Rafaela Albuquerque
Rafaela Albuquerque
Ao “Prédio do Vasco”:
À minha irmã por ser a luz da minha vida (e nunca ficar chateada quando eu
pratico bullying com ela).
À minha mãe, por todo o esforço e amor.
Aos meus tios Céu e Duarte, por serem uma inspiração.
Ao André pelo carinho.
À Silane, que esteve comigo desde o início e que me mostrou que uma dieta
nunca dura mais que uma semana.
Considerado como um dos escritórios de arquitetura da sua geração com mais sucesso
a nível mundial, não só pelos projetos elaborados, mas principalmente pela capacidade
que possui de chegar a todos os níveis culturais fazendo uma interface inteligente entre
arquitetura e média, o OMA*AMO distingue-se, em grande parte, pelo seu caráter coletivo
algo que transparece, à primeira vista, pelo tipo de assinatura do atelier que é um carimbo
e não uma assinatura autoral individualizada.
Todavia, à medida que as operações colaborativas vão aumentando, muitos sujeitos
ativos no processo de trabalho são negligenciados socialmente contrariamente à influência
que possuem em cada projeto, cujos nomes acabam por se perder no espetro do atelier de
arquitetura em estudo.
Tendo por base a análise deste aparelho que é o OMA*AMO em paralelo com
outras disciplinas, marcado por uma atitude comparativa entre diferentes áreas do
conhecimento, verifica-se que este se caracteriza principalmente, pela associação entre as
vertentes aparentemente divergentes - teórica e prática - que fazem parte da estrutura do
atelier, e que, como tal, acabam por estar na base estrutural deste trabalho.
Assim, partindo de uma investigação social baseada no método de trabalho coletivo,
e tendo como argumento que este tipo de prática é essencial para o crescimento do
OMA*AMO, procura-se, nesta investigação, compreender as estratégias de atividade em
equipa e possíveis influências que estão na base dos projetos realizados, percebendo de
que forma estas relações colaborativas beneficiam reciprocamente as disciplinas enquanto
ligações indispensáveis para o processo evolutivo do atelier - o que é que está por trás da
‘máquina’ e a põe a funcionar.
Introdução 1
Capítulo 1. 9
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
1.1. A Decadência do Moderno 11
1.2. Da Utopia aos Megal(OMA)nos primeiros anos 19
Capítulo 2. 31
Palíndromos da Arquitetura
2.1. Entre o Teórico e o Prático 33
2.1.1. Rem Jornalista 35
2.1.2. Rem Arquiteto 45
2.2. O Melhor de dois Mundos 53
2.2.1. AMO: o Cérebro da Máquina 61
Capítulo 3. 67
Do Coletivo à Forma
3.1. A Supermodernidade do Coletivo 69
3.1.1. A Experiência Coletiva 71
Actor-NetworkTheory 75
3.2. O Trabalho em Atelier 83
Capítulo 4. 91
Protagonistas ou Atores Secundários?
4.1. A Arte de Colaborar 93
ARUP - Cecil Balmond 97
CCTV - Central China Television (2002-2012) 101
4.1.2. Arquiteto/ Designer Gráfico 109
2x4 (Two by Four)- Michael Rock 115
Prada (1999-ongoing) 117
4.1.3. Arquiteto/ Teórico 125
4.2. Problemas no Coletivo 129
Considerações Finais 135
Referências Bibliográficas 141
Fontes das Imagens 157
Introdução
1
2
Introdução
3
4
Introdução
5
Fig.1 Fotografia de Rem Koolhaas no Museu Kunsthal, Roterdão,
1987 - 1992.
Fotografia: 2018.
6
Introdução
mas principalmente por definirem diferentes vertentes projetuais. Assim, por um lado,
temos o projeto CCTV - Central China Television, que está centrado numa abordagem
mais técnica do trabalho, definida pelo trabalho em conjunto com o engenheiro Cecil
Balmond, e representando o aspeto físico e construtivo do atelier - OMA.
Por sua vez, o trabalho desenvolvido com Michael Rock e a firma 2x4 para a marca
Prada, apesar de contar com elementos construídos, é dominada por uma vertente mais
teórica e investigativa da disciplina - AMO - sendo que a abordagem feita, apesar de fazer a
ponte entre ambas as vertentes, pretende dar especial importância ao trabalho colaborativo
com o designer. No que diz respeito à temática ligada exclusivamente às publicações e à
produção de conteúdos de pesquisa, são colocados em evidência vários escritos lançados
pelo escritório, com o intuito de analisar as respetivas associações e intervenientes.
Por último pretende-se, nas considerações finais, fazer uma reflexão sobre todos os
elementos estudados ao longo do trabalho, esclarecer em que medida é que o processo
de trabalho desenvolvido em colaboração entre indivíduos e entidades contribuiu para
um melhor desempenho do atelier. Orientando o estudo para a prática desenvolvida, em
especial os processos e métodos de trabalho, e analisando os pilares que estão na base da
participação de cada elemento nos projetos, irá permitir não só desmistificar a ideia do
‘génio da arquitetura’ como também dar uma resposta relativa às dúvidas associadas com
a atribuição dos créditos das obras.
7
8
Capítulo 1.
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
9
Fig.2 Iwao Yamawaki, O golpe contra a Bauhaus, 1932.
10
1.1. A Decadência do Moderno
1 Walter Gropius foi um Arquitecto Alemão, (1883-1969), responsável pela criação da Escola Bauhaus em Weimar
(1919), um marco da Arquitetura Moderna combinada com os avanços tecnológicos e industriais da altura.
“The Bauhaus strives to bring together all creative effort into one whole, to reunify all the disciplines of practical art-
sculpture, painting, handicrafts, and the crafts-as inseparable components of a new architecture. The ultimate, if distant,
aim of the Bauhaus is the unified work of art-the great structure-in which there is no distinction between monumental
and decorative art.”
Walter Gropius, “Programme of the Staatliches Bauhaus in Weimar (1919),” in Programs and Manifestoes on 20th -
Century Architecture, trad. Michael Bullock (Massachusetts: The MIT Press, 1971), 50.
Considerada uma afronta aos ideais conservadores do Governo Nazi, a Escola fechou portas em 1933, seguida, no ano
seguinte, pela fuga de Walter Gropius para Inglaterra.
2 Maria Ludwig Michael, conhecido desde 1920 como Ludwig Mies Van Der Rohe (1886 - 1969), outro ícone do
Estilo Moderno, foi um Arquitecto Alemão (1886 - 1969) e o último director da Escola Bauhaus, antes de esta fechar
em 1933. Em 1938 o arquiteto parte para os Estados Unidos, para fazer parte do Instituto de Tecnologia de Illinois.
11
Fig.3 Fotomontagem de Mies van der Rohe para a Reconstrução de Battery Park,
Nova Iorque, 1957 - 1958. Foto original de Hedrich- Blessing.
12
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
3 “The cities of the Third Reich, which once stretched from Normandy to Stalingrad and even to parts of North Africa,
have been reduced to collections of ruins and streets piled with rubble.”
Reinier de Graaf, Four Walls and a Roof: The Complex Nature of a Simple Profession (London: Harvard University Press,
2017), 31.
4 Sérgio Luís Abrahão, Espaço Público: Do Urbano ao Político (São Paulo: Annablume Editora; FAPESP, 2008), 13.
5 Sérgio Luís Abrahão, Ibidem.
6 “Architects, like it or not, were being handed not only new materials and new methods for building but also new
purposes for building.”
Hugh Ferriss, Power in Buildings: An Artist’s View of Contemporary Architecture (New York: Columbia University Press,
1953), 12.
7 “All that has been achieved is that through mechanization, the architectural detail has been submitted to the laws of
production technology.”
Rob Krier, Architectural Composition (London: Academy Editions, 1991), 303.
8 Modern architecture, in a disastrous way has ruined cities through the whole world.”
Rob Krier, Ibidem.
9 Também conhecido por “Black Thursday”- Quinta-feira Negra - o dia 24 de Outubro de 1929 ficou conhecido pelo
colapso da Bolsa de Valores de Nova Iorque, com investidores a perderem mais de $26 milhões de milhões de dólares
em acções, e mais de 30 milhões de ações a serem negociadas. Este dia está no início da Grande Depressão de 1930,
considerado o pior período de crise do século XX.
10 “This has since been widely recognized; what has not been so widely recognized is that in the ‘30s it was inevitable
that forward-looking architects should be preoccupied with the strictly technical side.”
Hugh Ferriss, Power in Buildings, 12 -13.
11 “If a car is a radically new make, the driving lesson comes first, the grand tour later.”
Hugh Ferriss, Idem, 13.
13
Fig.4 Paul Rudolph, projeto Lower Manhattan Expressway, 1968. Proposta baseada na megaestrutura
e nas unidades edificatóriass pré-fabricadas.
14
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
12 “It was soon apparent(…) that the depression starting in 1929 had at least one good side: If architects, for the time
being, could not do any real building, at least they could do a lot of real thinking. The skyscraper spree was over; a time
for sober reflection had set in.”
Hugh Ferriss, Idem, 11.
13 “To people who naively believe that every issue has two sides and only two, and that everything depends upon
choosing one’s side and boldly announcing one’s choice, it would be idle to point out that in this case the choice of either
engineer or artist would be fatal to architectural design.”
Hugh Ferriss, Idem, 13.
14 “During the eclectic phase it had been clear enough that in architectural practice the artist, working without full
collaboration of the engineer, could produce soft, sentimental, and sloppy results. In the technological phase it was
becoming equally clear that the results of the engineer, working without the artist, could be cold, inhuman, and
repelling.”
Hugh Ferriss, Ibidem.
15 Hugh Ferriss, Ibidem.
16 “Unless the two elements, scientific and artistic, could somehow be reintegrated, there would be no more real
architecture.”
Hugh Ferriss, Ibidem.
17 “In the rigid process of planned production, architecture loses its specific dimension, at least in the traditional sense.”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia. Design and Capitalist Development (Cambridge, Massachusetts, and London,
England: The MIT Press, 1976), 105.
15
Fig.5 Robert Venturi e John Rauch, Residence in Chestnut Hill, Pensilvânia, 1962.
16
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
18 “You can explain a lot of the architecture in the 60s, 70s and 80s from the difficulty of architects playing a certain
role without anybody else really believing in their work.”
Rem Koolhaas in Alejandro Zaera Polo, “Finding Freedoms: Conversations with Rem Koolhaas,” El Croquis OMA/ Rem
Koolhaas 1987-1992, nº 53 (1992): 6.
19 Expressão tornada famosa através do arquiteto e ‘pai’ do minimalismo Mies van der Rohe (1886 - 1969).
20 Segundo Venturi afirma em Complexity and Contradiction in Architecture, “The doctrine ‘less is more’ bemoans
complexity and justifies exclusion for expressive purposes. (...) Where simplicity cannot work, simpleness results. Blatant
simplification means bland architecture. Less is a bore.”.
Robert Venturi, Complexity and Contradiction in Architecture (New York: The Museum of Modern Art, 1966), 17.
21 “(...)a cultura arquitectónica na passagem dos anos 70 para os 80 refuta o lado determinista e anti-artístico da
abordagem científica e o lado futurista da experiência visionária, permanecendo com aquilo que realisticamente pode
integrar o projecto no quadro de uma condição de pós-modernidade.”
Jorge Figueira, “A Periferia Perfeita: Pós Modernidade na Arquitectura Portuguesa, Anos 60 – Anos 80” (dissertação de
Doutoramento, Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra,
2009), 105.
22 “Desde logo, porque as suas premissas assentam na religação do projecto com o senso comum, o passo entendido
como necessário para uma experiência inteligível e apropriável da arquitectura.”
Jorge Figueira, Idem, 123.
23 “The solicitations of theorists for a revision of formal principles did not, however, lead to a real revolution of meaning
but, rather, to an acute crisis of values.”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia, 41.
24 Manfredo Tafuri, Ibidem.
25 Atelier, criado em 1967, na Itália, por Adolfo Natalini e Cristiano Toraldo di Francia. Posteriormente entraram para
o coletivo os arquitetos Gian Piero Frassinelli, Roberto e Alessandro Magris e Alessandro Poli.
26 Atelier, criado em 1966, na Itália, por Andrea Branzi, Gilberto Corretti, Paolo Deganello e Massimo Morozzi. Em
1968 juntam-se ao grupo os designers Dario Bartolini e Lucia Bartolini.
17
Fig.6 Grupo Archizoom, 1966 - 1974.
Da esq. para a dir.: Gilberto Corretti, Andrea Branzi, Massimo Morozzi, Lucia Bartolini,
Dario Bartolini e Paolo Deganello.
18
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
rendição pós-moderna a ele”27, acabariam por influenciar vários nomes da arquitetura que
estavam a começar a sua carreira. Um exemplo significativo encontrava-se em Londres,
na Architectural Association School (AA School) de Londres que contava, já nesta altura,
com grandes mudanças ideológicas provenientes dos Archigram28 (1961), pioneiros
na introdução do radicalismo para a arquitetura, ao qual se sobrepunha o futurismo
tecnológico como uma condição necessária para a evolução da “máquina de habitar”29.
Assim, inspirado pelos pressupostos “Super e Archi” [fig. 6 e 7], que censuravam os
modelos rígidos do modernismo, em detrimento de uma “transformação utópica da vida
através do uso de estruturas móveis, flexíveis e infláveis,”30, caracterizado pela “(...) “auto-
libertação” através do uso privado da imaginação.”31, é fundado, pelos arquitetos Rem
Koolhaas e Elia Zenghelis (que pertenciam, nesta altura, ao corpo docente da AA School),
em colaboração com as ilustradoras Madelon Vriesendorp e Zoe Zenghelis, em 1975 o
Office For Metropolitan Architecture.
27 “An important exception to this postmodern turn in the aftermath of May 1968 was Superstudio, a group of young
Florentine architects whose use of metaphors and rhetorical devices was a means to expose the internal limitations of a
modern world colonized by the sign, rather than a postmodern surrender to it.”
Sarah Deyong, “Memories of The Urban Future: The Rise And Fall of The Megastructure,” in The Changing of the Avant-
garde: Visionary Architectural Drawings from the Howard Gilman Collection, ed. Terence Riley (New York: Museum of
Modern Art, 2002): 31.
28 Archigram foi um grupo de arquitectos Britânicos que surgiu em 1961 em Londres, composto por: Peter Cook,
David Greene, Michael Webb, Warren Chalk, Dennis Crompton e Ron Herron, muito influentes nos parâmetros
da altura, pelos seus conceitos radicais, que valorizavam as inovações tecnológicas e a cultura pop, como elementos
indispensáveis para a sobrevivência e evolução da disciplina Moderna.
29 A expressão “a casa é uma máquina de habitar” de Le Corbusier, um dos mestres da arquitectura Moderna, tinha como
principal fundamento a funcionalidade, e que tinha os seus alicerces na evolução tecnológica a dominar as dimensões da
vida social. “Uma casa é uma máquina de habitar. Banhos, sol, água quente, água fria, temperatura desejada, conservação
de alimentos, higiene, beleza por proporção. Uma poltrona é uma máquina de sentar, etc”
Le Corbusier, Vers Une Architecture (Paris: Flammarion, 1995), 73.
30 “Founded in 1966 by Adolfo Natalini and Cristiano Toraldo di Francia, Superstudio was one of several groups that
originated out of megastructuralist Leonardo Savioli’s course at the University of Florence in the 1966-67 academic year,
a course on the Utopian transformation of life through the use of mobile, flexible, and inflatable structures, following
the work of Archigram, Utopie, and others.”
Sarah Deyong, “Memories of The Urban Future: The Rise And Fall of The Megastructure”, 31.
31 “The very clever “games” of Archizoom or the creations of sterilized anguish of Gaetano Pesce propose (despite any
verbal declaration to the contrary) a “self-liberation” through the private use of the imagination.”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia, 142.
19
Fig.8 Múltiplas Edições de Delirious New York, 1978 - 2004.
20
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
21
Fig.9 Cervin Robinson. Metropolis, 1966.
Da esq. para a dir.: RCA Tower, (1930—1931); The
Chrysler Building, (1928-1930); One of the towers of
the Waldorf-Astoria, (1930-1931).
22
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
fosse parte da sua pátria fabricada.”37, à luz do conceito das cidades europeias consideradas
ideais, onde “todos os componentes do mapa são europeus; mas, raptados do seu contexto
e transplantados para uma ilha mítica”38, como é o caso de Amesterdão. Manhattan, ao
contrário destas, não possuía uma identidade e pré-história arquitetónica que suportasse
os valores que lhe eram impostos, dando origem a uma “combinação de mercantilismo e
artificialidade”39.
A tentativa falhada de reproduzir, sem uma memória fundamentada, os valores
formais europeus, explica o desejo de Nova Iorque em criar o seu próprio legado estrutural
e ideologia urbanística, materializado apenas no século XIX, com o surgir da grelha
urbana e dos arranha-céus, que permitiam um “máximo impacto físico com um consumo
insignificante de terreno”40 fator relevante, não só para o aumento comercial e capital da
cidade, como também a colocava na vanguarda da arquitetura a nível mundial [fig. 9].
Manfredo Tafuri (1935 - 1994), arquiteto e teórico, serve-se da crise Moderna do
século XX, como forma de condenar a artificialidade da vida metropolitana, “estruturada
como uma máquina”41, sujeita às rígidas imposições da grelha e do arranha-céus, e que
ele caracteriza como “um “indivíduo anarquista” que, ao projetar a sua imagem no centro
comercial da cidade, cria um equilíbrio instável entre a independência da corporação
singular e a organização do capital coletivo”42, e para a qual não existe nenhuma solução
possível, a não ser a aceitação “a salvação não está mais na “revolta”, mas na rendição
sem critério. Somente uma humanidade (...) que se reconhece como parte de um plano
abrangente e como tal aceita plenamente que deve funcionar como as engrenagens de
uma máquina global; apenas esta humanidade se consegue redimir do ‘pecado original’
23
Fig.10 Fundadores do OMA, Nova Iorque,1978.
Da esq. para a dir.: Madelon Vriesendorp, Rem Koolhaas, Elia Zenghelis e
Zoe Zenghelis.
24
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
”43. Assim, a mesma cidade - Manhattan, dominada por uma arquitetura industrial e
tecnológica, “morre às mãos de Tafuri, para renascer logo a seguir na visão delirante de
Koolhaas.”44, para o qual, esta contém “a verdadeira promessa metropolitana”45.
Apesar de serem assumidos por ambos os autores como a expressão física do mundo
capitalista, os arranha-céus, que para Tafuri são vistos como a representação do Movimento
Moderno em fragmentação, mais não passam do que a vontade da cidade de superar os
ideais Europeus, impostos aquando a sua formação, e que Koolhaas, por sua vez, elogia
e identifica, mais tarde, como os responsáveis pelo “fim das ideologias.”46, dos quais ele
“pretende ser ao mesmo tempo o profeta e seu crítico mordaz.”47, e que constitui aquilo
que o separa do modernismo.
Por sua vez, para além destes pressupostos, o Surrealismo e a ideia de que o artista
deve ser deixado levar por movimentos e pensamentos involuntários (automatismo) e
reações primárias inconscientes48 - “a exploração consciente do inconsciente”49 - aliados ao
conceito de “automatic architecture” (ideia de que é o processo de trabalho que comanda
os artistas), e por consequente “o aparente desaparecimento da personalidade artística
do arquiteto, substituído pela ‘equipa’.”50 que se encontram na “génese de Manhattan”51
constituem os “antecedentes (...) do nome, organização e processos de criação do Office
for Metropolitan Architecture”52 [fig. 10].
Contudo, esses passos que antecederam o nascimento do OMA datam ainda antes
da sua formação oficial em 1975, quando Rem Koolhaas, em conjunto com o seu professor
43 Segundo Tafuri, “salvation lies no longer in “revolt” but in surrender without discretion. Only a humanity(...) that
recognizes itself to be part of a comprehensive plan and as such fully accepts that it must function as the cogwheels of a
global machine: only this humanity can atone for its ‘original sin’ ”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia, 74.
44 Jorge Nunes, “A Metrópole nos Pensamentos de Manfredo Tafuri e Rem Koolhaas,” Arq.urb: Revista Eletrónica de
Arquitectura e Urbanismo, nº 12 (2014): 8, https://www.usjt.br/arq .urb/numero_12.html (consultado a 17 de Janeiro
de 2019).
45 Segundo Ádrian Gorelik “Para Koolhaas(...) Suas grandes limitações de europeu[Le Corbusier] seriam duas: não
admitir que Nova York já era a metrópole moderna que ele acreditava que ainda teria que ser inventada; e não entender
que a verdadeira promessa da condição metropolitana estava na cultura da congestão;”
Ádrian Gorelik, Arquitetura e Capitalismo, 16.
