Obsclima Seeg2022 Final

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Desafios e

Oportunidades para
Redução das
Emissões de Metano
no Brasil

2022 
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

Autores
Ane Alencar1
Bárbara Zimbres1
Camila Silva1
David Tsai2
Felipe Barcellos e Silva2
Gabriel de Oliveira Quintana 4
Ingrid Graces2
Iris Coluna3
Julia Zanin Shimbo1
Kaccnny Carvalho3
Renata Fragoso Potenza4
Tasso Azevedo5

Revisores
Claudio Angelo5
Tasso Azevedo5

Projeto Gráfico e Diagramação


Bia Gomes6
Cecília Gomes

Ilustrações
Mario Kanno

1
Ipam - Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
2
IEMA - Instituto de Energia e Meio Ambiente
3
ICLEI - Governos Locais para Sustentabilidade
4
Imaflora - Instituto de manejo e Certificação Florestal e Agrícola
5
OC - Observatório do Clima
6
Revuo Design

Outubro, 2022
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

Sumário executivo

• O metano (CH ) é um poderoso gás de efeito estufa e o segundo maior res-


4
ponsável pelo aquecimento global. Cada tonelada de metano tem 28 vezes
mais potencial de esquentar o planeta em cem anos do que uma tonelada
de dióxido de carbono (CO2), o maior causador da crise climática.

• A concentração atmosférica do metano mais que dobrou desde os tempos


pré-industriais. Felizmente ela é muito menor que a do CO2 - mede-se em partes
por bilhão de ar em vez de partes por milhão, caso do gás carbônico. O metano
também dura menos na atmosfera, aproximadamente 12 anos, contra 150 do
CO2. Daí ele ser classificado como um poluente climático de vida curta (SLCP).

• O metano também contribui para a formação de ozônio troposférico (O ), 3


que, como ele, é um gás de efeito estufa de curta duração, mas podero-
so. O chamado ozônio de superfície também é um poluente do ar com
efeitos prejudiciais para a saúde humana, os ecossistemas e a agricultura.

Figura I. O ciclo do metano

O ciclo do metano OH– CH3 H2O Pequena fração liberada na


estratosfera por reações
CH4 CH4 com OH-, Cl- e O-

CH4 CH4 CH4 CH4

CH4

Aterros Combustíveis Transferência de CH4 Queima de


Sanitários fósseis do solo para o ar biomassa
pelas plantas

Decomposição de Digestão de animais Digestão


matéria vegetal em ruminantes de cupins
áreas úmidas
naturais e cultivos
de arroz
Leito
Derretimento do permafrost oceânico
rico em
nutrientes
Oxidação Metanótrofos Microrganismos
anaeróbica por metanogênicos Oxidação
micróbios CO2 H2O no solo anaeróbica
por micróbios
Hidratos e clatratos
Oxidação em solo seco (metano submarino congelado)

3
Sumário
Executivo

• As emissões globais de metano chegaram a 364 milhões de toneladas em 2020, o


que representa 10 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, ou 16% das emissões
globais de gases de efeito estufa em CO2e. Metade do aumento líquido da tem-
peratura global verificado hoje se deve ao CH4.

• Esse alto potencial de aquecimento e a menor duração na atmosfera fazem do metano


um bom alvo para políticas de redução imediata de emissões de gases de efeito estufa
que ajudem a humanidade a ganhar tempo para fazer a transição energética para uma
economia sem combustíveis fósseis e, assim, manter viva a meta do Acordo de Paris de
limitar o aquecimento da Terra a 1,5ºC em relação à era pré-industrial.

• Na COP26, em Glasgow, Escócia, mais de cem países assinaram o Compromisso


Global do Metano (Global Methane Pledge), e se comprometeram a reduzir as
emissões de metano em 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020. Isso põe
pressão nos países e nos cientistas para compreender os padrões, as causas e os
fatores de mitigação mais importantes, para que essa meta seja cumprida.

• O Brasil é o quinto maior emissor de metano do mundo. Sozinho ele emite o
equivalente a 5,5% do metano do planeta, enquanto a participação do país nas
emissões gerais de gases de efeito estufa é de 3,3%. As emissões brasileiras em
2020 foram estimadas pelo Observatório do Clima em 21,7 milhões de toneladas em
2020, o que corresponde a 565 milhões de toneladas de CO2 equivalente (MtCO2e)
ou 26% das emissões totais de gases de efeito estufa do país.

• As organizações integrantes do SEEG, o Sistema de Estimativa de Emissões de Ga-


ses de Efeito Estufa do Observatório do Clima, fizeram a primeira estimativa da
trajetória das emissões nacionais de metano e propuseram uma meta para o
Brasil. Segundo os cálculos do OC, se nenhuma política for adotada, o país chegará
a 2030 emitindo 23,2 milhões de toneladas, um aumento de 7% em relação a 2020.

• Por outro lado, aplicando-se as melhores práticas e tecnologias existentes e possí-


veis de implementar até 2030, obtém-se a emissão de 13,75 MtCH4 em 2030, o que
representa uma redução de 36,4% em relação às emissões de 2020. Isso equivale
a uma redução de 180 MtCO2e comparando 2020 e 2030.

• Assim, propomos que o Brasil adote uma meta de redução de 36% das suas
emissões de metano até 2030 quando comparado com 2020, sendo essa uma
contribuição significativa do país para meta do Compromisso Global do Metano
de redução de 30% das emissões de metano até 2030.

Emissões de metano no Brasil:

Agropecuária
• O setor de agropecuária é o maior emissor de metano do Brasil, responsável
por 14,54 milhões de toneladas em 2020, ou 71,8% das emissões.

• A atividade pecuária responde por 91,6% das emissões do setor (13,32 Mt CH ), 4


resultantes sobretudo da fermentação entérica do rebanho bovino (o “arroto” do
boi), seguida pelo manejo de dejetos animais (0,85 Mt CH4) com 5,8%. A atividade
agrícola tem 2,6%, resultantes do cultivo de arroz irrigado (0,37 Mt CH4) da queima
de resíduos da cana-de-açúcar (0,008 Mt CH4).

4
Sumário
Executivo

Figura II.
Emissão de metano
por fermentação
entérica 1 2
Ingestão de Ação dos microorganismos
alimento (capim) presentes no rúmen para quebra
rico em fibras, das fibras e carboidrattos
geralmente via 99,4% presentes no alimento, etapa que
pastagem acontece na fermentação 0,6% CH4
CH4

3
Geração de
metano (CH4),
que é expelido
Rúmen
via eructação
(arroto do boi) e
flatulência

• As emissões pelo cultivo de arroz irrigado aumentaram mediante o aumento da


área cultivada sob sistema produtivo irrigado e o tipo de manejo do alagamento
dessas áreas. Ao mesmo tempo, a produtividade aumentou mais de 70% entre
1990 e 2020.

• Para promover a redução de metano por fermentação entérica com contínuo au-
mento de produtividade e atendendo a demanda por produtos pecuários, foram
propostas estratégias de mitigação para o rebanho bovino de corte e de leite
através da adoção de terminação intensiva (TI), melhoramento genético animal
(MGA), manipulação da fermentação ruminal e melhoramento da dieta animal.

• Para as emissões por manejo de dejetos animais, a estratégia de mitigação foi


pautada na substituição de sistemas de tratamento de dejetos menos eficientes
por tecnologias mais eficientes, com menor geração de metano pelo tratamento
do sistema e acondicionamento do dejeto, como pelo uso de biodigestores e
compostagem pelo rebanho de bovinos e suínos.

• A estratégia proposta para a emissão de cultivo de arroz irrigado é baseada no


melhor manejo do preparo do solo pré-plantio e pelo manejo da irrigação, sem
que as áreas cultivadas permaneçam constantemente alagadas.

• Para a queima dos resíduos da cana-de-açúcar, a estratégia se baseou na adoção


da prática da colheita de forma mecanizada, que já reduziu em 80% as emissões
dessa atividade nas últimas décadas.

• Com as práticas de manejo atuais e tendência das emissões dos últimos anos,
espera-se que em 2030 as emissões do setor aumentem 5,6%, chegando a 15,37
Mt CH4. Com a adoção dessas estratégias de mitigação para a atividade pe-
cuária e agrícola, pode-se obter até 30% de redução de emissões, chegando
a uma emissão possível de ser alcançada de 10,17 Mt CH4.

5
Sumário
Executivo

Resíduos
• O setor de resíduos é o segundo maior emissor de CH 4
no Brasil, responsável
por com 15,8% das emissões em 2020 (3,17MtCH4).

• A maior contribuição (66.6% do total emitido) vem da disposição final de resíduos


sólidos. O tratamento de efluentes líquidos domésticos fica em segundo lugar
com 26%. Tratamento de efluentes líquidos industriais (6,2%), incineração e/ou
queima a céu aberto (1,2%) e o tratamento biológico de resíduos sólidos (0,04%)
representam juntos cerca 7,5% restantes das emissões de metano do setor.

• As principais estratégias de mitigação para o setor de resíduos podem ser alcan-
çadas com um número significativo de estratégias de baixo e médio custo, visto
que a maioria das tecnologias já está disponível para uso em escala econômica.

• As soluções com maior potencial de redução estão voltadas para resíduos sóli-
dos através da redução gradativa de resíduos orgânicos em aterros sanitários,
recuperação ou queima de pelo menos 50% do biogás gerado por aterros e
a erradicação de lixões. Para o tratamento de efluentes líquidos, a ampliação
da taxa de aproveitamento de biogás de estações de tratamento de esgotos
também apresenta um grande potencial de corte de emissões.

• O SEEG estimou que, caso nenhuma estratégia de mitigação seja adotada, as


emissões de CH4 no setor de resíduos devem subir 25,8% até 2030. Se adota-
das medidas condizentes com o arcabouço legislativo nacional para resíduos, pode-
-se alcançar uma redução de 6,5%, podendo-se alcançar o potencial de redução
de cerca 36% com mais ambição nas estratégias de mitigação propostas.

Mudanças de uso da terra e florestas


• As mudanças de uso da terra, em especial as queimadas, representam 9% do
total nacional das emissões e metano, ou 2,71 milhões de toneladas. Outras
620 mil toneladas vêm de queimadas não associadas ao desmatamento, que não
são computadas no inventário nacional.

• A Amazônia lidera a emissão de CH


4
nesse setor, por ser onde ocorre a maior
parte do desmatamento e por conter os maiores estoques de carbono.

• O SEEG também estimou as emissões de metano em reservatórios de usinas


hidrelétricas. O exercício resultou em uma estimativa de CH4 de 1,55 Mt/ano, o
que provavelmente é uma subestimativa, por não considerar todos os processos
que ocorrem dentro dos reservatórios e que podem gerar emissões.

• O combate ao desmatamento tem papel central na redução das queimadas


associadas à abertura de novas áreas e, nesse contexto, propusemos uma meta
de zerar o desmatamento com indícios de ilegalidade até 2028 como forma de
reduzir as emissões de metano.

• Considerando que parte das queimadas em áreas de lavoura e pastagem é


prática cultural, propusemos como meta apenas a eliminação da queima em
áreas naturais.

6
Sumário
Executivo

Energia
• O setor de energia emitiu, em 2020, 572 mil toneladas de metano, cor-
respondendo a 2,6% das emissões do país. Os processos industriais e uso
de produtos representam outros 0,2% elevando as emissões dos dois setores a
quase 3% do total nacional.

• Duas fontes emissoras majoritárias se destacam: a queima de lenha e a explo-


ração e produção de petróleo e gás natural.

• A lenha é usada principalmente em residências para cozinhar alimentos, sendo


retrato da falta de acesso a outras fontes energéticas. Nas décadas de 1970 e
1980, houve uma grande redução no consumo de lenha (e das emissões) com a
disseminação do fogão a gás. A partir dos anos 1990, vemos a estagnação do
consumo de lenha e das emissões de metano num patamar próximo à metade
do que foi observado no início dos anos 1970.

• A substituição do uso de lenha pelos modernos fogões a gás ou elétricos reduz


as emissões de metano e aumenta a qualidade de vida dos usuários. O uso de
modernos fogões a lenha com queima controlada também é uma alternativa,
que não gera poluição do ar no interior das casas. Há ainda a alternativa do uso
de fogões elétricos que, combinada com uma matriz elétrica de baixo carbono,
pode reduzir ainda mais as emissões.

• As emissões fugitivas decorrem de descargas, intencionais e não intencionais,


de gases provenientes dos processos produtivos de carvão mineral, petróleo e
gás natural. Dentre elas, atualmente o destaque são as emissões da exploração
de petróleo e gás natural. Essas emissões foram impulsionadas pela descoberta
do pré-sal na década de 2000.

• Recentemente a indústria de petróleo e gás, a nível global, tem anunciado esfor-


ços para controlar tais emissões, sendo um exemplo a Aiming for Zero Methane
Emissions Initiative, lançada em março de 2022. A iniciativa prevê a eliminação
de praticamente todas as emissões de metano dos ativos de petróleo e gás
operados pelos signatários até 2030.

• O exercício de cenarização do estudo aponta que o Brasil pode reduzir em


32% suas emissões de metano entre 2020 e 2030. E até 2050, poderia ser
alcançada uma redução de 63%.

Proposta para a redução da emissões


de metano até 2030
Avaliamos três cenários para emissões de metano

(i) A direção das emissões de metano no Brasil até 2030 considerando as políticas
atuais de mitigação no país (BAU);

(ii) O potencial de redução de emissões de metano no Brasil a longo prazo;

(iii) Uma proposta de meta de redução de emissões alcançável pelo Brasil até 2030
2030 de forma compatível com a meta do Compromisso Global do Metano de
redução de 30% das emissões em relação a 2020.

7
Sumário
Executivo

Figura III.
Emissões
25 25

nos cenários 23,29


BAU, Meta e 20 20

Potencial
15 15

Mt CH4

Mt CH4
13,75
10 10

5,34
5 5

SEEG 0 0
BAU 2010 2015 2000 2025 2030
Meta Ano Potencial

Ao agregar os valores das análises de cada um dos quatro setores (agropecuária;


mudanças de uso da terra e florestas; tratamento de resíduos; e energia*), obtemos
para o cenário BAU uma emissão 23,3 MtCH4 em 2030 com um crescimento de
7% das emissões em relação aos 21,7 MtCH4 de 2020 (Figura 33).

Já para o Cenário Potencial de Redução temos uma emissão de 5,3 MtCH4 que
representa uma redução de 75% das emissões em relação a 2020. Ou seja, com
as tecnologias conhecidas não é possível zerar as emissões de metano. Seria ne-
cessário fazer uso de compensações com remoção de carbono equivalente para
zerar emissões residuais.

Por fim, aplicando-se as melhores práticas e tecnologias existentes e possíveis de


serem implementadas até 2030, obtém-se a emissão de 13,75 MtCH4 em 2030,
o que representa uma redução de 36,4% em relação às emissões de 2020. Isso
equivale a uma redução de 180 MtCO2e comparando 2020 e 2030.

Assim, propomos que o Brasil adote uma meta de redução de 36% das suas
emissões de metano até 2030 quando comparado com 2020, sendo essa uma
contribuição significativa do país para meta do Compromisso Global do Metano
de redução de 30% das emissões de metano até 2030.

Para atingir essa meta é necessário, entre outras práticas, zerar o desmatamento
ilegal e o fogo associado a ele, reduzir o uso de lenha para cocção, controlar as
emissões fugitivas da indústria de petróleo e gás, recuperar pelo menos 50% de
todo metano gerado nos aterros sanitários, ampliar a recuperação de metano do
tratamento de resíduos animais, alcançar 30% de terminação intensiva do rebanho
bovinho de corte, conversão de 75% do cultivo de arroz para preparo antecipado e
cortar pela metade a prática de queima da palha de cana-de-açúcar ainda existente.

Essa meta pode ser alcançada com políticas regulatórias, de capacitação e de


incentivos econômicos nos setores público e priva

* O setor de Processos Industriais e Uso de Produto não foi tratado neste exercício, devido à sua relativa baixa contribuição nas
emissões nacionais de metano (0,22% em 2020, de acordo com os dados do SEEG).

8
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

Sumário

1. Introdução: entendendo as emissões de metano..........................................13


1.1. A evolução da concentração de metano na atmosfera..............................13
1.2. Participação do metano nas emissões de gases de efeito estufa.............14
1.3. O que gera as emissões de metano.............................................................14
1.3.1. Agropecuária.........................................................................................15
1.3.2. Mudanças de uso da terra e florestas..................................................19
1.3.3. Resíduos.................................................................................................22
1.3.4. Energia....................................................................................................23
1.3.5. Processos industriais e uso de produtos.............................................23
1.4. Compromisso Global do Metano.................................................................24
2. Panorama das emissões de metano............................................................... 25
2.1. Emissões gerais..............................................................................................25
2.2. Agropecuária..................................................................................................26
2.3. Mudanças de uso da terra e florestas..........................................................31
2.4. Tratamento de resíduos.................................................................................39
2.5. Energia............................................................................................................42
2.6. Processos Industriais e uso de produtos......................................................44
3. Medidas para o Brasil reduzir as emissões..................................................... 45
3.1. Agropecuária..................................................................................................45
3.1.1. Tratamento de dejetos animais (TDA) da produção pecuária...........45
3.1.2. Terminação intensiva (TI).......................................................................46
3.1.3. Melhoramento genético animal (MGA)...............................................47
3.1.4. Melhoramento e manipulação da dieta animal..................................48
3.1.5. Manipulação da fermentação ruminal.................................................49
3.1.6. Práticas de manejo no cultivo de arroz irrigado.................................50
3.1.7. Redução da queima dos resíduos agrícolas da cana-de-açúcar.......51
3.1.8. Outras formas de mitigação de metano na produção agropecuária..... 52
3.2. Mudanças de uso da terra e florestas..........................................................52
3.3. Tratamento de resíduos.................................................................................53
3.4. Setor de energia.............................................................................................56
4. Meta para a redução das emissões de metano..............................................58
4.1. Agropecuária..................................................................................................58
4.2. Mudanças de uso da terra e florestas..........................................................62
4.3. Resíduos..........................................................................................................66
4.4. Setor de energia.............................................................................................68
4.5. Meta agregada de todos os setores............................................................71
5. Considerações Finais......................................................................................73
Agradecimentos..................................................................................................74
Referências Bibliográficas...................................................................................75
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

Lista de Tabelas

Tabela 1. E
 missões de metano (CH4) por subsetor e suas respectivas fontes
entre o ano de 1990 e 2020���������������������������������������������������������������������28
Tabela 2. Emissões de metano (CH4) por fontes entre o ano de 1990 e 2020�����30
Tabela 3. C
 aracterísticas das usinas hidrelétricas e seus reservatórios levantadas
pelo estudo de Demarty e Bastien (2011)��������������������������������������������������33
Tabela 4. C
 álculo das emissões de metano por reservatórios a nível Tier 1,
baseado no método e nos fatores do IPCC (2019). ���������������������������������34
Tabela 5. Á
 reas queimadas consideradas e não consideradas no presente
exercício, para as queimadas não associadas ao desmatamento, obtidas
na plataforma da iniciativa MapBiomas Fogo (https://mapbiomas.org/),
assim como os fatores de emissão e combustão associados a cada
classe, de acordo com o MCTI (2020) e o IPCC (2006)�����������������������������36
Tabela 6. E
 missão de metano por tipo de tratamento de resíduos sólidos e
efluentes líquidos em 2020����������������������������������������������������������������������39
Tabela 7. Detalhamento das emissões do setor de resíduos................................40
Tabela 8. Fatores de emissão para aquecimento direto residencial.....................56
Tabela 9. C
 onsiderações para o cálculo do potencial de mitigação de cada
estratégia de mitigação adotada para os cenários de emissões
BAU, Meta e Potencial�����������������������������������������������������������������������������60
Tabela 10. E
 missões de metano (tCH4/ano) por subsetor de agropecuária
para os cenários BAU e Meta projetados até 2030�����������������������������61
Tabela 11. Dados utilizados para cálculo dos cenários futuros de queimadas
associadas e não associadas a desmatamento������������������������������������������63
Tabela 12. Descrição dos cenários propostos para o setor de Mudanças de
Uso da Terra e Florestas e seus critérios����������������������������������������������64
Tabela 13. T
 rajetória de emissões brutas (milhões de toneladas) de metano
considerada nos cenários projetados (BAU e META) para queimadas
associadas e não associadas ao desmatamento, incluindo o
potencial máximo de redução para 2030���������������������������������������������65
Tabela 14. Opções de mitigação para o setor de resíduos...................................66
Tabela 15. P
 rojeções de emissão de metano por cenário para o setor
de resíduos���������������������������������������������������������������������������������������������67
Tabela 16. Premissas adotadas para os cenários no Setor de Energia.................69
Tabela 17. Projeções de emissões de metano do Setor de Energia....................70
Tabela 18. Emissões históricas e cenários para emissão de metano (2010-2030).....71

10
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

Lista de Figuras

Figura 1. Quantidade global média de metano (1984-2019), partes por bilhão���14


Figura 2. R
 ota da emissão de metano pelo processo digestivo animal em que
ocorre a fermentação entérica����������������������������������������������������������������16
Figura 3. R
 ota da emissão de metano pela adoção de diferentes tipos de
sistema de manejo de dejetos de animais���������������������������������������������17
Figura 4. R
 ota da emissão de metano pelo cultivo de arroz irrigado em
regime de inundação�������������������������������������������������������������������������������18
Figura 5. R
 ota da emissão de metano pela prática de queima dos resíduos
agrícolas da cana-de-açúcar��������������������������������������������������������������������18
Figura 6. C
 omponentes antrópicos das emissões de metano no setor
Mudanças de Uso da Terra e Florestas���������������������������������������������������19
Figura 7. F
 ontes de metano em áreas alagadas e contabilização do
componente antrópico das emissões; e mecanismos relacionados
a emissões em reservatórios artificiais����������������������������������������������������20
Figura 8. F
 ontes de metano relacionadas a queimadas e contabilização do
componente antrópico das emissões�����������������������������������������������������21
Figura 9. Emissões de Metano no Brasil por Setor (1990 – 2020)������������������������25
Figura 10. Emissões de metano do Brasil��������������������������������������������������������������25
Figura 11. Evolução da emissão de metano na agropecuária e os valores
das emissões por fonte de 1990 até 2020��������������������������������������������27
Figura 12. E
 volução da emissão de metano na agropecuária e os valores
das emissões por fonte de 1990 até 2020��������������������������������������������27
Figura 13. Evolução da emissão de metano pelas fontes da agropecuária e
seus valores de emissões de 1990 até 2020�����������������������������������������30
Figura 14. Ranking das emissões de metano estaduais do setor
agropecuário em 2020���������������������������������������������������������������������������31
Figura 15. Emissões de metano por queima de resíduos de vegetação nativa
em cada bioma brasileiro entre 1990 e 2020���������������������������������������35
Figura 16. Á
 rea queimada no Brasil em cada classe entre 1990 e 2020,
segundo o MapBiomas Fogo���������������������������������������������������������������37
Figura 17. Emissões de metano por queima em vegetação nativa
(formação florestal, savânica, campestre e áreas úmidas) e em
classes de uso antrópico (pastagem e área agrícola) em cada
bioma brasileiro no período de 1990 a 2020, de acordo com a
área queimada classificada pela iniciativa MapBiomas Fogo.�����������37
Figura 18. Emissões de metano associadas e não associadas a
desmatamento no Brasil, no período entre 1990 e 2020��������������������38

11
Lista de
Figuras

Figura 19. Perfil de emissões de metano estimadas para o ano de 2020 no setor
de Mudanças de Uso da Terra e Florestas, com relação à queima
de resíduos associados ao desmatamento e à queimadas não
associadas ao desmatamento no Brasil�����������������������������������������������38
Figura 20. C
 ontribuição nas emissões de metano por subsetor no tratamento
de resíduos���������������������������������������������������������������������������������������������39
Figura 21. Perfil de emissões de metano no tratamento de resíduos para o
período de 1990 a 2020�������������������������������������������������������������������������40
Figura 22. Evolução das emissões do setor de resíduos por fonte���������������������41
Figura 23. Evolução das emissões do setor de resíduos por fonte���������������������41
Figura 24. Evolução histórica das emissões de metano do Setor de Energia����42
Figura 25. Evolução histórica das emissões de metano pela queima de
combustíveis�������������������������������������������������������������������������������������������43
Figura 26. Evolução histórica das emissões fugitivas de metano������������������������43
Figura 27. Porcentagem de área de cultivo de cana-de-açúcar com
colheita manual��������������������������������������������������������������������������������������51
Figura 28. E
 missões de metano (mil tCH4/ano) por setor de agropecuária
para os cenários BAU, Meta e Potencial projetados até 2030�����������61
Figura 29. Distribuição mensal das áreas queimadas nos biomas Cerrado
e Pantanal no total do período de 1985 a 2020, segundo o
MapBiomas Fogo, usada para definir os períodos de queimadas
naturais durante a estação chuvosa: de novembro a abril para o
Cerrado e de janeiro a maio no Pantanal��������������������������������������������63
Figura 30. Cenários de trajetória das emissões brutas de metano por
queimadas associadas (A) e não associadas (B) ao desmatamento,
considerando o cenário business-as-usual (BAU), as metas
propostas e o potencial máximo de redução��������������������������������������64
Figura 31. Projeções consolidadas das emissões de metano do setor de
Mudanças de Uso da Terra e Florestas, considerando o total
das estimativas (queimadas associadas e não associadas a
desmatamento), incluindo o histórico de 2005 a 2020 (SEEG), o
cenário business-as-usual (BAU) e a meta até 2030, e o potencial
máximo de redução�������������������������������������������������������������������������������65
Figura 32. P
 rojeções das emissões de metano do setor de resíduos,
considerando o histórico até 2020 (SEEG), cenário b
usiness-as-usual (BAU) e Meta.�������������������������������������������������������������67
Figura 33. Projeções das emissões de metano do setor de resíduos, considerando
o cenário e o potencial que o setor tem de redução��������������������������������68
Figura 34. Estimativas e projeções de emissões de metano no Setor de Energia�����70
Figura 35. Estimativas e projeções de emissões de GEE residencial������������������71
Figura 36. Emissões nos cenários BAU, Meta e Potencial�����������������������������������72

12
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES

1
DE METANO NO BRASIL

Introdução:
Entendendo as Emissões de Metano

O metano (CH4) é um gás de efeito estufa poderoso. Seu potencial efeito de


aquecimento global num período de 100 anos (GWP-100) é equivalente a 28 ve-
zes o do dióxido de carbono (CO2), ou seja, uma tonelada de metano equivale a
28 tCO2e (toneladas equivalentes de gás carbônico GWP-100)3.

