Sílvia da Eucaristia, que coorde-
nava a casa e o hospital, para que transmitisse o seu recado: “Diga aos
padres, aos religiosos, aos leigos, que vale a pena servir a Cristo, mas que
o façam inteiramente, na transparência de Deus”. Seu lema episcopal:
“Para mim, viver é Cristo”

3º Bispo Diocesano: Dom Orlando Brandes

A atual diocese de Joinville, que conta com 16 municípios, foi go-


vernada por Dom Orlando Brandes de 1994 a 2006. Nesse período, Dom
Orlando criou 18 paróquias, 45 capelas e ordenou 8 padres diocesanos,
15 Diáconos Permanentes e sua maior obra pastoral foram os Grupos
Bíblicos de Reflexão, atualmente em número de 4.000, na Diocese. Criou
também: Escolas de formação – 10; Livros de formação – 26 .
Novas pastorais: 1 – Pastoral dos habitantes de Rua; 2 – Pastoral da
Comunicação; 3 – Pastoral da Consolação e da Esperança; 4 – Pastoral
do Turismo; 5 – Pastoral da Sobriedade; 6 – Pastoral Antialcoólica; 7
– Pastoral dos Idosos; 8 – Pastoral da Infância Missionária; 9 – Pastoral
Política (reativada);10 – Pastoral Vocacional (reativada);11 – Pastoral
Urbana;12 – Pastoral da Visitação; 13 – Pastoral dos Grupos de Refle-
xão;14 – Pastoral dos Casais em Segundas Núpcias; 15 – Criação da
Semana Teológica Diocesana;16 – Criação da Romaria do Trabalhador;17
– Criação das Concentrações Diocesanas de Ministros e Animadores de
Grupos de Reflexão; 18 – Pastoral do Dízimo; 19 – Pastoral da Educa-
ção; 20 – Formação Permanente do Clero; 21 – Projeto Rumo ao Novo

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Milênio: Tríduos, Retiros, Missões Populares, Concentrações Ano Eu-


carístico, Ano Comunitário; 22 – Pastoral Missionária
Obras Administrativas:
1 – Conclusão e inauguração de Centro de Formação Monsenhor
Sebastião Scarzello – Vila Nova; 2 – Reforma e ampliação do Seminário
Menor Divino Espírito Santo – Joinville; 3 – Reforma do Centro Sha-
lom – Nereu Ramos – Jaraguá do Sul; 4 – Construção e inauguração do
Novo Seminário de Teologia de Joinville – Florianópolis; 5 – Aquisição
de terreno para a Mitra – Trevo de Jaraguá; 6 – Construção do Novo
Centro Diocesano de Pastoral, inaugurado no dia 3 de março de 2004,
em Joinville; 7 – Aquisição da atual moradia do Bispo, doação do Padre
Bertino Weber; 8 – Reabilitação da Adipros – Associação Diocesana de
Promoção Social; 9 – Criação do Albergue Marta e Maria – Comissão
Ecumênica; Administração: Arca da Aliança; 10 – Criação do Lar
do idoso – Betânia; 11 – Informatização da economia da diocese; 12
– Projeto da construção da casa de aluguel da Mitra – Rua Guararapes
– Joinville; 13 – Implantação da Rede Vida; 14 – Projeto de Casa para
dependentes Químicos: Pastoral Antialcoólica; 15 – Elaboração e edição
de 43 livros sobre assuntos de catequese, pastoral, liturgia, grupos de
reflexão, sacramentos e dízimo; 16 – Reforma da Casa do Propedêutico
e Moradia dos Padres; 17 – Nova Capela do Seminário Divino Espírito
Santo; 18 – Aquisição de imóveis: Albergue Marta e Maria; 19 – Casa da
pastoral Carcerária; 20 – Pintura do Seminário e Casa de Retiro Mons.
Sebastião Scarzello
Dom Orlando, homem de fé, decisão, de oração, seguro, exímio
orador, escritor, humano, sensível, amigo, zeloso, comunicativo, alegre,
serviçal, reservado, prudente e pobre. Estas qualidades marcam sua perso-
nalidade de Bom Pastor, nos 12 anos de serviço à diocese de Joinville.
No seu governo, Dom Orlando trabalhou pela nova diocese de
Blumenau, que foi criada por Decreto de Sua Santidade João Paulo II,
em 19 de abril de 2000, e tem como o 1º Bispo Diocesano Dom Angélico
Sândalo Bernardino.