46 Ádrian Gorelik, Idem, 20.
47 Ádrian Gorelik, Ibidem.
48 “The PCM [Método Crítico-Paranóico] is defined by Dali mostly in tantalizIng formulas: “the spontaneous method
of irrational knowledge based on the critical and systematic objectifications of delirious associations and interpretations... ,”
Rem Koolhaas, Delirious New York, 237.
49 “Dali proposes a second-phase Surrealism: the conscious exploitation of the unconscious through the PCM.”
Rem Koolhaas, Ibidem.
50 “A byproduct of the process and of automatic architecture is the apparent erasure of the artistic personality of the
architect, replaced by the ‘team’.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture (Lausanne, Switzerland: EPFL Press, 2008), 68.
51 “It is against the background of these reflections on the genesis of Manhattan that the naming, organisation and
creative processes of the Office for Metropolitan Architecture are outlined.”
Roberto Gargiani, Ibidem.
52 Roberto Gargiani, Ibidem.
25
Fig.11 Superstudio, Continuous Monument, 1969.
26
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
na altura, Elia Zenghelis, utiliza o seu projeto de final de curso na AA School, Exodus, or
The Voluntary Prisoners of Architecture, para participar no concurso La Città come ambiente
significante, organizado pela revista Casabella realizado em 1971.53 O projeto, que contou
também com a participação das ilustradoras Madelon Vriesendorp e Zoe Zenghelis, muito
semelhante ao Continuous Monument (1969) dos Superstudio [fig. 11], tanto a nível
gráfico como conceptual, tinha como inspiração o Muro de Berlim, e propunha o desenho
de uma cidade “dividida em duas partes, a parte boa e a parte má”54.
Definido “pelas paredes hermeticamente encerradas e pela faixa intermédia”55 [fig.
12], este projeto adquiria, assim, um significado antagónico, ao transformar “o esquema
de uma prisão num habitat voluntário e desejado”56, onde a existência de uma barreira
física concedia aos ‘prisioneiros voluntários’ a possibilidade de escolher entre os dois lados
- que Tafuri refere como “a nova condição existencial da coletividade humana, libertada
e condenada ao mesmo tempo pela sua própria razão.”57 - e assim, “divisão, isolamento,
desigualdade, agressividade, destruição, todos os aspectos negativos da ‘Wall’, poderiam
ser ingredientes de um novo fenómeno”58.
Durante os primeiros anos do escritório, “a vida do OMA é marcada por projetos
utópicos.”59, deixando-se ficar por uma “modéstia e um distanciamento ético e social de
questões puramente formais”60, como seria de esperar de um escritório recém-formado,
estando claramente presente, no início, uma certa incerteza quanto ao posicionamento
53 “Assim, a competição tornou-se uma oportunidade para fundar um grupo inicial de artistas, o embrião do grupo
criado mais tarde por Koolhaas, o “Dr. Caligari Cabinet of Metropolitan Architecture”- um nome que combinava os
títulos de dois filmes, Das Cabinet des Dr Caligari de Robert Wiene e Metropolis de Fritz Lang feitos, respectivamente,
em 1920 e 1926, e o título de um ensaio de Ludwig Hilberseimer, Groszstadtarchitektur, publicado em 1927.”
Roberto Gargiani, Idem, 6.
54 “The project narrative begins as a city divided into two parts, the good half and the bad half.”
Jennifer A.E. Shields, Collage and Architecture (New York: Routledge, 2014), 113.
55 “The Exodus project is defined by the hermetically enclosing Walls and the intermediate Strip, cutting through the
center of London from east to west.”
Ingrid Böck, Six Canonical Projects by Rem Koolhaas: Essays on the History of Ideas (Berlin: Jovis Verlag, 2015), 34.
56 “In the 1972 project Exodus, or The Voluntary Prisoners of Architecture, Koolhaas turns the scheme for a prison into
a voluntary, desired habitat by a radical mirror inversion of significance and attraction.”
Ingrid Böck, Idem, 33.
57 “Thus what we see in the Car- ceri is only the new existential condition of human collectivity, liberated and
condemned at the same time by its own reason.”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia, 18.
58 “Division, isolation, inequality, aggression, destruction, all the negative aspects of the Wall, could be the ingredients
of a new phenomenon”
Rem Koolhaas & Bruce Mau, S, M, L, XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New York: The Monacelli Press, 1995),
5.
59 The first part of OMA’s life is marked by utopian projects, both because of the economic downturn and the lack of
real commissions.”
Fabio Colonnese & Marco Carpiceci, “Program, diagram and experience. An inquiry on OMA’s architectural images,”
in Envisioning Architecture: Design, Evaluation, Communication, ed. Eugenio Morello and Barbara E. A. Piga (Milano:
Nuova Cultura, 2013): 395.
60 “By Koolhaas’s admission, since the beginnings a sort of modesty and an ethical and social detachment from purely
formal issues has been present inside OMA.”
Fabio Colonnese & Marco Carpiceci, Idem, 394.
27
Fig.13 Rem Koolhaas e Madelon Vriesendorp, The City of the Cap-
tive Globe Project, Nova Iorque, 1972.
28
Da Descrença no Modernismo aos Valores Super
a adotar face aos movimentos que se apresentavam na altura, não existindo, por parte
de Koolhaas, uma preocupação com “configurações e problemas da estrutura de suporte
de edifícios”61, mas “o que coincide melhor com o seu antecedente cultural como um
apaixonado guionista do surrealismo ”62.
Desta forma, a realização de projetos fictícios como The City of the Captive Globe
Project (1972) [fig. 13], The Welfare Palace Hotel (1976) [fig. 14]e Floating Swimming Pool
(1976) “define muitos dos princípios que serão mantidos posteriormente ao longo da sua
carreira [Koolhaas]”63 e permite ao escritório manter uma certa discrição nos primeiros
anos de funcionamento, deixando-se levar pelos valores “Super” que predominavam na
AA School, assim como os ideais Desconstrutivistas de Peter Eisenman e Ivan Leonidov,
que Koolhaas conheceu durante a sua permanência no Institute for Architecture and Urban
Studies64 (IAUS) entre 1974 e 1976, e haviam sido “uma influência transcendental na sua
conceção teórica.”65.
61 “So the technology that interests Koolhaas in the 1970s does not have to do with configurations and issues of
the support structure of buildings;”it is limited to what coincides most closely with his cultural background as an
impassioned screenplay writer of Surrealism.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture, 64.
62 Roberto Gargiani, Ibidem.
63 “Apesar de tratarse de un proyecto utópico, define muchos de los principios que se mantendrán posteriormente a lo
largo de su carrera [Koolhaas].”
Javier Raposo Grau; Belém Butragueño & María Asunción Salgado. “The architecture of the immaterial in Rem
Koolhaas,” ZARCH: Journal of interdisciplinary studies in Architecture and Urbanism, nº 6 (2016): 168, https://papiro.
unizar.es/ojs/index.php/zarch/article/view/1460 (consultado a 16 de Dezembro de 2018).
64 Fundado por Peter Eisenman em Nova Iorque, o Institute for Architecture and Urban Studies (1967-1984), também
conhecido por IAUS, trata-se de uma organização de estudo e pesquisa na área da Arquitetura, referido por Jean-Louis
Cohen como “um lugar destinado ao debate teórico e crítico e a projetos experimentais que foi deliberadamente
estabelecido à margem das escolas tradicionais. Estas contribuições desempenharam um papel essencial na construção
de uma abordagem mais intelectual da arquitetura.”.
Jean-Louis Cohen, O Futuro da Arquitetura Desde 1889: Uma História Mundial. (London : Phaidon Press, 2012), 400.
Além de Eisemann, o Instituto teve como directores Kenneth Frampton, Anthony Vidler e Stephen Patterson.
65 “Trabajó como profesor visitante en la IAUS de Nueva York hasta 1976, entrando en contacto con Peter Eisenman,
que fue una influencia trascendental en su concepción teórica.”
Javier Raposo Grau; Belém Butragueño & María Asunción Salgado, Idem, 168.
29
30
Capítulo 2.
Palíndromos da Arquitetura
31
Fig.15 “OMA”, AD - Architectural Design 47, 1977 (capa)
Fig.16 Primeira página do artigo de Rem Koolhaas, “Life in the Metropolis or
The Culture of Congestion” AD - Architectural Design 47, 1977.
32
2.1. Entre o Teórico e o Prático
66 Christophe Van Gerrewey, & Véronique Patteeuw, “OMA. The First Decade:1978-1989,” editorial OASE, nº94
(2015): 7.
33
Fig.19 OMA, The Sparkling Metropolis, Poster
para a Exposição do OMA no Museu Guggen-
heim de Nova Iorque, 1978.
34
Palíndromos da Arquitetura
da arquitetura comum, uma vez que, mesmo quando ligados a projetos, muitos dos seus
textos não revelam memórias descritivas, mas memórias arquitetónicas: problemas sociais,
condições da globalização, bem como, possíveis consequências e alternativas.
O desejo de Rem Koolhaas de aprender mais acerca das cidades metropolitanas
tradicionais, como foi o caso de Manhattan (o objeto de estudo do seu primeiro livro)
e que usa como modelo para definir o conceito de Metrópole,67 permite-lhe distanciar-
se do radicalismo moderno. Enquanto atelier, o OMA pretende ocupar, assim, uma das
“duas estradas da arte e arquitetura modernas”68 descritas por Tafuri, posicionando-se
entre “aqueles que desejam ir além da realidade, que querem construir novas realidades,
novos valores e novos símbolos públicos.”69, baseando o seu interesse na colaboração com
outros profissionais, “dedicar-se a enriquecer relações e desenvolver um programa no qual
a liberdade é o sujeito principal: liberdade de restrições, estruturas, modelos, ideologias,
ordens e genealogias”70.
Desta forma, através da análise de vários projetos realizados nos primeiros
anos do atelier, pretende-se reconhecer as várias facetas que definem Rem Koolhaas
profissionalmente, enquanto teórico e arquiteto, perceber em que contexto cada uma delas
se desenvolve e quais as suas implicações a nível do coletivo do escritório.
Writing is the increasingly critical part. It’s the sum of the statements you
can make entirely on your own, for which I’m solely responsible and which
I produce in solitary conditions, and those two givens are unbelievably
important. It’s the non-collective part of our thinking.71
67 Como refere Rem Koolhaas “Manhattan’s spectacular growth coincided exactly with the definition of the concept
of Metropolis itself.”
Rem Koolhaas, “Life in the Metropolis or The culture of Congestion,” AD - Architectural Design 47, nº 5 (1977): 319.
68 “The two roads of modern art and architecture are here already delineated. It is, in fact, the inherent opposition
within all modern art: those who search into the very bowels of reality in order to know and assimilate its values and
wretchedness; and those who desire to go beyond reality, who want to construct ex novo new realities, new values, and
new public symbols.”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia. Design and Capitalist Development (Cambridge, Massachusetts, and London,
England: The MIT Press, 1976), 24.
69 Manfredo Tafuri, Ibidem.
70 “Koolhaas prefers to devote himself to enrich relationships and to develop a program of which freedom is the main
subject: freedom from constraints, structures, models, ideologies, orders and genealogies, to report the list dripped.”
Fabio Colonnese & Marco Carpiceci, “Program, Diagram and Experience. An Inquiry on OMA’s Architectural Images,”
in Envisioning Architecture: Design, Evaluation, Communication, ed. Eugenio Morello & Barbara E. A. Piga (Milano:
Nuova Cultura, 2013), 394.
71 Rem Koolhaas in Beatriz Columina , “La Arquitectura de las Publicaciones: Conversación entre Beatriz Colomina y
Rem Koolhaas,” El Croquis: AMO/OMA - Rem Koolhaas(II) 1996-2007, Theory and Practice, nº 134/135 (2007): 358.
35
Fig.20 OMA, Dutch Parliament Extension, The Hague, 1980.
Axonometria.
36
Palíndromos da Arquitetura
do atelier entram na esfera artística mais que arquitetural. Estamos então na presença de
uma vertente teórica que recorre incessantemente ao estudo e análise teórica, originando
“projetos fictícios sem clientes”72, introduzidos no nível imaginário do pensamento
moderno e na busca constante por “uma arquitetura que excede os limites tradicionais da
disciplina - seguindo táticas inclusivas tanto ao nível ético como estético”73.
A participação no concurso produzido em 1978 para a Extensão do Parlamento
Holandês em Haia [fig. 20], que pretendia uma nova leitura da Binnenhof74 e dos espaços
reservados tanto para os elementos do parlamento e do governo, revela ser um ponto de
partida e, desta forma, de extrema importância para o atelier, sendo, o primeiro projeto a
ser considerado desde Exodus, além de introduzir, pela primeira vez, a colaboração baseada
na técnica ‘Cadavre Exquis’75. Apesar de estar associada, em S,M,L,XL, ao trabalho do
Netherlands Dance Theater (1981-1987)76, esta técnica é aplicada pela primeira vez neste
concurso, através da colaboração de Rem Koolhaas, Elia Zenghelis e Zaha Hadid (na
altura recém-licenciada).
O local do projeto limitado pelo lago Hofvijver por um lado, e onde se encontra o
imponente Ridderzaal, propiciou um confronto entre o modernismo utópico de Koolhaas
com o carácter histórico e contextual marcado por séculos de “transformações arquitetónicas
e programáticas, nas quais os seus propósitos defensivos foram substituídos por funções
governamentais e simbólicas.”77. Com o objetivo de quebrar a barreira existente entre a
definição poética do complexo histórico e a dimensão contemporânea que dominava a
72 Referindo-se ao projeto para a Extensão do Parlamento em Haia, Christophe Van Gerrewey, & Véronique Patteeuw
revelam que “Participation in this competition meant the end of the ‘paper’ practice, with mainly fictitious projects
without clients.”.
Christophe Van Gerrewey, & Véronique Patteeuw, “OMA. The First Decade:1978-1989,” , 5.
73 “By the irony applied to the modernist Utopia and the introduction of the desire in reality (creating an alternative
reality), an architecture that exceeds traditional disciplinary limits - following inclusivist tactics on both the level of
ethics and aesthetics - is established.”
Alejandro Zaera Polo, “Conceptual Evolution of the Work of Rem Koolhaas.” in Rem Koolhaas: Projectes Urbans (1985-
1990). Urban Projects (1985-1990), ed. Josep Lluís Mateo (Barcelona: Col.legi d’Arquitectes de Catalunya, 1990), 58.
74 Localizado em Haia, na Holanda, a Binnenhof é um complexo estrutural, constituído por vários edifícios que foram
sendo adicionados ao longo dos séculos, em torno do castelo gótico Ridderzaal - Hall of the Knights - construído no
século XIII. Nos dias de hoje, o complexo alberga funções políticas, como o gabinete do Primeiro Ministro assim como
as duas casas do Parlamento.
75 O método Cadavre Exquis, representava um jogo realizado pelos defensores do movimento que consistia na
realização de uma frase ou um desenho, colectivamente, sendo que cada jogador deveria continuar o trabalho realizado
pelo antecessor - através de palavras ou traços de ligação - sem ter conhecimento do que este havia feito.
76 Em S, M, L, XL o subtítulo “Cadavre Exquis” encontra-se associado ao controverso projeto do Netherlands Dance
Theater (1981-1987), cuja descrição é feita segundo uma espécie de diário onde são relatados todos os acontecimentos
que marcaram o processo de desenvolvimento do projecto.
Rem Koolhaas & Bruce Mau, S, M, L, XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New York: The Monacelli Press, 1995),
304.
77 “Since the 13th century, the Binnenhof complex has undergone a continuous process of both architectural and
programmatic transformations, in which its defensive purposes have been replaced by governamental and symbolic
functions.”
Rem Koolhaas & Bruce Mau, S, M, L, XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New York: The Monacelli Press, 1995),
281.
37
Fig.21 Alex Wall (aluno), Reabilitação do Edifício
McGraw Hill, Projeto para a disciplina Diploma Unit
9, Nova Iorque, 1975-1976.
Fig.22 Kamiar Ahari (aluno), Edifício Residencial em Bijlmermeer, Projeto para a disciplina Diplo-
ma Unit 9, Londres, 1978-79.
38
Palíndromos da Arquitetura
atualidade, o projeto era constituído por duas faixas quase paralelas entre si e confrontadas
perpendicularmente com o Ridderzaal, possíveis graças à criação de uma quebra num dos
edifícios pré-existentes.
Seguindo o método referido, o desenvolvimento do projeto foi, então, “dividido
em partes”78, e elaborado separadamente por cada um dos colegas, e posteriormente
“organizado em sessões de grupo.”79, onde se definiam diálogos projetuais entre os
elementos do conjunto, como aconteceu com o edifício da assembleia que acaba por
estabelecer a conexão entre as duas faixas: a horizontal “com salas de reuniões e espaços
públicos, embrulhado num envelope de vidro”80 e desenhada por Zenghelis e a vertical,
da autoria de Hadid, que onde se encontravam os “salões e escritórios para os políticos,
com uma fachada de vidro e as outras com aberturas”81. Com o objetivo de acomodar os
340 quartos, destinados ao “alojamento individual para cada um dos 225 representantes
e os seus assistentes”82, foi desenhada por Koolhaas, uma terceira estrutura extrudida
verticalmente, um “arranha-céus”83 colocado sobre pilotis, como defende o escritório, e
que se associava aos restantes elementos através de rampas e acessos.
Na mesma altura do concurso, Rem Koolhaas e Elia Zenghelis lecionavam a
disciplina Diploma Unit 9 84 [fig. 21 e 22] uma disciplina de projeto, cujo objetivo era
“redescobrir e desenvolver uma forma de urbanismo apropriada à última parte do século
XX”85, onde era motivado o trabalho em grupo, seguindo, mais uma vez, os pressupostos
78 “The projects were split up into parts for independent development by the various members of OMA, and then
reassembled in group sessions.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture (Lausanne, Switzerland: EPFL Press, 2008), 77.
79 Roberto Gargiani, Ibidem.
80 “In OMA’s project three buildings are assembled (...) a wide, low building with meeting rooms and public spaces,
wrapped in a glass envelope that gives it the character of a Continuous Monument (Zenghelis); a tall, narrow building,
parallel to the first and of the same length, containing halls and offices for the politicians, with one glass facade and the
others with openings that are diversified in keeping with the functions (Hadid); and a building with an informal plan,
to add 1000 square meters of space required by the program (Koolhaas).”
Roberto Gargiani, Idem, 78.
81 Roberto Gargiani, Ibidem.
82 “The program consisted of five main categories:(...) Individual accommodation for each of the 225 representatives
and their assistants - a total of 340 rooms;”
Koolhaas-OMA, “Urban Intervention: Dutch Parliament, The Hague,” International Architect 01, nº3 (1980): 48,
http://www.umemagazine.com/IAHome.aspx (consultado a 17 de Janeiro de 2019).
83 A torre de Koolhaas é inspirada na torre de vidro Friedrichstrasse Skyscraper de Mies van der Rohe (1921), “Inspired
on the double precedent, the plan of a stars-shaped courtyard is extruded at that point where the surrounding building
stops to form a small five-storey irregular skyscraper.”
Koolhaas-OMA, Idem, 50.
84 Foi para esta disciplina que Rem Koolhaas, ainda estudante em 1972, sob a tutela de Zenghelis, havia realizado o trabalho de final de
curso, “Exodus or the Voluntary Prisoners of Architecture”. Após três anos em Nova Iorque, “In 1975 Koolhaas returned to London to
teach with Zenghelis at the AA-School of Architecture, in Diploma Unit 9 of the last year.” como refere Roberto Gargiani.
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture, 46.
85 Segundo é descrito no folheto informativo da disciplina em 1976, “The aim of Unit 9 is to rediscover and develop a form
of urbanism appropriate to the final part of the twentieth century - new types of architectural scenarios that exploit the unique
cultural possibilities of high densities and result in a critique and rehabilitation of the Metropolitan lifestyle.”
Rem Koolhaas & Elia Zenghelis, “Diploma Unit 9,” in Prospectus Architectural Association School of Architecture 1976-77.
Citado em Andrew Higgott, Mediating Modernism: Architectural Cultures in Britain (USA; Canada:Routledge, 2007), 172.
39
Fig.23 Parque de Diversões Luna Park, Coney Island.
40
Palíndromos da Arquitetura
do ‘Cadavre Exquis’, que Rem trazia bem presentes desde a sua participação no IAUS,
representando mais “um capítulo crucial para o esclarecimento das preocupações teóricas
e de design do OMA.”86.
Assim, seguindo o exemplo de Coney Island, descrito no livro Delirious New York
como o embrião de Manhattan, e, consequentemente, um “laboratório do inconsciente
coletivo”87, também o atelier se começa a mostrar, nesta altura, como um laboratório
de experiências coletivas, “uma queda livre no espaço da imaginação humana.”88, onde
“se inventam mundos artificiais dos mais ousados e se experimenta com as arquitecturas
engenhosas para contê-los (…)”89, capazes de formular respostas para o inevitável chegar
da metrópole e de modernismo.