A concentração atmosférica do metano mais que dobrou desde os tempos pré-


-industriais (Nisbet et al., 2019). Esse gás perdeu apenas para o dióxido de carbono
na alteração do clima da Terra durante a era industrial (Myhre et al., 2013). O metano
é um poluente climático de vida curta (SLCP) com um tempo de vida atmosférico
de aproximadamente 12 anos (Unep, 2021). O metano também contribui para a
formação de ozônio troposférico (O3), que, como ele, é um gás de efeito estufa de
curta duração, mas potente. O chamado ozônio de superfície também é um poluente
do ar com efeitos prejudiciais para as pessoas, ecossistemas e cultivos agrícolas.

Embora não seja diretamente perigoso para a saúde humana, ele afeta indire-
tamente a produtividade agrícola por meio do ozônio e das mudanças climáticas.
Estudos recentes descobriram que essas consequências para a saúde e danos
agrícolas (Shindell et al., 2019) são maiores do que se acreditava anteriormente.
Esses novos estudos incluem a descoberta de que o ozônio troposférico pode ter
impactos muito maiores na saúde pública, particularmente nas mortes por doenças
respiratórias e cardiovasculares (Turner et al., 2016). Além disso, a compreensão
do efeito do metano no forçamento radiativo melhorou recentemente, levando a
uma revisão para cima desde o Quinto Relatório de Avaliação Painel Intergoverna-
mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) (Collins et al. 2018; Etminan et al. 2016).

1.1. A evolução da concentração de metano


na atmosfera
As observações do teor de metano atmosférico exibem um padrão de aumento
desde 1982 até 2000, um período de estabilização entre 2000 e 2007 e um novo
acréscimo a partir de 2007 (Turner et al. 2019).

Grandes incertezas estão associadas às razões por trás desse padrão, mas há
indícios de que a queima de combustíveis fósseis não seja responsável por esse
aumento mais recente de metano, já que o teor do isótopo de metano relacionado
a essas fontes não acompanha o aumento (Lan et al., 2021). Dessa forma, fontes de
metano não relacionadas à queima de combustíveis fósseis são suspeitas de ser
responsáveis pela elevação mais recente. No entanto, não está claro se se trata de
variações naturais, que são grandes em escalas anuais, se são causadas em parte
pelo El Niño ou se são causadas por um mecanismo de feedback positivo entre
as mudanças climáticas que já vêm ocorrendo (Turner et al., 2019).

3
 potencial de aquecimento global (Global Warming Potencial - GWP) é calculado e publicado nos relatório de avaliação (Assessment
O
Reports - AR) do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas). O último assessment report - AR6 considera a média
de 28 tCO2e mas apresenta os valores específicos para metano de origem fóssil (29,8) e não fóssil (27,2).

13
01
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

Figura 1. 1900
Quantidade global média
de metano (1984-2019),
partes por bilhão 1850

Quantidade média global (PPB)


1800

1750

1700

1650

1600

1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

fonte: Ed Dlugokencky, NOAA/ESRL (www.esrl.noaa.gov/gmd/ccgg/trends_ch4/)

Na COP26, em Glasgow, Escócia, mais de cem países assinaram o Compromisso


Global do Metano (Global Methane Pledge)4, e se comprometeram a reduzir as
emissões de metano em 30% até 2030 (com base nos níveis de 2020). Isso põe
pressão nos países e nos cientistas para compreender os padrões, as causas e os
fatores de mitigação mais importantes, para que essa meta seja cumprida.

1.2 Participação do metano nas emissões de gases de


efeito estufa
A emissão global de metano chegou a 364 milhões de toneladas em 2020 (Unep,
2021) o que representa 10 GtCO2e (GWP AR5) ou 16% das emissões globais de
gases de efeito estufa em CO2e.

Já as emissões brasileiras de metano em 2020 foram estimadas pelo SEEG em

5,5%
20,2 milhões de toneladas em 2020, o que corresponde a 565 MtCO2e ou 26% das
emissões totais de GEE (gases de efeito estufa) do país.

Enquanto no total o Brasil representa 3,3% das emissões globais de GEE, no


caso do metano o país representa 5,5% das emissões globais.

das emissões
globais de 1.3. O que gera as emissões de metano
metano vêm
Existem fontes naturais e antrópicas de metano. Entre as naturais estão a ativida-
do Brasil
de vulcânica, a decomposição de material orgânico (em especial sob condições
anaeróbicas), o processo de digestão de animais herbívoros (especialmente os
ruminantes) e as queimadas em vegetação nativa e em áreas de agropecuária.

Mais da metade das emissões globais de metano, contudo, deriva das atividades
humanas como a agropecuária (40% das emissões de origem antrópica), queima
de combustíveis fósseis (35%) e manejo de resíduos (20%)5.

4
https://www.globalmethanepledge.org/
5
UNEP – Global Methane Assessment - pg 6 - https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/35917/GMA_ES.pdf

14
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

1.3.1. Agropecuária
O metano é o principal gás emitido pelo setor agropecuário, com suas fontes de
emissão podendo ser classificadas de acordo com as atividades produtivas de pecu-
ária e agricultura. Na pecuária, as emissões são resultantes dos rebanhos e a forma
como os dejetos animais são manejados, com suas emissões contabilizadas pelos
subsetores de fermentação entérica e manejo de dejetos animais, respectivamen-
te. Na agricultura, as emissões ocorrem devido às formas de uso e manejo do solo
das lavouras de arroz irrigado, cana-de-açúcar e algodão herbáceo. O subsetor de
cultivo de arroz contabiliza as emissões de metano da produção de arroz em regi-
me irrigado contínuo e intermitente. Já para cana-de-açúcar e algodão herbáceo,
a emissão se deve à queima dos resíduos agrícolas, mensurados pelo subsetor de
mesmo nome (MCTI, 2020a).

FERMENTAÇÃO ENTÉRICA

O gás metano é um subproduto da fermentação entérica, processo que ocorre na


digestão realizada por animais herbívoros (IPCC, 2006), na qual os carboidratos ce-
lulósicos presentes nas paredes celulares das plantas são ingeridos e decompostos
por um processo anaeróbio pelos microrganismos presentes no sistema digestivo
desses animais. Resultante desse processo, o metano acaba sendo expelido princi-
palmente por eructação (arroto), além da respiração e pelo ânus (Martin et al., 2010).

A quantidade de metano liberado depende do tipo de sistema digestivo dos

95%
animais. Os animais ruminantes, como os bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e
camelídeos, têm o estômago dividido em quatro compartimentos, entre eles o
rúmen, órgão capaz de fazer a digestão da celulose presente em seus alimentos.
Os ruminantes são mais emissores do que os não ruminantes, aqueles que não
possuem o rúmen, justamente por digerir o alimento por mais tempo e estender o
processo de fermentação entérica (IPCC, 2006). Cerca de 95% do metano produzi-
do pelos animais ruminantes é emitido via eructação. Dos 5% restantes, aproxima-
do metano
damente 89% é emitido por meio da respiração e 11% pelo ânus (MCTI, 2020b).
produzido por
ruminantes Os microrganismos presentes no rúmen fermentam os carboidratos presentes na
é eliminado celulose, produzindo ácidos graxos voláteis (AGV), o que garante mais de 70% da
por eructação necessidade energética do animal. Essa produção de AGV resulta na produção de
(“arroto”) hidrogênio (H2), o qual acaba sendo convertido em metano pelos microrganismos
metanogênicos (Vijn et al., 2020).

Já os animais não ruminantes, como os equinos, muares, asininos e suínos,


são monogástricos e a geração de metano é feita no ceco, parte do seu sistema
digestivo capaz de digerir a celulose (MCTI, 2020b).

Além do tipo de animal, também influenciam as emissões de metano variáveis


como o sexo, idade, peso e sua dieta, considerando o tipo de alimento, quantidade e
qualidade. Para isso, são contabilizados somente os rebanhos em manejo doméstico,
para os cálculos das emissões de metano dessas populações de animais (IPCC, 2006).

15
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

Figura 2.
1 2
Rota da emissão de
Ingestão de Ação dos microorganismos
metano pelo processo alimento (capim) presentes no rúmen para quebra
digestivo animal rico em fibras, das fibras e carboidrattos
geralmente via 99,4% presentes no alimento, etapa que
em que ocorre a pastagem CH4 acontece na fermentação 0,6% CH4
fermentação entérica.
3
Geração de
metano (CH4),
que é expelido
Rúmen
via eructação
(arroto do boi) e
flatulência

MANEJO DE DEJETOS ANIMAIS

Ainda na pecuária, os diferentes tipos de sistemas de produção animal também


geram emissões de metano devido ao tipo de manejo de dejetos gerados ao longo
do ciclo de vida dos rebanhos (Costa Junior et al., 2013).

O metano é o gás emitido em maior quantidade pelo manejo dos dejetos, re-
sultante das etapas dos processos de tratamento. Há também, em menor parte, a
emissão de óxido nitroso, que ocorre de forma direta e indireta, durante as etapas
de tratamento e disposição. A emissão direta de óxido nitroso está associada com
o tempo de duração do armazenamento e tratamento dos dejetos, em que ocorre
o processo de nitrificação (oxidação da amônia em nitrito e depois em nitrato) e de
desnitrificação (conversão do nitrato em gás nitrogênio), juntamente com o teor
de nitrogênio e carbono dos dejetos. Já as emissões indiretas, são decorrentes
do tempo de tratamento e da temperatura em que ocorrem, com perda de nitro-
gênio devido à sua volatilização, em grande parte na forma de amônia e óxidos
de nitrogênio (MCTI, 2020c). As emissões de metano geradas pelo esterco estão
associadas à quantidade produzida e a sua parcela que se decompõem de forma
anaeróbica (IPCC, 2006).

O manejo dos dejetos envolve a forma de coleta, armazenamento, tipo de trata-


mento e possíveis formas de uso pelo próprio setor. No Brasil, os animais geralmente
são mantidos em pastagem e áreas como currais, galpões e estábulos, locais onde
os dejetos são depositados e manejados para somente então ser utilizados na agri-
cultura ou permanecer no próprio pasto. O manejo e tratamento do dejeto pode
ser voltado para a parte sólida ou líquida, com a utilização de lagoas anaeróbicas,
biodigestor anaeróbico, armazenamento sólido em pilhas a céu aberto, fossa de
armazenamento no local de geração ou fora, compostagem e com a presença ou
não de cama coletora de dejetos para aves (MCTI, 2020c).

Em geral, o período de retenção desses dejetos e a temperatura em que operam


influenciam na quantidade emitida de metano, com os sistemas de manejo sólido
emitindo menos devido a sua decomposição ocorrer em ambiente menos anaeró-
bico, como no caso dos dejetos depositados em pastagens (IPCC, 2006).

16
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

Figura 3.
Rota da emissão de metano
pela adoção de diferentes
tipos de sistema de manejo
de dejetos de animais.

1 2
A quantidade de dejeto gerada, o O principal gás emitido, durante a
tipo de população animal e a decomposição do dejeto sob condições
parcela que recebe tratamento anaeróbicas (na ausência de oxigênio) ao
CH4
impactam nas emissões longo do tratamento e/ou disposição

Outros

Fossa de Piso de Biodigestor Composteira Lagoa Pilha/


armazenamento confinamento anaeróbica amontado

CULTIVO DE ARROZ IRRIGADO

A emissão de metano na produção de arroz é gerada


pela decomposição anaeróbica da matéria orgânica
em sistemas irrigados, onde ocorre a inundação do
solo. A quantidade emitida de metano está vinculada
ao tamanho da área cultivada, assim como o tempo e
tipo de irrigação, além da forma de preparo do solo
antes do seu cultivo. A produção de arroz também gera
emissões de óxido nitroso, por meio da conversão do
nitrogênio presente no solo por microrganismos e pela

92%
decomposição de seus resíduos agrícolas, sendo que
somente a emissão por seus resíduos é contabilizada
no subsetor de Solos Manejados (IPCC, 2006).

No Brasil, cerca de 92% da produção de arroz é


pelo sistema irrigado, representando 77% da área total
da produção de de cultivo de arroz. O restante é produzido sem ala-
arroz no Brasil gamento do solo, o que não gera emissão de metano
é feita pelo (Embrapa Arroz e Feijão, 2022). Dos diferentes tipos
sistema irrigado de irrigação, predomina o de inundação contínua do
solo, representando quase a totalidade da área irriga-
da. Além disso, ocorre a inundação intermitente com
aeração (irrigação seguida da secagem do solo) única
e com múltiplas aerações (MCTI, 2020d).

17
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

Figura 4. 1 2

Rota da emissão de Cultivo de arroz Decomposição


com sistema anaeróbica dos
metano pelo cultivo de irrigado, com resíduos e matéria
arroz irrigado em regime alagamento do solo orgânica gerada pelo
CH4 CH4 CH4 cultivo de arroz
de inundação.

QUEIMA DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS

Os resíduos agrícolas são compostos principalmente por palhadas, folhas, grave-


tos, hastes e demais partes secas e sem valor econômico da biomassa da cultura
produzida. As emissões de metano são geradas a partir do uso do fogo como meio
de realizar o manejo desses resíduos, com a sua queima variando de acordo com
tipo de cultura e o modelo de prática agrícola utilizado (IPCC, 2006).

A queima dos resíduos agrícolas tem a finalidade de facilitar a limpeza da lavoura


e a realização da colheita, além do efeito fitossanitário ao evitar e combater possíveis
pragas e doenças. Apesar dessas facilidades, a combustão desses resíduos é res-
ponsável não somente pela emissão de metano, mas também de outros gases como
o óxido nitroso (N2O), óxidos de nitrogênio (NOx) e o monóxido de carbono (CO),
além de efeitos sobre a qualidade do ar, afetando diretamente a saúde pública. No
Brasil, são contabilizadas as emissões provenientes das culturas de cana-de-açúcar
e algodão herbáceo. Para a cana-de-açúcar, o uso do fogo está associado principal-
mente às áreas onde ainda ocorre a colheita manual, com a queima podendo ainda
ser feita antes da colheita. Já para o algodão herbáceo, a queima era realizada prin-
cipalmente para o controle das pragas, prática que foi extinta com a modernização
pela qual o setor passou na década de 1990 (MCTI, 2020e).

Figura 5. 1 2
Rota da emissão de Restos culturais (palhadas, folhas, Emissão de metano (CH4) quando
gravetos, hastes e demais partes secas) as áreas com esses restos são
metano pela prática de na produção da cana-de-açúcar limpas com o emprego do fogo
queima dos resíduos
agrícolas da
cana-de-açúcar. CH4

18
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

1.3.2. Mudanças de uso da terra e florestas


As emissões de metano relacionadas ao setor de mudanças de uso da terra e
florestas são provenientes da decomposição de matéria orgânica em ambiente
anóxico (sem oxigênio) pela microbiota metanogênica, presente em áreas úmidas,
lagos e reservatórios (Moore & Knowles, 1989), e da queima de matéria orgânica
associada ao uso da terra (Koppmann et al., 2005). Áreas úmidas incluem turfeiras
e florestas e campos inundáveis, e as emissões que ocorrem nesses ambientes são
fontes naturais de metano (Watson et al., 2000); já as emissões ocasionadas pelo
represamento de rios e formação de reservatórios artificiais são causadas pela
ação humana (IPCC, 2019). Da mesma forma, as queimadas podem ser de origem
antrópica ou natural, principalmente em biomas como o Cerrado e Pantanal, no
Brasil. Para contabilização do componente antrópico das emissões de CH4, portan-
to, seria necessária a quantificação de emissões líquidas relacionadas às atividades
antrópicas, descontando aquelas emissões de metano que ocorrem naturalmente
tanto em áreas úmidas e alagadas quanto em áreas queimadas.

Figura 6.
Componentes Emissões líquidas de
antrópicos das CH4 no setor MUT
emissões de
metano no setor
Mudanças de
Uso da Terra
e Florestas.

Áreas alagadas Queimadas


por ação antrópicas
antrópica

ÁREAS ÚMIDAS

As maiores incertezas no balanço de metano atmosférico global estão relacionadas


às áreas úmidas, pois as emissões nesses locais apresentam uma dinâmica ainda
pouco conhecida. Sem entender como se dá a dinâmica natural, é difícil entender
qual parte é consequência sobre o balanço de metano das alterações antrópicas
nos ecossistemas. No entanto, sabe-se que mudanças no uso da terra alteram as
comunidades microbianas em áreas úmidas e podem transformá-las em fontes
de metano. De forma geral, a drenagem de áreas úmidas favorece as emissões
de CO2, enquanto o alagamento de áreas previamente não inundáveis promove
emissões de CH4 (Pangala et al., 2017).

19
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

RESERVATÓRIOS

Usinas hidrelétricas (UHEs) e seus reservatórios podem emitir de forma significativa


dióxido de carbono e metano e alguns estudos têm mostrado que hidrelétricas po-
dem poluir mais que usinas a gás, óleo e carvão (De Faria et al., 2015). As emissões
de metano ocorrem devido ao alagamento de grandes quantidades de estoque
de carbono na vegetação e de matéria orgânica no solo, que vão decompor em
ambiente anóxico após o enchimento da barragem.

Emissões de metano em reservatórios de hidrelétricas podem se dar de três


formas (IPCC, 2006):

1. Por difusão molecular através da interface ar-água na superfície do lago;

2. Por ebulição, em forma de bolhas que partem do sedimento depositado no


fundo do reservatório e sobem diretamente pela coluna d’água;

3. Por degaseificação, que consiste na difusão molecular entre o ar e a água de


forma acelerada, causada pela passagem da água pelas turbinas.

Figura 7.
Fontes de metano
em áreas alagadas Emissões brutas Emissões naturais Emissões líquidas
e contabilização do de CH4 de CH4 de CH4
componente antrópico das
emissões; e mecanismos Emissões brutas Emissões naturais Emissões líquidas
de CH4 de CH4 de CH4
relacionados a emissões
em reservatórios artificiais.
Áreas Áreas previamente Áreas alagadas
alagadas alagadas por ação antrópica

Áreas Áreas previamente Áreas alagadas


alagadas alagadas por ação antrópica

Emissões Emissões brutas


por difusão de CH4
Emissões Emissões brutas
por difusão de CH4

Emissões por difusão


Emissões por difusão

Emissões Emissões por


Emissões Emissões por Emissões por ebulição
por ebulição degaseificação Emissões por ebulição
por ebulição degaseificação

Emissões pordegaseificação
Emissões por degaseificação

20
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

No entanto, há controvérsias sobre o papel dos reservatórios de grandes usinas


hidrelétricas (UHEs) para as emissões de metano (Dos Santos et al., 2017; Fearnside,
2013). Estudos que comparam emissões por difusão na superfície de reservatórios
concluíram que as emissões de metano em hidrelétricas são quase sempre meno-
res que as emissões geradas por termelétricas (Rosa et al., 2004). Fearnside (2013;
2015), por outro lado, discute que não considerar as emissões geradas por ebulição
(bolhas produzidas no fundo do reservatório) e principalmente pela passagem da
água pelas turbinas (degaseificação) pode subestimar muito as emissões, o que
já havia sido indicado por outros estudos (Kemenes et al., 2007). De fato, o maior
e mais longo estudo de emissões de metano em uma hidrelétrica tropical, a Petit
Saut, na Guiana Francesa, indicou emissões de metano significativas, especial-
mente pelo processo de degaseificação nas turbinas (Demarty & Bastien, 2011).

Além disso, o metano permanece na atmosfera em média cerca de um décimo


do tempo do CO2 (Myhre et al., 2013). A consideração da janela temporal adequada
para a comparação das emissões em reservatórios com emissões pela queima de
combustíveis fósseis é, portanto, essencial. Quanto maior o horizonte de tempo
usado para a comparação, menor o impacto atribuído às hidrelétricas, pois além
de uma menor meia-vida na atmosfera, as emissões de metano pelos reservató-
rios decaem com o tempo (Fearnside, 2016) e, após cerca de uma década vão se
estabilizar e permanecer equivalentes à quantidade de matéria orgânica que entra
continuamente no sistema (Demarty & Bastien, 2011).