4º Bispo: Dom Irineu Roque Scherer

Hoje, a diocese de Joinville conta com seu 4º Bispo Diocesano


na pessoa de Dom Irineu Roque Scherer, já Bispo de Garanhuns, PE.
Nomeado Bispo de Joinville pelo Papa Bento XVI, Dom Irineu tomou

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posse da diocese no dia 19 de agosto de 2007. Que o Espírito Santo o


ilumine e o conforte nesta nova missão.
Nossa Situação Sócio-Eclesial
Realidade Social. Positivos:
1. A diocese de Joinville localiza-se em regiões urbanas onde
grandes pólos industriais, a promoção do turismo e o encontro
de culturas, religiões, a migração e mobilidade humana, mar-
cam fortemente a realidade social e religiosa.
2. Geograficamente a diocese abrange três regiões: a urbana, a serrana
e a litorânea, com facilidade de mobilização e comunicação.
3. Culturalmente a região é bem servida de Escolas, Universi-
dades, festas culturais e religiosas, tem intenso contato com o
exterior e outras regiões brasileiras.
4. Há um grande senso de solidariedade, e intenso cultivo das
tradições culturais e religiosas.
Realidade Social. Negativos:
1. O desemprego, a fome, as drogas, a violência, a migração, os
problemas de habitação e saneamento básico, a falta de assis-
tência à saúde, são nossos principais problemas. Ultimamente a
falta de segurança pública tem ocupado as páginas dos jornais
pelo aumento de assaltos, roubos, arrombamentos de casas.
2. A família é altamente prejudicada pelas separações, drogas,
alcoolismo, agressão física e mobilidade social.
3. A região precisa ter mais políticos em vista do bem-comum do
Norte-Catarinense. Diminui a força dos movimentos sociais
e falta mais atenção aos bairros das cidades, aos homens e
mulheres do campo.
4. Não está superada a discriminação racial, nem as desigualdades
sociais.
Realidade Eclesial. Positivos:
1. Nosso catolicismo tem conotação de vivacidade e dinamismo,
devido à migração de católicos provenientes do Sul do Estado
e Alto Vale do Itajaí, Oeste Catarinense e Estado do Paraná e
graças à opção de nossa Igreja pela teologia do Concílio Va-
ticano II, de Medellín, Puebla e Santo Domingo. Há, porém
regiões de forte tradicionalismo.

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2. Nossa história religiosa se caracteriza pelo ecumenismo, profe-


tismo, ministerialidade e comunidades eclesiais de base, sendo
que hoje sobressaem os grupos de reflexão, novas pastorais e
formação de lideranças.
3. Há um grande esforço na promoção da formação geral do
povo, das comunidades e das lideranças, mas a nível paroquial
e comarcal há defasagens.
4. Aumentaram as vocações e a diocese está organizando sua
economia e sua infra-estrutura através da construção de Casas
de Formação, Centro Diocesano de Pastoral, Lar dos Idosos,
Albergues, Seminários.
5. Cresceram os movimentos e a abertura dos mesmos para a
paróquia, a diocese, a doutrina social da Igreja, mas há ainda
grandes resistências.
Realidade Eclesial. Negativos:
1. As paróquias são muito populosas, poucos sacerdotes, muita
mobilidade de lideranças especialmente nos bairros.
2. O catolicismo nas grandes cidades situa-se mais fortemente nos
bairros. Há grande necessidade de evangelização das realidades
urbanas e dos meios de influência social e cultural. Por outro
lado as televisões e rádios católicas influenciam o povo tanto
positivamente como também criam conflitos pastorais.
3. A sacramentalização é forte. O relacionamento de padres,
bispo, leigos e leigas, lideranças é ainda conflituoso devido ao
autoritarismo de ambos o
s lados. Falta a articulação das pastorais e dos movimentos.
4. Decaiu o profetismo, há muito preconceito quanto à ação
transformadora, e por outro lado, a consciência missionária e
o ecumenismo precisam crescer como também o conhecimento
das diretrizes pastorais.
Endereço do Autor:

 Cf Diretrizes Pastorais da Diocese de Joinville – 2003 a 2007, pp. 8 e 9

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