A ilha que, inicialmente constituía uma espécie de resort - um escape da vida da
cidade - viu-se invadida pela artificialidade e tecnologia dos parques de diversão, originando
aquilo a que o arquiteto chama “Technology of the Fantastic”90 [fig. 23], que, juntamente
com os arranha-céus constituíam a promessa e resgate da vida Metropolitana.
Através de uma viagem pelo subconsciente, que defendia a pureza da parte
irracional do consciente, as suas sensações autónomas e imediatas - teoria surrealista91 - ao
que nos rodeia sem se preocupar com o pensamento lógico, Coney Island tornou-se uma
demonstração de como o “programa é a base para o processo criativo”92 e que deve ser visto
“não como uma lista de funções, mas como um guião verdadeiro”93. A relação entre razão
86 “The teaching experience of Koolhaas and Zenghelis in the framework of Diploma Unit 9 until 1980 represents a
crucial chapter for the clarification of the theoretical and design concerns of OMA.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture, 46.
87 “Coney Island became a laboratory of the collective unconscious: the theme and tactics of its experimentation were
later to reappear in Manhattan.”
Rem Koolhaas, “Life in the Metropolis or The culture of Congestion”, 320.
88 Comparado com o realismo do moderno, Koolhaas defende que “(...) the ‘hysterical’ structures of the Metropolis
represent a free fall in the space of human imagination, a fall with unpredictable outcome, not even the certainty that
it will end on the ground.”
Rem Koolhaas, Idem, 325.
89 “Coney Island no fim do século XIX, um laboratório da cultura de massas no qual se inventam mundos artificiais
dos mais ousados e se experimenta com as arquitecturas engenhosas para contê-los (…)”
Ádrian Gorelik, Arquitetura e Capitalismo: os Usos de Nova York. Prefácio de Nova York Delirante: Um Manifesto
Retroativo para Manhattan. Trad. Denise Bottman, (Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2008), 14.
90 Para Koolhaas, Coney Island representa “(...) an urbanism based on the new Technology of the Fantastic: a perma-
nent conspiracy against the realities of the external world. It defines completely new relationships between site, program,
form and technology.”
Rem Koolhaas, Delirious New York: A Retroactive Manifesto for Manhattan. Nova York: The Monacelli Press, 1978),
61 - 62.
91 No âmbito do Movimento do Surrealismo, - este termo é definido no Manifesto Surrealista de André Breton (1924)
como “Psychic automatism in its pure state, by which one proposes to express - verbally, by means of the written word,
or in any other manner - the actual functioning of thought. Dictated by the thought, in the absence of any control
exercised by reason, exempt from any aesthetic or moral concern.”.
André Breton, Manifestoes of Surrealism (Ann Arbor: The University of Michigan Press, 1972), 26.
92 “These descriptions make it clear that, for Koolhaas, the program is the basis for the creative process of architecture:
and he sees the program, not as a list of functions, but as a screenplay.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture, 64.
93 Roberto Gargiani, Ibidem.
41
Fig. 24 OMA, Parc de la Villette, 1982.
Fig. 25 Arquitetos Starrett & Van Vleck com Duncan Hunter, Dowtown Athelic Club Section, 1931.
42
Palíndromos da Arquitetura
e fantasia consegue, assim, reger tanto os ideias conceptuais do escritório, que anulam a
ideia rígida e purista própria da preocupação com os materiais e estrutura, mas que surge
como uma oportunidade de “acentuar o papel do programa funcional em arquitetura”94,
uma vez que “a verdadeira ambição da Metrópole é criar um mundo totalmente fabricado
por homens, ie. viver dentro da fantasia.”95, como o próprio método de proceder, baseado
na liberação do pensamento artístico.
Além do projeto Boompjes (1980) no centro de Roterdão, que foi o primeiro a
recorrer à extrusão vertical própria dos arranha-céus, é através de Parc de la Villette (1982)
[fig. 24] que, paradoxalmente, se verifica um diálogo com os pressupostos “manhattanistas”,
ao estilo do modernismo europeu. O princípio do corte defendido por Koolhaas, é
transportado para o plano horizontal - ideologia do plano - e o programa assume, não só o
seu papel próprio e autónomo, mas de próprio causador da congestão, através das relações
que vão estabelecendo entre si, e que acabam por criar uma infinidade de possibilidades
programáticas e sociais, que Rem descreve como “uma cultura de congestão ‘invisível’”96.
Esta congestão é comparada, no texto Elegy for the Vacant Lot (1985), ao, já descrito
em DNY, Dowtown Athelic Club (1931) [fig. 25], outro edifício visto como “laboratório
para uma aventura emocional e intelectual.”97, que afastando-se do capitalismo associado
aos arranha-céus, veio permitir intervir na vida social da população, “propondo o edifício
apenas como recipiente técnico capaz de favorecer a multiplicação de eventos casuais, de
atividades sociais não planejadas”98 como afirma Adrian Gorelik. Da mesma forma que
o edifício de 100 andares, que se encontra num estado de ação permanente, deixa de ser
um instrumento comercial para se tornar num aglomerado de funções, propiciadas pela
heterogeneidade de programas em cada piso, desde uma piscina no 12º andar a um campo
de golf no 7º, que se sobrepõem entre si, também num “terreno vazio entre a cidade
histórica”99 em Paris, surgiu a vontade de criar novamente um choque com a arquitectura
moderna como aconteceu no concurso em Haia, sugerindo “a rendição completa à
94 “In 1979-80 Koolhaas and Zenghelis tended to accentuate the role of the functional program in architecture, in
order to reassess the modern tradition and the criteria of functionalism(...)”
Roberto Gargiani, Idem, 83.
95 “The true ambition of the Metropolis is to create a world totally fabricated by men, ie. to live inside fantasy.”
Rem Koolhaas, “Life in the Metropolis or The culture of Congestion,” 325.
96 “What La Villette finally suggested was the pure exploitation of the metropolitan condition: density without
architecture, a culture of ‘invisible’ congestion.”
Rem Koolhaas, “Elegy for the Vacant Lot”(1985) in S,M,L,XL: Small, Medium, Large, Extra-Large. ed. OMA, Rem
Koolhaas and Bruce Mau (New York: The Monacelli Press, 1995), 937.
97 “The building as become a laboratory for emotional and intellectual adventure;”
Rem Koolhaas, “Life in the Metropolis or The culture of Congestion,” 322.
98 Ádrian Gorelik, Prefácio de Nova York Delirante, 22.
99 “Here was the par excellence metropolitan condition of Europe: a terrain vague between the historical city - itself
raped by the greedy needs of the 20th century (...).”
Rem Koolhaas, “Elegy for the Vacant Lot”(1985) in S,M,L,XL, 937.
43
Fig. 26 e 27 Diagramas de Funções, Downtown Athletics Club, 2012.
44
Palíndromos da Arquitetura
A passagem dos anos 80 para 90 caracterizam uma das fases mais importantes do
escritório. Até esta altura, tanto Rem, como o próprio escritório ainda não eram levados
em conta enquanto criadores de arquitetura, estando a sua imagem ainda muito ligada
ao manuscrito teórico Delirious New York. Assim, com a mudança da sede do escritório
para Roterdão (1980) - cidade natal de Koolhaas - possível graças ao fato de os arquitetos
abandonarem o ensino na AA School, permitiu-lhes dedicarem-se exclusivamente ao
100 “Such an architecture is an aleatory form of “planning” life Itself: In the fantastic juxtaposition of its activities, each
of the Club’s floors is a separate Installment of an Infinitely unpredictable intrigue that extols the complete surrender to
the definitive instability of life in the Metropolis.”
Rem Koolhaas, Delirious New York, 157.
101 “If the essence of Delirious New York was the section of the Downtown Athletic Club - a turbulent stacking of
metropolitan life in ever-changing configurations; a machine that offered redemption through a surfeit of hedonism
(...).”
Rem Koolhaas, “Elegy for the Vacant Lot”(1985) in S,M,L,XL, 937.
102 “(...) La Villete could be more radical by suppressing the three - dimensional aspect almost completly and proposing
pure program instead, unfettered by any containment..”
Rem Koolhaas, Ibidem.
103 ”The architect is an organizer, not a designer of objects.”
Manfredo Tafuri, Architecture and Utopia, 125.
104 “Essa combinação de razão e fantasia, ciência e brincadeira, esse deleite no paradoxo e o contraste na própria
estrutura dos argumentos, é um elemento a ser levado seriamente em conta, tanto quando se pensa na eficácia lírica
das formulações de Koolhaas como nas suas opções teóricas. Porque a combinação ‘fantasia/ pragmatismo’ é um eixo
fundamental em sua apresentação do manhattanismo e no seu próprio modo de proceder.”
Ádrian Gorelik, Prefácio de Nova York Delirant, 15.
105 CLOG: When did Elia stop working with OMA?
ZZ: When he met Elena. She was working with the office, and she’s Elia’s wife now. She got Elia to help her with her
thesis in 1985. That’s when he left London. He was teaching inDüsseldorf and at the Berlage Institute, and then went
to Greece.
MV: Elena wanted to start OMA in Greece and Elia said, ‘Why can’t we call ourselves OMA’? But Rem said, ‘NO, I’M
OMA NOW, SORRY.”
Madelon Vriesendorp & Zoe Zenghelis, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 22.
45
Fig. 28 e 29 Coleção privada de Erhardt Pfotenhauer, Posters IBA
Berlim, 1984/87.
46
Palíndromos da Arquitetura
106 A exposição desta competição estava prevista para 1984, tendo sido inaugurada em 1987.
107 Hans Ibelings, Supermodernism: Architecture in the Age of Globalization. enlarged ed. (Rotterdam, NAi Publishers,
2002), 26.
108 Segundo Ibelings, “(...) the work of architects in the age of postmodernism has more than ever acquired an
autobiographical dimension.”.
Hans Ibelings, Idem, 25.
109 “Architecture as become a form of artistic self-expression in wich designs and buildings are reflections of personal
associations and personal world-views”
Hans Ibelings, Ibidem.
110 “Josef Paul Kleihues, later developed a theory of ‘Critical Reconstruction’ which sought to recreate the pre-war state
of Berlin: in scale, materials, density and street pattern. Critical Reconstruction preferred traditional materials like stone
or ceramic over glass and steel, and favoured an urban unit of a dense ‘city block’ composedf of five-storey tenements
arranged around inner courtyards.”
Malgorzata Nowobilska & Quazi Mahtab Zaman, Postdamer Platz: The Reshaping of Berlin (Cham: Springer, 2014), 11.
47
Fig. 30 OMA/ Elia Zenghelis, Projeto para um Bloco Residencial na
Lützowstrasse, 1980.
48
Palíndromos da Arquitetura
paralelos ao (na altura ainda existente) Muro de Berlim, e outro para um bloco residencial
na Lützowstrasse - deixam de lado “a insistência do IBA no desenho do bloco e na rua
designada o gene da cidade que teve de ser reconstruída a qualquer custo”111, e recorrem
tanto ao Construtivismo russo de Ivan Leonidov112, como o modernismo dos mestres,
para promover a coexistência, entre “ideologias do passado recente e distante”113 que
permitissem um comprometimento com o futuro, uma “maneira de reivindicar uma
sociedade aberta capaz de assegurar a coexistência de múltiplas sociedades.”114.
Recorrendo, novamente, ao já referido anteriormente método Cadavre Exquis, tanto
Elia [fig. 30] como Rem [fig. 31] ficaram responsáveis por partes diferentes de terreno,
e apesar de ambos os projetos terem sido rejeitados no concurso, o OMA (juntamente
com outros 5 arquitetos), são posteriormente convidados a elaborar um edifício para
uma parcela do bloco adjacente ao Checkpoint Charlie. Descontente com os conceitos
de planeamento exigidos pelo IBA, Rem Koolhaas recusa trabalhar na proposta, ficando
o projeto a cargo de Elia Zenghelis, em parceria com, o então sócio do atelier, Matthias
Sauerbruch (sócio entre 1984 e 1988), também ex aluno da AA School.115
Mais uma vez, renunciando à tipologia tradicional, o novo projeto de 1984, alia a
visão moderna de separação entre funções privadas e públicas, sendo que as primeiras se
111 “In its evaluation on Koolhaas’s project, the jury (...) rejected the proposal (...)This reason for refusal was yet
another example of IBA’s insistence on the perimeter block and the street as the so-called gene of the city that had to be
reconstructed at all costs.”
Esra Akcan, Open Architecture: Migration, Citizenship and the Urban Renewal of Berlin-Kreuzberg by IBA-1984/87 (Basel:
Birkhäuser, 2018), 300-301.
112 O primeiro contato de Koolhaas com as teorias do arquiteto russo acontece aquando a sua participação ao lado
de Gerrit Oorthuys, na pesquisa para a exposição de 1978 “Ivan Leonidov, Russian Visionary Architect, 1902 - 1958”
levada a cabo pelo Institute for Architecture and Urban Studies (IAUS).
Segundo Roberto Gargiani, “In Leonidov’s projects Koolhaas finds metaphorical use of materials, fantastic techniques,
new types of connections between the levels of a building made thanks to elevators and telephones; he discovers a
non-compositional process based on the definition of the functions of the various programs and the juxtaposition of
elements often left detached, or relegated only to slender structural lines with a graphic, symbolic function, (...) he sees
the work of Leonidov as being charged with an ideal value of revolt against the dominant ideologies in architectural
research.”.
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture, 42 - 43.
113 Koolhaas propõe “modern typologies(...) [that] can co-exist with a classical street pattern and the survivors of
architectural ideologies from the recent and distant past.”
Rem Koolhaas & Bruce Mau, S, M, L, XL, 256.
114 “In other words, inserting previously abandoned and rejected projects into his drawing ‘From Friedrichstrasse
Station to Mehringplatz,’ submitted to IBA’s ‘Kochstrasse/Friedrichstrasse Competition,” was Koolhaas’s way of calling
for an open society that would secure the coexistence of multiple socialites.”
Esra Akcan, Open Architecture, 307.
115 Como referido por Koolhaas numa entrevista para Hans Ulrich Obrist “Na verdade, eu estava tão ofendido com a
noção de reconstruir os blocos de Friedrichstrasse que não trabalhei no edifício do IBA. O meu colega, Elia Zenghelis,
foi o responsável pelo projecto. (...) Era insustentável para mim passar de uma proposta arquitectónica para outra que
era o seu oposto, por isso não o fiz.”
Rem Koolhaas in Rem Koolhaas: Conversas com Hans Ulrich Obrist, trad. Inês Moreira (Barcelona: Editorial Gustavo
Gili, 2009), 72.
49
Fig. 32 OMA/ Elia Zenghelis e Matthias Sauerbruch,
Apartamentos Checkpoint Charlie, Berlim, 1984 - 1990.
Fig. 33 OMA/ Elia Zenghelis e Matthias Sauerbruch, Apartamentos Checkpoint Charlie, Berlim,
1984 - 1990.
50
Palíndromos da Arquitetura
encontram “em ‘terreno elevado’ suspenso acima das atividades da rua”116, enquanto que o
nível térreo fica destinado ao comércio e outros usos públicos, complementado por pátios
privados interiores, que conduzem à ideia de criação de inúmeras possibilidades sociais, e,
desta forma, criar as condições necessárias para uma heterogeneidade social, “estabelecer
um conceito retroativo para o local, com base em características inerentes mas latentes”117,
e assim, responder à questão “de como a imigração internacional contemporânea e as leis
dos imigrados desempenharam um papel no processo de design.”118 [fig. 32 e 33].
Este foi o último projeto do OMA que contou com a participação de Elia Zenghelis.
Apesar da sua tentativa de transferir, permanentemente, uma sucursal do OMA para Atenas,
aquando a participação em projetos, como o caso da Skala, Greece, (1984), Koutavos Bay,
(1985) e Saint Gerasimos, (1984), que carregavam ainda o nome do escritório, Rem não
aceita a proposta do colega, sendo que estes projetos nunca foram considerados, tanto em
livros monográficos publicados como no próprio sítio online deste.
Com a saída de Zenghelis do grupo, Rem Koolhaas sente, pela primeira vez, a pressão
de estar sozinho a gerir um atelier, e os anos seguintes realmente fazem uma afirmação
deste enquanto arquiteto; altura também, em que ele “abandona as posições mais utópicas
para introduzir um pragmatismo importante no seu trabalho, requisito fundamental na
fundação do OMA como oficina de projectos que indica uma busca de maior credibilidade
projectual.”119.
O projeto para o museu Kunsthal em Roterdão (1987-1992) é, assim, o exemplo
perfeito para descrever esta passagem entre o Rem teórico para o Rem prático, uma vez
que, além da negação ao pós-moderno com a independência completa do contexto, o
arquiteto recorre à ideia da “horizontal box” - eterno reflexo de Mies van der Rohe -
conceito já utilizado anteriormente em alguns projetos como é o caso do Patio Villa (1984-
1988) e da Villa Dall’Ava (1984-1991), e mais tarde, em Dutch House (1992-1995). Todos
estes projetos representam variações da “box”, sendo essas variações que acabam por ser
geradoras do percurso, que, por sua vez, domina todo o projeto.
O museu de Roterdão, além de representar uma “declaração radical de liberdade e
116 “The starting point for the project was to separate domestic from Checkpoint facilities by establishing the former on
“elevated ground” suspended above the activities of the street i.e. border control which penetrates to the back of the site.”
OMA*AMO, “Kochstrasse /Friedrichstrasse Housing,” OMA*AMO, https://oma.eu/projects/kochstrasse-friedrichstrasse-
housing.
117 “In the debate on the reconstruction of the European City and Berlin in particular the attitude of OMA was to
establish a retroactive concept based on inherent but latent principles of the urban context.”
OMA*AMO, Ibidem.
118 Segundo Esra Akcan, “(...) the building raises the question of how contemporary international immigration and the
Senate’s noncitizen laws played a role in the design process.”
Esra Akcan, Open Architecture, 314.
119 Joaquín Mosquera Casares, “Conectividad Urbana en Rem Koolhaas: Megaestruturas, Calle Elevada e Infraestructura
de Comunicación, 1968 - 1989” (dissertação de Doutoramento, Departamento de Proyectos Arquitectónicos Escuela
Técnica Superior de Arquitectura de Madrid, 2016), 131.
51
Fig. 34 OMA, Museu Kunsthal, Roterdão,
1987 - 1992.
Fotografia: 2018.
52
Palíndromos da Arquitetura
independência das ordens naturais”120, devido aos pilares inclinados num desafio às “linhas
de atracção gravitacional”121, representa, através do sistema de rampas, tanto a importância
do programa interior, mas também as possibilidades de percurso e a maneira como estes
percursos se relacionam com cada programa, conferindo ao conjunto uma “variedade
intrigante de experiências espaciais”122 [fig. 34 e 35].
No projeto para o Patio Villa (1984-1988), onde o edifício se desenvolve em torno
do vazio criado por um corte na caixa, é a ausência de design que gera e modela o próprio
espaço, - além de remeter, mais uma vez, para os ideias minimalistas de Mies, para quem
“a beleza manifesta-se mais pela subtração que pela adição, num processo muito rigoroso
que elimina tudo que não é essencial”123 - volta a ser novamente considerado na passagem
do milénio, com o projeto da Casa da Música (1999-2005) no Porto, onde, tal como o
primeiro, o edifício se desenvolve ao redor da caixa vazia. É a falta de espaço que adquire
muito mais importância do que a existência de construção.
120 “The inclined columns challenge the gravitational lines of attraction to align with the topography generated by the
project, in a radical declaration of freedom and independence from natural orders:”
Alejandro Zaera Polo, “Notes for a Topographic Survey” El Croquis OMA/ Rem Koolhaas 1987-1992, nº 53 (1992): 43.
121 Alejandro Zaera Polo, Ibidem.
122 Segundo Ibelings, “(...) the Kunsthal is interesting because of the intriguing variety of spatial experiences it provides.”
Hans Ibelings, Supermodernism: Architecture in the Age of Globalization. (Rotterdam, NAi Publishers, 2002), 134.
123 Anatxu Zabalbeascoa & Javier Rodríguez Marcos, Minimalismos, trad. Maria Luiza Araújo (Barcelona: Editorial
Gustavo Gili, 2001), 65.
124 “In the end, it was also the final instalment of my transformation from a writer into a building architect, that began
in the early 80’s.”
Rem Koolhaas in Alejandro Zaera Polo, “Finding Freedoms: Conversations with Rem Koolhaas,” El Croquis OMA/ Rem
Koolhaas 1987-1992, nº 53 (1992): 7.