QUEIMADAS

Outra fonte de emissões de metano relacionada ao setor de mudanças de uso da


terra e florestas é a queima de matéria orgânica. Essas emissões são mais facil-
mente calculadas e dependem de fatores de emissão específicos para cada tipo
de vegetação e do estoque de carbono local. As queimadas podem ser de origem
natural, como as causadas por raios, por exemplo, e a classificação das queimadas
antrópicas versus de origem natural não é tão simples, principalmente em ecossis-
temas tolerantes ao fogo, que evoluíram com a presença do fogo natural (Cerrado
e Caatinga). No entanto, sabe-se que a grande maioria das queimadas atualmente,
mesmo nesses biomas, é de origem antrópica (Schumacher et al., 2022).

Além disso, a queima de resíduos da vegetação nativa após o desmatamento de


uma área também é uma fonte importante de metano no Brasil, e já é atualmente
contabilizada no Inventário Nacional (MCTI, 2020f), assim como no SEEG.

Figura 8.
Fontes de metano Emissões brutas Emissões brutas Emissões naturais Emissões líquidas
relacionadas a queimadas de CH4 de CH4 de CH4 de CH4
e contabilização do
componente antrópico
das emissões.

Queima de
resíduos florestais
Queimadas em
áreas naturais
Queimadas em
áreas naturais de
Queimadas
(associadas ao (não associadas ao origem natural antrópicas
desmatamento) desmatamento) (e. g. raios)

21
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

1.3.3. Resíduos
O setor inclui emissões de metano (CH4) e outros gases de efeito estufa prove-
nientes dos serviços de saneamento. São consideradas emissões exclusivamente
relacionadas com o tratamento de resíduos sólidos e de efluentes líquidos. Em
especial, as atividades fontes de emissão são desagregadas em: disposição final
de resíduos em aterros sanitários e outros tipos de disposição; a incineração de
resíduos de serviços de saúde (RSS) e queima a céu aberto de resíduos sólidos; e
o tratamento e afastamento de efluentes líquidos domésticos e industriais.

DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS

A disposição final de resíduos sólidos municipais produz quantidades significativas


de metano , por meio da decomposição da fração orgânica degradável do resíduo
em condições anaeróbicas. O potencial de geração de CH4 dos resíduos sólidos é
estimado a partir da análise da composição gravimétrica, do tipo de gestão adota-
da nos locais de disposição final – lixões, aterros controlados ou aterros sanitários
– índices de precipitação, temperatura e da quantidade de material encaminhada
para cada tipo de destino.

TRATAMENTO BIOLÓGICO

O tratamento biológico consiste na degradação do carbono orgânico por meio


de processos como compostagem e digestão anaeróbica. A compostagem é um
processo aeróbico, no qual a fração orgânica dos resíduos é convertida em CO2,
CH4 (nas seções anaeróbicas do composto) e numa pequena fração de N2O. Já
a digestão anaeróbica de resíduos orgânicos acelera a decomposição natural de
matéria orgânica sem oxigênio, propiciando a geração de CH4.

QUEIMA A CÉU ABERTO

A incineração é um processo termoquímico de tratamento de resíduos. Ela consiste


na combustão de resíduos sólidos e líquidos em plantas controladas, com conse-
quente redução do volume e das características de periculosidade dos resíduos.
Nesse processo as emissões de CH4 não são estimadas, uma vez que o fator de
emissão padrão para incineradores é zero. Já a queima a céu aberto, definida como
a combustão de materiais combustíveis ao ar livre ou em lixões abertos com as
emissões são lançadas diretamente na atmosfera, sem passar por uma chaminé
de filtragem, é responsável pela emissão de CH4.

EFLUENTES LÍQUIDOS DOMÉSTICOS E INDUSTRIAIS

O efluente doméstico tem alto teor de carga orgânica que, quando degrada-
da, pode gerar significativa emissão de CH4. Essas emissões diferem conforme
o tipo de tratamento aplicado, atingindo maiores quantidades com tratamentos
em meios anaeróbios. Já os efluentes industriais apresentam diferentes cargas de
material orgânico, dependendo do setor do processo industrial. Podendo ser res-
ponsável por emitir quantidades significativas de CH4 dependendo das condições
sob os tipos de tratamento adotados. 

22
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

1.3.4. Energia outros, flaring, venting, processo de desidratação a gli-


col e passagens de pig em linhas;
A produção e o consumo de energia geram emissões
de metano pela queima de combustíveis e por emis- 3. Transporte: despressurização de linhas, fugitivas
sões fugitivas. de componentes de linha como conectores, vál-
vulas, flanges e outros, vazamentos em gasodu-
Na queima de combustíveis, a energia química
tos, venting, flaring, flash de metano em tanques,
contida no combustível é liberada como calor, que
passagem de pig em linhas e carga de caminhões
pode ser destinado diretamente ao uso final (fornos,
ou vagões.
aquecedores etc.) ou convertido em energia elétrica
ou mecânica, tal como ocorre na geração termelétrica No processo geológico de formação do carvão mi-
e em fontes móveis (veículos). Idealmente, em uma neral, que ocorre ao longo de milhões de anos, há a
combustão completa, todo o carbono (C) armazenado formação de gás metano, que permanece aprisionado
nos combustíveis é oxidado e emitido como dióxido junto ao mineral sólido. O gás é liberado quando o
de carbono (CO2). No entanto, o que acontece na rea- carvão é exposto à atmosfera, o que ocorre durante
lidade é a combustão incompleta, onde são emitidos, a escavação das minas para sua extração.
em menores quantidades do que o CO2, outros gases,
dentre eles o metano.
1.3.5. P
 rocessos industriais
As emissões fugitivas decorrem de descargas, in- e uso de produtos
tencionais e não intencionais, de gases provenientes
As atividades industriais podem gerar emissões at-
dos processos produtivos de carvão mineral, petró-
mosféricas pela queima de combustíveis (geração de
leo e gás natural. Elas ocorrem em várias etapas dos
calor ou energia elétrica), pela disposição de resídu-
processos produtivos: extração, estocagem, proces-
os (tratamento de efluentes industriais e incineração)
samento e transporte dos combustíveis.
e por processos de transformação química e/ou física
Na indústria de petróleo e gás natural, as emissões de materiais. Para cada um desses processos, as emis-
fugitivas são agrupadas em três tipos de atividade6: sões variam de acordo com o produto, os insumos que
alimentam os processos, o tipo de rota tecnológica
1. Extração e produção: venting (liberação intencional
utilizado na produção, os equipamentos da planta in-
de gás para regular a pressão de um processo), fla-
dustrial e os níveis de eficiência, entre outros. O Painel
ring (queima intencional de gás para regular a pres-
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
são de um processo), tanques de flash de metano,
categoriza como processos industriais e uso de produ-
processo de desidratação a glicol, remoção de CO2
tos (PIUP) exclusivamente as emissões ocorridas nas
do gás (colunas de MEA e DEA), passagem de pig
transformações químicas ou físicas de materiais. Assim,
em linhas (para inspeção ou limpeza) e fugitivas em
as emissões por queima de combustíveis são alocadas
componentes de linha como conectores, válvulas e
no “setor de energia”, e as emissões pela disposição
outros, atividades de perfuração, derramamento de
de resíduos, no “setor de resíduos”. No setor de PIUP,
petróleo em canaletas, despressurização e limpeza
as emissões de metano são estimadas na produção de
de tanques e vasos;
metais (produção de ferro-gusa e aço, produção de
2. Refino ou processamento: regenerador de UFCC ferroligas e produção de outros metais não ferrosos)
(Unidade de Craqueamento Catalítico Fluido), uni- e na indústria química (produção de metanol, eteno,
dades de geração de hidrogênio (UGH), fugitivas de óxido de eteno, acrilonitrila, dicloroetano, cloreto de
componentes de linha como conectores, válvulas e vinila, coque de petróleo calcinado e negro-de-fumo)7.

6
Relatório de Referência “Setor Energia - Subsetor Emissões Fugitivas - Categoria Petróleo e Gás Natural” (MCTI/PETROBRAS, 2020),
parte integrante do 4º Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa.
7
SEEG, 2021 - Nota Metodológica, Processos Industriais e Uso de Produtos, disponível em: https://seeg-br.s3.amazonaws.com/Notas%20
Metodologicas/SEEG_9%20%282021%29/SEEG9_NotaMetodologica_PIUP_2021.10.26.pdf [acesso em 23 de março de 2022]

23
1
Introdução:
Entendendo as
Emissões de Metano

1.4. Compromisso
Global do Metano
O Compromisso Global do Metano é uma iniciativa
originada em uma articulação dos EUA e Comunidade
Europeia e anunciada em setembro de 2021, convi-
dando os países para reduzir as emissões desse gás de
efeito estufa Em novembro do mesmo ano, durante a
COP26, uma centena de países aderiram ao acordo,
que até setembro de 2022 contava com 122 países

30%
signatários, incluindo o Brasil.

Os participantes que aderirem ao compromisso


concordam em adotar ações voluntárias para contri-
buir com um esforço coletivo para reduzir as emissões
globais de metano em pelo menos 30% até 2030 em
relação aos níveis de 2020, o que poderia evitar 0,2˚C
de redução até de aquecimento da Terra até 2050.
2030 em relação
a 2020 foi o Os participantes também se comprometeram a usar
compromisso a usar as melhores práticas de inventário de acordo
adotadoem com com IPCC, bem como trabalhar para melhorar
Glasgow em 2021 continuamente a precisão, transparência, consistên-
cia, comparabilidade e integridade dos relatórios na-
cionais de inventário de gases de efeito estufa sob a
UNFCCC e o Acordo de Paris.

O compromisso visa a catalisar a ação global e for-


talecer o apoio às iniciativas internacionais existentes
de redução de emissões de metano para avançar no
trabalho técnico e político que servirá para sustentar
as ações domésticas.

Embora não preveja metas para os países, o com-


promisso envolve a adoção de ações domésticas
abrangentes para atingir a meta global, concentran-
do-se em alcançar todas as reduções viáveis ​​nos se-
tores de energia e resíduos e buscar a redução das
emissões agrícolas por meio de inovação tecnológica,
bem como incentivos e parcerias com agricultores.

Anualmente, a partir de 2022 acontecerão reuniões


ministeriais para avaliar o progresso em relação a meta
do acordo de metano. Embora não seja uma obriga-
ção, tem-se a expectativa que os países signatários
expressem o seu compromisso interno com a agenda
de redução de emissões de metano como já fizeram
EUA e União Europeia.

24
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES

2
DE METANO NO BRASIL

Panorama das emissões de metano

2.1. Emissões gerais


As emissões brasileiras de metano em 2020 foram estimadas pelo SEEG em
20,2 milhões de toneladas em 2020, o que corresponde a 565 MtCO2e ou 26% das
emissões totais de gases de efeito estufa do país.

20 M

Figura 9.
Emissões de Metano
no Brasil por Setor 15 M

(1990 – 2020)
Toneladas

10 M

Agropecuária 5M
Mudança de
uso de terra
e Florestas
0
Resíduos
Energia
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20

72% Depois de um período de queda entre 2004 e 2008 as emissões de metano vêm
subindo gradativamente. A principal fonte de metano no Brasil é a agropecuária,
com 71,8% das emissões (com destaque para a fermentação entérica, manejo de
das emissões dejetos e produção de arroz irrigado), seguida do tratamento de resíduos, com
de metano do 15,8%, e mudanças de uso da terra com 8,7%. Energia e processos industriais
Brasil vêm da contribuem com 2,8% das emissões.
agropecuária 16%

Figura 10. 9%
Emissões de
metano do Brasil
4%

Agropecuária
Resíduos
Mudança de
uso de terra
e Florestas
Energia e 72%
Processos
Industriais

25
Panorama das
emissões de metano 2
2.2. Agropecuária
O setor agropecuário é o maior responsável pelas emissões de metano no país,
tradicionalmente ocupando a posição de líder anual dessas emissões e no total
acumulado já emitido. Em 2020, as emissões de metano totalizaram 14,54 milhões
de toneladas (14,54 Mt CH4), o equivalente a 71,8% das emissões nacionais do gás
e um aumento de 1,4% em relação ao ano anterior. Foi a segunda maior emissão
do setor, ficando somente atrás das emissões de 2016, ano em que foram emitidos
14,6 milhões de toneladas. A tendência histórica é de aumento, com pequenas
oscilações anuais para cima e para baixo.

Dentro do setor, as fontes de emissão de metano são predominantemente pro-


venientes da digestão realizada por animais ruminantes (fermentação entérica), se-
guida por tratamento e disposição dos dejetos gerados por esses animais (manejo
de dejetos). Com uma participação bem menos expressiva, as demais emissões
são provenientes do cultivo de arroz irrigado e pela queima dos resíduos agrícolas
do cultivo de cana-de-açúcar.

Resultante da atividade pecuária, o subsetor que mais contribuiu para as emis-


sões de metano foi o de fermentação entérica, apresentando uma emissão total
de 13,32 Mt CH4 (91,6% das emissões do setor em 2020). Historicamente, a prin-
cipal fonte de emissão desse subsetor é o rebanho da bovinocultura de corte,
devido à digestão realizada pelos animais ruminantes, popularmente conhecida
como o “arroto” do boi. Em 2020, o rebanho bovino brasileiro foi responsável
pela emissão de 11,49 Mt CH4, o maior valor da sua série histórica, com 86,3%
das emissões dentro do subsetor de fermentação entérica. A segunda maior
fonte emissora, o rebanho da bovinocultura de leite, emitiu 1,41 Mt CH4 (10,6%).
Assim, os rebanhos de bovinos de corte e leite, juntos, totalizaram 96,9% dessas
emissões. Os demais animais ruminantes completam os 3,1% restantes, com uma
emissão total de 0,41 Mt CH4.

Ainda resultante da atividade de pecuária, o de manejo de dejetos animais foi


o segundo maior emissor em 2020, também ocupando a mesma posição histori-
camente. Além da emissão de óxido nitroso (N2O), um dos GEE mais impactantes,
o subsetor tem como principal gás emitido o metano (CH4), alcançando sua maior
emissão em 2020, com o total de 0,85 Mt CH4 e respondendo por 5,8% das emis-
sões totais do setor de agropecuária. O rebanho de suínos é o destaque como
principal fonte emissora, tendo emitido 0,39 Mt CH4, o equivalente a 45,6% das
emissões do subsetor. Logo em seguida aparecem os rebanhos de bovinos de
gado de corte (31,0%) e gado de leite (17,2%). Destaca-se ainda a participação
das emissões das aves, com 3,5% de participação, enquanto os demais rebanhos
animais respondem pelos menos de 3% restantes.

26
Panorama das
emissões de metano 2
As demais emissões de metano são referentes aos subsetores provenientes da
atividade agrícola, que juntos responderam por 2,6% das emissões total do setor
de agropecuária em 2020. O cultivo de arroz emitiu o total de 0,37 Mt CH4 (2,5%),
resultante da produção de arroz pelo sistema irrigado. Completando as emissões
da atividade agrícola, a queima de resíduos agrícolas respondeu por 0,1% das
emissões totais de metano, tendo como fontes de emissão a queima dos resíduos
gerados pela cultura de cana-de-açúcar. Esta emitiu em 2020 aproximadamente
8 mil toneladas de metano.

A Figura 11 e a Tabela 1 trazem a evolução da emissão de metano na agrope-


cuária e os valores das emissões por fonte de 1990 até 2020, respectivamente.

Figura 11. 16

Evolução da
14
emissão de 14,6
14,1 14,3 14,2 14,3 14,2 14,1 14,1 14,2 14,4 14,4 14,3 14,3 14,5
metano na 12 13,5 13,4 13,7
14,0

agropecuária e 12,6 12,8


10 11,9 12,1 11,8 12,1
Mt CH4 / ano

os valores das 11,4 11,6 11,7 11,3 11,4 11,6


11
emissões por fonte 8

de 1990 até 2020 6

0
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Figura 12. 0%
2%
Evolução da
6%
emissão de
metano na
agropecuária e
os valores das
emissões por fonte
de 1990 até 2020

92%

Fermentação Entérica
Manejo de Dejetos Animais
Cultivo de Arroz
Queima de Resíduos Agrícolas

27
Panorama das
emissões de metano 2
Tabela 1.
Emissões de metano
por subsetor e suas
respectivas fontes entre
o ano de 1990 e 2020

% DE
FONTES DE TONELADAS DE METANO POR ANO (tCH4/ANO)
PARTICIPAÇÃO
EMISSÃO POR
SUBSETOR
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2020

Fermentação
10.095.823 11.051.168 11.155.863 13.158.041 13.160.583 13.178.198 13.320.477 91,6%
Entérica

Gado de Corte 7.917.610 8.718.622 9.155.918 10.941.913 10.771.054 10.947.751 11.496.964 86,3%

Gado de Leite 1.764.259 1.909.699 1.656.211 1.858.068 2.029.910 1.855.869 1.412.479 10,6%

Equino 110.187 115.095 104.973 104.170 99.257 99.923 107.318 0,8%

Ovino 100.073 91.682 73.925 77.940 86.903 92.053 103.143 0,8%

Bubalino 76.840 90.307 60.640 64.550 65.148 75.377 82.637 0,6%

Caprino 59.473 56.358 46.734 51.534 46.564 48.104 60.506 0,5%

Suínos 33.623 36.062 31.562 34.064 38.957 39.795 41.124 0,3%

Muar 20.329 19.901 13.479 13.887 12.774 11.667 10.749 0,1%

Asinino 13.428 13.442 12.422 11.915 10.016 7.660 5.556 0,0%

Manejo de
540.848 602.294 571.046 664.364 715.213 818.880 845.146 5,8%
Dejetos Animais

Suínos 268.085 294.486 241.520 264.848 289.282 370.819 385.390 45,6%

Gado de Corte 175.656 195.473 207.182 249.333 243.925 248.647 262.244 31,0%

Gado de Leite 62.623 73.627 85.032 109.192 136.724 151.924 145.192 17,2%

Aves 10.974 14.649 16.970 20.118 25.038 26.908 29.918 3,5%

Equino 11.355 11.892 10.805 10.815 10.390 10.497 11.373 1,3%

Ovino 3.403 3.123 2.634 2.834 3.157 3.370 3.874 0,5%

Bubalino 2.424 2.870 1.912 2.038 2.073 2.426 2.672 0,3%

Caprino 2.569 2.434 2.034 2.239 2.016 2.090 2.642 0,3%

Muar 2.165 2.144 1.484 1.537 1.422 1.294 1.189 0,1%

Asinino 1.593 1.594 1.474 1.412 1.186 904 653 0,1%

Cultivo de Arroz 331.173 412.032 368.254 385.583 385.492 425.361 370.341 2,5%

Arroz 331.173 412.032 368.254 385.583 385.492 425.361 370.341 100,0%

Queima de
Resíduos 40.430 42.389 37.471 48.662 42.927 13.728 7.723 0,1%
Agrícolas

Cana-de-açúcar 36.663 42.389 37.471 48.662 42.927 13.728 7.723 100,0%

Algodão 3.767 0 0 0 0 0 0 0,0%

Total Geral 11.008.274 12.107.883 12.132.635 14.256.650 14.304.216 14.436.167 14.543.687 100,0%

28
Panorama das
emissões de metano 2
Ao analisar as emissões totais por fonte, há o predomínio das fontes animais,
principalmente o gado de corte (11,76 Mt CH4) e de leite (1,56 Mt CH4), totalizando
em 2020 a emissão de 13,32 Mt CH4, o que corresponde a 91,6% das emissões
totais de metano na agropecuária.

Até mesmo as demais fontes da agropecuária ficam bem distantes em relação


à produção de bovinos, como visto na terceira fonte mais emissora do setor, os
suínos, com a emissão total de 0,43 Mt CH4 e o total de participação de 2,9%. A
quarta fonte é a emissão de origem agrícola, sendo o arroz irrigado responsável
por 2,5% das emissões, com 0,37 Mt CH4. As demais fontes representam 3%.

Desde 1990, as emissões de metano do setor agropecuário aumentaram 32,1%,


impulsionadas pela ampliação da população de bovinos no país. De 1990 até 2020,
o rebanho bovino cresceu 48,3%, passando de 147,1 milhões para 218,2 milhões
de cabeças (IBGE, 2022a). Para o mesmo período, as emissões totais de metano
desse rebanho tiveram aumento de 34,2%, saindo de 9,92 Mt CH4 para 13,32 Mt
CH4. A diferença entre os percentuais indica que, apesar do aumento das emissões
pelo crescimento do rebanho, houve ganho de eficiência no setor.

A partir das fontes de emissão reportadas, a emissão média por cabeça de gado
de corte no país vem diminuindo, partindo de 63,2 kg CH4 em 1990 e alcançando
58,2 kg CH4 em 2020. Já para o gado de leite a emissão média por cabeça oscilou
entre 95,8 kg CH4 e 96,3 kg CH4 para o mesmo período. Isso demonstra o potencial
de redução na intensidade das emissões que o setor pode explorar ainda mais por
meio da adoção, manutenção e expansão de práticas e tecnologias que buscam
reduzir as emissões de metano na pecuária bovina, conciliando a busca por maior
produtividade para a cadeia da carne e leite.

Em 2020, a emissão da carcaça de boi produzida foi de 1,50 kg CH4/kg carcaça,


37,5% menor do que em 2000, ano em que a emissão foi de 2,40 kg CH4/kg car-
caça. Para o mesmo período, a produção de leite foi recorde, com 35,4 bilhões

12%
de litros, resultando em uma intensidade de emissão de 0,04 kg CH4/litro de leite,
menos da metade da de 2000, com 0,09 kg CH4/litro de leite e uma produção de
leite 44,2% menor que 2020.

Da atividade agrícola, o arroz cultivado em sistema irrigado é a fonte mais emis-


sora. De 1990 até 2020, a emissão de metano teve aumento de 11,8%, saindo de
0,33 Mt CH4 para 0,37 Mt CH4. Nota-se essa relação ao ver, paralelamente, o aumento
foi o aumento de 18,1% área cultivada para o mesmo período, partindo de 1,1 milhão de hectares
da emissão de em 1990, para 1,3 milhão de hectares em 2020, mesmo com a tendência de redução
metano por da área total no país nos últimos anos, tendo ano de 2011 a área máxima até então,
produção de de 1,51 milhão de hectares. Em contrapartida ao aumento das emissões, a produti-
arroz desde 1990 vidade vem crescendo ao longo do tempo, com maior eficiência, passando de 4,6
toneladas por hectare em 1990, para 7,8 toneladas por hectare em 2020, ou seja,
aumento de 70,2% na produtividade (Embrapa Arroz e Feijão, 2022).