125 “This whole situation started to change in the middle 80’s, as a consequence of an unusually ambitious scale of
projects being considered.”
Rem Koolhaas, Idem, 6.
53
Fig. 36 Pessoas, Biblioteca Pública de Amesterdão, 2018.
54
Palíndromos da Arquitetura
ideias e imutáveis, mas também pela dificuldade em ver nos avanços tecnológicos a solução
para a nova condição a cada dia mais globalizada.
À medida que os projetos cresciam, novas premissas se levantavam, e contrariando
a principal demanda moderna que coloca a função como o cerne do projeto, gerador da
forma - “forma segue a função” - o OMA “descobriu o potencial do programa como forma
de moldar o domínio social”126, capaz de “gerar forma a partir da análise da experiência
individual e de grupo”127, em tudo semelhante à teoria surrealista. Esta tentativa de
fazer um paralelo entre a produção teórica e prática, a combinação entre o pragmatismo
projetual e a utopia abstrata, sustenta um ‘movimento’ que o antropólogo Marc Augé,
apelida, em 1995, de “Supermodernidade”, no seu livro Não-Lugares: Introdução a uma
Antropologia da Supermodernidade (1994).
Os processos de globalização intensificados a partir do final do século passado,
marcados pela proliferação de novas tecnologias e meios de mobilidade, conduziram
a uma transformação não só nas interações sociais que ocorrem diariamente em meios
urbanos e públicos, como na relação estabelecida entre as pessoas e o espaço que as rodeia.
Numa altura em que tudo acontece mais rápido e ao mesmo tempo, em que a própria vida
na metrópole sucede a um ritmo alucinante, esta crise de valores reflete-se na crescente
individualização do ser humano, onde o espaço deixa de ser um espaço, para se tornar um
“não-lugar”128 - uma zona de passagem e de encontros furtivos, sem qualquer ambição
social129 [fig. 36].
Contudo, e apesar da visão aparentemente negativa de Augé acerca destes “não-
lugares”, este conceito acaba por se tornar uma ferramenta muito útil para a metrópole, e o
ideal que o OMA vem defendendo desde o começo - locais, que favorecendo os encontros
furtivos e momentâneos, não desencadeiam “pensamentos, emoções e ações”130 próprios
126 “Koolhaas discovered the potential of program to shape the social realm early in his career.”
Frances Hsu, “The Operative Criticism of Rem Koolhaas.” in 98th ACSA Annual Meeting Proceedings: Rebuilding, ed.
Bruce Goodwin & Judith Kinnard (Georgia Institute of Technology, 2010):382.
127 “In a significant recent development, program is deployed to generate form from the analysis of individual and
group experience.”
Frances Hsu, Ibidem.
128 Expressão utilizada pela primeira vez por Melvin Webber em “The Urban Place and the Nonplace Urban Realm,” in
Explorations Into Urban Structure, ed. Melvin M. Webber et al. (Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1964).
Segundo Augé “Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir
nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não-lugar”.
Marc Augé, Não-Lugares: Introdução a uma Antropologia da Supermodernidade, trad. Lúcia Mucznik (Venda Nova:
Bertrand Editora, 1994), 73.
129 Ver: Não-Lugares: Introdução a uma Antropologia da Supermodernidade (1994) de Marc Augé.
130 “City dwellers react to the architectural forms and spaces which they encounter: specific consequences may be
looked for in their thoughts, feelings and actions.”
Hugh Ferriss, Epílogo para The Metropolis of Tomorrow (Mineola, New York: Dover Publications, 2005).
55
Fig. 37 OMA, Maquete do Terminal Marítimo de Zeebrugge, 1989.
Fig. 38 OMA, Perfil e Planta de Acesso a Veículos do Terminal Marítimo de Zeebrugge, Bélgica, 1989.
56
Palíndromos da Arquitetura
131 No livro L ‘invention du Quotidien, vol. 1 (1990), Michel de Certeau (1924-1986) faz uma análise sobre as práticas
quotidianas da cidade, referindo que “L’espace serait au lieu ce que devient le mot quand il est parlé, c’est-à-dire quand
il est saisi dans l’ambiguïté d’une effectuation, (...) A la différence du lieu, il n’a donc ni l’univocité ni la stabilité d’un
“propre”. (...)En somme, l’espace est un lieu pratiqué.”
Michel de Certeau, Arts de Faire. Col. L’invention du Quotidien, vol. 1 (Paris: Gallimard, 1990), 173.
132 Marc Augé, Não-Lugares, 83.
133 “The Generic City breaks with this destructive cycle of dependency: it is nothing but a reflection of present need
and present ability. It is the city without history. It is big enough for everybody. It is easy. It does not need maintenance.
If it gets too small it just expands. If it gets old it just self-destructs and renews. It is equally exciting - or unexciting
- everywhere. It is “superficial” - like a Hollywood studio lot, it can produce a new identity every Monday morning.”
Rem Koolhaas, “The Generic City,” (1994) in S,M,L,XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New York: The Monacelli
Press, 1995), 1250.
134 Rem Koolhaas, Ibidem.
135 Ibelings refere que “(...) nowadays architects are rediscovering the richness of simplicity. One explanation for this
might be that an architecture that refers to nothing outside itself and makes no appeal to the intellect, automatically
prioritizes direct experience, the sensory experience of space, material and light.”
Hans Ibelings, Supermodernism, 89-90.
136 Marc Augé, Le Sens des Autres: Actualité de l’anthropologie (Paris: Fayard, 1994), citado em Teresa Sá, “Lugares e não
Lugares em Marc Augé,” Artitextos 03 (Dezembro 2006): 183.
57
Fig. 39 OMA, Perfil do Projeto Zentrum fur Kunst und Medientechnologie,
Karlsruhe, 1989.
Fig. 40 OMA/ Georges Heintz, Primeiro Desenho Formal do Projeto Très Grande Bibliothèque de
París, 1989.
58
Palíndromos da Arquitetura
envolvidos num icónico envelope”137 se deixa envolver e moldar por ele -“Bigness já não
precisa da cidade: ele compete com a cidade; representa a cidade; preenche a cidade; ou
melhor ainda, é a cidade.”138.
Esta relação do Bigness com a metrópole, presente desde Delirious New York sob a
forma de arranha-céus, em que a própria ideia de congestão da cidade entra para dentro
dos edifícios, onde os vários acessos- corredores, escadas, elevadores, estão no centro dos
encontros coletivos - e o edifício, torna-se assim, autossuficiente, “uma máquina para gerar
e intensificar formas desejáveis de interações humanas”139, vai sustentar outros projetos do
atelier, como é o caso do ZKM (Zentrum fur Kunst und Medientechnologie) de Karlsruhe
(1989) [fig. 39], a Très Grande Bibliothèque de París (1989) [fig. 40] e Two Libraries
Jussieu, Paris (1992).
Tal como no exemplo dos arranha-céus, também aqui, onde o Bigness surge como tábua
de salvação, surge também como a sentença do “star architect”, pois ao ser “impessoal”140,
não resulta de uma arquitetura própria e significativa de um mestre arquiteto, mas sim
do trabalho em equipa. Como Rem Koolhaas explica através do edifício do Rockefeller
Center, que além de ter servido de laboratório para a complexidade programática através
da “existência simultânea de diferentes programas num mesmo local”141; o objeto define-
se como “uma obra de arte sem génio”142, uma vez que dependeu da participação de
“Arquitetos, construtores, engenheiros, agentes imobiliários, financiadores, advogados”143,
e não de um único indivíduo.
Este período do atelier ficou, desta forma, marcado por uma variação entre o teórico
e o prático, não se percebendo bem onde começa um e acaba o outro, mas deixando
evidente uma Supermodernidade referida por Augé, e mais tarde por Hans Ibelings, que
137 “Bigness, in a sense, surpasses all the banal qualities of a site through a sublime staging of a great mass of people and
new kinds of modern programmes, wrapped within a gigantic, iconic envelope.”
Tine Cooreman, “On Bigness and the City.” OASE: Urban Formation and Collective Spaces, nº71 (2006): 74.
138 “Bigness no longer needs the city: it competes with the city; it represents the city; it preempts the city; or better
still, it is the city.”
Rem Koolhaas,. “Bigness, or The Problem of Large,” (1994) in S,M,L,XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New
York: The Monacelli Press, 1995), 515.
139 “In the Downtown Athletic Club the Skyscraper is used as a Constructivist Social Condenser: a machine to generate
and intensify desirable forms of human intercourse.”
Rem Koolhaas, Delirious New York, 152.
140 “Bigness is impersonal: the architect is no longer condemned to stardom.”
Rem Koolhaas,. “Bigness, or The Problem of Large,” (1994) in S,M,L,XL, 513.
141 “Rockefeller Center is the most mature demonstration of Manhattanism’s unspoken theory of the simultaneous
existence of different programs on a single site, connected only by the common data of elevators, service cores, columns
and external envelope.”
Rem Koolhaas, Delirious New York, 197.
142 “Rockefeller Center is a masterpiece without a genius.”
Rem Koolhaas, Idem, 178.
143 “Architects, builders, engineers, real estate experts, financiers, lawyers - all have contributed something from their
experience and even from their imagination.”
Rem Koolhaas, Ibidem.
59
Fig. 41 OMA, Diagrama de Estudo para o Projeto Universal HQ, 1996.
60
Palíndromos da Arquitetura
mais não é do que a soma das relações estabelecidas entre a escala, tecnologia e programa,
com as massas.
Com projetos sempre muito ligados à política, à sociedade globalizada bem como
ao sistema económico e cultural, verifica-se, desde o início, uma tentativa muito clara por
parte do OMA relativamente à associação entre a vertente prática e teórica da disciplina.
Contudo, esta relação - ação e pensamento - nem sempre se mostrava suficiente dentro
das potencialidades que o atelier via no desenvolvimento da parte investigativa, como
aconteceu com o projeto Universal Headquarters Project em Los Angeles (1996), o primeiro
que contou com uma abordagem investigativa e que apesar de ter ficado por realizar,
“resultou num processo refrescante e inovador carregado de possíveis projeções.”144 [fig.
41 e 42].
Fosse pela restrição desta ao projeto prático, fosse pelos próprios clientes do OMA
que pretendiam, nesta altura, um maior aprofundamento acerca dos tópicos que eram
colocados em estudo, já não bastava só construir, era necessário refletir e questionar os
vários fatores condicionantes do projeto, um diálogo entre forma e teoria. Aliando isto
com a necessidade de angariar “fundos”145 para os seus “hábitos dispendiosos de pensar e
apresentar”146 [do OMA] surge, em 1988, o Großstadt Foundation, liderado por Donald
van Dansik147, sócio do escritório na altura.148 Este projeto, “sem fins lucrativos”149 cujo
objetivo era “angariar muito dinheiro.”150 assume-se, assim, como o projeto piloto do que
viria a ser, dez anos mais tarde, o AMO (Architecture Media Organization), que servindo-
se das premissas do seu antecessor enquanto responsável pelas “atividades do OMA, que
podem ser melhor realizadas e financiadas através de uma forma separada de organização,
144 “Como proyecto, sin duda OMA lo apunta en la lista de las decepciones, pero como investigación, resultó un
proceso refrescante y novedoso lleno de posibles proyecciones.”
Javier Raposo Gau; Belém Butragueño & María Asunción Salgado, “La Arquitectura de lo inmaterial en Rem Koolhaas.”
ZARCH, Journal of interdisciplinary studies in Architecture and Urbanism: Ideas no Constuidas, nº 6 (2016): 175,
https://papiro.unizar.es/ojs/index.php/zarch/article/view/1460 (consultado a 16 de Dezembro de 2018).
145 “OMA never made any money; we needed funds for our expensive habits of thinking and presenting.”
Rem Koolhaas in Beatriz Columina , “La Arquitectura de las Publicaciones: Conversación entre Beatriz Colomina y
Rem Koolhaas,” El Croquis: AMO/OMA - Rem Koolhaas(II) 1996-2007, Theory and Practice, nº 134/135 (2007): 352.
146 Rem Koolhaas, Ibidem.
147 Donald van Dansik começou a trabalhar no OMA em 1989, tendo sido convidado a participar no projeto urbano
Euralille que iniciou nesse ano e durou até 1994. Em 2001 criou o seu próprio escritório chamado DvD-ARC que
mantém até hoje.
148 Segundo Rem Koolhaas, na entrevista para Beatriz Columina “It [Großstadt Foundation] was run by Donald van
Dansik, then a partner.”.
Rem Koolhaas, Ibidem.
149 “It was a non-profit device to raise a lot of money.”
Rem Koolhaas, Ibidem.
150 Rem Koolhaas, Ibidem.
61
Fig. 43 AMO, Primeiro trabalho de investigação oficial do AMO,
The Image of Europe, 2001.
62
Palíndromos da Arquitetura
151 “This unit takes care of OMA activities, that can be better realized and financed through a separate form of
organization, like publications, exhibitions and research.”
Rem Koolhaas, Projects Urbans (1985-1990)/ Urban Projects (1985-1990), ed. Josep Lluís Mateo (Barcelona: Col.legi
d’Arquitectes de Catalunya, 1990), 6.
152 Dan Wood acabaria por abandonar o cargo de director do AMO em 2002 sendo substituído por Reinier de Graaf,
que está à frente do atelier até hoje. Em 2003 o arquiteto deixa o OMA para começar o seu escritório WORKac, em
conjunto com Amale Andraos que também trabalhava no OMA.
153 “Maybe architecture doesn’t have to be stupid after all. Liberated from the obligation to construct, it can become
a way of thinking about anything - a discipline that represents relationships, proportions, connections, effects, the
diagram of everything.”
Rem Koolhaas, Content (Köln: Taschen, 2004), 20.
154 “I remember an exhibition we designed some years later for the European Union: The Image of Europe, an attempt
to address the iconographic deficit of this introverted political entity.”
Reinier De Graaf, Four Walls and a Roof: The Complex Nature of a Simple Profession (London: Harvard University Press,
2017), 286.
155 Ver: Yaneva, Albena, Made by the Office for Metropolitan Architecture: An Ethnography of Design (Roterdão: 010
Publishers, 2009), 37.
156 Do grego palíndromos, que significa “que corre para trás”, o adjetivo palíndromo define-se como uma “palavra ou
designativo da palavra, número ou frase cuja leitura é a mesma, quer se faça da esquerda para a direita, quer da direita
para a esquerda;”
Palíndromo in “Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa,” Porto: Porto Editora, 2003-2019, https://www.infopedia.
pt/dicionarios/lingua-portuguesa/palíndromo.
63
Fig. 44 Rem Koolhaas Refletido.
64
Palíndromos da Arquitetura
157 “What makes it even better is that it is never positioned alone, but as of a collaborative work of a collective.”
Isaac Mathew, “Remresearch.” In Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 47.
65
66
Capítulo 3.
Do Coletivo à Forma
67
Fig. 45 Klaustoon’s Blog, Cartoon Hope, 2009.
68
3.1. A Supermodernidade do Coletivo
158 “This personalization of architecture is not the only similarity with pop stardom.”
Hans Ibelings, Supermodernism: Architecture in the Age of Globalization. (Rotterdam, NAi Publishers, 2002), 26.
159 “As a result, one of the original hallmarks of postmodernism, sensitivity to place, context and regional idiosyncrasies,
has been pushed into the background.”
Hans Ibelings, Idem, 28.
160 “(...)the 1990s can be seen as the superlative of the modernist 1950s and 60s which in turn represented an
amplification of prewar processes of modernization and internationalisation”
Hans Ibelings, Idem, 33.
69
Fig. 46 Carimbo do OMA (Office for Metropolitan Architecture).
70
Do Coletivo à Forma
161 “OMA was one of the first offices that generously credited every collaborator.”
Fernando Romero, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 87.
162 “Specifically, we need to know how work, authority, information, and decision processes flow through organizations.”
Henry Mintzberg, The structuring of Organizations: a Synthesis of the Research. Englewood Cliffs (New Jersey: Prentice
Hall, 1979), 17.
163 Bruno Latour, Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory, (New York: Oxford University
Press, 2005), 113.
164 “Developed initially by the French sociologist Bruno Latour and applied across a variety of disciplines, Mapping
Controversies offers a new way of inquiry in social sciences based on Actor-Network-Theory.”
Albena Yaneva, Mapping Controversies in Architecture (United Kingdom: Ashgate Publishing Limited, 2012), 68.
71
Fig. 47 Bruno Latour, Livro Reasembling the Social, 2005, (capa).
Fig. 48 Albena Yaneva, Livro Mapping Controversies in Architecture, 2012 (capa).
72
Do Coletivo à Forma
165 “We can track these heterogeneous entities by following their gradient of stabilization and we can account for the
instable state of the social, the technical, the natural and the aesthetic. If we can follow, account and visually map the
controversy dynamics, we can describe what happens in these extreme situations of volatility that are so rarely investi-
gated.”
Albena Yaneva, Idem, 3.
166 Albena Yaneva, Ibidem.
167 “Architecture appears to be an impersonal process over the course of which a building is composed; it is made of the
many different pieces brought by the different actors connected or not with the one that signs as an ‘author’ “
Albena Yaneva, Idem, 58.
168 “Yet, the slow inquiry into design processes allows us to question some myths in architectural theory: how is it still
possible that we can attribute buildings to a single architect’s name?”
Albena Yaneva, Idem, 3.
169 “Design controversies involve all kinds of actors. Not only are there human beings and human groups but there
are also natural and technical, individuals and institutions: beams and dreamers, engineers and protesting students,
politicians and roof shells.”
Albena Yaneva, Idem, 60.
73
Fig. 49 Albena Yaneva, Variedade de Atores Intervenientes nas
Controvérsias da Torre Eiffel, 2012.
74
Do Coletivo à Forma
- Actor-NetworkTheory
Partindo do príncipio que para existir um grupo, é necessário existir uma, citando
170 “(...) the question of ‘who’ comes only at the end, when all of the detours are made and all of the actions are
recollected.”
Albena Yaneva, Idem, 58.
171 “To understand buildings and environments we must understand the society and culture in which they were
produced.”
Albena Yaneva,“Mapping Controversies in Architecture: A New Epistemology of Practice,” ALF06: Education,
http://leidiniu.archfondas.lt/en/alf-06/albena-yaneva-mapping-controversies-architecture-new-epistemology-practice
(consultado a 18 de Janeiro de 2019).
172 “(...) architecture cannot be reduced to anything. It is real on its own, it has its body, machines, technologies and
groupings - no building can be defined outside of the process of its making, outside of the controversies it triggers.”
Albena Yaneva, Ibidem.
173 “The actors never appear alone but in a network.”
Albena Yaneva, Mapping Controversies in Architecture, 60.
75
Fig. 50 Processo colaborativo no projeto para o Rockfeller Center.
De pé a partir da esq.: J.O.Brown, Webster Todd, Henry Hofmeister, Hugh S. Robertson.
Sentados a partir da esq.: Harvey Wiley Corbett, Raymond Hood, John R. Todd, Andrew
Reinhard, Dr. J. M. Todd.
76
Do Coletivo à Forma
Latour, “ciência instrumental social ligada a ele”174, ou seja, uma atividade ou profissão em
comum que providencie as matérias necessárias à sua criação, pode-se, desde logo, deixar
presente a ideia de coletivo, não como o resultado de um agrupamento de indivíduos,
mas sim, o resultado do processo de articulação entre os seus intervenientes, de forma
a combinar o melhor de cada um deles para um mesmo propósito partilhado, como
acontece no caso da arquitetura, que segundo Koolhaas “(...)é talvez a profissão onde a
colaboração é mais sistemática, essencial e inevitável - e, admitindo ou não, a base de todos
os escritórios.”175 [fig. 50].
Enquanto sociedade laboral, o OMA revela, desde o início, uma necessidade de
estar sempre à procura de novas pessoas e entidades designadas “fresh blood”176, ligadas às
mais diferentes áreas, com o objetivo de “adicionar as perspetivas de diferentes paradigmas
ao discurso,”177, o que define o tipo de trabalho dentro do atelier como “uma união de
equipas com diferentes estilos de trabalho e os seus próprios personagens dentro de uma
grande corporação”178; um cocktail de agentes e estilos que se juntam, de forma a combinar
o melhor de cada um deles para um mesmo propósito partilhado.
Deste modo, quando se fala no termo sociedade, muito mais do que destinado a
estabelecer vínculos sociais, esta é vista como uma estruturação de grupos de indivíduos
que se vão associando através de relações de mobilização, registos e translações de inúmeras
entidades que comunicam entre si. Assim, são estas relações colaborativas que pomovem
“o produto provisório de um tumulto constante feito pelos milhões de vozes contraditórias
sobre o que é um grupo e a que é que pertence”179, onde a principal forma de perpetuação
é o seu caráter de mutação, ou seja, o movimento constante de pessoas e de grupos, que
deixa de existir no momento em que o grupo se considera constituído, e que o próprio
Latour afirma ser a base da Actor-NetworkTheory, “Para ANT, se tu páras de fazer e refazer
174 “In the developed world, there is no group that does not have at least some social science instrument attached to it”
Bruno Latour, Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory, (New York: Oxford University Press,
2005), 34.
175 Como Koolhaas afirma, “(...)arquitecture itself is perhaps the profession where collaboration is most systematic,
essential, and inevitable - and, admitted or not, the foundation of every office.”
Rem Koolhaas, Content (Köln: Taschen, 2004), 44.
176 Roberto Otero, “Postomas/ Petit Rem,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 65.
177 “Rem intentionally employs a lot of people at OMA/AMO who aren’t architects, I think that helps to add the
perspectives of many different paradigms to the discourse there, which then is reflected in the research and built work.”
Thomas Koolhaas, “Interview.” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014),155.
178 “I realised that OMA was not a single entity but rather a union of teams with different workstyles and their own
characters within one large corporation.”
Yekaterina Nuzhdina “Intern of the month: There is no such thing as a method at OMA,” interview by Strelka Magazine,
(Maio 23, 2016), https://strelka.com/en/magazine/2016/05/23/internship-in-oma(consultado a 17 de Janeiro de 2019).
179 “Groups are not silent things, but rather the provisional product of a constant uproar made by the millions of
contradictory voices about what is a group and who pertains to what.”
Bruno Latour, Reassembling the Social, 31.
77
Fig. 51 Equipa OMA Nova Iorque.
78
Do Coletivo à Forma
180 “For ANT, if you stop making and remaking groups, you stop having groups.”
Bruno Latour, Idem, 35.
181 Segundo Latour, “(...) the oldest etymology of the word socius: ‘someone following someone else’, a ‘follower’, an
‘associate’”
Bruno Latour, Idem, 108.
182 “An ‘actor’ in the hyphenated expression actor-network is not the source of an action but the moving target of a vast
array of entities swarming toward it.”
Bruno Latour, Idem, 46.
183 “Action is not done under the full control of consciousness; action should rather be felt as a node, a knot, and a
conglomerate of many surprising sets of agencies that have to be slowly disentangled.”
Bruno Latour, Idem, 44.
184 “So, an actor-network is what is made to act by a large star-shaped web of mediators flowing in and out of it.”
Bruno Latour, Idem, 217.
185 “He [Koolhaas] puts people together like a composer or director would.”
Petra Blaisse, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 94.
79
Fig. 52 Processo de Colaboração Eficiente.
80
Do Coletivo à Forma
existe um grupo sem algum tipo de oficial de recrutamento. Nenhum rebanho de ovelhas
sem pastor (...)”186, uma vez que os indivíduos, enquanto atores inexperientes, necessitam
de algum tipo de orientação, que lhes ensine “o contexto ‘no qual’ eles estão situados (...)
enquanto o cientista social, flutuando por cima, vê a “coisa toda”187.
Assim, à medida que uma entidade aumenta, a ideia de liderança dentro do grupo
já referida por Latour, é aplicada às organizações em Mintzberg, que refere a importância
de uma “supervisão direta”188, de alguém que se responsabilize pelo controlo do trabalho a
realizar e que se comprometa a regular os outros funcionários, que já não são capazes de se
coordenar diretamente uns com os outros sem alguém que ocupe uma posição mais alta e
represente o resto do grupo [fig.52].
Após a saída de Zenghelis do OMA em 1987, Rem viu-se na condição de se colocar
à frente do escritório, tendo de preencher várias funções ao mesmo tempo, e os anos de
experiência na área de ensino permitiram-lhe assumir o papel de “shepherd” que Latour
refere em cima.
Deste modo, e partindo das premissas referidas até agora, duas coisas essenciais para
este trabalho ficam, desde já definidas:
- O OMA é um grupo/ coletivo enquanto permitir a constante entrada e saída de
pessoas e a constante renovação de colaboradores;
- Um grupo, seja ele qual for, necessita sempre de alguém responsável por liderar os
outros.
186 “There is no group without some kind of recruiting officer. No flock of sheep without a shepherd - and his dog, his
walking stick, his piles of vaccination certificates, his mountain of paperwork to get EU subsidies.”
Bruno Latour, Reassembling the Social, 24.
187 “(...) actors do not see the whole picture but remain only ‘informants’. This is why they have to be taught what is
the context ‘in which’ they are situated and ‘of which’ they see only a tiny part, while the social scientist, floating above,
sees the ‘whole thing’.”
Bruno Latour, Idem, 24.
188 “As the group gets larger, however, it becomes less able to coordinate informally. (...) with the advent of further
growth or sharper divisions of labor-different different locations, more complex technical systems-supervision becomes
a necessity: (...) Thus, there is a need for leadership. Control of the work of the group passes to a single individual, in
effect, back to a single brain that now regulates others: direct supervision becomes the favored coordinating mechanism.”
Henry Mintzberg, The structuring of organizations: a synthesis of the research. Englewood Cliffs (New Jersey: Prentice
Hall, 1979), 7-8.
189 Jacques Nagels, Trabalho Colectivo e Trabalho Produtivo na Evolução do Pensamento Marxista, trad. Pedro Simões
(Lisboa: Prelo Editora, 1975), 83.
81
Fig. 53 Os Sócios do OMA*AMO. Montagem da autora.
Da esquerda para a direita: Rem Koolhaas, Reiner de Graaf, Ellen van Loon,
Shohei Shigematsu, Iyad Alsaka, David Gianotten, Chris van Duijn, Ippolito
Pestellini Laparelli e Jason Long.
82
Do Coletivo à Forma
dimensões, onde os cargos logísticos e administrativos são, na maioria dos casos, sustentados
pelo líder criativo, sendo que este acaba por assumir tanto as funções produtivas, como
administrativas.
A necessidade de delegar tarefas e fazer uma “divisão do trabalho em várias tarefas
a serem executadas”190 assim como a própria “coordenação dessas tarefas para realizar a
atividade”191 requisitos defendidos por Henry Mintzberg, tornam-se indispensáveis para
o funcionamento e organização do atelier.
Esta “coletivização das funções de direcção, de coordenação do trabalho coletivo”192,
acabou sendo compensada pela parceria com vários indivíduos ao longo dos anos, sendo
que atualmente, ao lado de Rem encontram-se outros oito sócios do escritório: Reinier
de Graaf, Ellen Van Loon, Shohei Shigematsu, Iyad Alsaka, David Gianotten, Chris Van
Duijn, Ippolito Pestellini Laparelli e Jason Long [fig.53], que ao coordenarem as várias
sucursais do OMA, permitem ao arquiteto desempenhar um papel de Relações Públicas
da ‘marca’.
Com as novas noções hierárquicas, muitos dos colaboradores dentro do atelier
começaram a sentir as suas funções diminuídas, e aliando isso, com o facto de os
projetos serem creditados apenas a “Koolhaas/OMA”, conduziu a uma necessidade de
se desintegrarem da imagem do arquiteto, e começarem os seus próprios ateliers, como
veremos mais à frente.
Em 1992, a arquiteta Dana Cuff, publica o livro Architecture: The Story of Practice,
após seis meses de estudo presencial em três ateliers de arquitetura, com o objetivo de fazer
uma análise etnográfica ao processo de trabalho desenvolvido dentro do meio coletivo.
Segundo afirma a teórica, a maioria dos ateliers dividem o processo de projeto em
três fases de trabalho, que apesar de se poderem misturar umas com as outras, continua a
ser possível identificar a existência de cada uma delas ao longo do processo193:
1. Esquemas;
2. Desenvolvimento do projeto;
3. Desenhos de Trabalho.
190 “Every organized human activity, gives rise to two fundamental and opposing requirements: the division of labor
into various tasks to be performed and the coordination of these tasks to accomplish the activity.”
Henry Mintzberg, The Structuring of Organizations, 2.
191 Henry Mintzberg, Ibidem, 2.
192 Jacques Nagels, Trabalho Colectivo e Trabalho Produtivo na Evolução do Pensamento Marxista, trad. Pedro Simões
(Lisboa: Prelo Editora, 1975), 134.
193 Ver Dana Cuff, Architecture: the story of practice (Massachusetts: MIT Press, 1992), 91.
83
Fig. 54 Sjors Timmer, O Processo de Criação do OMA, 2012.
84
Do Coletivo à Forma
194 Luís Santiago Baptista, “S,M,L,XL: Um Atlas da Arquitectura Metropolitana.” in Koolhaas Tangram, ed. Pedro Baía
(Porto: Circo de Ideias, 2014), 36.
195 “Because the OMA is really looking for a higher level of theoretical input in the project.”
Albena Yaneva, Made by the Office for Metropolitan Architecture: An Ethnography of Design (Rotterdam: 010 Publishers,
2009), 44.
196 Luís Santiago Baptista, “S,M,L,XL: Um Atlas da Arquitectura Metropolitana,” 44.
197 “I think it is not a process of endless try-outs and errors, but continuous redefinition of what the actual parameters
or ambitions of the project are.”
Albena Yaneva, Made by the Office for Metropolitan Architecture, 96.
85
Fig. 55 e 56 Maquetes do OMA.
86
Do Coletivo à Forma
de modelos ocorre diariamente, estabelecendo uma relação paralela com a parte gráfica,
visto que “No OMA um pára, o outro começa, um informa o outro. Estão lado a lado.”198,
como refere Abjihit, que tendo participado apenas num projeto do escritório - o Whitney
Museum Extension (2001) - e pertencendo a um escritório de Nova Iorque, percebeu a
diferença entre ambas as firmas.
Por sua vez, Erez Ella, antigo sócio do atelier, vai ainda mais longe e sobrepõe a
importância das maquetes capaz de “mostrar as ideias que tu queres transmitir (...)”199, ao
desenho a computador, que é mais lento e não permite o toque e experimentação, referindo
ainda que “Rem quer sempre ver as últimas alterações de um projeto rapidamente e apenas
os modelos permitem que ele veja as coisas em segundos.”200; esta obsessão pelo esferovite
azul pode-se comprovar pela abundância de maquetes elaboradas ao longo de um projeto,
que podem ir até “30-50”201 [fig.55 e 56].
A fase de desenvolvimento do projeto está, assim, presente ao longo de todo o
processo, seja no ínicio quando se está a procura de um modelo conceptual, durante a
fase de produção gráfica, e até mesmo durante a etapa de construção, as maquetes são
trabalhadas lado a lado com o edifício, sofrendo as mesmas alterações, e permitindo
aos arquitetos antever qualquer mudança, numa escala que facilita a experimentação e
visualização do projeto como um todo. Este modo de proceder acaba por deixar de lado
a parte teórica e abstrata da produção arquitetónica, que caracteriza Remment, sendo que
o que para outros ateliers constitui um complemento do processo de projeto, aqui é a
experimentação prática de laboratório, a que melhor é capaz de produzir resultados - “Os
nossos projetos não nascem de reflexões previamente conhecidas (...) Somos um pouco
como surfistas nas ondas”202.
No que diz respeito ao fluxo de atividades dentro do escritório, a quantidade de
propostas a serem elaboradas ao mesmo tempo, exigem a separação por equipas de produção,
198 “At the OMA one stops, the other begins, one informs the other. It´s side by side.”
Abjihit in Albena Yaneva, Idem, 43.
199 “While the concept models show the ideas that you want to express(...)”
Erez Ella in Albena Yaneva, Idem, 37.
200 “Because Rem always wants to see the last changes on a project fast and only models enable him to see things in
seconds.”
Erez Ella in Albena Yaneva, Idem, 47.
201 “We obviously start with the conceptual model of the building and it can easily go until, I don’t know, 30-50
models.”
Ole Scheeren in Albena Yaneva, Idem, 45.
202 “Our projects are not born from previously known reflections(...) We are a bit like a surfer on the waves; he doesn’t
control them, but he knows them; he knows how to make use of them and also how to go against the current.”
Rem Koolhaas, Projects Urbans (1985-1990)/ Urban Projects (1985-1990), ed. Josep Lluís Mateo (Barcelona: Col.legi
d’Arquitectes de Catalunya, 1990), 6 - 8.
87
Fig. 57 e 58 OMA, Trabalho em Atelier, Roterdão.
88
Do Coletivo à Forma
- “bubbles- equipas a trabalhar em projetos específicos”203 - sendo que cada equipa possui o
seu líder projetual, respetivos arquitetos, estagiários, e outros colaboradores.
Esta separação não implica, contudo, que estas bubbles se isolem numa concha
hermética, separados do resto dos colegas. Pelo contrário, não existindo locais ou salas
específicas para cada grupo, os processos ocorrem tão livremente por toda a superfície do
atelier, que os encontros entre colaboradores são imediatos, permitindo às várias equipas
a troca de ideias, sendo que no final de contas, todos têm conhecimento dos projetos que
estão a ser elaborados, mesmo não estando envolvidos diretamente [fig. 57 e 58].
203 “Even though the office is structured in bubbles- teams working on particular projects creating spaces that, although
distinct, can mingle and overlap in a dynamic way - the architects still remain dispersed.”
Albena Yaneva, Made by the Office for Metropolitan Architecture, 51.
89
90
Capítulo 4.
Protagonistas ou Atores Secundários?
91
Fig. 59 Evolução dos Processos Colaborativos ao Longo do Tempo.
92
4.1. A Arte de Colaborar
204 “Because the knowledge necessary for designing the artifact was contained in one mind, the process of designing
was incorporated with these constraints of materiality from the outset.”
Murat Mutlo, “Surfing the wave,” in Interdisciplinary Design: New Lessons from Architecture and Engineering, ed. Hanif
Kara & Andreas Georgoulias (Cambridge: Harvard University Graduate School of Design ; Barcelona : Actar), 59.
205 Murat Mutlo, Ibidem.
206 “What we know is, at the heart of innovation is a paradox. You have to unleash the talents and passions of
many people and you have to harness them into a work that is actually useful. Innovation is a journey. It’s a type of
collaborative problem solving, usually among people who have different expertise and different points of view.”
Linda Hill, “How to Manage for Collective Creativity,” filmado em Setembro de 2014 em Cambridge, Reino Unido,
TED video, 17:17, https://www.ted.com/talks/linda_hill_how_to_manage_for_collective_creativity(consultado a 19
de Janeiro de 2019).
207 “Innovation is not about solo genious, is about collective genious.”
Linda Hill, “How to Manage for Collective Creativity”.
93
Fig. 60 Rede de Colaborações Dentro de uma Equipa de Trabalho.
94
Protagonistas ou Atores Secundários?
Hoje em dia, quase 40 anos depois do seu nascimento, o atelier OMA cresceu
de forma exponencial, possuindo escritórios em sete cidades espalhadas pelo mundo
(Roterdão, Nova Iorque, Hong Kong, Pequim, Doha, Dubai e Sydney) e tendo à sua
disposição mais de 270 colaboradores espalhados pelo mundo.
Tal como numa peça de teatro, onde cada cena é composta por um enorme conjunto
de atores principais e secundários, figurantes, também o escritório em estudo embarga
uma comunidade de intervenientes que ocupam as mais variadas funções, e onde, segundo
Ellen van Loon descreve numa entrevista para a NU, “trabalhamos em cada projeto com
pelo menos cinco consultores de países diferentes, para fazer o edifício.”208.
Além das pequenas colaborações que foram ocorrendo em determinados projetos
na primeira década, o projeto para o Netherlands Dance Theater (1981-1987) em Haia
demolido em 2015 é o primeiro que conta com a participação considerável de várias
disciplinas, desde Consultores de Interiores e de Iluminação, Engenheiros estruturais e
elétricos, um profissional de acústica e Madelon Vriesendorp como artista colaboradora.
Ao longo dos anos, o atelier foi capaz de se rodear de parceiros em cada projeto,
especializados nas mais variadas áreas tornando-se, ele próprio, uma ‘máquina’ de relações
e encontros variados, “uma teia de cordões umbilicais para outras disciplinas cujo
desempenho é tão crítico como o do arquiteto”209 e cuja evolução foi, como já referido,
um processo gradual, aumentando paralelamente à escala e complexidade tecnológica dos
trabalhos [fig. 60].
Assim, tal como acontece no processo de evolução dos edifícios em altura descrito em
DNY - os arranha-céus de Nova Iorque - impulsionado pela criação do elevador mecânico
de Otis, o avanço para desenhos de maior escala revela uma premissa intrínseca a qualquer
projeto, em que complexidade e inovação caminham lado a lado, só sendo possível de
acompanhar se se tiver em conta novos instrumentos e conceitos capazes de as sustentar.
Partindo desta ideia, o arquiteto, apercebendo-se que já não basta ter uma grande ideia
para criar algo inovador, vê na colaboração um escape dos preceitos rígidos impostos,
capaz de “(...) dissolver as ambições anteriores e explorar o redesenho e a desmistificação
da arquitetura”210.
208 Daniel Beirão, Luís Loureiro & Pedro Gama, “Entrevista a Ellen Van Loon,” NU: Utopia, nº 25 (Outubro 2004):
240.
209 Segundo afirma Koolhaas, “(...) Bigness (...) implies a web of umbilical cords to other disciplines whose performance
is as critical as the architect’s: like mountain climbers tied together by lifesaving ropes, the makers of Bigness are a team
(a word not mentioned in the last 40 years of architectural polemic.”
Rem Koolhaas, “Bigness, or The Problem of Large,” (1994) in S,M,L,XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New York:
The Monacelli Press, 1995), 513.
210 “Our growing intimacy with each other’s disciplines – in fact, a mutual invasion of territory – and the correspond-
ing blurring of specific professional identities (not always painless) allowed us, at the end of the eighties (...) to defrost
earlier ambitions and to explore the redesign and demystification of architecture, this time experimenting on ourselves.”
Rem Koolhaas & Bruce Mau, S, M, L, XL: Small, Medium, Large, Extra-Large (New York: The Monacelli Press, 1995),
666 - 667.
95
Fig. 61 Cecil Balmond e Rem Koolhaas no Porto.
96
Protagonistas ou Atores Secundários?
211 Fundada em 1946 em Londres, pelo engenheiro inglês Ove Arup (1895-1988), com o nome Ove Arup, Consulting
Engineers, esta firma de consultaria oferece serviços de engenharia, planeamento e design. Também ela marcada pela
experiência colaborativa desde a sua formação, como afirmado na sua página oficial da internet: “Right from the start,
Arup was known for its close collaborations with leading architects like Renzo Piano, Richard Rogers and Norman
Foster.”
ARUP, “History,” ARUP, https://www.arup.com/our-firm/arup-history.
212 Cecil Balmond (1943-), nascido no Sri Lanka, começou a colaborar na empresa Arup em 1968, onde permaneceu
até sair para criar o seu próprio escritório, em 2011.
213 “The Advanced Geometry Unit at Arup consists of both architects and engineers, along with mathematicians and
physicists: when we explore a research agenda, we need all these different specialists because of the type of research I am
doing. It is led by Charles Walker, an architect and engineer.”
Cecil Balmond, Ruth Baumeister & Sang Lee, “Structure as Architecture,” in The Domestic and the Foreign in Archi-
tecture, ed. Sang Lee & Ruth Baumeister (Rotterdam: 010 Publishers, 2007), 327.
214 “The Zeebrugge Terminal was an early warning about the impact that structure (...) would have on the series of
‘large’ buildings: Très Grande Bibliothèque, ZKM, Jussieu”
Rem Koolhaas & Bruce Mau, S, M, L, XL, 601.
97
Fig. 63 Jørn Utzon e Arup, Diagramas de Estudo da
Estrutura para o Projeto Sydney Opera House, 1957 - 1963.
98
Protagonistas ou Atores Secundários?
de 30, segundo o qual, “cada um, agindo sozinho, prova-se um fracasso”215, acabando por
se revelar indispensável para as propostas inovadoras que o OMA pretendia, que, segundo
Nina Rappaport, “são aquelas em que frequentemente arquitetos e engenheiros colaboram
para projetar uma nova solução estrutural ou sistemas de desenho, assumindo riscos e
criando novas formas”216.
O escritório de engenharia contava, já nesta altura, com uma vasta rede de
importantes colaborações como a parceria com o arquiteto Jørn Utzon no projeto para
a Sydney Opera House (1957) [fig. 63], a participação com os arquitetos Richard Rogers e
Renzo Piano para a competição do Centro Pompidou (1971) e ainda outras colaborações
com Renzo como o Kansai International Airport em Osaka (1988-1994), entre outras.
Baseadas em “formas inovadoras de engenharia, design integrativo e o uso de novos
materiais”217, estas conexões que o fundador, Ove Arup, havia cimentado ao longo dos anos,
estavam, ainda, muito assentes na ideia do engenheiro como responsável por “fornecer
consultoria de engenharia estrutural para a profissão do arquiteto.”218, e não na conjugação
de pensamento, que acabou por surgir com o OMA, ao favorecer novas possibilidades de
cooperação, que traziam o engenheiro para os estágios primários de conceção do projeto,
e que, por sua vez, permite a relação deste com a parte construtiva do trabalho que antes
era “inacessível aos arquitetos e ao pensamento arquitetónico.”219.