Em relação à queima dos resíduos da cana-de-açúcar, fica evidente o impacto


positivo na redução das emissões por regulamentações e ações de boas práticas
para o manejo e colheita, como o Decreto Federal N° 2.661/1998, que prevê a re-
dução gradativa do emprego do fogo como forma de manejo da cana-de-açúcar.
Também houve iniciativas no nível estadual, como no Estado de São Paulo, o maior
produtor de cana e com maior área. Em relação ao algodão herbáceo, a queima

29
Panorama das
emissões de metano 2
dos seus resíduos deixou de ocorrer ainda na década do 7,1 milhões de toneladas, uma produção de quatro
de 1990, sendo eliminada já em 1995, resultante do vezes mais do que o setor apresentava em 1990. A
processo de mecanização total do setor e do uso de cana-de-açúcar mais do que dobrou sua produção,
defensivos agrícolas como meio de eliminação dos passando de 4,3 milhões para 10 milhões de tonela-
resíduos gerados (MCTI, 2020d). das, aumento de 134,4%, enquanto sua área colhida
quase triplicou, chegando em 757,1 milhões de hec-
Assim, de 1990 até 2020, as emissões pela queima
tares em 2020 (IBGE, 2022b).
dos resíduos de cana-de-açúcar e algodão tiveram
a redução de 80,9%, partindo de 0,04 Mt CH4 para A Figura 13 e a Tabela 2 trazem a evolução da emis-
aproximadamente 0,008 Mt CH4 . Ao mesmo tempo, são de metano pelas fontes da agropecuária e seus va-
a produção de algodão foi recorde em 2020, alcançan- lores de emissões de 1990 até 2020, respectivamente.

Figura 13. 16

Evolução da
14
emissão de metano
pelas fontes da 12

agropecuária e seus 10
Mt CH4 / ano

valores de emissões
de 1990 até 2020 8

Gado de Corte
2
Gado de Leite
Suínos 0
Arroz
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Demais fontes

Tabela 2.
Emissões de metano (CH4) por
fontes entre o ano de 1990 e 2020

% DE
TONELADAS DE METANO POR ANO (tCH4/ANO)
FONTES DE PARTICIPAÇÃO
EMISSÃO
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2020

Gado de Corte 8.093.267 8.914.095 9.363.100 11.191.246 11.014.979 11.196.398 11.759.208 80,9%

Gado de Leite 1.826.882 1.983.326 1.741.243 1.967.259 2.166.634 2.007.793 1.557.671 10,7%

Suínos 301.708 330.548 273.082 298.912 328.239 410.615 426.514 2,9%

Arroz 331.173 412.032 368.254 385.583 385.492 425.361 370.341 2,5%

Equino 121.542 126.986 115.778 114.985 109.647 110.421 118.691 0,8%

Ovino 103.476 94.805 76.558 80.774 90.060 95.423 107.017 0,7%

Bubalino 79.265 93.178 62.552 66.587 67.221 77.803 85.309 0,6%

Caprino 62.042 58.793 48.768 53.773 48.580 50.194 63.148 0,4%

Aves 10.974 14.649 16.970 20.118 25.038 26.908 29.918 0,2%

Muar 22.494 22.045 14.963 15.423 14.196 12.961 11.937 0,1%

Cana-de-açúcar 36.663 42.389 37.471 48.662 42.927 13.728 7.723 0,1%

Asinino 15.021 15.036 13.895 13.327 11.202 8.564 6.209 0,0%

Algodão 3.767 0 0 0 0 0 0 0,0%

Total Geral 11.008.274 12.107.883 12.132.635 14.256.650 14.304.216 14.436.167 14.543.687 100,0%

30
Panorama das
emissões de metano 2
No nível estadual, a maior fonte de emissão é sempre a atividade pecuária. O
maior emissor é Mato Grosso, com 2,07 Mt CH4 em 2020, respondendo por 14,2%
das emissões nacionais de agropecuária. Desde 2003 o Estado ocupa essa posição,
justificada por apresentar o maior rebanho de bovinos, com mais de 32 milhões
de cabeças em 2020. Logo em seguida, aparecem Goiás (10,3%) e Minas Gerais
(9,8%), emitindo o total de 1,50 e 1,43 Mt CH4, respectivamente. Somente esses
três Estados juntos representaram mais de 34,4% das emissões.

Também se destacam Pará (9,5%), Mato Grosso do Sul (8,3%) e Rio Grande do
Sul (7,5%), sendo que o cultivo de arroz irrigado é a segunda fonte mais emissora
para este último, Estado com maior área colhida de arroz. A Figura 14 traz a emis-
são total de cada Estado em 2020.

Figura 14.
Ranking das emissões 2,07
de metano estaduais 2

do setor agropecuário
em 2020 1,50
1,5 1,43
1,38
Mt CH4 / ano

1,21
1,09
1
0,89

Fermentação Entérica 0,68 0,64


0,62 0,59
Manejo de Dejetos 0,5
0,52
Animais 0,40
0,23 0,20
Cultivo de Arroz 0,17 0,16
0,13 0,13 0,09 0,09 0,09
0,07 0,07 0,06
Queima de Resíduos 0
0,02 0,01
Agrícolas MT MG MS RO BA TO SC CE RJ PI AM RN RR DF
GO PA RS SP PR MA AC PE ES PB AL SE AP

2.3. Mudanças de uso da terra e florestas

ÁREAS ÚMIDAS

As emissões de metano em áreas úmidas no mundo são estimadas entre 55 e


150 milhões de toneladas (Mt) por ano (Watson et al., 2000). No entanto, há
grandes incertezas associadas e somente a compreensão dos ciclos naturais de
metano em áreas úmidas permitirá a geração de melhores estimativas de emissões
causadas por atividades antrópicas.

Diversas pesquisas vêm sendo realizadas para entender a dinâmica natural das
emissões de metano em áreas úmidas e as consequências antrópicas sobre essa
dinâmica. No Brasil, esses estudos ocorrem principalmente na Amazônia, que é
uma grande fonte global de metano, com importantes emissões advindas do solo
inundável, de árvores de várzea (Pangala et al., 2017), mas também de árvores em
terra firme (Gauci et al., 2021). No entanto, Basso et al. (2018) não identificaram
alterações significativas nas emissões de metano para o período de 2010 a 2018,
o que deixaria a Amazônia de fora dos principais suspeitos para o incremento
observado a partir de 2007.

31
Panorama das
emissões de metano 2
As incertezas relacionadas às emissões de metano em áreas úmidas são agra-
vadas pela falta de concordância (em cerca de 30% dos totais globais estimados)
entre métodos top-down de quantificação de emissões (e.g. imagens de satélite)
e métodos bottom-up (quantificação local com mensurações de fluxo). Avanços
metodológicos ainda são necessários para diminuir essas lacunas e determinar com
mais precisão modelos de emissão em todas as escalas (Winton et al., 2017; Saunois
et al., 2020). O mapeamento de áreas úmidas e inundáveis, assim como turfeiras,
em altas resoluções e que captem os diferentes tipos vegetacionais também são
necessários para melhoria das estimativas (Saunois et al., 2020). De fato, áreas úmi-
das tropicais apresentam uma grande variação sazonal e regional nas assinaturas de
CH4 atmosférico, que devem ser melhor compreendidas para melhorar modelos
globais e regionais, já que os estudos atualmente ainda são escassos (Winton
et al., 2017; Teh et al., 2017; France et al., 2022).

A QUESTÃO DOS RESERVATÓRIOS

Os padrões e a dinâmica das emissões de metano consenso metodológico para estimar emissões
em reservatórios artificiais são altamente variáveis em reservatórios, e que por isso a comparação
e os resultados altamente dependentes do entre as análises é repleta de incertezas. Na
método utilizado para mensuração (Fearnside, tabela abaixo, apresentamos os principais
2016; Brandão et al., 2019). Alguns fatores são levantamentos feitos pelo estudo com relação
responsáveis pela variabilidade das emissões às hidrelétricas no Brasil, além de incluir a
em reservatórios (Steinhurst et al., 2012), entre usina de Petit Saut, na Guiana Francesa, por
eles: temperatura, tempo de residência da água ser o mais longo e mais completo estudo em
no reservatório, volume e profundidade da reservatório tropical já realizado (Abril et al.,
água, tipo de vegetação alagada, localização 2005; Tabela 3).
geográfica, idade desde o alagamento.
As emissões dos três compartimentos
Mesmo considerando todos esses fatores, a dentro do reservatório (por difusão, ebulição
maior parte dos fluxos mensurados de metano e degaseificação) devem ser consideradas
continuam altamente variáveis (Hertwich, 2013). (Demarty & Bastien, 2011). No entanto,
Essas grandes variações temporais e espaciais apenas três estudos consideraram emissões
desafiam a confiabilidade de fatores de emissão por degaseificação: Fearnside et al. (2002)
globais ou mesmo para regiões climáticas em Tucuruí (estimado, mas não diretamente
específicas. Dessa forma, as diretrizes mais mensurado), Kemenes et al. (2007) em Balbina e
atuais sugerem o estudo e a geração de fatores Abril et al. (2005) em Petit Saut. Para as demais
de emissão domésticos para os países que
usinas com densidades energéticas e emissões
escolherem reportar suas emissões de metano
por difusão comparáveis com as emissões por
(IPCC, 2019).
difusão de Petit Saut e Balbina (Três Marias,
A única revisão dos estudos já realizados Barra Bonita, Serra da Mesa e Samuel), as
em usinas hidrelétricas tropicais de grande emissões por degaseificação foram estimadas
porte foi feita por Demarty e Bastien (2011), por Demarty e Bastien (2011) considerando as
que incluiu dez usinas brasileiras. O estudo proporções obtidas nesses estudos sobre o
chama atenção para o fato de que não há um total de emissões por difusão mensurados.

32
Panorama das
emissões de metano 2
Tabela 3.
Características das usinas hidrelétricas e seus reservatórios levantadas pelo estudo de Demarty e Bastien (2011),
incluindo as usinas no Brasil e a Petit Saut, na Guiana Francesa. Em negrito estão os reservatórios cujos estudos
consideraram emissões por degaseificação nos seus cálculos e estimativas. Em itálico, os reservatórios com
densidade energética e emissões por difusão comparáveis aos estudos mais completos (Balbina e Petit Saut),
para os quais os autores aplicaram a proporção “emissões por degaseificação/emissões por difusão” obtidas em
Balbina e Petit Saut.

IDADE NO FATOR DE
EMISSÕES DENSIDADE
MOMENTO ÁREA VOLUME EMISSÃO
USINA ANO RIO/ESTADO ANUAIS ENERGÉTICA
DO (km2) (m3) (Kg CO2e/
DE CH4 (MW/km)
ESTUDO MWh)*

Três Marias 1962 36 São Francisco (MG) 1155 1.42x107 74508 0.34 875,56

Barra Bonita 1963 35 Tietê (SP) 334.31 2x105 2379 0.42 422,12

Tucuruí 1984 5 Tocantins (PA) 2875 6.04x106 97001 2.91 115,37

Samuel 1987 11 Jamari (RO) 560 3.48x105 21224 0.39 560,88

Balbina 1989 16 Uatuma (AM) 2360 3.88x105 97000 0.11 2222,00

Itaipu 1991 7 Paraná (PR) 1350 1x107 5880 9.33 1,51

Segredo 1992 6 Iguaçu (PR) 82 NA 263 15.37 1,21

Xingó 1994 4 São Francisco (SE) 60 1.32x107 878 50 1,13

Miranda 1998 1 Araguari (MG) 70 NA 2847 5.83 45,42

Serra da Mesa 1998 1 Tocantins (GO) 1784 NA 16637 0.71 61,57

Sinnamary
Petit Saut 1994 10 310 4.5x105 11427 0.37 510,50
(Guiana Francesa)
*Emissões em CO2e adaptadas do artigo e calculadas considerando apenas as emissões em CH4

Nota-se que os fatores de emissão resultantes estimativas obtidas em uma revisão da literatura.
do estudo são altamente variáveis, de 61,57 Esses fatores medianos, usados para excluir
a 2.222 Kg CO2e/MWh. A utilização desses dados extremos altos de emissão estimados,
fatores com base na energia gerada (MWh) são criticados por Fearnside (2015), que indica
em reservatórios de UHEs geraria valores com que a média seria mais adequada para capturar
discrepância da ordem de até 40 vezes entre os a realidade dessas emissões, além de criticar
mais e os menos conservadores. Por essa razão, e a revisão realizada, que excluía boa parte dos
devido à alta incerteza associada desses estudos, estudos realizados em regiões tropicais. De
apresentamos nesse documento o exercício qualquer forma, o IPCC (2006) ainda faz a
proposto pelo IPCC no nível de Tier 1 (descrito ressalva de que a variabilidade das estimativas
abaixo), de forma que reportamos valores mais é extremamente alta em todos os processos
conservadores de emissões de metano por considerados (difusão, ebulição e degaseificação)
reservatórios de usinas hidrelétricas. e a adoção de fatores de emissão default vai
resultar em um alto grau de incerteza.
DIRETRIZES DO IPCC
O refinamento das diretrizes, em 2019,
As diretrizes de Wetlands do IPCC (2006), que trouxe a novidade de fatores específicos para
englobam tanto áreas úmidas naturais quanto regiões macroclimáticas, mas ainda utiliza a
reservatórios, traziam fatores default no Tier 1, mediana das estimativas e indica emissões
gerados através da obtenção da mediana das apenas por difusão no Tier 1, sendo que o

33
Panorama das
emissões de metano 2

dado de atividade necessário para o cálculo é a Para o presente documento, fizemos o


área de superfície do reservatório. No Tier 2, o exercício de calcular as emissões em Tier 1
IPCC atualmente sugere a adoção de emissões considerando a área dos reservatórios, obtida
por ebulição específicas por país, e apenas através do mapeamento realizado pela iniciativa
no Tier 3, sugere a inclusão de emissões por MapBiomas e aplicando os fatores trazidos
degaseificação nas turbinas e a consideração de pelo IPCC (2019). As únicas considerações,
profundidade e idade do reservatório. O reporte no uso dos fatores, são classificar a região
das emissões em níveis mais detalhados (Tiers 2 macroclimática do reservatório, que varia, na
e 3) continuam sendo opcionais, apesar de que zona tropical, entre úmida e seca, baseada na
as emissões por difusão a partir da superfície precipitação anual acumulada de 1.000 mm; e a
do reservatório são as mais conservadoras classificação da idade do reservatório (maior ou
(Fearnside, 2013). menor que 20 anos). O mapa de superfície de
reservatório foi assim cruzado com as isoietas
Por fim, nas novas diretrizes (IPCC, 2019), de precipitação acumulada média (CPRM/Serviço
também é sugerido que os países calculem Geológico do Brasil) para definir a área total de
o indicativo do componente antrópico das reservatórios em zona tropical úmida e tropical
emissões, que consideraria apenas a área alagada seca. A tabela 4 apresenta as informações e o
que não era corpo d’água ou área úmida natural cálculo realizado por nós para esse exercício,
não manejados antes do enchimento. Nesse caso, que resulta em um total de emissões de CH4
o mapeamento desses elementos é necessário. de 1,55 Mt/ano.

Tabela 4.
Cálculo das emissões de metano por reservatórios a nível Tier 1, baseado no método e nos fatores do IPCC
(2019). O dado de atividade desse exercício é a área da superfície de reservatório em cada zona climática.
Utilizamos para esse exercício o mapeamento da superfície dos reservatórios feito pela iniciativa MapBiomas
Água, e classificamos a zona climática de cada reservatório de acordo com as isoietas de precipitação média
acumulada anual no Brasil (CPRM/Serviço Geológico do Brasil)

EMISSÃO
IDADE DO ÁREA FATOR DE A JUSANTE ESTADO ZONA EMISSÕES DE
RESERVATÓRIO (HECTARE) EMISSÃO DA TURBINA TRÓFICO* CLIMÁTICA CH4 (Mt/ano)
(PROPORÇÃO)*

< 20 anos 2.902.371 141,1 0,09 1 6 (tropical úmida) 0,45

< 20 anos 417.724 283,7 0,09 1 5 (tropical seca) 0,13

> 20 anos 2.902.371 251,6 0,09 1 6 (tropical úmida) 0,80

> 20 anos 417.724 392,3 0,09 1 5 (tropical seca) 0,18

Total 1,55
*Parâmetros com valores default para o Tier 1 do IPCC (2019).

34
Panorama das
emissões de metano 2
QUEIMADAS

A emissão por queima da matéria orgânica é imediata e já existem fatores de


emissão de metano relacionados a queimadas detalhados por tipo de vegetação.
Esses fatores específicos são trazidos pelo IPCC (2006) e utilizados no Inventário
Nacional (MCTI, 2020f).

Queimadas associadas ao desmatamento

As emissões associadas ao desmatamento são calculadas com base no método uti-


lizado no Quarto Inventário Nacional (MCTI, 2020), onde das emissões provenientes
das áreas desmatadas é retirada a biomassa de lenha e tora, obtida por estado
(plataforma SIDRA/IBGE). A biomassa seca restante considera-se que é queimada,
gerando emissões de metano e óxido nitroso. Esse cálculo já é contabilizado nas
coleções do SEEG, e é identificado como “resíduos florestais”. Em termos das
emissões por queima de resíduos por desmatamento, a Amazônia sempre liderou
os padrões de emissão de CH4, já que é ali que a maior parte do desmatamento
ocorre no país, além de conter os maiores estoques de carbono (Fig. 15). Em 2020,
o aumento vertiginoso do desmatamento na Amazônia foi acompanhado de maio-
res emissões por queima de resíduos florestais nesse bioma.

Figura 15.
Emissões de metano
4
por queima de
resíduos de vegetação
nativa em cada
Milhões de toneladas de CH4

bioma brasileiro 3

entre 1990 e 2020.

1
Amazônia
Caatinga
Cerrado
Mata Atlântica 0
Pantanal
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020

Pampa

Queimadas não associadas ao desmatamento

Iniciativas que trazem o mapeamento de áreas queimadas/cicatrizes de fogo per-


mitem o detalhamento dessas emissões. Esse mapeamento é normalmente feito
com o uso de imagens de satélite (produtos específicos do Modis ou índices es-
pectrais de satélites ópticos). A iniciativa MapBiomas Fogo tem como objetivo a
geração de uma série temporal de área queimada para o Brasil em uma resolução
de 30 m desde 1985, o que representa a possibilidade da geração de estimativas
de emissões de metano por fogo em alto nível de detalhe (MapBiomas Fogo,
disponível em https://mapbiomas.org/).

35
Panorama das
emissões de metano 2
Para o presente cálculo, consideramos todas as cicatrizes anuais geradas pelo
MapBiomas Fogo em áreas naturais (florestais, savânicas, campestres e áreas úmi-
das) e antrópicas (pastagem e áreas agrícolas). No caso da pastagem, é uma prática
comum a limpeza do terreno com fogo para renovação do pasto, e essa classe
apresenta a maior proporção de área queimada média anual (Tabela 5, Figura 16).
Uma precaução foi tomada para evitar a recontagem das áreas antrópicas quei-
madas logo após o desmatamento: a área de desmatamento anual gerada pelo
setor de Mudanças de Uso da Terra e Florestas no método do SEEG foi descontada
das cicatrizes anuais de fogo, de forma que apenas as queimadas em pastagem e
agricultura não associadas ao processo de desmatamento foram contabilizadas.

A Quarta Comunicação Nacional traz fatores de combustão apenas para classes


nativas, mas buscamos fatores de emissão e combustão de áreas de pastagem e
agricultura do IPCC (2006). Para o exercício de queimadas não associadas ao des-
matamento em florestas da Amazônia, foi considerada a frequência de fogo, pois
esse bioma é altamente sensível ao fogo e sofre um incremento na mortalidade de
árvores em áreas queimadas repetidas vezes. Dessa forma, o mapa de estoque de
carbono em necromassa (material combustível) nas florestas é atualizado a cada
evento de queima. Esse método já foi calculado no SEEG 9, e é reportado como
emissões NCI (não contabilizadas no inventário).

No total, calculamos as emissões pela queima de 531.810.842 ha acumulados em


todo o período, em áreas de vegetação nativa (floresta, savana, campo e áreas úmi-
das) e áreas antrópicas (pastagem e agricultura). Anualmente, no Brasil, as classes

65%
com maior área queimada são a formação savânica e a pastagem (Figura 13). No
total acumulado no período, no entanto, as queimadas em pastagem despontam
com quase um terço de todas as queimadas contabilizadas (Tabela 5). Somadas,
no entanto, as áreas nativas representam 65% de toda a área queimada no país
de toda a área no período analisado, contra 35% de áreas antrópicas, dos quais a maior parte
queimada no país (92%) é de pastagem. Ressaltamos, porém, que as emissões não são diretamente
desde 1985 foi de proporcionais às áreas de queima, pois os estoques de combustível assim como
vegetação nativa os fatores de combustão variam de acordo com o tipo de vegetação.

Tabela 5.
Áreas queimadas consideradas e não consideradas no presente exercício, para as
queimadas não associadas ao desmatamento, obtidas na plataforma da iniciativa
MapBiomas Fogo (https://mapbiomas.org/), assim como os fatores de emissão e
combustão associados a cada classe, de acordo com o MCTI (2020f) e o IPCC (2006)

ÁREA QUEIMADA ÁREA QUEIMADA


CLASSE PROPORÇÃO DA CONSIDERADA NO
ACUMULADA MÉDIA POR ANO
MAPBIOMAS ÁREA QUEIMADA CÁLCULO?
(HECTARE) (HECTARE)

Floresta 43.952.083 1.220.891 8,24% sim

Savana 153.107.093 4.252.975 28,70% sim

Campo 108.332.093 3.009.225 20,31% sim

Áreas úmidas 42.453.187 1.179.255 7,96% sim

Pastagem 169.328.738 4.703.576 31,74% sim

Agricultura 14.637.648 406.601 2,74% sim

Outras classes 1.634.097 45.392 0,31% não

36
Panorama das
emissões de metano 2
Figura 16.
Área queimada no Brasil 30

em cada classe entre


1990 e 2020, segundo o
MapBiomas Fogo
22,5

Toneladas

15

Formação florestal 7,5

Formação savânica
Formação campestre
Áreas úmidas
Pastagem 0
Agricultura
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
Outros

As emissões por queimadas não associadas ao desmatamento se dão principalmen-


te em áreas nativas, que são em média responsáveis por 87% do número de focos de
queimadas anuais no país (Tabela 5). Os biomas Amazônia e Cerrado representam os
biomas que mais queimam, mas um salto significativo foi observado no Pantanal em
2020, momento em que quase alcançou as emissões da Amazônia (Figura 17).

Figura 17.
Emissões de metano
por queima em
vegetação nativa 0,5
(formação florestal,
savânica, campestre
e áreas úmidas) e
Milhões de toneladas de CH4

0,375
em classes de uso
antrópico (pastagem e
área agrícola) em cada 0,25
bioma brasileiro no
período de
1990 a 2020, de 0,125
acordo com a área
queimada classificada
pela iniciativa
0
MapBiomas Fogo.
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020

Amazônia
Caatinga
Cerrado
Mata Atlântica
Pantanal
Pampa

37
Panorama das
emissões de metano 2
No geral, as emissões por queimadas associadas ao desmatamento ultrapassam
as emissões não associadas ao desmatamento (Figura 18), mesmo considerando que
as áreas queimadas são maiores do que as áreas desmatadas a cada ano. Isso se
dá porque a biomassa que queima em áreas naturais é sempre a necromassa, que
está disponível como combustível no momento em que o fogo passa. Já nas áreas
recém desmatadas, todo o estoque presente é queimado, com a exceção de uma
parte em lenha e madeira em tora retiradas previamente. Essa diferença explica o
maior efeito das queimadas associadas ao desmatamento nas emissões de metano.

Figura 18.
Emissões de
metano associadas 5

e não associadas a
desmatamento no
Milhões de toneladas de CH4

Brasil, no período 3,75

entre 1990 e 2020

2,5

1,25

 ssociadas ao
A
desmatamento
0
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Não associadas
ao desmatamento

PANORAMA GERAL SETOR MUT

De forma geral, para o ano de 2020, as emissões por queimadas associadas ao


desmatamento representam a maioria (81%) das emissões contabilizadas com 2,71
milhões de toneladas de CH4. As queimadas não associadas ao desmatamento
emitiram 620 mil toneladas de CH4 (19%) (Figura 19).

Figura 19.
Perfil de emissões
3
de metano
estimadas para 81%
o ano de 2020 no
Milhões de toneladas de CH4

setor de Mudanças
2,25

de Uso da Terra
e Florestas, com
relação à queima de 1,50

resíduos associados
ao desmatamento
e à queimadas 0,75

não associadas ao 19%


desmatamento
no Brasil 0

Queima associadas ao desmatamento Queima não associadas ao desmatamento

38
Panorama das
emissões de metano 2
2.4. Tratamento de resíduos
Em 2020, as emissões de metano totalizaram 3,17 milhões de toneladas (3,17 Mt CH4),
um aumento de 1,8% em relação ao ano anterior. O setor de resíduos apresenta um
perfil crescimento contínuo em sua série histórica: em 1990 as emissões foram de
0,95 milhões de toneladas de CH4, chegando a 2,47 milhões de toneladas em 2010
e 3,17 milhões de toneladas em 2020.

O setor foi responsável por 15,8% das emissões nacionais de CH4, apresentan-
do como fonte de emissão predominante a disposição final de resíduos sólidos
municipais, que contabilizaram 2,11 Mt (milhões de toneladas) de CH4, seguida
das emissões de tratamento de efluentes líquidos domésticos, que contabilizaram
0,82 Mt CH4, como pode ser observado na Tabela 6 e Figura 20.

Tabela 6. Emissão de metano por tipo de tratamento de resíduos sólidos e efluentes


líquidos em 2020

SUBSETOR tCH4 EM 2020 CONTRIBUIÇÃO (%)

Disposição Final de Resíduos Sólidos 2.114.384 66,6


Incineração ou queima a céu aberto 38.091 1,2

Tratamento Biológico de Resíduos Sólidos 1.252 0,04

Efluentes Líquidos Domésticos 825.072 25,99

Efluentes Líquidos Industriais 196.019 6,17

TOTAL 3.174.817 100,00


Fonte: Dados SEEG, 2021

Figura 20.
Contribuição
26%
nas emissões
de metano por
subsetor no
tratamento 6,2%
de resíduos
66,6% 1,2%

 isposição final de
D
resíduos sólidos
Efluentes líquidos
domésticos
Efluentes líquidos
industriais
Incineração ou
queima a céu aberto

Historicamente, as emissões do setor são marcadas pelo crescimento acen-


tuado, com discreta estabilização nos últimos anos. Esse comportamento está
principalmente relacionado com o aumento da população e, consequentemente,
da quantidade de resíduos gerada, bem como ao avanço no acesso aos serviços
de saneamento, conforme pode ser observado na figura abaixo.

39
Panorama das
emissões de metano 2
Figura 21.
Perfil de emissões de
metano no tratamento 3

de resíduos para o 2,5

período de

Mt CH4 / ano
2
1990 a 2020 1,5

0,5
 esíduos sólidos
R 0
Tratamento de
efluentes líquidos
90
91
92
93
94
95
96
97
98
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
20
A Tabela 7 descreve as emissões de CH4 por ativida- disposição final passou a se destacar. Atualmente, os
de fonte de emissão no setor de resíduos no período aterros sanitários, em especial os localizados em regi-
de 1990 a 2020. Nota-se que, no início da série histórica, ões metropolitanas e que recebem uma grande quan-
as emissões de metano eram oriundas principalmente tidade de resíduos, são os principais contribuintes para
do tratamento de efluentes domésticos. No decorrer asemissões de metano no setor. A Figura 22 traz a evo-
dos anos, com o avanço da implementação de aterros lução da emissão de metano por fonte para o setor de
e aumento nas taxas de coleta de resíduos sólidos, a resíduos de 1990 até 2020, respectivamente.

Tabela 7.
Detalhamento das emissões
do setor de resíduos

TONELADAS DE METANO POR ANO (tCH4/ANO)


FONTES DE EMISSÃO POR SETOR
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Disposição Final de Resíduos Sólidos 331.987 544.465 878.655 1.235.791 1.544.809 1.831.450 2.114.384

Lodo de ETE 1.375 4.030 5.697 7.113 8.357 9.637 10.640

Resíduos de Serviços de Saúde 0 353 420 425 387 395 434

Resíduos Sólidos Municipais 330.613 540.083 872.538 1.228.253 1.536.065 1.821.419 2.103.310

Incineração ou queima a céu aberto 18.990 23.999 35.491 40.247 35.251 42.169 38.091

Emissões pela Queima de Resíduos a Céu Aberto 18.990 23.999 35.491 40.247 35.251 42.169 38.091

Tratamento Biológico de Resíduos Sólidos 1.165 1.937 3.040 540 206 1.133 1.252

Resíduos Sólidos Municipais 1.165 1.937 3.040 540 206 1.133 1.252

Efluentes Líquidos Domésticos 541.628 593.371 648.660 701.641 725.993 795.981 825.072

Esgoto Doméstico 541.628 593.371 648.660 701.641 725.993 795.981 825.072

Efluentes Líquidos Industriais 61.311 83.452 101.014 133.271 161.930 180.488 196.019

Produção de Carne Avícola 1.403 2.458 4.043 6.860 10.619 13.148 13.786

Produção de Carne Bovina 9.899 14.046 16.219 28.295 33.360 35.185 37.357

Produção de Carne Suína 2.590 4.454 5.593 9.711 14.954 16.678 21.749

Produção de Celulose 9.018 11.389 12.762 16.522 20.991 25.485 31.052

Produção de Cerveja 3.706 11.000 15.400 10.388 711 794 981

Produção de Leite Cru 27.099 33.401 43.100 57.400 76.401 86.000 88.149

Produção de Leite Pasteurizado 7.596 6.704 3.898 4.095 4.894 3.197 2.945

Total Geral 955.082 1.247.224 1.666.860 2.111.489 2.468.189 2.851.220 3.174.817

40
Panorama das
emissões de metano 2
Figura 22.
Evolução das
emissões do 3,5

setor de resíduos
por fonte 3

2,5

Mt CH4 / ano
2

1,5
 isposição final de
D
resíduos sólidos 1

Efluentes líquidos
domésticos 0,5

Efluentes líquidos
industriais 0

Incineração ou
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
queima a céu aberto

Assim como observado a nível nacional, nos Estados as principais fontes de me-
tano também são a disposição final de resíduos sólidos e o tratamento de efluen-
tes líquidos domésticos. No entanto, alguns Estados, como Minas Gerais, Santa
Catarina, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso também apresentam contribuições
significativas do subsetor de efluentes líquidos industriais, porque concentram
atividades de produção de celulose, leite ou carnes.

No geral, os Estados que apresentam os maiores índices populacionais tam-


bém são os que mais contribuem para as emissões de metano. Em 2020, o maior
emissor foi o Estado de São Paulo, com a emissão de 603,14 mil toneladas de CH4,
correspondendo a 19% das emissões do setor, seguido pelo Rio de Janeiro, com
a emissão de 407,55 mil toneladas de CH4 , correspondendo a 13% das emissões
nacionais de resíduos, em 2020. Logo em seguida, aparecem Minas Gerais (10%)
e Paraná (6%), contribuindo com um total de 328,04 e 201,35 mil toneladas de
CH4, respectivamente. A Figura 23 traz a emissão total de cada Estado em 2020.

Figura 23.
600

Evolução das emissões


do setor de resíduos 525

por fonte

 isposição final de
D
350
mil tCH4 / ano

resíduos sólidos
Efluentes líquidos
domésticos
Efluentes líquidos 175
industriais
Incineração ou
queima a céu abert
Tratamento biológico 0
de resíduos sólidos SP RJ MG PR BA RS CE PE SC GO PA MA AM ES DF MT PB MS RN AL PI TO SE RO AC AP RR

41
Panorama das
emissões de metano 2
2.5. Energia
Estima-se que aproximadamente 572 mil toneladas de metano foram emitidas no
setor de energia em 2020, correspondendo a 2,6% do total das emissões antrópicas
do gás pelo Brasil no ano. Dessas emissões, 414 mil ocorreram pela queima de
combustíveis e 158 mil foram emissões fugitivas (Figura 24).

Historicamente, dentre as emissões de metano do setor, que partem de um


patamar próximo a 900 mil toneladas no início da década de 1970, predominaram
as emissões pela queima de combustíveis, com queda desde 1970 até o meio da
década de 1990 e relativa estabilidade desde então. Já as emissões fugitivas au-
mentaram gradualmente ao longo da série histórica até 2009, passando a decrescer
desde então. Entre 1995 e 2000, observamos o período de menor emissões da
série histórica, abaixo de 500 mil toneladas anuais.

Figura 24.
Evolução histórica das
emissões de metano
900

do Setor de Energia 800

700

600

500
kt CH4

400

300

200

100

Fugitivas 0
Queima de 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
combustíves

Detalhando-se mais, observamos que duas fontes emissoras majoritárias se


destacam: a queima de lenha e a exploração e produção de petróleo e gás natural.

Na queima de combustíveis, a lenha é responsável pela grande maioria das emis-


sões, vide Figura 25. Esse combustível foi e é usado principalmente em residências
para cocção de alimentos, segundo os dados do Balanço Energético Nacional,
sendo retrato da falta de acesso a outras fontes energéticas mais eficientes. Nas
décadas de 1970 e 1980, tivemos uma grande redução no consumo de lenha com
a disseminação do fogão a gás. Consequentemente, as emissões decaíram. Nos
anos 1990, vemos a estagnação do consumo de lenha e das emissões de metano
num patamar próximo à metade do que foi observado no início dos anos 1970.

42
Panorama das
emissões de metano 2
Figura 25. 900

Evolução histórica
das emissões de
metano pela queima
de combustíveis 675

Mt CH4 / ano

450

Lenha
Gasolina C 225

Bagaço de cana
Lenha carvoejamento
Carvão vegetal
Álcool hidratado
Óleo diesel 0
1970 1974 1978 1982 1986 1990 1994 1998 2002 2006 2010 2014 2018
Outros combustíveis 1972 1976 1980 1984 1988 1992 1996 2000 2004 2008 2012 2016 2020

Dentre as emissões fugitivas, o destaque são as emissões da exploração de


petróleo e gás natural, (Figura 26). Diferentemente das emissões pela queima de
combustíveis, a dinâmica geral das emissões fugitivas foi de crescimento na série
histórica. Antes da década de 1990, as emissões fugitivas eram predominantemente
aquelas associadas à produção de carvão mineral. Nos anos 1980, as emissões de
metano da produção desse combustível quase alcançaram as 100 mil toneladas
anuais emitidas, mas, posteriormente, tiveram decréscimo, chegando a 2020 com
42 mil toneladas, fruto da diminuição da produção nacional do carvão.

Praticamente inexistente na década de 1970 e impulsionada pela descoberta


do Pré-Sal na década de 2000, a exploração de petróleo e gás natural causou
elevação nas emissões de metano até 2009 e, a partir de então, passou a oscilar
em torno do patamar de 100 mil toneladas. Em 2020, as emissões encontraram-se
no nível de 73 mil toneladas.

Figura 26. 300


Evolução histórica
das emissões
fugitivas de metano
225
Kt CH4

150

Exploração de P&G 75

Refino de petróleo
Produção de carvão
mineral e outros
Transporte de gás 0

natural 1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
2018
2020

43
Panorama das
emissões de metano 2
Para este documento, foram revisadas as estimati-
vas de metano com relação à última versão do SEEG
(9ª edição), em que as emissões fugitivas da explo-
ração de petróleo e gás foram calculadas a partir
de fatores de emissão simplificados e extrapolados
a partir dos dados de atividade, tomando-se como
base as emissões publicadas até o 3º Inventário Na-
cional. A presente análise considera as emissões de
metano reportadas no 4º Inventário Nacional, para o
caso das emissões fugitivas associadas ao petróleo
e ao gás natural.

2.6. Processos industriais


e uso de produtos

0,22%
Em 2020 as emissões de metano do setor de Pro-
cessos Industriais e Uso de Produtos (PIUP) foram
estimadas em 44 mil toneladas, o que representou
cerca de 0,22% do total das emissões de metano
do Brasil no ano, segundo os dados da coleção 9
foi a participação
do SEEG. Assim, temos que as emissões de metano
do setor de PIUP
de PIUP são bastante menos significativas frente às
no total nacional
outras fontes de emissão no país. Assim, neste docu-
de emissões de
mento, não são apresentadas análises ou propostas
metano em 2020
referentes às emissões de metano por PIUP.

44
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES

3
DE METANO NO BRASIL

Medidas para o Brasil


reduzir as emissões

3.1. Agropecuária
A mitigação das emissões de metano no setor agropecuário compreende dife-
rentes práticas de manejo e tecnologias. Entre os diversos benefícios de mitigar o
metano destaca-se a grande oportunidade associada com o contínuo atendimento
da demanda crescente por produtos agropecuários, direcionado pela busca do
aumento da produtividade, junto com a promoção da adaptação dos sistemas
produtivos diante os efeitos da emergência climática, contribuindo para atividades
mais sustentáveis, de baixo carbono e contínuas de longo prazo.

Várias dessas práticas de manejo e tecnologias já são conhecidas e aplicáveis,


sendo necessário cada vez mais que sua adoção, expansão e manutenção sejam
estimulados para todos os modelos e escalas de produção. A seguir são apresen-
tadas as principais rotas de mitigação de metano.

3.1.1 Tratamento de dejetos animais (TDA)


da produção pecuária
O tratamento de dejetos animais (TDA) integra uma das etapas do manejo de
dejetos animais, que abrange a coleta, armazenamento, tratamento e possíveis
utilizações agrícolas dos subprodutos gerados. É uma estratégia de mitigação de
metano, assim como de óxido nitroso, com a adoção de tecnologias e sistemas
que reduzem a conversão da matéria orgânica em metano, como a biodigestão e
a compostagem. Assim, viabilizam o tratamento e a destinação ambientalmente
adequada dos dejetos dos animais (MCTI, 2020c).

A adoção e consolidação do emprego do TDA contribui para o saneamento e re-


gularidade ambiental das propriedades rurais com atividade pecuária, com a maior
proteção do solo e de corpos hídricos, além possibilitar ganhos econômicos com
a possibilidade do aproveitamento energético e dos insumos orgânicos gerados
pelos subprodutos das rotas de tratamentos utilizados, quando economicamente
viáveis (Mapa, 2012).

A rota de tratamento via biodigestão consiste na decomposição da matéria or-


gânica por microrganismos presentes nos resíduos, através da digestão anaeróbia,
gerando o biogás como um de seus produtos. É do biogás que se pode extrair
o biometano, utilizado para o reaproveitamento energético com a geração de
energia elétrica e calor, podendo também ser queimado caso não haja esse reapro-
veitamento (flares). Já o digestato, outro subproduto do biogás, pode ser utilizado
na produção agrícola como biofertilizante, por conter nutrientes essenciais, como
NPK. Assim, a redução da emissão de metano é garantida quando se realiza o
tratamento dos dejetos substituindo o uso das tecnologias de lagoa anaeróbica
e esterqueira, as mais comuns no país, por tecnologias como a biodigestão e a
compostagem (Mapa, 2019, 2021).

45
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

Outra estratégia de mitigação de metano é pelo resultam em uma menor emissão de metano, como o
emprego da compostagem, técnica baseada no trata- uso de biodigestores substituindo lagoas anaeróbicas
mento biológico através do controle da mistura entre ou o uso de compostagem no lugar do manejo de
os dejetos e matérias orgânicas adicionadas como fon- dejetos em armazenamento sólido.
tes de carbono (maravalha, serragem e palha), sendo
possível utilizar a biomassa resultante como insumo 3.1.2 Terminação intensiva (TI)
agrícola devido à elevada concentração de nutrien-
A terminação intensiva é uma das novas tecnologias
tes. Assim é gerada uma biomassa com baixa emissão
incluídas no novo ciclo do Plano ABC+, buscando não
de metano, evitando as emissões que resultariam da
somente a mitigação de emissões, principalmente as
decomposição anaeróbica dos dejetos caso fossem
de metano, mas também contribuindo com a adap-
deixados sem tratamento e podendo ser um produto
tação do sistema produtivo animal, por um uso mais
facilmente transportável pelas fazendas por estar em
eficiente das pastagens.
estado sólido (Mapa, 2019).
A mitigação promovida pela TI é pautada em um
Em seu primeiro ciclo, o Plano ABC possuía como
manejo alimentar intensificado, que disponibiliza
meta doméstica o incentivo à adoção e expansão do
maior quantidade de energia consumida pelos bovi-
tratamento de dejetos animais, com o aproveitamento
nos de corte, na fase de recria e engorda do seu ciclo
do biogás e compostos orgânicos gerados em seu
de abate. Dessa forma, os animais podem ser abatidos
processo. Para isso, foi previsto para o ano de 2020 o
mais precocemente, com menor tempo de engorda
tratamento de 4,4 milhões de m³ de dejetos animais,
para atingir o peso ideal para o abate, juntamente
com o potencial de mitigar 6,9 Mt CO2e (Mapa, 2012).
com alterações promovidas em seus sistema diges-
Em seu ciclo lançado em 2021, o novo Plano ABC+ tivo pelo tipo e qualidade das fontes de alimentos
reformulou TDA, que passou a se chamar de manejo fornecidas. A maior disponibilidade de alimentos evita
de resíduos da produção animal (MRPA). Também in- o “efeito sanfona” do gado, de forma que o ganho
corporou demais resíduos provenientes da pecuária, de massa seja crescente e de forma ininterrupta, po-
resultante da criação animal. Exemplos desses resí- dendo ser feito, principalmente pela adição de grãos,
duos são as misturas de água de limpeza, restos de farelos, aditivos alimentares e coprodutos, em regimes
alimentos, camas de resíduos da avicultura, restos de de produção de confinamento, semiconfinamento e
carcaças e de animais mortos, resíduos fisiológicos e suplementação à pasto (Mapa, 2021).
demais resíduos que demandam tratamento prévio.
Os sistemas de produção animal mais intensivos
Além disso, o MRPA continua a fomentar o uso dos
contribuem para uma maior produtividade, por exem-
subprodutos obtidos desses processos de tratamento,
plo, por meio da melhoria da qualidade das pastagens
como a bioenergia e os biofertilizantes.
já em utilização, com a adoção de sistemas rotativos
Assim, a meta é que até 2030 o MRPA seja respon- de semiconfinamento e confinamento. Essa intensi-
sável pelo tratamento de 208,4 milhões de m³ de resí- ficação implica na redução da intensidade de emis-
duos de origem animal, com o potencial de mitigação são por carcaça produzida, devido ao menor tempo
de 277,80 Mt CO2e. Esse volume esperado parte da de vida do gado bovino de corte, podendo diminuir
premissa que 27% do total dos resíduos gerados pe- até 30% das emissões de metano por quilo de carne
los sistemas de produção animal serão tratados via produzida, mesmo havendo um possível aumento nas
biodigestão e compostagem (Mapa, 2021). emissões diárias de metano (Berndt et al., 2013).

Seguindo a metodologia adotada pelo Quarto Exemplo disso foram os resultados gerados por
Inventário Nacional (MCTI, 2020c), pode-se obter a Cardoso et al. (2016), em estudo no qual a intensifi-
redução da emissão de metano na medida em que cação da bovinocultura de corte por meio pastagens
os sistemas de manejo de dejetos de animais empre- com uso de fertilizantes, leguminosas forrageiras, su-
gados para as diferentes produções de animais se- plementos e concentrados, partindo de um padrão
jam substituídos por outros sistemas mais eficientes. médio de produção baseado em pastagens com baixo
Assim, o potencial de mitigação está associado com uso de insumos, demonstrou ser capaz de reduzir a
a quantidade de dejetos tratados por sistemas que até um sétimo a área necessária para a produção de

46
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

1 kg de carcaça, com aumento de aproximadamente 51% na produção de carcaças

16,2
por rebanho, além de uma redução nas emissões de cerca de 49,6%, partindo de
58,3 kg CO2e/kg de carcaça para até 29,4 kg CO2e/kg de carcaça.

A meta determinada pelo Plano ABC+ é aumentar a quantidade média de aba-

MtCO2e
tes de bovinos de corte por meio de TI até 2030 para 500 mil por ano, resultando
em 5 milhões de cabeças abatidas. Ao longo da década, o abate desse rebanho
com adoção de TI tem potencial de mitigar cerca de 16,25 Mt CO2e, partindo de
um valor médio possível de mitigar de 11,40 kg CO2e/kg de carcaça. O monito-
é o potencial de
ramento da meta está baseado na quantidade de bovinos de corte abatidos com
mitigação até
até 36 meses de vida e de propriedades que utilizam TI (Mapa, 2021). Atualmente
2030 da técnica
não há dados oficiais do monitoramento da quantidade de animais abatidos em
da terminação
sistemas de confinamento, semiconfinamento e suplementação a pasto.
intensiva
Seguindo como base o mesmo estudo de Cardoso et al. (2016), no qual o Plano
ABC+ se baseou, pode-se estimar que a mitigação de metano associada ao em-
prego de TI é de cerca de 42,3%, para cada quilo de metano por quilo de carcaça
de bovino abatido (kg CH4/kg carcaça). Esse valor foi obtido a partir da média da
diferença da emissão de metano proveniente de cenários de produção menos in-
tensivos para os mais intensivos. Os cenários menos intensivos consideram sistema
produtivos caracterizados pela na produção de gado em pastagem, variando de
pastagens degradadas até o uso de pastagem com uso de leguminosa e pasta-
gens melhoradas com fertilização de nitrogênio devido ao uso de capim-da-guiné
(Panicum maximum). Já o cenário mais intensivo é definido pelo uso de ração e
confinamento nos 75 dias antes do fim da engorda, com a alimentação prévia
também sendo feita a partir do uso de pastagem adubada pelo capim-da-guiné.

3.1.3. Melhoramento genético animal (MGA)


A redução da emissão de metano na produção animal pode ser obtida também
por meio da promoção do melhoramento genético, promovendo nos cruzamentos
a seleção de traços relacionados com menores níveis de emissão de metano por
animal. Assim, pode-se garantir o contínuo aumento de produtividade, concilian-
do-o com a redução da intensidade das emissões dos produtos como carne e leite,
juntamente com sistemas produtivos mais sustentáveis por possuírem animais mais
eficientes e adaptados (Pickering et al., 2015; Pinto, 2019).