Assim, ao contrário de outros engenheiros da sua geração, que “na sua busca pela
‘automatização’ da análise estrutural e do design”220 estavam a “transformar-se no suporte
puramente técnico para os arquitetos,”221, Cecil Balmond, que fazia a interface entre o
atelier Arup e o OMA, sempre possuiu uma visão inovadora para a disciplina, em busca
99
Fig. 64 Chas Pope, Fachada CCTV.
100
Protagonistas ou Atores Secundários?
222 “Balmond, unlike the majority of engineers, often is involved in the most intimate moments of the architectural
creation. His collaboration with architects is a partnership between equals - a quite rare among today’s engineers.”
Mentor Llunji, Idem, 37.
223 “Somewhere along the way structural engineers became ‘subjects’ of technology rather than being at the upfront of
the technological innovations.”
Mentor Llunji, Ibidem.
224 “With the advent of sophisticated information technologies, the design process has shifted to become more flexible
and malleable - no longer a linear and hierarchical information transfer between design and engineering.”
Murat Mutlu, “Surfing the Wave”, 60.
225 “It is not until the designer completes the concept that the building engineers start rationalizing the initial form.”
Murat Mutlo, Idem, 59.
226 “This collaboration enabled the projects to be conceptualized with real material and construction issues taken into
account from the beginning of the design process.”
Murat Mutlo, Ibidem.
101
Fig. 66 Diagrama Comparativo de Alturas.
102
Protagonistas ou Atores Secundários?
227 “The winning design for the 450000m2, 234m tall, CCTV building thus combines administration and offices, news
and broadcasting, programme production and services (...).”
Dane Green et al., “CCTV Headquarters, Beijing, China: Building the structure.” The Arup Journal 40, nº3 (2005): 22.
228 “The Service Building houses the main utilities for the entire complex as well as the mobile broadcasting vehicles.
The fourth block liberated from any building program, accommodates the Media Park with a landscape of public
entertainment, outdoor filming locations and event spaces.”
Rem Koolhaas & Ole Scheeren, “Program,” a+u Architecture and Urbanism: CcTV by OMA : Rem Koolhaas and Ole
Scheeren, special issue (2005): 28.
229 Rem Koolhaas & Ole Scheeren, Ibidem.
230 “In architectural terms, the US has a very constrictive process of value- engineering that breeds conservatism.
China, however, is an open territory for exploration, because they have not yet fully set up an infrastructure to support
the process. Europe at present is comprised of an in-between balance of invention and functionality – a nice blend in a
way – though there are also still closed pockets.”
Cecil Balmond, “Structure as Architecture, In conversation with Ruth Baumeister and Sang Lee,” in The Domestic and
the Foreign in Architecture, ed. Sang Lee & Ruth Baumeister (Rotterdam: 010 Publishers, 2007) 327.
231 “Some years ago, I think 5 or 6 years ago, maybe even seven years ago, Rem challenged me and himself to, you
know, this kind of work ‘what should we do with a tower?’”
Cecil Balmond, “Informal Networks,” filmado em Março de 2003 em Londres, Reino Unido, AA School of Architecture
vídeo, 1:37:29, https://www.aaschool.ac.uk//VIDEO/lecture.php?ID=352(consultado a 19 de Maio de 2019).
232 Cecil Balmond, “Informal Networks”.
233 Ole Scheeren (1981-), arquiteto alemão entrou para o OMA em 1995 e em 2002 tornou-se sócio do escritório. O
arquitecto deixou o OMA em 2010 para criar o seu próprio atelier - Büro Ole Scheeren.
103
Fig. 67 Diagrama CCTV e TVCC e Media Park.
104
Protagonistas ou Atores Secundários?
com Rem Koolhaas), que descreve este diálogo entre as várias partes da estrutura como
derivado do programa interno, onde o objetivo era “trazer todos os aspetos da produção
de televisão dentro de uma única estrutura (...) tudo dentro de um circuito de atividades
interconectadas onde as pessoas se encontrariam num processo de troca e colaboração”234,
ambos definem o mesmo conceito de fluidez do edifício.
A ideia de Cecil de transcender as coordenadas cartesianas, resulta numa estrutura
que desafia as leis da gravidade através de um movimento em “loop” onde “o par duplicado
de L’s, formado por dois eixos verticais e horizontais, parece encontrar-se e, portanto,
cruzar-se no infinito”235, originando uma estrutura de 234 metros, composta por “quatro
elementos (...): a “Base” de nove andares, as duas Torres inclinadas a 6 ° em cada direção
e a “Saliência” de nove a 13 andares, suspensos 36 andares no ar”236.
Desta forma, ao invés da típica torre, que ascende verticalmente em direção ao
espaço infinito destinada, por sua vez, a ser finita, este novo sistema circulatório em torno
de um único objeto “híbrido entre o técnico e o social, o humano e o performativo”237,
possibilita um fluxo contínuo e ininterrupto de movimento e de programas dentro do
edifício [fig. 67].
Em termos estruturais, o maior problema para este edifício consistia, não só na sua
altura, mas também no facto de o local de construção em Pequim se encontrar numa zona
fortemente sísmica, e assim encontrar uma solução capaz de dissipar a energia provocada
por um tremor de terra. Como forma de suportar as forças verticais e horizontais a que
estava sujeito, foi criada uma grelha em aço reforçada, que conjugava “diagonais, colunas
e vigas de perímetro”238 [fig. 68], originando uma malha estrutural complexa que se
234 “Our idea was to bring all aspects of television-making into one single structure: news, program production,
broadcasting, research and training, administration - all into a circuit of interconnected activities where people would
meet in a process of exchange and collaboration.”
Ole Scheeren, “Why great architecture should tell a story,” filmado em Setembro de 2015 em Londres, Reino Unido,TED
vídeo, 16:26, https://www.ted.com/talks/ole_scheeren_why_great_architecture_should_tell_a_story(consultado a 19
de Maio de 2019).
235 “In OMA’s revisionist image, we see a mirrored pair of mathematical axes connected by a pair of single members.
But rather that extending torward infinity and intersecting ate zero, the duplicate pair of L’s, formed by two vertical and
horizontal axes, appear to meet and therefore intersect at infinity, thus forming the infinity loop.”
Simone Brott, “A Marxist Critique of Iconic Architecture,” in The Routledge Companion to Criticality in Art, Architecture,
and Design, ed. Chris Brisbin & Myra Thiessen (London; New York: Routledge, 2019), 216.
236 “The winning design for the 450 OOOm2, 234m tall, CCTV building thus combines administration and offices,
news and broadcasting, programme production and services - the entire process of Chinese lV - in a single loop of
interconnected activities around the four elements of the building: the nine-storey ‘Base’, the two leaning Towers that
slope at 6° in each direction, and the nine to 13-storey ‘Overhang’, suspended 36 storeys in the air.”
Dane Green et al., “CCTV Headquarters,” 22.
237 “So the organizational structure of this building was a hybrid between the technical and the social, the human and
the performative.”
Ole Scheeren, “Why great architecture should tell a story”.
238 “Three elements make up the tube mesh structure: diagonals, columns and perimeter beams.”
Rem Koolhaas & Ole Scheeren, “Structural Analysis,” a+u Architecture and Urbanism: CcTV by OMA : Rem Koolhaas
and Ole Scheeren, special issue (2005): 105.
105
Fig. 69 Evolução da Grelha Estrutural e Fachada.
Fig. 70 Diálogo sobre o CCTV. Da esq. para a dir.: Rem Koolhaas, Toyo Ito
e Cecil Balmond
106
Protagonistas ou Atores Secundários?
239 “The facade is the conceptual extension of the primary building structure and becomes its visual manifestation on
the outside of the building. The diagrid is expressed by recessed steel profiles dissecting the otherwise homogeneous
surface of glass curtain wall panels (...).”
Rem Koolhaas & Ole Scheeren, “Facade.” a+u Architecture and Urbanism: CcTV by OMA : Rem Koolhaas and Ole
Scheeren, special issue (2005): 66.
240 “I have totally passionately believed that the rigors of a science can inform an architecture and the synthesis of
architecture can inform the analytical powers of science.”
Cecil Balmond in Hans-Ulrich Obrist, “Cecil Balmond Interview,” in Open Source 2010: Architecture as an Open
Culture, ed. Gonçalo Azevedo (Porto: Circo de Ideias, 2011), 19.
241 “What is interesting about this new situation is that there are clear advantages for both sides. Our association allows
us to cover the entire field from architecture to infrastructure, which seems especially attractive in the perspective of
certain operations that now occur in Asia.”
Rem Koolhaas in Alejandro Zaera Polo, “The day after: A conversation with Rem Koolhaas,” El Croquis: OMA/ Rem
Koolhaas 1992-1996, nº79 (1996): 12.
242 A firma chinesa East China Architecture and Design Institute (ECADI), criada em 1952, “is a professional
provider for comprehensive architectural design services, covering architectural design, structure and M&E design,
urban planning, interior and landscape design, as well as other value-added services for clients of various industries and
regions.”
Archivitamins, “JOB, post a job,” ECADI, http://www.archivitamins.com/job/senior-architect-5/
243 “To secure the project, OMA formed an alliance with the East China Architecture and Design Institute (ECADI),
which would act as the local design institute (LDI) of record for both architecture and engineering.”
Chris Carroll et al., “CCTV Headquarters, Beijing China: Structural engineering design and approvals,” The Arup
Journal 40, nº2 (2005): 3.
244 “Because of different design codes and practices, but especially because of the different social and cultural
backgrounds, joint teamwork with a local design firms becomes an important aspect of a successful transposition from
concept to reality.”
Li Yau, “Collaboration,” a+u Architecture and Urbanism: CcTV by OMA : Rem Koolhaas and Ole Scheeren, special issue
(2005): 194.
245 Li Yau, Ibidem.
107
2002
COMPETITION
Abril
Agosto de 2002
OMA e Arup vencem a
competição para o CCTV Agosto
Janeiro 2003
SCHEMATIC
DESIGN
Junho
Julho
PRELIMINARY HANDOVER
EXTENDED
DESIGN
Dezembro
2004 Janeiro
EPD
Maio
Junho
Agosto de 2004
CONSTRUCTION
Aprovação do design
DOCUMENTS
Setembro de 2004
Início da obra do CCTV
CONSTRUCTION PHASE
Abril de 2006
Aprovação dos
Abril 2006 documentos de construção
Janeiro de 2008
2008
Inauguração do CCTV
Fevereiro de 2009
Incêndio no TVCC
Elementos do OMA*AMO
Maio de 2012
Fim de obra do CCTV
2012 Maio Arup e Outros Colaboradores
ECADI Roterdão
108
Protagonistas ou Atores Secundários?
246 “We have established a massive base on a ground floor in theirs office. We’ve got about (I don’t know) 40, 50 people
working on this t the moment.”
Cecil Balmond, “Informal Networks”.
247 Cecil Balmond, Ibidem.
248 “In August 2004, after receiving approval for the structural design from the Chinese Ministry of Construction,
Arup handed over the extended preliminary design (EPD) documents to ECADI, which then began to produce the
Construction Documents (CDs).
Chris Carroll et al., “CCTV Headquarters, Beijing, China: Building the Structure,” The Arup Journal 43, nº2 (2008):
40.
249 “During the construction drawing stage, OMA also sent several architects to beijing to join the design team of
ECADI to continue the cooperative aim and spirit.”
Li Yau, “Collaboration,” 194.
250 “However, when in the 1970s and 1980s the status of architectural drawings rose steadily, early Koolhaas and OMA’s
artwork began to be treated as works of art and to be acquired by private collectors and public institutions.”
Fabio Colonnese & Marco Carpiceci, “Program, diagram and experience. An inquiry on OMA’s architectural images,”
in Envisioning Architecture: Design, Evaluation, Communication, ed. Eugenio Morello and Barbara E. A. Piga (Milano:
Nuova Cultura, 2013): 395.
109
Fig. 72 Madelon Vriesendorp, Ilustração
para a Residência do Primeiro Ministro da
Irlanda, 1979.
Fig. 73 Madelon Vriesendorp, Axonometria
Villa dall’Ava, 1984-1991.
110
Protagonistas ou Atores Secundários?
251 Como Roberto Gargiani refere, “Thanks to the painting by Leonidov conserved among the documents, he can
observe the effect of the presentation of a project in the form of a painting.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture (Lausanne, Switzerland: EPFL Press, 2008), 42.
252 Jorge Figueira, “Slave to the Rhythm,” in Koolhaas Tangram, ed. Pedro Baía (Porto: Circo de Ideias, 2014), 79.
253 “Com Koolhaas, o arquitecto-artista é esmagado e levanta-se o arquitecto aleatório com uma fixação na estatística e
no coleccionismo de dados. (...) A estatística está para Koolhaas como a Igreja Católica está para Dalí.”
Jorge Figueira, Idem, 81.
254 “Una de las estrategias de comunicación más inteligentes de OMA fue la creación de AMO en 1998, como una
rama independiente de la oficina, aunque interrelacionada con ella.”
Javier Raposo Grau; Belém Butragueño & María Asunción Salgado. “The architecture of the immaterial in Rem
Koolhaas,” ZARCH, Journal of Interdisciplinary Studies in Architecture and Urbanism: Ideas no Constuidas, nº 6
(2016): 173, https://papiro.unizar.es/ojs/index.php/zarch/article/view/1460 (consultado a 16 de Dezembro de 2018).
111
Fig. 75 Tim Enthoven, Ilustração de um Diálogo entre os designers
Susan Sellers, Georgie Stout e Michael Rock.
112
Protagonistas ou Atores Secundários?
consultorias”255, a parte de design que antes era assegurada no final do projeto, passa a ser
incluída nos estágios iniciais do processo de trabalho de forma “que a integração do design
arquitetónico e gráfico seja perfeita - exceto, é claro, quando as aberturas estão destinadas
a aparecer”256.
Partindo das nossas experiências diárias enquanto habitantes e espectadores do
mundo que nos rodeia onde, hoje em dia, o “design tornou-se a metáfora central”257 visto
que “tudo é desenhado”258, fica claro que a definição sucinta de design gráfico, segundo a
qual este é descrito como “a arte de projetar anúncios, revistas e livros, combinando imagens
e palavras”259, fica muito aquém da amplitude abrangida por esta ciência, que é ainda
“visto apenas de uma perspetiva estética, sem consideração suficiente ela comunicação e
significado social”260.
Muito mais do que simplesmente promover bens e serviços, o principal objetivo do
design gráfico passa por transmitir e comunicar mensagens - “informar, educar, influenciar,
persuadir e proporcionar uma experiência visual”261 - através da combinação entre imagem
e tecnologia, de maneira a captar a atenção das pessoas para elementos, que não sendo
ilustrativos, recorrem à ilustração para compor e representar informação, sendo capazes de
estabelecer a “conexão da perceção visual e do pensamento racional”262 [fig. 75].
255 “The architect’s graphic output is no longer limited to two-dimensional representations of three-dimensional space,
but also includes drawings of organization, structure and relationships across building materials, finance and other
consultancies.”
Karen Lewis, Graphic Design for Architects: A Manual for Visual Communication (New York: Routledge, 2015), 8.
256 “2x4’s long-term collaboration with architects such as Koolhaas, ensures that it is involved early in the conception
of a project so that the integration of architectural and graphic design is seamless – except of course, when the seams
are intended to show.”
Rhonda Rubinstein & David Peters, “Larger than life itself: 2x4 at SFMOMA,” Eye Magazine, nº58 (Winter 2005),
http://www.eyemagazine.com/review/article/larger-than-life-itself-2x4-at-sfmoma(consultado a 18 de Janeiro de 2019).
257 “We live in an era wherein design has become the central metaphor. Since now everything is designed - from genes
to global alliances - everything is fair game for the designer.”
Michael Rock, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 125.
258 Michael Rock, Ibidem.
259 “Graphic design is the art of designing advertisements, magazines, and books by combining pictures and words.”
Graphic Design in “COBUILD Advanced English Dictionary,” HarperCollins Publishers, 2019, https://www.collinsdictionary.
com/pt/dictionary/english/graphic-design.
260 “Furthermore, as an art form, graphic design is viewed only from an aesthetic perspective, without enough
consideration for communication and social significance.”
Jorge Frascara, “Graphic Design: Fine Art or Social Science?” in Design Studies: Theory and Research in Graphic Design,
ed. Audrey Bennett (New York: Princeton Architectural Press, 2006), 28.
261 “A more contemporary definition of graphic design might include the ‘art’ of communication - to inform, educate,
influence, persuade, and provide a visual experience - one that combines art and technology to communicate messages
vital to our daily lives. It is simply a cultural force.”
Audrey Bennett, “The Rise of Research in Graphic Design,” in Design Studies: Theory and Research in Graphic Design, ed.
Audrey Bennett (New York: Princeton Architectural Press, 2006), 15.
262 “The special thing about diagrams is the connection of visual perception and rational thought; the diagram thinks
in images.”
Udo Garritzmann & Wouter Deen, “Diagramming the contemporary. OMA’s little helper in the quest for the new.” in
OASE: Diagrams, nº48 (1998): 91.
113
Fig. 76 Revista ANY nº 4 (capa),
1994.
114
Protagonistas ou Atores Secundários?
263 “A closer relationship between the two disciplines will enhance the intelligence of both fields.”
Karen Lewis, Graphic Design for Architects: A Manual for Visual Communication (New York: Routledge, 2015), 9.
264 Karen Lewis, Ibidem.
265 “We have been brought in to do research, design competition boards and books interactive and video design,
writing, branding, argument development, magazine design, editing, wallpaper, environmental graphics, content
development, site-specific technology design, curation, et cetera.”
Michael Rock, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 124.
266 “But increasing our awareness of graphic design techniques will allow architects to share questions about space,
navigation, surface and perception with graphic designers.”
Karen Lewis, Graphic Design for Architects, 9.
115
Fig. 78 Coleção Project On The City I e II (capa), 2001.
116
Protagonistas ou Atores Secundários?
transmitisse os ideias tipológicos definidos por este, mas ligada a uma imagem tecnológica
e contemporânea, marcada pelo “poder do diagrama, o valor de um argumento claro,
uma abertura para ideias de todos os membros de uma equipe, a utilidade da colagem,
um compromisso com a inteligência, um vínculo de humor, a energia criativa do caos
controlado e uma desconfiança de profissionalismo”267, como o designer refere numa
entrevista.
- Prada (1999-ongoing)
“In every relationship there comes a time when you take that next important
step. For some couples that step is meeting the parents, for me it’s meeting
the Prada.”
Carrie Bradshaw, Sex in the City, Season 6, 2003
267 “Of the many things I have learned from close association with OMA/AMO, the most important may be: the
power of diagram, the value of a clear argument, an openness to ideas from all members of a team, the utility of
collage, a commitment to intelligence, an embrace of humor, the creative energy of controlled chaos, and a mistrust of
professionalism.”
Michael Rock, “Interview,” 125.
268 “In 1999 OMA was commissioned by Prada to give form to the transformation that began in the 1990’s, from a
family fashion business to a world-wide corporation.”
Roberto Gargiani, Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture (Lausanne, Switzerland: EPFL Press, 2008), 256.
269 Koolhaas foi convidado a ingressar no corpo docente da Harvard School em 1995 como professor de Arquitetura e
Design Urbano, onde permanece até aos dias de hoje.
117
Fig. 80 2x4, Logotipo.
118
Protagonistas ou Atores Secundários?
270 “The Harvard Guide to Shopping, made by The Harvard the Harvard Graduate School of Design and OMA,
explores the spaces, people, techniques, ideologies, and inventions by which shopping has so dramatically refashioned
the city at the turn of the century.”
OMA*AMO, “Project on the City II: The Harvard Guide to Shopping,” OMA*AMO, https://oma.eu/publications/
project-on-the-city-ii-the-harvard-guide-to-shopping.
271 Neste ensaio, Koolhaas adopta uma posição mais negativa relativemente ao futuro da cidade, que não se verifica em
textos anteriores como Bigness e Generic City.
272 “And we were very involved in the founding of AMO.”
Michael Rock, “Attention, Disruption, Disorder,” filmado em Fevereiro de 2017 em Cambridge, Massachusetts,
Harvard University Graduate School of Design video, 1:19:19, https://www.gsd.harvard.edu/event/michael-rock-
attention-disruption-disorder/(consultado a 19 de Maio de 2019).
273 “Prada wanted to create a new retail experience for its customers, something that would reflect the company’s credo
in shopping as a singular experience in which culture and consumerism flow together.”