Por meio do MGA, busca-se alcançar melhores indicadores de produtividade


animal com a redução da intensidade das emissões, seja por emitir menos e/ou
aumentar a produção, como o menor intervalo de tempo de sua reprodução,
resistência a doenças, redução da idade da desmama, abate mais rápido devido
ao ganho de massa mais eficiente, maior lactação ou prolongamento do período
produtivo, como no caso das vacas leiteiras.

A variação genética que influencia o rendimento de metano por produção ani-


mal considera a redução da fermentação entérica e a estabilidade de como esse
processo ocorre. Mesmo sendo características já conhecidas, a magnitude do po-
tencial de redução de metano pela seleção desses traços nem sempre é totalmente
conhecida ou obtida de forma facilitada, dependendo das demais características e
variáveis relacionadas com o que esses atributos estão envolvidos, além de técnicas
e equipamentos específicos para sua medição direta. Essa limitação de mensuração

47
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

pode ser contornada com a seleção de características ção de metano está associada com o nível da digesti-
associadas à produtividade de forma indireta, através bilidade dos alimentos que compõem a dieta animal,
de métricas de desempenho animal, como consumo a quantidade de carboidratos fermentados e de gás
de matéria seca, produção de leite e ganho de massa hidrogênio (H2) presentes no rúmen que é utilizado
(Pickering et al., 2015; Congio et al., 2021). pelas arqueias metanogênicas como fonte de energia,
resultando na geração de metano durante o processo
No Brasil, em um estudo de 2018 realizado em
de fermentação entérica. Assim, a emissão de metano
conjunto pela CNA (Confederação da Agricultura e
é um indicativo da perda de energia pelo sistema de
Pecuária) e o Cepea (Centro de Estudos Avançados
produção agropecuário (Machado et al., 2011). Essa
em Economia Aplicada), da Esalq/USP, avaliou os ga-
perda de energia resultante da fermentação entérica
nhos de produtividade da bovinocultura de corte dos
ruminal está relacionada com fatores que envolvem as
estados do Acre, Bahia, Maranhão, Pará e Tocantins
características genéticas do animal, assim como variá-
depois de investimentos em melhoramento genético
veis referentes à quantidade e qualidade dos alimen-
e alimentação. Foi observada uma elevação na produ-
tos disponíveis para consumo, tipos de carboidratos,
tividade de 14,8%, partindo de 4,87 arrobas por hecta-
digestibilidade dos alimentos e demais recursos em-
re (@/ha) entre os anos de 2007 e 2012, até chegar em
pregados na sua nutrição (Sene et al., 2019).
5,59 @/ha, para o período de 2013 e 2017, além de um
aumento de 23% na taxa de reprodução do rebanho. Assim, qualquer estratégia de mitigação de metano
por meio do melhoramento e manipulação da dieta
Em outro estudo, elaborado pelo Cepea (2015), fo-
animal deve conciliar a diminuição do metano da fer-
ram analisadas fazendas com ciclo completo (cria, recria
mentação entérica com o contínuo aumento da pro-
e engorda) que fizeram investimento em genética, apre-
dutividade, principalmente através de melhorias nas
sentando uma margem líquida de R$ 1.926 por hectare,
condições de pastagens e na composição nutricional
enquanto as demais propriedades típicas da região sem
oferecida aos animais (Machado et al., 2011).
investimento em genética apresentaram o valor de R$
32,42 por hectare. Isto demonstra os ganhos econô- Segundo dados do Mapbiomas (2022), a área total
micos e ambientais de como o investimento genético ocupada por pastagem no país em 2020 foi de 154,7
pode impactar positivamente a pecuária, ainda mais milhões de hectares, dos quais 52% estavam sob algu-
com o foco na redução de suas emissões de GEE. ma condição de degradação. Toda essa área de pas-
tagens é a principal fonte de energia na alimentação
O potencial de mitigação de emissão de metano
dos bovinos, com a emissão de metano influenciada
associado ao uso de MGA pode variar bastante, de-
principalmente pela baixa porção de carboidratos não
pendendo da característica selecionada para o animal,
fibrosos e a maior quantidade de fibras e lignina nos
assim como a métrica de emissão de metano escolhida
volumosos fornecidos. O tipo e qualidade das gramí-
para avaliar a mitigação, podendo-se basear na emis-
neas utilizadas, assim como a produtividade dessas
são por produto animal (leite e carne). Assim, foram
pastagens, influenciam a eficiência energética das die-
usados como base valores de redução da emissão de
tas praticadas, principalmente em períodos de seca
metano por meio de MGA para gado leiteiro de 37,6%,
(Sene et al., 2019).
considerando a intensidade de emissão de metano por
produção de leite (g CH4/kg de leite), segundo Congio Assim, para promover a intensificação sustentável
et al. (2021). Já para o gado de corte, tem-se como base dos sistemas produtivos pecuários, com a redução
a porcentagem de redução de 10,8%, para a intensida- da intensidade de emissão de metano por produção
de de emissão de metano por produção de carne (g animal, faz-se necessária a implementação de melho-
CH4/kg de carne), de acordo com Maciel et al. (2019). res práticas de manejo das pastagens e manejo da
nutrição animal.
3.1.4. M
 elhoramento e manipulação Além do melhor manejo das pastagens, outras
da dieta animal estratégias alimentares também podem ser utiliza-
Aproximadamente, de 2% a 12% da energia bruta in- das com o objetivo de garantir o desempenho dos
gerida pelos animais ruminantes acaba sendo perdida ruminantes, com ganhos em produtividade e redução
pela conversão em metano. Essa variação na produ- de metano.

48
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

As demais formas de mitigação de metano envolvendo alimentação estão as-


sociadas com a alteração das condições encontradas no rúmen no momento da
fermentação entérica e complementam as estratégias considerando o pasto como
fonte de volumoso (alimento com baixo teor energético e alto em fibras). Assim,
pode-se destacar como estratégias possíveis de serem utilizadas na nutrição dos

52%
animais ruminantes o aumento do fornecimento de proteína na dieta, a adição de
lipídeos (como bolo de soja, óleo de linhaça, óleo de palma e semente de algodão),
aumento do nível de alimentação e o uso da suplementação proteico-energética
por meio de concentrados (como o milho, semente de algodão, farelo de soja,
casca de soja) (Congio et al., 2021).
das pastagens A suplementação é feita através da disponibilização de rações concentradas,
do país estão quando se busca garantir o atendimento da demanda nutricional em situações que
sob algum grau o pasto não consegue suprir, especialmente em períodos mais secos ou quando se
de degradação deseja potencializar o desempenho animal. Assim, o desempenho animal é melho-
rado pelo maior consumo de forragem, na melhoria da digestibilidade e absorção
de nutrientes, reduzindo a idade de abate e contribuindo com uma quantidade
e qualidade na produção de carcaça maior e, consequentemente, redução da
emissão de metano por produto (Anjos, 2019; Sene et al., 2019).

O potencial de mitigação de metano estimado para a realização de melhorias


na prática de alimentação animal, exclusivamente para a bovinocultura de corte e
de leite, está baseado nos resultados apresentados por Congio et al. (2021). Con-
siderando a intensidade de emissão de metano por produto animal, como leite
(g CH4/kg de leite) e por ganho de massa (g CH4/kg massa ganha), pode-se obter
a média dos valores apresentados para estratégias alimentares que consideram a
adoção de práticas como o manejo da pastagem com lotação contínua e rotativa,
no fornecimento de alimento com aumento de proteína, uso de concentrados a
base de semente de algodão, no aumento de lipídeos na dieta e pelo aumento do
nível da alimentação. A partir dessas práticas, foi obtido o valor médio de redução
de metano de 31,6% e 13,9% para o gado de corte e leite, respectivamente.

3.1.5. Manipulação da fermentação ruminal


Outra estratégia capaz de reduzir as emissões de metano é a manipulação da fer-
mentação ruminal, na qual ocorre a mitigação por meio da interferência na atividade
do rúmen. Ela deve se basear na redução da geração de H2 já produzido e na alte-
ração da atividade dos microrganismos Archaea metanogênicas (arqueias), pela sua
inibição ou redução da quantidade de sua população no rúmen. Assim, busca-se
conciliar a diminuição do metano da fermentação entérica ao mesmo tempo pos-
sibilitar o aumento da produtividade para produtos como carne e leite, reduzindo
a intensidade de emissão por unidade de produto ou área (Machado et al., 2011)

Uma das formas de realizar a manipulação ruminal é por meio do uso de aditivos,
uma estratégia voltada para o aumento de eficiência alimentar e redução da ge-
ração de metano pelos animais ruminantes, auxiliando no melhor aproveitamento
e consumo da dieta praticada. O efeito do seu uso ocorre principalmente pela
alteração do ecossistema ruminal, com a inibição do processo feito pelas arqueias,
o que contribui com a otimização do metabolismo animal, melhor conversão dos
alimentos em energia, e aproveitamento dos seus nutrientes.

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3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

Entre os diferentes tipos de aditivos, os mais utilizados são ionóforos, leveduras,


ácidos orgânicos, extratos naturais, a adição de lipídeos e outros, consumidos em
conjunto com os alimentos (Anjos, 2019).

Os ionóforos são aditivos medicamentosos com ação antimicrobiana manipu-


lam a fermentação entérica por meio da alteração no crescimento ou eliminação
(defaunação) dos microrganismos produtores de H2, sendo capazes de reduzir em
até 25% a geração de metano e reduzir o consumo de alimento em 4%, mantendo
o desempenho animal (Machado et al., 2011). Somente alguns tipos de ionóforos
são permitidos e seu uso não de mantém por longos períodos, não sendo uma
estratégia de redução de metano utilizável a longo prazo, justamente por ser um
aditivo medicamentoso e pela capacidade do ecossistema ruminal se adaptar aos
seus efeitos. Assim, diversos outros inibidores naturais têm ganhado mais destaque
(Anjos, 2019).

As leveduras são fungos utilizados para promover a melhor digestão da matéria


seca consumida dos alimentos, principalmente das fibras (Anjos, 2019). Os extratos
naturais são uma alternativa diante das opções de aditivos químicos, derivados de
compostos que protegem as plantas de fungos, bactérias, insetos e até herbívo-
ros. Destaca-se o uso de aditivos contendo taninos, saponinas e óleos essenciais
(Machado et al., 2011).

A partir de estudos nacionais, considerando os efeitos gerados pela manipu-


lação direta na atividade ruminal, por meio de dietas, suplementação e uso de
aditivos na redução e supressão do H2 gerado, assim como alteração nos microrga-
nismos metanogênicos no animais da bovinocultura de corte, foi obtido um fator
de emissão médio de 37,7 kg CH4/cabeça/ano, cerca de 37,4% menos que a média
da emissão dos bovinos de corte por fermentação entérica apresentado no último
inventário nacional, indicando o potencial que essas estratégias de mitigação de
metano possuem quando adotadas adequadamente, mesmo sendo desafiador
o uso de recursos como os aditivos em sistemas produtivos à base de pastagem

35%
(Berndt et al., 2013; MCTI, 2020b).

Para estimar o potencial de mitigação de metano pela estratégia de manipula-


ção da fermentação ruminal, foi utilizado o valor apresentado por Arndt et al. (2021),
que traz o valor de redução de emissão de metano diário (g CH4/dia) de 35%.

é o potencial
da redução da 3.1.6. Práticas de manejo no cultivo de arroz irrigado
emissão de
A mitigação da emissão de metano no cultivo de arroz irrigado está baseada na
metano por
adoção de melhores práticas de manejo e do uso do solo, principalmente no Rio
manipulação da
Grande do Sul, principal produtor de arroz (Embrapa Arroz e Feijão, 2022; Irga, 2022).
fermentação
ruminal No Estado do Rio Grande do Sul há diferentes tipos de sistemas de preparo do
solo, como o sistema de preparo convencional, o sistema de preparo antecipado
e outros. No sistema de preparo antecipado são utilizadas práticas mais conserva-
cionistas do solo, como o cultivo mínimo e principalmente o plantio direto, antes
da semeadura do arroz.

De 1990 até 2016, a área cultivada com sistema de preparo antecipado teve um
aumento de 14,1% para 64,1%, resultando em redução das emissões de metano,
pois, enquanto no sistema convencional ocorrem operações de revolvimento do

50
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

solo antes da semeadura do arroz e a permanência que haja perdas de produtividade. De acordo com
da matéria orgânica vegetal que será decomposta Zschornack (2011) e Camargo (2015), taxas de emissão
anaerobicamente por se produzir sob sistema irriga- de metano para regimes de irrigação intermitentes
ção contínua, no preparo antecipado as operações foram menores do que os apresentados para regime
ocorrem em períodos em que o solo está drenado, de irrigação contínua, sendo de 40,8% e de 47,8%,
promovendo a decomposição aeróbica desses resí- respectivamente.
duos e, portanto, reduzindo as emissões de metano.
Esse preparo antecipado contribui para reduzir atrasos 3.1.7. R
 edução da queima dos resíduos
no plantio e perdas de produtividade, sendo iniciado agrícolas da cana-de-açúcar
logo após a colheita, gerando ganhos em emissão e
A mitigação das emissões de metano pela queima de
aumentando a produtividade (MCTI, 2020d). A altera-
resíduos agrícolas da cana-de-açúcar está relacionada
ção no tipo de preparo gera um potencial de redução
com a expansão da área colhida de forma mecani-
de metano em torno de 22% (MCTI, 2020d).
zada, substituindo a colheita manual. A queima dos
Essa mudança no preparo do solo também é resíduos da cana ainda é uma prática utilizada para
corroborada por Zschornack (2011), o qual obte- a pré-colheita, facilitando a limpeza das lavouras e a
ve área de cultivo de arroz irrigado com prepa- realização das colheitas. Com o emprego da colheita
ro convencional, cultivo mínimo e plantio dire- mecanizada, pode-se eliminar totalmente as emissões
to, apresentando emissões de 537,38 kg CH4/ha, associadas a essa etapa da produção agrícola, além
391,24 kg CH4/ha e 372,46 kg CH4/ha, respectiva- dos benefícios secundários, como a redução do risco
mente. Esses valores representam uma redução das do fogo, melhores condições da qualidade do ar e
emissões em 27,2% com uso do cultivo mínimo e de de segurança de quem realiza a colheita nas lavouras
30,7% para o de plantio direto se comparado com o (MCTI, 2020e).
convencional. Assim, com técnicas de preparo anteci-
Dessa forma, o potencial de mitigação das emis-
pado, é possível reduzir cerca de 28,9% das emissões
sões pode alcançar índices próximos da totalidade no
de metano por área sem que haja redução na produ-
que se refere à redução do uso do fogo, com a redu-
tividade das lavouras de arroz.
ção de metano estando associada com o aumento da
Outra prática de manejo capaz de mitigar emis- área de colheita mecanizada. A Conab (2021), realiza
sões de metano é o manejo da água nos sistemas o levantamento dos Estados em que ainda ocorre co-
produtivos de regime irrigado. Por meio da drenagem lheita manual. A Figura 27 traz as porcentagens de uso
da lâmina d’água dos solos continuamente alagados de colheita manual praticada nas áreas de lavouras
no regime irrigado é possível mitigar emissões sem em 2020.

Figura 27.
Porcentagem 100 100 99,3

de área de 90 90
cultivo de
porcentagem (%) da área com colheita manual

85,7
82,9
cana-de-açúcar 80 79
73,8
com colheita 70
manual
60
53,2
50

40
33,8
30

20 18,5 18,2

10
5,8
3,4 2,2
1,5 0,1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
0
PI PE SE BA RJ AL PB RN MA RS ES PR MT GO SP MG RO AC AM RR PA AP TO CE SC MS DF

Fonte: CONAB (2021)

51
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

Para alcançar a universalização da colheita mecanizada, há regulamentações


que estabelecem metas para seu emprego e de proibição da prática de uso do
fogo, além de iniciativas conjuntas públicas e privadas, como o caso do Protocolo
Ambiental no Estado de São Paulo. Com o objetivo de promover o desenvolvi-
mento sustentável do setor canavieiro no Estado, o protocolo foi além das regu-
lamentações vigentes (Lei Estadual N°10.547/2000, atualizada pela Lei Estadual
N°11.241/2002) ao estabelecer sua meta de redução de queima da cana-de-açúcar
de forma antecipada em relação ao que já era previsto por regulamentação es-
tadual, na qual até 2011 já se deveria ter alcançado 70% da área lavoura de cana-
-de-açúcar sem o emprego do fogo, enquanto as regulamentações previam 50%
das áreas para o mesmo ano (IEA, 2012). Outros Estados também estabeleceram
legislações visando ao controle e à eliminação da queima, como em Mato Grosso
do Sul (Lei Estadual N°3.357/2007), Minas Gerais (Resolução Conjunta SEMAD/IEF
N°2.988/2020) e Goiás (Lei Estadual N° 15.834/2006).

3.1.8. Outras formas de mitigação de metano


na produção agropecuária
Além das rotas de mitigação já mencionadas, também há as soluções que ainda
não possuem escala de aplicação ou que estão em estágios de pesquisa e desen-
volvimento. Além do potencial de mitigação possível de ser alcançado dentro das
atividades da propriedade rural, também pode-se considerar a mitigação prove-
niente dos diferentes elos e atores dos sistemas agroindustriais do setor, contem-
plando não somente as etapas de produção, mas também as etapas referentes
aos insumos, processamento, distribuição e consumo.

Exemplo disso é o uso da vacinação contra os microrganismos metanogênicos


responsáveis pela produção de metano no rúmen. Ainda é uma prática que preci-
sa ser mais estudada para garantir os impactos desejados (Machado et al., 2011;
Subharat et al., 2015). Outras formas de mitigação de metano estão associadas
com a redução de perdas e desperdícios de alimentos, além da mudança associada
a padrões alimentares e de consumo de alimentos (Unep and Climate and Clean
Air Coalition, 2021).

Por fim, outra estratégia com potencial de mitigação de metano, mesmo com
variações na sua capacidade, é o uso de algas marinhas na alimentação animal,
principalmente para o gado de corte e leite. Diversos resultados indicam a redu-
ção da produção de metano mediante o uso de pequenas doses na alimentação
dos animais ruminantes, demonstrando a oportunidade em avaliar o potencial de
redução de metano de diferentes tipos de algas.

3.2. Mudanças de uso da terra e florestas


No setor de mudanças de uso da terra e florestas, o combate ao uso do fogo é a
principal medida mitigadora das emissões de metano provenientes de queimadas,
associadas e não associadas ao desmatamento. Primeiramente, o combate ao
desmatamento tem papel central na redução das queimadas associadas à abertura
de novas áreas. Além disso, o fogo é utilizado como prática agropecuária e como
ferramenta auxiliar no processo de desmatamento, e isso se constitui em um hábito
cultural na maior parte do território brasileiro. Moratórias de fogo e campanhas

52
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

para a redução do uso do fogo como ferramenta agropecuária, acompanhadas


de fiscalização efetiva, são estratégias mitigadoras importantes para reduzir as
emissões associadas a esses eventos.

Conjuntamente, a prevenção e o combate dos incêndios florestais em áreas


naturais, em grande parte de origem antrópica (Schumacher et al., 2020), é medida
prioritária. O treinamento e o financiamento das brigadas para combate a incên-
dios florestais, tanto do Corpo de Bombeiros quanto de órgãos federais como o
PrevFogo/Ibama, terão impacto no combate efetivo a esses incêndios. Além disso,
a atuação desses órgãos na prevenção dos incêndios inclui a instalação e manuten-
ção de aceiros ao redor de áreas naturais, como Unidades de Conservação, além
de queimadas prescritas para redução do material combustível são ferramentas
atualmente utilizadas em algumas áreas no bioma Cerrado para ajudar a conter
a incidência e as extensões dos eventos de fogo em áreas de vegetação nativa.

No caso das emissões de metano por reservatórios, sugerimos a revisão e in-


terrupção do planejamento e instalação de novas usinas hidrelétricas. Apesar de
a legislação brasileira atual exigir a retirada da vegetação previamente ao enchi-
mento de barragens, quantidades significativas de matéria orgânica permanecem
no solo, o que pode implicar em emissões substanciais nos reservatórios de usinas
hidrelétricas (Fearnside, 2016).

Portanto, sabe-se que as três estratégias mitigadoras mais promissoras para limitar
o papel das usinas hidrelétricas nas emissões nacionais de metano incluem: (1) limitar
o teor de nutrientes nos reservatórios, com a retirada da vegetação previamente
ao enchimento (de Faria et al., 2015; Fearnside, 2016) e com o planejamento dos
reservatórios para que estejam distantes ou a montante de fontes exógenas signi-
ficativas de nutrientes (e.g. áreas agrícolas) (Deemer et al.,2016); (2) o planejamento
de reservatórios a fio d’água, que inundem o mínimo possível de área; e (3) o pro-
jeto de turbinas mais superficiais, que não movimentem águas profundas, onde há
maior concentração de metano (IPCC, 2019). No entanto, essas medidas devem se
dar antes da instalação, na fase de planejamento das usinas e seus reservatórios.
Para as usinas já instaladas, o tempo desde o alagamento fará grande diferença
no decaimento das emissões de metano, em uma taxa ainda não compreendida.

3.3. Tratamento de resíduos


No Brasil existe um arcabouço legislativo importante na gestão de resíduos que
contribuem para o potencial de mitigação de emissões de GEE do setor, como por
exemplo a Lei nº 12.035/2010 (que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos)
e a Lei nº 11.448/2007 (que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento
básico). Essas políticas incorporam a gestão sustentável de resíduos, promovendo
práticas de redução da geração, reuso, reciclagem e aproveitamento energético
do biogás gerado em aterros sanitários e estações de tratamento de efluentes.
Destacam-se também instrumentos como o Plano Nacional de Resíduos Sólidos
(Planares)8 e o Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab)9.

8
Planares – https://bit.ly/3cQHz0c
9
Plansab – https://bit.ly/3TM7qqH

53
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

Além disso, pode-se citar a recente Lei nº os custos com a produção versus as expectativas de
14.026/202010 que atualiza o Marco Legal do Sanea- recuperação desses custos (Abcon Sindcon, 2022).
mento Básico e que tem como um dos principais ob-
Recentemente, em março de 2022, foi lançado o
jetivos promover a universalização do acesso e efetiva
Programa Nacional de Redução de Metano de Resí-
prestação do serviço saneamento básico, de modo a
duos Orgânicos – Metano Zero, visando à utilização de
garantir para 99% da população acesso a água potável
resíduos sólidos para a geração de energia renovável e
e para 90% a coleta e tratamento dos efluentes até
economicamente viável. O tratamento adequado dos
31 de dezembro de 2033. Ademais, o marco também
resíduos urbanos e rurais gera biometano14, um bio-
busca trazer instrumentos para aumentar a participa-
combustível gasoso, com diversas aplicações, como:
ção privada no setor. No entanto, a questão climática
geração de energia elétrica, uso veicular e possível
não é citada no documento.
injeção nas malhas de gás natural (MMA,2022).
A produção de biogás e biometano, no Brasil, apre-
O documento de lançamento do programa Meta-
senta o maior potencial de recuperação de CH4 prove-
no Zero15 prevê linhas de crédito e financiamento es-
niente do tratamento e da disposição final de resíduos
pecíficas, visando ao desenvolvimento das seguintes
sólidos municipais, agrícolas e efluentes líquidos (do-
ações (MMA,2022):
mésticos e industriais). Segundo a EPE11, observou-se
A. Implantação de biodigestores, em especial em áre-
o potencial teórico de geração de 4,9 bilhões de Nm³
as rurais;
(metro cúbico normal) de biogás em 2019. No entanto,
transpor o potencial teórico em valor absoluto é um B. implantação de sistema de purificação de biogás,
exercício complexo e que depende de vários fatores, produção e compressão de biometano;
principalmente relacionados à universalização do sa-
C. criação de pontos e corredores verdes para abas-
neamento, como a quantidade da população aten-
tecimento de veículos pesados movidos a biome-
dida, percentual atendido por sistemas anaeróbios
tano, tais como ônibus, caminhões e implementos
de tratamento e do fator de produção de biogás. De
agrícolas, contribuindo para a redução de gases de
acordo com informações obtidas no Probiogás12, ape-
efeito estufa e para a melhoria da qualidade do ar;
nas 4% do biogás gerado é aproveitado atualmente,
devido aos altos níveis de população que ainda não D. implantação de tecnologias que permitam a utilização
tem acesso aos serviços de saneamento adequados. de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade
de emissões de gases de efeito estufa em motores de
A Associação e Sindicato Nacional das Concessioná-
combustão interna de ciclo Otto ou diesel, atendidas
rias Privadas de Serviços de Água e Esgoto (Abicon/Sin-
as normas fixadas pelos órgãos competentes.
dicon) produziu um documento denominado Agenda
Legislativa dos Operadores Privados de Saneamento13 E. alavancagem da utilização ou desenvolvimento da
apresentado propostas para facilitar a implantação do tecnologia veicular
novo marco regulatório do saneamento básico na pers-
F. desoneração tributária para infraestruturas relacio-
pectiva do setor privado. Nesse material é destacada a
nadas com projetos de biogás e biometano
importância do Projeto de Lei nº 6559/2013 que dispõe
sobre normas sobre a exploração do biogás, visto que O programa estima, como base no total de resí-
o mesmo pode ser um instrumento de incentivo ao uso duos gerados por dia no Brasil, a capacidade teórica
adequado do biogás gerado em aterros sanitários e de aproveitamento de 120 milhões de m³ de biome-
estações de tratamento de efluentes. Atualmente os tano por dia, capacidade maior que a do gasoduto
prestadores de serviços de saneamento descartam a Brasil-Bolivia de gás natural (MMA,2022). No entan-
utilização do metano gerado, em especial considerando to, é importante destacar que o uso de biometano

10
Lei 14.026/2020 – https://bit.ly/3evV4Da
11
EPE VII Fórum do biogás – https://bit.ly/3TLgRXt
12
Probiogás (2015) – https://bit.ly/3qcWZyT
13
Abcon Sindcon – https://bit.ly/3qcGC5o
14
Segundo a resolução ANP nº 685/2017, o biometano é o biogás purificado, apresentando composição obrigatória mínima de 90%
de metano (CH4).
15
MMA – https://bit.ly/3AU9WCL

54
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

depende dos meios de distribuição e da presença de gasodutos em pontos estraté-


gicos do país. A ausência de estrutura física dificulta a distribuição desse combustível
e reduz seu potencial de aproveitamento. O aproveitamento máximo do potencial de
redução das emissões de CH4 pelo uso do biogás e biometano dependem de fatores
como a universalização dos serviços de coleta e tratamento de efluentes e disposição
de resíduos sólidos, apoio dos governos federais e estaduais para que municípios te-
nham recursos suficientes para atender os objetivos do PNRS, bem como amplo aces-
so às tecnologias disponíveis para gestão de RSU e não limitação de políticas de apoio.

Em linhas gerais, as medidas de mitigação mais relevantes conversam com a im-


plementação das políticas e programas setoriais (e.g. Plano Nacional de Resíduos
Sólidos, Marco Legal do Saneamento, Plano Nacional. Programa Nacional Metano
Zero) e também com as medidas previamente estabelecidas na Proposta do Obser-
vatório do Clima para a 2a Contribuição Nacionalmente Determinada do Brasil no
âmbito do Acordo de Paris.

As principais estratégias de mitigação para o setor de resíduos podem ser alcançadas,


com um número significativo de estratégias de baixo e médio custo, visto que que a maio-
ria das tecnologias já estão disponíveis em um nível que permite a utilização em escala
econômica. Soluções como separar e tratar resíduos orgânicos por meio de compostagem
e digestão anaeróbica, transformando-o em composto e bioenergia; aumentar a recupe-
ração de biogás em Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs); e, aproveitar o biogás
gerado em aterros sanitários possui um potencial de reduzir entre 30-35% as emissões
de metano no setor de resíduos até 2030 (CCAC, 2021). Para que essas soluções sejam
factíveis é necessário um aumento no investimento orçamentário do setor chegando ao
equivalente a pelo menos 1% do PIB do país, garantindo uma média de R$20 bilhões por
ano ao setor de resíduos (CEBDS, 2020).

Nesse contexto, dentre as soluções já conhecidas e com maior potencial de redu-


ção, destacam-se:

• Resíduos sólidos:
- Reduzir gradualmente até eliminar a disposição em aterros sanitários de
resíduos orgânicos;
- Ampliar e promover a recuperação de energética e queima do gás de aterro
sanitário;
- Diversificar as rotas de tratamentos de resíduos sólidos, ampliando taxas de
tratamento biológico de resíduos sólidos;
- Reduzir taxas de geração de resíduos em grandes centros.

• Tratamento de efluentes líquidos:


- Utilização para tratamento anaeróbio secundário/terciário com recuperação e
utilização de biogás;
- Avaliar medidas para tornar mais efetivo e sustentável o tratamento de água e
efluentes líquidos domésticos com o objetivo de minimizar as emissões de gases
de efeito estufa.

Essa medidas estratégicas e mecanismos que podem propiciar uma gestão mais sus-
tentável de resíduos foram detalhadas na iniciativa SEEG Soluções, processo no qual o
Observatório do Clima se propôs a mapear e compilar ações de mitigação e adaptação a
nível local, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável com redução de
emissões, instrumentalizando e engajando atores-chave para enfrentarem esse desafio.

55
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

3.4. Setor de energia


Como mostrado na seção 2.1.5, a queima de lenha para cocção residencial é uma
das maiores fontes de emissão de metano no setor de energia. Assim, superar
esse uso da lenha - que indica falta de acesso a fontes energéticas mais eficientes
e consequente vulnerabilização social - é uma oportunidade também para mitigar
emissões. Ao longo do tempo, a substituição do uso de lenha por fogões a gás
- gás liquefeito de petróleo (GLP) ou gás natural (GN) - foi responsável por uma
redução significativa de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Tal substituição
produziu um ganho direto na qualidade de vida de pessoas que precisavam coletar
lenha para cozinhar e que, além disso, ficavam expostas à poluição do ar no interior
de suas casas, gerada pela queima dessa biomassa.

À primeira vista, tal caso em que a substituição de um biocombustível por com-


bustíveis fósseis gera menos emissões de GEE pode parecer contraintuitivo, uma
vez que as emissões de dióxido de carbono (CO2) pela queima de biocombustíveis
não deve ser considerada no balanço geral das emissões, pois a biomassa captu-
rou o mesmo CO2 da atmosfera durante seu crescimento. Ocorre que a queima
da lenha na cocção em condições precárias é muito ineficiente, emitindo mais
que o dobro de GEE, somando-se CO2, CH4 e óxido nitroso (N2O), expressos em
dióxido de carbono equivalente (CO2e), do que o GLP e o GN, conforme ilustra
a tabela abaixo, cuja última coluna mostra a quantidade de emissões de GEE por
energia útil fornecida pelos combustíveis. A coluna “r” indica o fator de eficiência
dos fogões para cada tipo de combustível, segundo o Balanço de Energia Útil.

Tabela 8.
Fatores de emissão para
aquecimento direto
residencial

KGCO2/TJ kgCH4/TJ kgN2O/TJ kgCO2e/TJ r kgCO2e/TJútil

Gás natural seco 56,100 1.0 1.00 56,393.0 50% 112,786

GLP 63,100 1.1 1.00 63,395.8 50% 126,792

Lenha - 932.0 9.06 28,496.9 10% 284,969


Fonte: elaborado a partir do SEEG e do Balanço de Energia Útil

Uma outra forma de aprimorar a cocção residencial, e independente do uso


de combustíveis fósseis, é o uso de modernos fogões a lenha com queima con-
trolada16. Tais fogões são projetados para queimar lenha de forma eficiente e não
gerar poluição do ar no interior das casas. É importante garantir também que o
combustível usado tenha origem certificada, não sendo associado a desmatamen-
to. Há ainda a alternativa do uso de fogões elétricos que, combinada com uma
matriz elétrica de baixo carbono, pode reduzir ainda mais as emissões de GEE.

De modo geral e para além do uso de energia na cocção de alimentos, o aumen-


to da eficiência energética em todos os segmentos com consumo de combustíveis
também é uma maneira de diminuir as emissões de metano, ao reduzir-se a própria
queima de combustíveis.

16
 Coalizão Clima e Ar Limpo (Climate and Clean Air Coalition) e o projeto Drawdown defendem a solução: <https://www.ccacoalition.
A
org/en/content/short-lived-climate-pollutant-solutions&sa=D&source=docs&ust=1648228341939753&usg=AOvVaw1HsDFK6OXa5uYz
q9wg6-oa>, acesso em 16 de março de 2022; e <https://drawdown.org/solutions/improved-clean-cookstoves&sa=D&source=docs&u
st=1648228341959655&usg=AOvVaw1y3SzGkohDWgyh1bfbl4t8>, acesso em 16 de março de 2022.

56
3
Medidas para o
Brasil reduzir
as emissões

Como mostrado na seção 2.1.5, as emissões fugitivas da indústria de petróleo


e gás natural são outras das maiores fontes de emissão de metano no setor de
energia. Recentemente, essa indústria, a nível global, tem anunciado esforços para
controlar tais emissões, sendo um exemplo a Aiming for Zero Methane Emissions
Initiative, lançada em março de 2022 pela Oil & Gas Climate Initiative, com vistas
ao Global Methane Pledge. A iniciativa prevê a eliminação de praticamente todas
as emissões de metano dos ativos de petróleo e gás operados pelos signatários
até 2030, cabendo a cada um deles definir como atingirá esse objetivo. A brasileira
Petrobras figura entre as empresas signatárias, com uma meta de reduzir em 40%
sua intensidade de emissões até 2025, com base no ano de 2015.

A fim de apontar o caminho para a redução de emissões de metano, com vistas


ao atendimento do Compromisso Global do Metano, as seguintes ações contri-
buem para mitigar as emissões das principais fontes de metano no setor de energia:

• Substituição de fogões a lenha tradicionais (ou precários) por modernos fogões


a lenha, que são mais eficientes;

• Substituição do uso de lenha por GLP nas residências;

• Substituição do uso de combustíveis por energia elétrica nas residências;

• Redução na intensidade de emissões fugitivas de metano na exploração e pro-


dução de petróleo e gás;

• Redução da exploração de carvão mineral;

• Adoção de medidas de eficiência energética na indústria, reduzindo a queima


de combustíveis.

57
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES

4
DE METANO NO BRASIL

Meta para a redução das


emissões de metano

Neste capítulo procurou-se avaliar (i) a direção das emissões de metano no Bra-
sil até 2030 considerando as políticas atuais de mitigação no país (BAU); (ii) o
potencial de redução de emissões de metano no Brasil num horizonte de longo
prazo; e (iii) uma proposta de meta de redução de emissões alcançável pelo Brasil
dentro do horizonte de 2030 de forma compatível com a meta global de redução
de 30% das emissões.

Primeiro apresentamos a análise para cada setor e ao final os valores agregados


para todo o Brasil.

4.1. Agropecuária
Para a projeção das emissões de metano do setor de agropecuária de 2021 até
2030, foi utilizada a mesma metodologia do Quarto Inventário Nacional (MCTI,
2020a) e realizou-se a projeção de dados de atividades necessários para os cálculos
das emissões dos subsetores de manejo de dejetos animais, fermentação entérica,
cultivo de arroz e queima de resíduos agrícolas.

Para o subsetor de manejo de dejetos animais, foram projetados os dados das


populações dos rebanhos de animais de bovinos em sua totalidade e vacas orde-
nhadas, com base na tendência de aumento desses rebanhos apresentados pelas
projeções feitas para o agronegócio brasileiro até 2029, de acordo com a Fiesp
(2020). Para o rebanho de bovinos confinados, foi utilizado o dado da Anualpec
(2021) de bovinos de corte em sistema de confinamento em 2020 e utilizou-se a
projeção de Barbosa et al. (2015) para o número de cabeças de bovinos em con-
finamento até o ano de 2030.

Para o rebanho de suínos em sua totalidade, foi utilizado o dado de projeção da


produção de carne suína (em toneladas) até 2030, de acordo com o MAPA (2021b).
Para o rebanho de suínos matrizes, os dados foram alocados anualmente até 2030
de acordo com a porcentagem de participação desse rebanho dentro do rebanho
total. Posteriormente, o rebanho de suínos foi classificado entre industriais e de
subsistência, conforme a metodologia do Quarto Inventário.

Para os demais rebanhos de animais, como equinos, bubalinos, caprinos, ovinos,


asininos, muares, galináceos totais, galináceos galinhas, codornas, e galos, frangos
e pintos, os valores foram projetados com base na tendência de crescimento ou
diminuição apresentada entre 2010 e 2020.

Para o subsetor de fermentação entérica foram utilizados os mesmos dados


projetados para manejo de dejetos animais, com exceção dos dados dos rebanhos
de suínos, galináceos totais, galináceos galinhas, codornas, e galos, frangos e
pintos. Ainda foram utilizados dados das projeções feitas pelo Mapa (2021b) para
a produção de carcaça de bovinos e produção de leite.

58
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Para o subsetor de cultivo de arroz irrigado, utilizou-se a projeção do Mapa


(2021b) dos dados de área colhida e produção de arroz (irrigado e sequeiro) até o
ano de 2030. Após isso, foram utilizados os dados de 2020 de área e produção de
arroz irrigado, disponibilizados pela Embrapa Arroz e Feijão (2021).

Para o subsetor de queima de resíduos agrícolas, tanto a área colhida, quanto


a produção de cana-de-açúcar foram utilizados a partir da projeção feita pelo
Mapa (2021b) até o ano de 2030. Para a projeção da área com colheita manual, foi
utilizada a média da variação anual de 2011 até 2021.

Após projetados todos os dados de atividade da pecuária e agricultura neces-


sários, pode-se calcular as emissões de metano para três cenários diferentes de
mitigação: o cenário de emissões considerando as políticas e medidas de miti-
gação já previstas (BAU), o cenário com proposta de meta de redução de 30%
das emissões do setor até 2030 em comparação com 2020 (Meta) e, por último, o
cenário de potencial de redução teórico (Potencial).

Para cada cenário, as estratégias de mitigação foram aplicadas às respectivas


fontes e atividades emissoras de metano, sendo utilizado o potencial de mitiga-
ção de acordo com premissas e taxas de adoção dessas práticas e tecnologias
de mitigação.

Vale destacar que para o subsetor de fermentação entérica, as estratégias de


redução de emissão via terminação intensiva (TI), melhoramento genético animal
(MGA) e melhoramento e manipulação da dieta animal tiveram o cálculo realizado
a partir da aplicação do potencial mitigação de metano por unidade de produto
animal (carcaça e leite), mediante premissas de taxas de adoção das práticas de
manejo e tecnologias relacionadas. Para a estratégia de mitigação de manipula-
ção da fermentação ruminal, o seu potencial de mitigação foi estimado através
da multiplicação do fator de emissão de cada categoria de rebanho animal pelo
potencial de redução adotado para essa via de mitigação. Ao final, realizou-se a
soma do valor de mitigação de cada estratégia, para se comparar com o cenário
de emissões BAU.

Para o subsetor de manejo de dejetos animais, cultivo de arroz irrigado e quei-


ma de resíduos agrícolas, o potencial de mitigação estimado foi feito a partir da
alteração de fatores de emissão e parâmetros de cálculo que representassem as
premissas e taxas de adoções esperadas para cada cenário avaliado.

A Tabela 09 traz as premissas adotadas para o cálculo das estimativas de cada


subsetor para os cenários projetados (BAU, Meta e Potencial), considerando as
taxas de adoção para o emprego das práticas e tecnologias de redução de metano
e as fontes e atividades emissoras para que foram contabilizadas as mitigações de
acordo com cada estratégia abordada.

59
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Tabela 9.
Considerações para o cálculo do potencial de mitigação
de cada estratégia de mitigação adotada para os
cenários de emissões BAU, Meta e Potencial

ESTRATÉGIA DE
SUBSETOR BAU META POTENCIAL
MITIGAÇÃO

Suínos Industriais: Aumento


de 45% de participação de Suínos Industriais: Aumento
Biodigestor da parcela do Liquid/ de 100% de participação de
Slurry (com cobertura de crosta Biodigestor em relação ao Liquid/
natural) e conversão total (100%) Slurry (com cobertura de crosta
do sistema de Lagoa Anaeróbica natural) e conversão total (100%)
para Biodigestor do sistema de Lagoa Anaeróbica
Suínos Industriais:
Bovinos de corte (confinados): para Biodigestor
Aumento de 27%
de participação Aumento da participação do Bovinos de corte (confinados):
de Biodigestor sistema de Piso de Confinamento Substituição do sistema de
Tratamento da parcela do (Dry Lot) até alcançar média Armazenamento Sólido para Piso
Manejo de de 92% de participação no de Confinamento (Dry Lot) em
de Dejetos Liquid/Slurry (com
Dejetos tratamento, ao substituir o sistema 100%
Animais (TDA) da cobertura de crosta
Animais de Armazenamento Sólido
Produção Pecuária natural) e conversão Bovinos de leite (alta produção):
total (100%) do Bovinos de leite (alta produção): Sistema de Pastagem permanece
sistema de Lagoa Aumento da participação do igual e substituição de 100% do
Anaeróbica para sistema de Biodigestor até alcançar sistema de Lagoa Anaeróbica
Biodigestor média de 11,5% de participação no para Biodigestor
tratamento, ao substituir o sistema Bovinos de leite (baixa
de Lagoa Anaeróbica produção): Conversão
Bovinos de leite (baixa total (100%) do sistema de
produção): Conversão total (100%) Armazenamento Sólido para
do sistema de Armazenamento Compostagem
Sólido para Compostagem
Abatimento de 5
milhões de cabeças
Cerca de 30% dos animais Alcance de 100% dos abates
até 2030 (média
Terminação abatidos por meio de TI até 2030 de bovinos pelo uso TI até 2030
anual de 500.000
Intensiva (TI) (Abatimento de 91,3 milhões de (Abatimento de 304,4 milhões de
cabeças ao ano
cabeças até 2030) cabeças até 2030)
até 2030) (Fonte:
Plano ABC+)

Bovinos de Corte e Leite: Bovinos de Corte e Leite:


Melhoramento
Aumento anual de 3% dos Aumento anual de 10% dos
Genético Animal –
bovinos de corte e leiteiros bovinos de corte e leiteiros
Fermentação (MGA)
produzindo gerados por MGA produzindo gerados por MGA
Entérica
Bovinos de Corte (confinados) e Bovinos de Corte (confinados) e
de Leite (alta produção): Aumento de Leite (alta produção):
Manipulação da
anual de 4,5% dos bovinos de corte Aumento anual de 10% dos bovinos
Fermentação –
e leiteiros produzindo gerados de corte e leiteiros produzindo
Ruminal
por Manipulação da Fermentação gerados por Manipulação da
Ruminal Fermentação Ruminal

Bovinos de Corte e Leite: Bovinos de Corte e Leite:


Melhoramento e
Aumento anual de 6,5% dos Aumento anual de 10% dos
Manipulação da –
bovinos de corte e de leite com bovinos de corte e de leite com
Dieta Animal
melhor dieta melhor dieta

Rio Grande do Sul (RS): Rio Grande do Sul (RS):


Conversão de 75% da área Conversão de 100% da área
Práticas de Manejo produtiva do estado (preparo produtiva do estado (preparo
Cultivo de convencional e outros) para convencional e outros) para
no Cultivo de Arroz –
Arroz Irrigado preparo antecipado preparo antecipado
Irrigado
RS e Demais UF: Adoção anual RS e Demais UF: Adoção anual
de 2% de manejo da irrigação de 2% de manejo da irrigação

Redução da Redução de 50% da prática Redução de 100% da prática


Queima de
Queima dos manual de colheita para cada UF manual de colheita para cada UF
Resíduos –
Resíduos Agrícolas (aumento de 50% da colheita feita (aumento para 100% da colheita
Agrícolas
da Cana-de-açúcar de forma mecanizada) feita de forma mecanizada)

60
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Considerando o cenário de emissões BAU, estima-se que haveria um aumento


de 5,66% das emissões de metano em 2030 em comparação com 2020, alcançando
o valor de 15,37 Mt CH4. Para o cenário de proposta de meta de redução de 30%
das emissões do setor até 2030 em comparação com 2020 (Meta), contabilizou-se
uma mitigação com valor acumulado de 34,23 Mt CH4 ao longo do período de
dez anos, alcançando em 2030 a emissão de 10,17 Mt CH4. Já para o cenário de
emissões considerando o potencial de redução teórico (Potencial) foi estimada uma
redução de 77,45% das emissões de metano em 2030 em comparação com 2020,
além de apresentar o valor de mitigação acumulado de 86,97 Mt CH4 ao longo
dos dez anos, alcançando a emissão hipotética de 3,28 Mt CH4. A Tabela 10 e a
Figura 28 trazem os valores estimados e projetados das emissões de cada subsetor
para estes cenários e o total do setor agropecuário, respectivamente.
Tabela 10.
Projeções das emissões
de metano (mil tCH4/ano)
para o setor agropecuária
até 2030.