Sara Manuelli, Design for Shopping: New Retail Interiors (London: Laurence King Publishing, 2006), 38.
274 “The strategy, later developed with the chosen architects, came to include the idea that some Prada stores should break
away from the traditional model to become ‘epicenters’ - a reflection of the house’s cutting edge products.”
Hillary Lobo, Gregory Giammalvo & Raymond Quinn, “Prada Epicenter, New York,” The Arup Journal 38, nº1 (2003): 21.
275 “All the stores are defined by the integration of retail and performance space, with an innovative employment of
technology.”
Sara Manuelli, Design for Shopping, 38.
276 “These new stores, located in some of the world’s trend-setting shopping districts, would sport a dynamic, exciting design and
accommodate the latest that technology had to offer, all to enhance and support the shopping and customer service experience.”
Hillary Lobo, Gregory Giammalvo & Raymond Quinn, “Prada Epicenter,” 21.
119
Fig. 82 Provador Interativo da Loja Prada.
Fig. 83 Ecrã Interativo da Loja Prada.
120
Protagonistas ou Atores Secundários?
para a cave, criando um espaço de grande volume e dando aos compradores uma rota
desimpedida para as áreas de exibição de produtos”277, assim como a presença de elementos
tecnológicos livres de serem usados pelos clientes278, caracteriza o principal objetivo da loja
que é “ser mutável (...) um projeto em constante desenvolvimento”279 [fig. 82].
Partindo desta vontade de “afastar-se totalmente do princípio comercial simples,
o que tem sido um empenho sério da Prada”280, os clientes, liberados da “obrigação”281
de comprar, são levados numa viagem pela arquitetura do comércio onde a “informação
digital oferece uma realidade paralela e uma oportunidade para instigar novos cenários que
se desdobram no espaço”282[fig. 83].
Desta forma, mais significativo que os elementos físicos da loja, os elementos de
design gráfico desempenham um papel importantíssimo na montagem deste caráter
mutável que se pretende transmitir, como é o caso do enorme mural de 60 metros, onde
se encontra um wallpaper criado pelo escritório 2x4, que é mudado a cada seis meses e ao
ser “sempre visível do exterior”283 para muitas pessoas torna-se “a única razão para visitar
a loja”284 [fig. 84].
Além deste mural temporário, a firma é também responsável pelo design dos
dispositivos interativos presentes na loja, sendo que a colaboração com uma firma de
design, desde os estágios iniciais do projeto “foi essencial para desenvolver a ideia de um
277 “The defining feature of the store is the ‘wave’, a curving floor that swoops from street level to basement, creating a
large volume space and giving shoppers an unencumbered route to the product display areas of the cellar.”
Hillary Lobo, Gregory Giammalvo & Raymond Quinn, Ibidem.
278 “The fitting rooms, for example, are entered through doors with Privalite glass that transforms from transparent
to opaque at the flick of a switch. Once inside, the lighting is customer-controlled via a dimmer, and the fitting rooms
are also equipped with IT features designed to excite. A ‘magic mirror’ - really a series of cameras and plasma screens -
records customers trying on their selections, so that they can see themselves from the front, back and side, with instant
replay, if necessary. (...) Also in the fitting room, shoppers can scan product codes for additional product information.”
Hillary Lobo, Gregory Giammalvo & Raymond Quinn, Idem, 22.
279 “O mais interessante na loja original [Prada de Nova Iorque] é que o objectivo é ser mutável - e realmente a loja
tem sido completamente alterada - por isso é um projecto em constante desenvolvimento. (...) Afastar-se totalmente do
princípio comercial simples, o que tem sido um empenho sério da Prada.”
Rem Koolhaas in Hans Ulrich Obrist, Rem Koolhaas: Conversas com Hans Ulrich Obrist, trad. Inês Moreira (Barcelona:
Editorial Gustavo Gili, 2009), 15.
280 Rem Koolhaas in Hans Ulrich Obrist, Ibidem.
281 “No fundo, analisamos o que torna o shopping numa experiência tão árida, e talvez o pior seja mesmo a falta de
liberdade e a obrigação em consumir.”
Rem Koolhaas in Hans Ulrich Obrist, Ibidem.
282 “Digital information offers parallel reality and an opportunity to instigate new scenarios that unfold in space.”
Nicolas Firket & Markus Schaefer, “Out of Fashion,” in Content, ed. AMO/OMA, Rem Koolhaas, &&& Creative
(Köln : Taschen, 2004), 327.
283 “One significant component of this programming is a wall mural that changes every six months. Always visible
from outside, and for many the sole reason to visit the store, the graphics of the murals mingle critical atmosphere with
striking aesthetic effects.”
Ana Miljacki, “Consumption,” in The SAGE Handbook of Architectural Theory, ed. C. Greig Crysler, Stephen Cairns
& Hilde Heynen, (London; California; New Delhi; Singapore:SAGE Publications, 2012), 187.
284 Ana Miljacki, Ibidem.
121
Fig. 85 2x4, Retrato de Mies van Der Rohe, 1997
- 2003.
122
Protagonistas ou Atores Secundários?
285 “Thus when OMA designed the Prada flagship New York store, 2x4 was integral to developing the idea of an
experimental retail space with changing wall graphics and video installations.”
Rhonda Rubinstein & David Peters, “Larger than life itself ”.
286 “And so you have one idea that keeps evolving to all these different surfaces.”
Michael Rock, “Attention, Disruption, Disorder.”
287 “Our projects include (...)research and development on Prada.com; (...)branding and event design for Prada Waist
Down exhibitions worldwide; media design for numerous Prada fashion shows; (...).”
Michael Rock, “Interview,” 124.
288 “And so it’s a really mixture of different kinds of information, and also different technologies, some really basic and
analoge, and some really high level technology.”
Michael Rock, “Attention, Disruption, Disorder.”
289 “The icon system is integrated into a wide range of surfaces throughout the project: digital murals, fritted glass walls,
textured and lenticular wallpapers.”
2x4, “IIT McCormick Tribune Campus Center” 2x4, https://2x4.org/work/iit-mccormick-tribune-campus-center/.
290 Hoje em dia o retrato faz parte da coleção permanente do Museum of Modern Art (MoMA).
123
Fig. 86 Algumas Publicações do OMA*AMO.
Da esq. para a dir. e de cima para baixo: Mutations (2001), Wired: Kool World (2003),
Domus D’Autore: Post- Occupancy (2006) e AlManakh (2007).
124
Protagonistas ou Atores Secundários?
Segundo afirma Michael Rock numa entrevista, o design gráfico pode entrar no
processo de projeto de três maneiras distintas:
- A colaboração ocorre durante a formulação do conceito inicial, onde “há uma
discussão a partir de ideias gerais relacionadas com o espaço e, em seguida, isso resulta em
ideias gráficas”291;
- A colaboração ocorre durante o desenvolvimento do projeto, quando “há certas
condições que surgem e devem ser atendidas de alguma forma, (...) Isso exige alguma
intervenção por parte do designer”292
- Não existe colaboração com os arquitetos, sendo que projeto e design são elaborados
separadamente, o que pode resultar na diferença de conceitos.
Partindo do princípio, que tal como refere o designer, existiu um esforço mútuo
de introduzir o trabalho gráfico nas primeiras fases de desenvolvimento do conceito,
com o objetivo de “dar um suporte igual ao projeto sobreposto aos desejos das partes
individuais”293, detém-se que esta é uma relação de mútuo entendimento ao longo de todo
o processo, e por isso, a mais produtiva neste tipo de trabalho.
291 “Sometimes it’s a real dialogue, and in the very early stages there’s a discussion around certain overarching ideals to
do with the space, and then that plays out in graphic ideas. (...)There are other times where as the design develops, there
are certain conditions that arise and must be met somehow, but can’t be met with architecture for a variety of reasons
(...). That calls out for some intervention by the designer.(...) Other times it happens on the graphic designer’s side in a
purely analytical way. You don’t really have that much dialogue with the designers of the building so you make up your
own story about it.”
Brendan McGetrick, “Interview: Michael Rock, Graphic Designer,” Recent Works and Current Obsessions, http://www.
brendanmcgetrick.com/anything/2008/09/04/michael-rock-graphic-designer/.
292 Brendan McGetrick, Ibidem.
293 “The nature of collaboration in general is to equal support the project over desires of the individual parties.”
Michael Rock, “Interview,” 124.
125
Fig. 87 Capa Content Ilustrada por
Kenneth Tin Kin Hung.
126
Protagonistas ou Atores Secundários?
no início através de gráficos quantitativos das viagens que Rem efetuou ao serviço do
escritório, sendo que este passou a “eleger o diagrama como um dispositivo privilegiado
para analisar e expressar os fenómenos arquitetónicos.”294.
Depois da “febre” S, M, L, XL, produzido com a colaboração do designer Bruce Mau
- responsável pelos gráficos referidos -, e que além disso, complementava a apresentação
dos projetos com textos teóricos e críticos como poemas, cartas, excertos de filmes ou
desenhos animados, fazendo uma exaltação à prática do escritório, o lançamento do livro
Content em 2004 [fig. 87] vem mostrar uma faceta muito mais ambiciosa do atelier.
Representando o escritório enquanto “máquina para digerir e organizar
informação”295, o novo livro apresentado sob a forma de revista e muito caracterizado pela
participação dos designers Simon Brown e Jon Link do escritório &&& Creative [fig. 88],
“representa a oportunidade de dar um impulso definitivo ao AMO, apresentando-o ao
público-alvo, como o laboratório de ideias sem vinculos nem laços, sem pressões externas
ou internas, sem a necessidade explícita de resultados”296. Com uma impressionante
mensagem visual, de colagens a gráficos estatísticos, que fazem um paralelo com os projetos,
o Content aparece como um acervo de informação que analisa vários tópicos da sociedade
atual, e que pode constituir uma fonte de pesquisa para outras áreas além da arquitetura,
ao contrário do seu antecessor que seguia uma vertente mais clássica de apresentação de
projeto e memória descritiva. Por sua vez, muito ligado à prática do AMO, este livro
requeria uma perspetiva mais comercial que pudesse colocar por impresso a marca visual
que o escritório tentava criar, e que acabou por ser conseguida graças ao design gráfico dos
&&& Creative, uma vez que o que mais impressiona no livro não é tanto a sua capacidade
projetual, mas a forma como ela nos é apresentada [fig. 89].
Uma das mais recentes publicações é o bastante conhecido Elements of Architecture
(2018), um gigantesco depósito de 2528 páginas, que serve como continuação da pesquisa
levada a cabo para a Bienal de Veneza de 2014 da qual Koolhaas foi o Curador. A pesquisa
levada a cabo em conjunto com a Harvard Graduate School of Design, assim como “com uma
294 “In the same years, thanks to the work of designers such as Irma Boom and Bruce Mau, OMA communication
layout got closer and closer to Koolhaas’ books look by electing the diagram as a privileged device to analyse and express
the architectural phenomena.”
Fabio Colonnese & Marco Carpiceci, “Program, diagram and experience. An inquiry on OMA’s architectural images,”
in Envisioning Architecture: Design, Evaluation, Communication, ed. Eugenio Morello and Barbara E. A. Piga (Milano:
Nuova Cultura, 2013): 396.
295 “His office [Koolhaas] is a machine for digesting and organizing information (...).”
Aaron Betsky, “The Koolhaas Node,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 61.
296 “(...)Content representa la oportunidad de dar un impulso definitivo a AMO, y presentarlo al público masivo, como
ese laboratorio de ideas sin vinculaciones ni ataduras, sin presiones externas ni internas, sin la necesidad explícita de
resultados.”
Javier Raposo Grau; Belém Butragueño & María Asunción Salgado. “The architecture of the immaterial in Rem
Koolhaas,” 173.
127
Fig. 90 Elements of Architecture (capa),
2018.
128
Protagonistas ou Atores Secundários?
297 “The result of a two-year research studio with the Harvard Graduate School of Design and collaborations with a host
of experts from industry and academia… Elements of Architecture looks under a microscope at the fundamentals of our
buildings, used by any architect, anywhere, anytime: the floor, the wall, the ceiling, the roof, the door, the window, the
façade, the balcony, the corridor, the fireplace, the toilet, the stair, the escalator, the elevator, the ramp.”
OMA*AMO, “Venice Biennale 2014: Elements of Architecture,” OMA*AMO, https://oma.eu/projects/elements-of-
architecture.
298 OMA*AMO, Ibidem.
299 Harvard University Graduate School of Design, “Factbook: Academic Year 2017–2018,” Harvard University Graduate
School of Design, Office of Institutional Research, 2018. https://www.gsd.harvard.edu/wp-content/uploads/2017/03/
GSD-Factbook.pdf
300 “Having an eye and a critical sensibility, a sense of what and who - matters now, and how insert it into the flows of
modern life matters more than knowing how to conceive new forms for the ages.”
Aaron Betsky, “The Koolhaas Node,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 61.
301 “the right people at the right moment, (...)”
Petra Blaisse, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 94.
302 Segundo Ibelings “(...) nowadays star architects are continually ‘on tour’: for competitions, juries, teaching posts,
master-classes, interviews, conferences and lectures”
Hans Ibelings, Supermodernism: Architecture in the Age of Globalization. (Rotterdam, NAi Publishers, 2002), 26.
129
Fig. 92 OMA, Geração OMA.
130
Protagonistas ou Atores Secundários?
em geral quando se atribuem os créditos de uma obra, o que deita por terra todos os
esforços do escritório em querer manter o seu perfil de coletividade, uma vez que “os
média, na sua busca por heróis, criaram uma imagem falsa de que todos os projetos de
construção são produto de arquitetos”303.
Desta forma, é de prever que outros colaboradores e intervenientes nos trabalhos
nem sempre fiquem satisfeitos com isso, como afirma Erez Ella, ex trabalhador do OMA
e segundo o qual, “existe frustração, e muitos ex-parceiros e funcionários estão a avançar
com os seus próprios escritórios com o seu nome na porta. (...) É importante permitir que
as pessoas sintam direitos pelo que estão a fazer.”304.
Após trabalhar no OMA durante sete anos (1999-2006), este arquiteto e o sócio do
escritório na altura Joshua Prince-Ramus que havia fundado a filial do OMA em Nova
Iorque, decidem acabar a sua parceria com Rem e fundar os REX (Ramus Ella Architects),
acabando por levar consigo todos os membros da equipa de Nova Iorque, assim como
“várias comissões do OMA na América”305, de entre as quais o projeto para o Teatro “Dee
and Charles Wyly”, em Dallas (2006-2009).
Este episódio levantou várias questões quanto à creditação dos trabalhos do atelier,
pois enquanto responsável por vários dos projetos do OMA na América, e revoltado com
“o desejo dos mídia de fazer parecer tudo como se fosse o trabalho de um indivíduo”306
[Koolhaas], Prince-Ramus vê esta separação como forma de receber o devido mérito
enquanto “autor do trabalho”307 que não conseguia enquanto membro do OMA.
Além destes exemplos, inúmeros foram os casos de colaboradores do OMA que,
depois de vários anos de trabalho, decidem embarcar em projetos próprios e independentes
da marca consolidada OMA/ Rem Koolhaas, como é o caso dos BIG (Bjarke Ingels),
WORKac (Dan Wood e Amale Andraos), FR-EE (Fernando Romero), entre outros [fig.
92].
A questão que então se coloca é se esta falta de notoriedade relativa aos restantes
303 “The media, in their quest for heroes, created a false image that all building designs are the product of architects.”
Mentor Llunji, Towards a New Engineering, 56.
304 “(...) I also know there is frustration, and a lot of ex-partners and employees are moving on to start offices with their
name on the door. (...) It’s important to allow people to feel ownership over what they’re doing.”
Erez Ella, “Interview,” in Rem, ed. Kyle May (Canada: CLOG, 2014), 72.
305 “In 2006 the two architects turned OMA’s New York office into Ramus Ella Architects, or REX, and took several
America OMA commissions.”
Albena Yaneva, Made by the Office for Metropolitan Architecture: An Ethnography of Design (Roterdão: 010 Publishers,
2009) 36.
306 “The media’s desire to make everything about an individual doesn’t reflect our reality.”
Joshua Prince-Ramus in Robin Pogrebinmay, “Joshua Prince-Ramus Leaving Koolhaas’s O.M.A. to Start New
Architecture Firm,” The New York Times Magazine, (2006),
https://www.nytimes.com/2006/05/14/arts/design/14pogr.html(consultado a 16 de Dezembro de 2018).
307 “On his part there is interest in sole credit for the work because he is sole author of the work.”
Rem Koolhaas in Robin Pogrebinmay, Ibidem.
131
Fig. 93 AMO, Sistema YES - Uma das Opções para a Capa
Wired, 2001.
132
Protagonistas ou Atores Secundários?
envolvidos nos projetos é devida, apenas à opinião social, que tem Rem como único
protagonista do escritório, ou se simplesmente se trata de uma forma de branding por
parte do atelier, que vê em Rem Koolhaas - o vencedor do Pritzker - uma forma de manter
um certo destaque dado pela associação ao arquiteto.
Segundo afirma Mentor Llunji no livro Towards a New Engineering: Reflections of a
Practitioner (2018), os arquitetos são, também, em certa parte culpados por esta falta de
destaque para com outros colaboradores, uma vez que “Não enfatizando (nomeando) os
principais colaboradores do projeto, não é apenas um sinal da vaidade de um arquiteto,
mas também um resultado da pressão dos média e do público. Os média, os amantes
dos heróis públicos e a atribuição de um edifício a uma pessoa é mais comercialmente
aceitável do que citar sete deles”308 [fi. 93].
No que diz respeito a colaborações interdisciplinares, como é o caso da engenharia,
enquanto disciplina técnica e matemática e, como tal, responsável pela parte invisível dos
projetos - aquela que não é aparente - “Tu dificilmente consegues identificar um produto
de acordo com seu engenheiro de projeto.”309, o que significa que não sendo possível de
identificar, o trabalho do engenheiro mantém-se no anonimato, “a falta de reconhecimento
é porque esse trabalho não pode ser visto, entendido e, portanto, apreciado pelo público
em geral”310.
Por último, o designer, que apesar de desempenhar um papel bastante significativo
na criação de uma imagem e conceitos únicos para cada projetos, capaz de informar a
mensagem que se pretende transmitir, por não estar ligado a qualquer elemento estrutural
do edifício, acaba por perder relevância.
308 “Not emphasizing (naming) the main project collaborators is not only a sign of an architect’s vanity but also a result
of pressure from the media and public. The media and public love heroes and identifying a building with one person is
more commercially acceptable than citing seven of them.”
Mentor Llunji, Towards a New Engineering, 36.
309 “You can hardly identify a product according to its design engineer.”
Mentor Llunji, Idem, 38.
310 “Not that the work of the structural engineer is unimportant, but the lack of recognition is because that work
cannot be seen, understood and, thus, appreciated by the general public.”
Mentor Llunji, Idem, 46.
133
134
Considerações Finais
311 Rem Koolhaas, OMA/ Rem Koolhaas: Living, Vivre, Leben (Basel: Birkhäuser Verlag AG, 1998), 6.
135
136
Considerações Finais
137
138
Considerações Finais
Verifica-se, aqui, uma intenção muito clara daquilo que o OMA pretendia transmitir
nesta altura: uma marca, um estilo, um carimbo, que sabe explorar de forma paradigmática
os meios de comunicação social, desenvolvendo metodologias de difusão e divulgação da
sua voz e da sua prática “ ‘Research’ é o novo estilo, e ‘Remsearch’ é a sua voz mais visível”313
O trabalho realizado para a loja de roupa Prada, marca a entrada do escritório no
mundo da moda e, como tal, dependia quase totalmente do tipo de imagem que se iria
transmitir. A integração de uma firma especializada em design gráfico e estratégias de
comunicação como a 2x4 integrou todo o sentido de versatilidade que o cliente pretendia
no trabalho gráfico elaborado como o mural alterável ou os visores interativos, que no final
acabaram por sustentar toda a proposta do arquiteto.
Por sua vez, mesmo em termos teóricos, com as várias publicações lançadas pelo
OMA, é possível verificar que esta vertente investigativa, nem sempre resulta de um
processo de trabalho solitário do escritor como aconteceu com DNY. Pelo contrário, seja
através do AMO, seja enquanto professor em Harvard, a rede de relações colaborativas
entre o escritório, professores e alunos, constitui um processo de trocas de informação
extremamente produtivo, seja para o atelier que beneficia e aproveita dos dados de
investigação dos alunos, seja para estes que acabam por ter a oportunidade de trabalhar
com o atelier.
Ao longo deste trabalho foi possível perceber que a voz que caracteriza o OMA*AMO
não pertence apenas ao escritório em estudo, e muito menos a um único indivíduo, mas
a uma rede de colaboradores onde esta voz resulta de um diálogo entre eles. Através dos
projetos analisados foi possível perceber que na verdade, todos os trabalhos só são possíveis
graças à intervenção de outros indivíduos e organizações capazes de fornecer determinados
serviços que não estão ao alcance do arquiteto no geral.
Contudo, observou-se também, que enquanto inseridos em trabalhos coletivos,
num grupo, existe sempre, mesmo que a maioria das pessoas não goste de admitir, um
elemento que se destaca do resto dos elementos - um líder. Seja porque foi o primeiro a
começar, seja porque começou a intervir de maneira mais proeminente nas decisões dos
restantes, mas que ao dar a voz à apresentação dos trabalhos, carrega em si todos os outros
colaboradores.
Assim, além dos meios de comunicação, e da própria sociedade influenciável que
ainda necessita de ter esta ideia de heróis e santos da arquitetura, o próprio arquiteto, não
referindo os outros participantes como coautores das obras, e participantes igualitários da
rede, também detém parte da culpa no que diz respeito a estas contradições que envolvem
a autoria dos projetos.
313 “Research is the new style, and Remsearch is it’s most visible voice.”
Isaac Mathew, Ibidem.
139
140
Referências Bibliográficas
Ensaios e Monografias
Abrahão, Sérgio Luís. Espaço Público: Do Urbano ao Político. São Paulo: Annablume
Editora; FAPESP, 2008.
Akcan, Esra. Open Architecture: Migration, Citizenship and the Urban Renewal of Berlin-
Kreuzberg by IBA-1984/87: Basel: Birkhäuser, 2018.
AMO/OMA, Rem Koolhaas, &&& Creative, eds. Content. Köln: Taschen, 2004.
Augé, Marc. Não-Lugares: Introdução a uma Antropologia da Supermodernidade. Trad.
Lúcia Mucznik. Venda Nova: Bertrand Editora, 1994 [1992].
Baía, Pedro, Ed. Koolhaas Tangram. Porto: Circo de Ideias, 2014.
Böck, Ingrid. Six Canonical Projects by Rem Koolhaas: Essays on the History of Ideas. Berlin:
Jovis Verlag, 2015.
Breton, André. Manifestoes of Surrealism. Ann Arbor: The University of Michigan Press,
1972.
Certeau, Michel de. Arts de Faire. Coleção: L’invention du Quotidien, vol. 1. Paris:
Gallimard, 1990.
Cohen, Jean-Louis. O Futuro da Arquitetura Desde 1889: Uma História Mundial. London:
Phaidon Press Limited, 2012.
Cuff, Dana. Architecture: the story of practice. Massachusetts: MIT Press, 1992.
Ferriss, Hugh. The Metropolis of Tomorrow. Mineola, New York: Dover Publications, 2005
[1929].
Ferriss, Hugh. Power in Buildings: An Artist’s View of Contemporary Architecture. New
York: Columbia University Press, 1953.
Fleck, Ludwik. Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: University of Chicago
Press, 1981. Citado em Bruno Latour, Reassembling the Social: An Introduction to
Actor-Network-Theory. New York: Oxford University Press, 2005, 113.
Gargiani, Roberto. Rem Koolhaas/ OMA: Essays in Architecture. Lausanne, Switzerland:
EPFL Press, 2008.
Gausa, Manuel. Diccionário Metápolis Arquitectura Avanzada. Barcelona: Actar, 2001.
Graaf, Reinier de. Four Walls and a Roof: The Complex Nature of a Simple Profession.
London: Harvard University Press, 2017.
Higgott, Andrew. Mediating Modernism: Architectural Cultures in Britain. USA; Canada:
Routledge, 2007.
Ibelings, Hans. Supermodernism: Architecture in the Age of Globalization. Enlarged ed.
Rotterdam, NAi Publishers, 2002 [1998].
Jencks, Charles. The Language of Post-Modern Architecture. London : Academy Editions,
141
142
Referências Bibliográficas
1987 [1977].
Koolhaas, Rem. Delirious New York: A Retroactive Manifesto for Manhattan. Nova York:
The Monacelli Press, 1978.
Koolhaas, Rem. Projects Urbans (1985-1990)/ Urban Projects (1985-1990). Ed. Josep
Lluís Mateo. Barcelona: Col.legi d’Arquitectes de Catalunya, 1990.
Koolhaas, Rem & Bruce Mau. S, M, L, XL: Small, Medium, Large, Extra-Large. New
York: The Monacelli Press, 1995.
Koolhaas, Rem. OMA/ Rem Koolhaas: Living, Vivre, Leben. Basel: Birkhäuser Verlag AG,
1998.
Krier, Rob. Architectural Composition. London: Academy Editions, 1991.
Latour, Bruno. Reassembling the Social: An Introduction to Actor-Network-Theory. New
York: Oxford University Press, 2005.
Le Corbusier. Vers Une Architecture. Paris: Flammarion, 1995 [1923].
Lewis, Karen. Graphic Design for Architects: A Manual for Visual Communication. New
York: Routledge, 2015.
Llunji, Mentor. Towards a New Engineering: Reflections of a Practitioner. Montenegro:
MSPROJECT, 2018.
May, Kyle. Rem. Canada: CLOG, 2014.
Manuelli, Sara. Design for Shopping: New Retail Interiors. London: Laurence King
Publishing, 2006.
Mintzberg, Henry. The structuring of organizations: a synthesis of the research. Englewood
Cliffs, New Jersey: Prentice Hall, 1979.
Nagels, Jacques. Trabalho Colectivo e Trabalho Produtivo na Evolução do Pensamento
Marxista. Trad. Pedro Simões. Lisboa: Prelo Editora, 1975
Nowobilska, Malgorzata & Quazi Mahtab Zaman. Postdamer Platz: The Reshaping of
Berlin. Cham: Springer, 2014.
Obrist, Hans Ulrich. Rem Koolhaas: Conversas com Hans Ulrich Obrist. Trad. Inês Moreira.
Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2009.
Pai, Hyungmin. The Portfolio and the Diagram: Architecture, Discourse, and Modernity in
America. Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 2002.
Sennott, Stephen., ed. Encyclopedia of Twentieth Century Architecture. Vol. 1. New York;
London: Fitzroy Dearborn, 2004.
Shields, Jennifer A.E. Collage and Architecture. New York: Routledge, 2014.
Tafuri, Manfredo. Architecture and Utopia. Design and Capitalist Development. Cambridge,
Massachusetts, and London, England: The MIT Press, 1976.
Tafuri, Manfredo. “The Disenchanted Mountain.” In The American City: From the Civil
War to the New Deal, Cambridge: MIT Press, 1979. Citado em Paul Walter
143
144
Referências Bibliográficas
Capítulos de Livros
Balmond, Cecil., Ruth Baumeister & Sang Lee. “Structure as Architecture.” In The
Domestic and the Foreign in Architecture, ed. Sang Lee & Ruth Baumeister, 318 -
329. Rotterdam: 010 Publishers, 2007.
Baptista, Luís Santiago. “S,M,L,XL: Um Atlas da Arquitectura Metropolitana.” In
Koolhaas Tangram, ed. Pedro Baía, 33-53. Porto: Circo de Ideias, 2014.
Bennett, Audrey. “The Rise of Research in Graphic Design.” In Design Studies: Theory
and Research in Graphic Design, ed. Audrey Bennett, 14 - 23. New York: Princeton
Architectural Press, 2006.
Betsky, Aaron. “The Koolhaas Node.” In Rem, ed. Kyle May, 60-61.Canada: CLOG,
2014.
Blaisse, Petra. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May, 90-95. Canada: CLOG, 2014.
Brott, Simone. “A Marxist Critique of Iconic Architecture.” In The Routledge Companion
to Criticality in Art, Architecture, and Design, ed. Chris Brisbin & Myra Thiessen,
206 - 227. London; New York: Routledge, 2019.
Colonnese, Fabio & Marco Carpiceci. “Program, Diagram and Experience. An Inquiry
on OMA’s Architectural Images.” In Envisioning Architecture: Design, Evaluation,
Communication, ed. Eugenio Morello & Barbara E. A. Piga, 393-400. Milano:
Nuova Cultura, 2013.
Deyong, Sarah. “Memories of The Urban Future: The Rise And Fall of The Megastructure.”
In The Changing of the Avant-garde: Visionary Architectural Drawings from the
Howard Gilman Collection, ed. Terence Riley, 23 - 36. New York: Museum of
Modern Art, 2002.
Ella, Erez. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May, 70-75. Canada: CLOG, 2014.
Figueira, Jorge. “Slave to the Rhythm.” In Koolhaas Tangram, ed. Pedro Baía, 77-85.
Porto: Circo de Ideias, 2014.
145
146
Referências Bibliográficas
Firket, Nicolas. & Markus Schaefer. “Out of Fashion.” In Content, ed. AMO/OMA,
Rem Koolhaas, &&& Creative, 326 - 331. Köln : Taschen, 2004.
Frascara, Jorge. “Graphic Design: Fine Art or Social Science?” In Design Studies: Theory
and Research in Graphic Design, Ed. Audrey Bennett, 26 - 35. New York: Princeton
Architectural Press, 2006.
Gorelik, Ádrian. “Arquitetura e Capitalismo: os Usos de Nova York.” Prefácio de Nova
York Delirante: Um Manifesto Retroativo para Manhattan. Trad. Denise Bottman,
9-23. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2008.
Gropius, Walter. “Programme of the Staatliches Bauhaus in Weimar (1919).” In Programs
and Manifestoes on 20th - Century Architecture. Trad. Michael Bullock, 49 - 52.
Massachusetts: The MIT Press, 1971 [1964].
Hsu, Frances. “The Operative Criticism of Rem Koolhaas.” In 98th ACSA Annual Meeting
Proceedings: Rebuilding, ed. Bruce Goodwin & Judith Kinnard, 380-385. Georgia
Institute of Technology, 2010.
Koolhaas, Rem. “Elegy for the Vacant Lot.” (1985). In S,M,L,XL: Small, Medium, Large,
Extra-Large, 937. New York: The Monacelli Press, 1995.
Koolhaas, Rem. “The Generic City.” (1994) In S,M,L,XL: Small, Medium, Large, Extra-
Large, 1238 - 1264. New York: The Monacelli Press, 1995.
Koolhaas, Rem. “Bigness, or The Problem of Large” (1994) In S,M,L,XL: Small, Medium,
Large, Extra-Large, 494 - 517. New York: The Monacelli Press, 1995.
Koolhaas, Thomas. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May, 152-157. Canada: CLOG, 2014.
Latour, Bruno & Albena Yaneva. “Give me a Gun and I Will Make All Buildings Move:
An ANT’s View of Architecture.” In Explorations in Architecture: Teaching, Design,
Research, ed. Reto Geiser, 80-89. Basel: Birkhäuse, 2008.
Maas, Winy. & Jacob van Rijs. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May,80-83. Canada:
CLOG, 2014.
Mathew, Isaac. “Remresearch.” In Rem, ed. Kyle May, 47. Canada: CLOG, 2014.
Miljacki, Ana. “Consumption.” In The SAGE Handbook of Architectural Theory, ed. C.
Greig Crysler, Stephen Cairns & Hilde Heynen, 184 - 198. London; California;
New Delhi; Singapore:SAGE Publications, 2012.
Mutlo, Murat. “Surfing the wave.” In Interdisciplinary Design: New Lessons from Architecture
and Engineering, ed. Hanif Kara & Andreas Georgoulias, 59 - 64. Cambridge:
Harvard University Graduate School of Design ; Barcelona : Actar, 2012.
Obrist, Hans-Ulrich. “Cecil Balmond Interview.” In Open Source 2010: Architecture as an
Open Culture, ed. Gonçalo Azevedo, 8 - 19. Porto: Circo de Ideias, 2011.
Otero, Roberto. “Postomas/ Petit Rem.” In Rem, ed. Kyle May, 64-65.Canada: CLOG,
2014.
147
148
Referências Bibliográficas
Rock, Michael. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May, 124-125. Canada: CLOG, 2014.
Romero, Fernando. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May, 86-87. Canada: CLOG, 2014.
Vriesendorp, Madelon & Zoe Zenghelis. “Interview.” In Rem, ed. Kyle May, 20-
27. Canada: CLOG, 2014.
Zaera Polo, Alejandro. “Conceptual Evolution of the Work of Rem Koolhaas.” In Rem
Koolhaas: Projectes Urbans (1985-1990). Urban Projects (1985-1990), ed. Josep
Lluís Mateo, 52-63. Barcelona: Col.legi d’Arquitectes de Catalunya, 1990.
Dissertações
Díaz, Eneko Besa. “Arquitecto, obra y método. Análisis comparado de diferentes
estrategias metodológicas singulares de la creación arquitectónica contemporánea.”
Dissertação de Doutoramento, Departamento de Proyectos Arquitectónicos,
Escuela Técnica Superior de Arquitectura da Universidade Politécnica de Madrid,
2015.
Casares, Joaquín Mosquera. “Conectividad Urbana en Rem Koolhaas: Megaestruturas,
Calle Elevada e Infraestructura de Comunicación, 1968 - 1989.” Dissertação de
Doutoramento, Departamento de Proyectos Arquitectónicos Escuela Técnica
Superior de Arquitectura de Madrid, 2016.
Figueira, Jorge. “A Periferia Perfeita: Pós Modernidade na Arquitectura Portuguesa, Anos
60 - Anos 80.” Dissertação de Doutoramento em Arquitectura, Departamento de
Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra,
2009.
Artigos em Periódicos
Augé, Marc. Le Sens des Autres: Actualité de l’anthropologie. Paris: Fayard, 1994. Citado em
Teresa Sá, “Lugares e não Lugares em Marc Augé.” Artitextos 03 (Dezembro 2006):
179-188.
Beirão, Daniel; Luís Loureiro & Pedro Gama. “Entrevista a Ellen Van Loon.” NU:
Utopia, nº 25 (Outubro 2004): 236 - 241.
Carroll, Chris., Paul Cross, Xiaonian Duan, Craig Gibbons, Goman Ho, Michael
Kwok, Richard Lawson, Alexis Lee, Andrew Luong, Rory McGowan & Chas
Pope. “CCTV Headquarters, Beijing China: Structural engineering design and
approvals.” The Arup Journal 40, nº2 (2005): 3 - 9.
Carroll, Chris., Craig Gibbons, Goman Ho, Michael Kwok, Richard Lawson, Alexis
Lee, Andrew Luong, Rory McGowan & Chas Pope. “CCTV Headquarters,
Beijing, China: Building the Structure.” The Arup Journal 43, nº2 (2008): 40 - 51.
Columina, Beatriz. “La Arquitectura de las Publicaciones: Conversación entre Beatriz
Colomina y Rem Koolhaas.” El Croquis: AMO/OMA - Rem Koolhaas(II) 1996-
149
150
Referências Bibliográficas
151
152
Referências Bibliográficas
Videos
Balmond, Cecil. “Informal Networks.” Filmado em Março de 2003 em Londres, Reino
Unido. AA School of Architecture vídeo, 1:37:29. https://www.aaschool.ac.uk//
VIDEO/lecture.php?ID=352(consultado a 19 de Maio de 2019).
Hill, Linda. “How to Manage for Collective Creativity.” Filmado em Setembro de 2014
em Cambridge, Reino Unido. TED vídeo, 17:17. https://www.ted.com/talks/
linda_hill_how_to_manage_for_collective_creativity(consultado a 19 de Maio de
2019).
Rock, Michael. “Attention, Disruption, Disorder.” Filmado em Fevereiro de 2017 em
153
154
Referências Bibliográficas
Sítios de Internet
Archivitamins. “JOB, post a job!” ECADI. http://www.archivitamins.com/job/senior-
architect-5/(consultado a 30 de Maio de 2019).
ARUP. “History.” ARUP. https://www.arup.com/our-firm/arup-history(consultado a 30
de Maio de 2019).
Harvard University Graduate School of Design. “Factbook: Academic Year 2017–2018.”
Harvard University Graduate School of Design, Office of Institutional Research,
2018.https://www.gsd.harvard.edu/wp-content/uploads/2017/03/GSD-Factbook.
pdf(consultado a 30 de Maio de 2019).
McGetrick, Brendan. “Interview: Michael Rock, Graphic Designer.” Recent Works and
Current Obsessions. http://www.brendanmcgetrick.com/anything/2008/09/04/
michael-rock-graphic-designer/(consultado a 2 de Junho de 2019).
OMA*AMO. “The Image of Europe.” OMA*AMO. https://oma.eu/projects/the-image-of-
europe (consultado a 30 de Maio de 2019).
OMA*AMO. “Kochstrasse /Friedrichstrasse Housing.” OMA*AMO. https://oma.eu/
projects/kochstrasse-friedrichstrasse-housing(consultado a 30 de Maio de 2019).
OMA*AMO. “Project on the City II: The Harvard Guide to Shopping.” OMA*AMO. https://
oma.eu/publications/project-on-the-city-ii-the-harvard-guide-to-shopping (consultado
a 3 de Junho de 2019).
Graphic Design In “COBUILD Advanced English Dictionary.” HarperCollins Publishers, 2019.
https://www.collinsdictionary.com/pt/dictionary/english/graphic-design(consultado a
3 de Junho de 2019).
Palíndromo In “Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa.” Porto: Porto Editora,
2003-2019. https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/palíndromo
(consultado a 30 de Maio de 2019).
2x4. “IIT McCormick Tribune Campus Center.” 2x4. https://2x4.org/work/iit-mccormick-
tribune-campus-center/(consultado a 30 de Junho de 2019).
155
156
Fontes das Imagens
157
158
Fontes das Imagens
Figura 18. Imagem em Anthony Vidler, “Architecture After the Rain,” AD - Architectural Design:
Celebrating the Marvellous: Surrealism in Architecture, special issue 88, nº 2 (2018): 18.
Figura 19. Imagem em Beatriz Columina,“La Arquitectura de las Publicaciones:
Conversación entre Beatriz Colomina y Rem Koolhaas,” El Croquis: AMO/OMA -
Rem Koolhaas(II) 1996-2007, Theory and Practice, nº 134/135 (2007): 353.
Figura 20. Imagem em Koolhaas-OMA, “Urban Intervention: Dutch Parliament, The
Hague,” International Architect 01, nº3 (1980): 48, disponível em: http://www.
umemagazine.com/IAHome.aspx (consultado a 10 de Junho de 2019).
Figura 21. Imagem em Joaquín Mosquera Casares, “Conectividad Urbana en Rem
Koolhaas: Megaestruturas, Calle Elevada e Infraestructura de Comunicación, 1968
- 1989” (dissertação de doutoramento, Departamento de Proyectos Arquitectónicos
Escuela Técnica Superior de Arquitectura de Madrid, 2016), 68.
Figura 22. Architectural Association Collections Blog, disponível em:
http://collectionsblog.aaschool.ac.uk/aa-archives-kamiar-ahari-drawings-hadid-koolhaas-
zenghelis-unit-donated/(consultado a 10 de Junho de 2019).
Figura 23. Imagem em Rem Koolhaas, Delirious New York: A Retroactive Manifesto for
Manhattan (Nova York: The Monacelli Press, 1978), 40.
Figura 24. Imagem em Rem Koolhaas, Delirious New York: A Retroactive Manifesto for
Manhattan (Nova York: The Monacelli Press, 1978), 154.
Figura 25. Imagem em Rem Koolhaas & Bruce Mau. (1995) S, M, L, XL: Small, Medium,
Large, Extra-Large. (New York: The Monacelli Press), 932.
Figura 26. Positive Dialogues, disponível em: http://positivedialogues.aaschool.ac.uk/wp-
content/uploads/2012/01/14.jpg (consultado a 10 de Junho de 2019).
Figura 27. Positive Dialogues, disponível em: http://positivedialogues.aaschool.ac.uk/wp-
content/uploads/2012/01/23.jpg (consultado a 10 de Junho de 2019).
Figura 28. Imagem em Alice Shay, “The Contemporary International Building Exhibition
(IBA): Innovative Regeneration Strategies in Germany” (dissertação de mestrado,
Massachusetts Institute of Technology, 2012), 19.
Figura 29. Imagem em Alice Shay, “The Contemporary International Building Exhibition
(IBA): Innovative Regeneration Strategies in Germany” (dissertação de mestrado,
Massachusetts Institute of Technology, 2012), 26.
Figura 30. OMA*AMO, disponível em: https://oma.eu/projects/luetzowstrasse-housing
(consultado a 11 de Junho de 2019).
Figura 31. OMA*AMO, disponível em: https://oma.eu/projects/kochstrasse-friedrichstrasse-
housing(consultado a 11 de Junho de 2019).
Figura 32. Fotografia de Pedro Feitais.
Figura 33. Fotografia de Uwe Dettmar. Bigmat International Architecture Agenda
159
160
Fontes das Imagens
161
162
Fontes das Imagens
163
164
Fontes das Imagens
165