MANEJO DE FERMENTAÇÃO CULTIVO DE QUEIMA DE RESÍDUOS


Mil CH4 TOTAL
DEJETOS ANIMAIS ENTÉRICA ARROZ IRRIGADO AGRÍCOLAS
ANO BAU META BAU META BAU META BAU META BAU META
2020 845,15 845,15 13.320,48 13.320,48 370,34 370,34 7,72 7,72 14.543,69 14.543,69
2021 804,63 787,54 13.347,15 11.636,79 353,86 349,17 8,69 8,69 14.514,33 12.782,20
2022 803,42 770,97 13.462,13 11.412,99 325,65 317,06 8,62 8,34 14.599,82 12.509,35
2023 804,41 756,06 13.578,79 11.184,37 307,89 295,75 8,60 7,96 14.699,69 12.244,13
2024 804,18 739,45 13.695,39 10.949,20 291,64 276,36 8,59 7,54 14.799,81 11.972,56
2025 804,70 723,01 13.812,25 10.707,79 271,32 253,61 8,59 7,09 14.896,86 11.691,51
2026 803,51 704,42 13.928,96 10.459,75 250,26 230,74 8,60 6,61 14.991,33 11.401,53
2027 801,95 684,94 14.045,72 10.205,27 230,54 209,65 8,61 6,09 15.086,82 11.105,95
2028 799,25 663,88 14.162,40 9.944,21 210,87 189,13 8,63 5,55 15.181,15 10.802,76
2029 796,38 642,10 14.279,24 9.676,82 190,42 168,44 8,66 4,96 15.274,70 10.492,32
2030 792,81 619,14 14.396,19 9.403,05 169,61 147,97 8,69 4,35 15.367,30 10.174,50
Potencial 923,72 33.127,97 164,20 19,11 34.235,00

Figura 28.
Emissões de metano
(mil tCH4/ano) por setor
18.000 18000
de agropecuária para 16.500 14.544 15.367 16500
os cenários BAU, Meta 15.000 15000
e Potencial projetados 13.500 13500
até 2030 10.175
12.000 12000
Mil tCH4

Mil tCH4

10.500 10500
9.000 9000
7.500 7500
6.000 6000
4.500 4500 3.279
3.000 3000
1.500 1500
0 0
SEEG
2005 2010 2015 2020 2025 2030
BAU
Ano Potencial
Meta

61
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

4.2. Mudanças de uso da terra e florestas


A NDC proposta pelo Observatório do Clima em 2021 propôs um decréscimo
das emissões brutas no setor MUT de forma a zerar o desmatamento até 2030,

2028
enquanto permite um nível constante de emissões relacionadas a outros tipos de
mudança de uso da terra (OC, 2021). Ao mesmo tempo, na COP26, em Glasgow
em 2021, o ministro do Meio Ambiente fez a promessa de que o Brasil zeraria o
desmatamento ilegal em 2028. Nesse contexto, construiu-se dois cenários proje-
foi a data tados de emissões de metano por queimadas associadas ao desmatamento. O
proposta pelo primeiro cenário configura o potencial máximo de redução, considerando que
Brasil para erar as emissões de metano causadas por queimadas associadas ao desmatamento
o desmatamento decairão exponencialmente até zerar em 2030.
ilegal O segundo cenário, mais conservador, é a meta que propomos. Ele consi-
dera que a proporção dessas emissões com indícios de ilegalidade decairá até
zerar em 2028, enquanto a proporção sem indício de ilegalidade permanecerá
constante com relação aos níveis de 2020. Esses indícios incluem a inexistência
de autorizações de supressão da vegetação, a sobreposição com áreas prote-
gidas por lei (Unidades de Conservação e Terras Indígenas), áreas protegidas
dentro dos imóveis rurais (Reserva legal e Área de Preservação Permanente),
áreas sob embargo e áreas de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS)
(MapBiomas, 2021).

A proporção média de áreas desmatadas com indícios de ilegalidade por bioma


considerando o período de 2019 a 2021 foi calculada pela iniciativa MapBiomas
Alerta e está apresentada na Tabela 11. Essas metas foram então comparadas com
um cenário business-as-usual (BAU) em que o desmatamento continuará com a
mesma taxa que a observada em 2020 (Tabela 11).

Com relação às emissões por queimadas não associadas ao desmatamen-


to, construímos um primeiro cenário, que representa o potencial máximo de
redução e que consiste no abandono da prática de renovação de terreno de
pastagem e cultivos agrícolas com o uso do fogo, além da eliminação das quei-
madas antrópicas em áreas naturais. Considerando que o fogo pode ocorrer de
forma natural em alguns biomas, como o Cerrado e o Pantanal, nós definimos
uma proporção de fogo que deve ser por causas naturais nesses dois biomas,
devido ao fato de ocorrerem em épocas mais chuvosas. Por saber que se trata
de eventos raros, delineamos as estações em que o fogo ocorre de forma menos
intensa nos dois biomas com base na área de cicatrizes de fogo mapeadas pela
iniciativa MapBiomas Fogo (Figura 29). Com isso, os períodos de queimadas
não antrópicas foram determinados como de novembro a abril no Cerrado e
de janeiro a maio no Pantanal.

Ao longo de todo o período analisado, de 1985 a 2020, isso representa uma


proporção estimada de queimadas naturais de 0.03% no Pantanal e 0.07% no
Cerrado (Tabela 11). É fato que parte dessas queimadas ainda pode ser de ori-
gem antrópica, mas, na falta de um método mais preciso de classificação de
queimadas naturais nesses biomas, escolhemos ser conservadores e classificar
mais eventos de fogo como naturais, de forma a comportar uma proporção maior
de eventos ainda em 2030.

62
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

O segundo cenário proposto com relação às queimadas não associadas ao


desmatamento é mais conservador e, além de permitir essa proporção conside-
rada natural no Cerrado e no Pantanal, consiste em considerar a não-exclusão da
prática de uso do fogo para limpeza e renovação de áreas já abertas (Meta). Esse
cálculo se baseou na proporção de áreas queimadas não associadas ao desmata-
mento em classes de pastagem e áreas agrícolas em cada bioma, de acordo com
o MapBiomas Fogo (Tabela 11). Finalmente, um cenário business-as-usual (BAU)
também é apresentado, em que as queimadas não associadas ao desmatamento
continuarão nas mesmas proporções que as observadas em 2020 (Tabela 11).

Figura 29.
Distribuição
mensal das áreas
CERRADO PANTANAL
queimadas nos
Área queimada (milhões de hectares)

90 12
biomas Cerrado

Área queimada (milhões de hectares)


e Pantanal no
68 9
total do período
de 1985 a 2020,
45 6
segundo o
MapBiomas Fogo,
23 3
usada para definir
os períodos de
0 0
queimadas naturais
Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro
durante a estação
chuvosa: de
novembro a abril
para o Cerrado e
de janeiro a maio
no Pantanal

Tabela 11.
Dados utilizados para cálculo dos cenários futuros de queimadas associadas e
não associadas a desmatamento. A proporção de desmatamento com indícios de
ilegalidade é a média dos três anos reportados pelo Relatório Anual de Desmatamento
do MapBiomas Alerta (MapBiomas, 2021). As proporções de fogo considerado natural
e de fogo em áreas de agropecuária se basearam nas áreas mensais de cicatrizes de
fogo por bioma mapeadas pelo MapBiomas Fogo

QUEIMADAS ASSOCIADAS
QUEIMADAS NÃO ASSOCIADAS AO DESMATAMENTO
AO DESMATAMENTO

BIOMA PROPORÇÃO DE
PROPORÇÃO DE FOGO PROPORÇÃO DE
DESMATAMENTO COM
CONSIDERADO NATURAL QUEIMA EM ÁREA DE
INDÍCIOS DE ILEGALIDADE
(2016-2020) AGROPECUÁRIA (1990-2020)
(2019-2021)
Amazônia 99% - 61%
Caatinga 99% - 10%
Cerrado 99% 0,07% 8%
Mata Atlântica 89% - 38%
Pampa 100% - 35%
Pantanal 99% 0,03% 6%

63
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Tabela 12.
Descrição dos cenários propostos para o setor de
Mudanças de Uso da Terra e Florestas e seus critérios.

SUBSETOR BAU META POTENCIAL

Desmatamento com indícios de


Queimadas Desmatamento com ilegalidade zerados em 2028
associadas a a mesma taxa que a Desmatamento zero em 2030
desmatamento observada em 2020 Desmatamento sem indícios de ilegalidade
nos mesmos níveis que em 2020
Eliminação das queimadas antrópicas em Eliminação das queimadas antrópicas em
Área queimada nas áreas cobertas por vegetação nativa áreas cobertas por vegetação nativa
Queimadas não
mesmas proporções
associadas a Não exclusão do uso do fogo como prática Exclusão do uso do fogo como prática
que as observadas em
desmatamento de renovação de terreno em áreas de de renovação de terreno em áreas de
2020
pastagem e cultivos agrícolas pastagem e cultivos agrícolas

Figura 30. (A)


Cenários de trajetória 4.00 5,00
das emissões brutas
de metano por
queimadas associadas 3.00 3,75
(A) e não associadas
Mil tCH4

Mil tCH4
(B) ao desmatamento,
considerando o 2.00 2,50

cenário business-as-usual
(BAU), as metas propostas
e o potencial máximo 1.00 1,25

de redução
0
0 0
2005 2013 2021 2030
Ano Potencial

(B)
4.00 5,00

3.00 3,75
Mil tCH4

Mil tCH4

2.00 2,50

1.00 1,25

0,2
0 0
2005 2013 2021 2030
SEEG Ano Potencial
BAU
Meta

64
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

O cenário Meta relacionado às queimadas associadas a desmatamento implica


em atingir 29 mil toneladas de CH4 em 2028, contra uma estimativa de 2,7 milhões de
toneladas de CH4 de acordo com o cenário BAU (Figura 30A; Tabela 13). O potencial,
com relação às queimadas associadas a desmatamento, é de zero, considerando a
exclusão de todo tipo de desmatamento, com ou sem indícios de ilegalidade, até 2030.

Com relação às queimadas não associadas a desmatamento, o cenário potencial


é zerar todas as queimadas de origem antrópica até 2030, enquanto se considera
a ocorrência de uma pequena proporção de queimadas consideradas de origem
natural no Cerrado e no Pantanal, o que resulta em 23 mil toneladas de CH4 em
2030. A meta projetada, que adicionalmente considera a ocorrência de fogo em
áreas de agropecuária, alcançaria 190 mil toneladas de CH4 em 2030, contra 623
mil toneladas de CH4 no cenário BAU (Figura 30B; Tabela 13).

No total, a meta para o setor, considerando as duas categorias (queimadas asso-


ciadas e não associadas ao desmatamento), fica em 219 mil toneladas de metano, em
comparação com uma projeção de 3,33 milhões de toneladas em 2030 (Figura 31).
Figura 31.
Projeções consolidadas 5.00 5,00
das emissões de metano
do setor de Mudanças
de Uso da Terra e 3.75 3,75
Florestas, considerando

Mil tCH4
o total das estimativas
Mil tCH4

(queimadas associadas 2.50 2,50

e não associadas
a desmatamento),
incluindo o histórico de 1.25 1,25

2005 a 2020 (SEEG), o


cenário business-as-usual 0,2
0 0
(BAU) e a meta até 2030,
2005 2013 2021
e o potencial máximo Ano Potencial
de redução

Tabela 13. Trajetória de emissões brutas (milhões de toneladas) de metano considerada nos cenários projetados (BAU e
Meta) para queimadas associadas e não associadas ao desmatamento, incluindo o potencial máximo de redução para 2030

QUEIMADAS ASSOCIADAS A QUEIMADAS NÃO ASSOCIADAS


Mil CH4 TOTAL
DESMATAMENTO A DESMATAMENTO
ANO BAU META BAU META BAU META
2020 2,71 2,71 0,62 0,63 3,34 3,34
2021 2,71 1,48 0,62 0,62 3,34 2,10
2022 2,71 0,81 0,62 0,52 3,34 1,32
2023 2,71 0,57 0,62 0,43 3,34 1,01
2024 2,71 0,39 0,62 0,37 3,34 0,76
2025 2,71 0,25 0,62 0,31 3,34 0,56
2026 2,71 0,14 0,62 0,27 3,34 0,41
2027 2,71 0,05 0,62 0,24 3,34 0,29
2028 2,71 0,03 0,62 0,22 3,34 0,24
2029 2,71 0,03 0,62 0,20 3,34 0,22
2030 2,71 0,03 0,62 0,19 3,34 0,22
Potencial 0 0,02 0,02

65
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

4.3. Resíduos
Para a projeção das emissões de metano do setor de resíduos de 2021 até 2030,
foram adotadas premissas baseadas no Planares, Plansab e na NDC proposta pelo
OC. Nesse contexto são apresentados três cenários setoriais para as emissões de
CH4. O primeiro é o business-as-usual (BAU), cenário de referência, no qual foi
considerada projeção linear com base no histórico de emissões. Esta abordagem
culminou em uma taxa de aumento de emissões equivalente a 25,8% em 2030
com relação a 2020.

O segundo cenário, denominado Meta, considerou o alinhamento do setor de

6,5%
resíduos com as metas das políticas públicas e medidas adicionais de mitigação,
em conformidade com os horizontes temporais apresentados no Planares visando
alcançar a meta de redução de 30% das emissões de CH4. As projeções do cená-
rio Meta podem chegar a uma redução de 6,5% das emissões do setor em 2030
é a redução das com relação a 2020. Por último, o cenário Potencial, considerou uma proposta
emissões por de redução mais ambiciosa do que o cenário Meta, adiantando os objetivos do
resíduos até 2030 Planares de 2040 para 2030, bem como incorporando medidas apresentadas no
no cenário Meta estudo ‘Opções de Mitigação de Emissões de GEE em Setores-Chave do Brasil’,
elaborado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e referências adicionais. As pro-
jeções do potencial de redução do setor de resíduos sob uma ótica mais ambiciosa
pode culminar na redução de 35,95% das emissões do setor em 2030 com relação
a 2020. Para os cenários Meta e Potencial não se prevê aumento de emissões de
CH4 do setor. A Tabela 14 apresenta as premissas e considerações adotadas para
as estimativas de cada projeção.

Tabela 14.
Premissas utilizadas para
o setor de resíduos

BAU META POTENCIAL

Tendência de Aumento de 1,5 % na geração Manutenção das taxas atuais de geração – decorrentes
crescimento linear da de 2020-2025 e 1,2% 2025-2030; da implementação de políticas de não geração e redução
geração de resíduos Desvio de pelo menos 8,1% de todos os de geração;
- taxa de crescimento resíduos orgânicos de aterros sanitários  esvio de pelo menos 14% de todos os resíduos orgânicos
D
total de 14% até 2030; de aterros sanitários até 2030;
2020-2025 e 12% 2025-
Recuperar ou queimar pelo menos 50% Recuperar ou queimar 75% de biogás gerado por aterros;
2030.
de biogás gerado por aterros; Reciclar 20% de todo papel de resíduos domiciliares
Desvio de 12,5% da fração de secos até até 2030;
2030; Erradicar todos os lixões até 2024;
Erradicar todos os lixões até 2024.  mpliar a taxa de aproveitamento de biogás em ETEs
A
(potencial de redução de cerca de 200 mil toneladas de CH4).

A Tabela 15, apresenta as projeções de emissões de metano até 2030 para cada
cenário de proposta de redução.

66
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Tabela 15.
Projeções de emissão de metano por
cenário para o setor de resíduos

TRATAMENTO DE
mil tCH4 RESÍDUOS SÓLIDOS TOTAL
EFLUENTES LÍQUIDOS
ANO BAU META BAU META BAU META
2020 2.154 2.154 1.021 1.021 3.175 3.175
2021 2.237 2.094 1.061 1.061 3.298 3.158
2022 2.290 2.087 1.085 1.085 3.375 3.176
2023 2.342 2.074 1.110 1.110 3.452 3.188
2024 2.394 2.053 1.135 1.135 3.529 3.191
2025 2.447 2.020 1.160 1.160 3.607 3.183
2026 2.499 1.974 1.185 1.185 3.684 3.162
2027 2.551 1.917 1.210 1.210 3.761 3.130
2028 2.604 1.849 1.234 1.234 3.838 3.086
2029 2.656 1.770 1.259 1.259 3.916 3.032
2030 2.709 1.682 1.284 1.284 3.993 2.969
Potencial 961 1.072 2.033

Em 2030, o cenário BAU apresentou um aumento de 0,82 MtCH4, equivalente a


cerca de 25,8% em relação às emissões de 2020. Já as projeções para a Meta apre-
sentam uma redução de 0,20 MtCH4 para o mesmo período, ou seja, as hipóteses
sugeridas na Tabela 14 para o cenário Meta conseguem alcançar uma redução de
6,5% das emissões do setor de resíduos em relação às emissões de 2020.

A projeção das emissões para o cenário Meta indica que as principais estratégias
de mitigação para o setor de resíduos podem ter resultados, ainda que não consigam
atingir a meta dos 30% de redução, com um número significativo de estratégias de
baixo e médio custo, visto que a maioria das tecnologias já está disponível em um
nível que permite a sua utilização em escala econômica. Além disso, as medidas de
mitigação mais relevantes dialogam com a implementação das políticas e programas
setoriais, indicando a importância da execução desses planos, não apenas em uma
perspectiva de melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente, mas também
sob a lente climática. A Figura 32 traz as projeções das emissões de metano até 2030,
considerando as hipóteses da Tabela 14 e as emissões da Tabela 15.

Figura 32. b) META


a) BAU
Projeções das
emissões
de metano
do setor de 3,99 3,99
4,0 4,0
resíduos,
considerando 3,5
3,17
3,5
3,17
o histórico 3,0 3,0
MtCH4

até 2020 2,97


2,5 2,5
(SEEG), cenário
business-as- 2,0 2,0

usual (BAU) 1,5 1,5


e Meta.
0 0
SEEG 2010 2015 2020 2025 2030 2010 2015 2020 2025 2030
BAU
Meta

67
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

As estimativas de emissões para cenário Potencial configuram maior ambição,


projetando um potencial mais significativo de redução de CH4 para o setor de
resíduos. As hipóteses utilizadas foram apresentadas na Tabela 14.

As premissas adotadas para o cenário Potencial seguem convergindo com os


planos setoriais, mas de forma um pouco mais ambiciosa. Além disso, também
é considerado o máximo do potencial de recuperação ou eficiência de coleta
de 75%17 de todo o biogás gerado nos aterros sanitários, além da ampliação do
aproveitamento de biogás em ETEs (potencial de redução de cerca de 200 mil
toneladas de CH4). Não é previsto aumento de emissões no setor para alcançar
esse potencial. A Figura 33 traz as projeções das emissões de metano até 2030,
considerando as hipóteses da Tabela 14 e as emissões da Tabela 15 e o potencial
máximo de redução que o setor apresenta.

Figura 33.
Projeções das
4,50 4,50
emissões de metano
do setor de resíduos, 3,99
4,00 4,00
considerando o
cenário e o potencial 3,50
3,17
3,50

que o setor tem

MtCH4
MtCH4

3,00 3,00
de redução 2,97
2,50 2,50
2,03
2,00 2,00

1,50 1,50

1,00 1,00

 istórico (SEEG)
H 2005 2013 2021 2030
Ano Potencial
BAU
Meta

4.4. Setor de energia


A fim de apontar o caminho para a redução de emissões de metano no setor de
energia, com vistas ao atendimento do Compromisso Global do Metano, reali-
zou-se aqui um exercício de projeção de emissões com a aplicação das medidas
de mitigação citadas no capítulo 3.

Para tanto, primeiramente foram projetadas as emissões de metano com base


nas projeções energéticas do Plano Decenal de Energia 2031, resultando em 597
mil toneladas estimadas para 2030, constituindo um aumento de 4% nas emissões
em relação às 572 mil toneladas estimadas em 2020. Na Figura 34, esse cenário
é denominado BAU.

17
Em aterros a quantidade de biogás que é produzida depende da tecnologia empregada e deve-se levar em consideração a eficiência
do sistema, a USEPA (United States Environmental Protection Agency) recomenda a eficiência de 75%. A eficiência dos sistemas de
produção e Biogás, geralmente, variam entre 50% e 75%. Biogas Toolkit - https://bit.ly/3eMa5Rk

68
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Um segundo cenário foi construído, considerando as ações de mitigação a


serem implementadas até 2030, conforme a tabela 16. Esse cenário resultou em
emissões de metano estimadas em 391 mil toneladas, um patamar 32% menor do
que as emissões estimadas para 2020, estando de acordo, portanto, com o objetivo
do acordo do metano. Na Figura 31 são mostradas as trajetórias de emissões de
metano projetadas, sendo o segundo cenário chamado de Meta.

Além dos cenários BAU e Meta, foi realizado também um exercício de projeção
de emissões com um objetivo mais ambicioso e de longo prazo, chamado Poten-
cial, no qual foram vislumbradas medidas que maximizam a redução de emissões.
Para fins deste exercício, foi considerado o ano de 2050 e as ações listadas na
Tabela 16. Como resultado, as emissões de metano do setor de energia poderiam
chegar ao patamar de 210 mil toneladas.

Tabela 16.
Premissas adotadas
para os cenários no
setor de energia

BAU

• Baseado no Plano Decenal de Energia 2031

META

• Substituição total do uso de lenha em áreas urbanas por GLP até 2030. Considerou-se que 38% do consumo de lenha se dá em
áreas urbanas, conforme Nota Técnica da EPE3.
• Redução de 30% no consumo projetado de lenha em áreas rurais para 2030, o que poderia ser alcançado a partir da aplicação de
modernos fogões a lenha, que são mais eficientes.
• Redução de 10% no consumo projetado de combustíveis na indústria para 2030, o que poderia ser alcançado por medidas de
eficiência energética.
• Redução na intensidade de emissões fugitivas de metano na exploração e produção de petróleo e gás, para toda a operação no
Brasil até 2025, em consonância com a meta da Petrobras4.
• Redução pela metade da intensidade de emissões fugitivas de metano na exploração e produção de petróleo e gás, para
toda a operação no Brasil entre 2025 e 2030, aproximando-se à meta de eliminação das emissões da Aiming for Zero Methane
Emissions Initiative.

POTENCIAL

• Eletrificação total do consumo residencial de energia;


• Produção de petróleo e gás natural atingindo o pico em 2030 e depois passando a decrescer;
• Controle total das emissões fugitivas da exploração e produção de petróleo e gás natural;
• Eliminação da exploração do carvão mineral;
• Continuidade da redução da intensidade de emissão do transporte;
• Intensidade de emissão da geração elétrica atingindo o pico em 2035 e depois passando a decrescer;
• Continuidade da redução da intensidade de emissão de “outros do setor de energia”.

3
 ota Técnica EPE DEA 016/2021, Consumo de Lenha e Carvão Vegetal, Setor Residencial Brasil, disponível em: https://www.epe.gov.
N
br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-578/Nota%20T%C3%A9cnica%20Consumo%20
de%20lenhaCV%20-%20Residencial%20final%202021.pdf
4
Caderno de Mudança do Clima da Petrobras (2022), disponível em: https://api.mziq.com/mzfilemanager/v2/d/25fdf098-34f5-4608-
b7fa-17d60b2de47d/d7092e4e-9830-c6b1-ff36-62247b97a17a?origin=1

69
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Figura 34.
1000 1000
Estimativas e
projeções de emissões 900 900

de metano no Setor 800 800


de Energia
700 700

572 597
600 600

500 500
ktCH4

ktCH4
400 400
391
300 300
210
200 200

100 100

0 0
1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030
SEEG
Ano Potencial
BAU
Meta

A Tabela 17 mostra as emissões projetadas neste exercício, desagregadas de


acordo com as maiores fontes emissoras do Setor de Energia.
Tabela 17.
Projeções de
emissões de metano do
Setor de Energia
Consumo industrial

produção de álcool
bagaço de cana na
Consumo de lenha
Fugitivas de P&G

de combustíveis

na agropecuária

energia elétrica
carvão mineral
residencial de
combustíveis

Consumo de
Fugitivas do

Geração de
Transporte
Consumo

Outros

Total
[ktCH4]
META

META

META

META

META

META

META

META

META
META
BAU

BAU

BAU

BAU

BAU

BAU

BAU

BAU

BAU

BAU

ANO
2020 286 286 116 116 42 42 34 34 28 28 23 23 18 18 11 11 14 14 572 572
2021 277 266 91 91 30 30 34 33 29 29 23 23 17 17 14 14 13 14 528 517
2022 271 247 113 113 38 38 34 34 30 30 23 23 17 17 13 13 14 15 553 529
2023 264 227 116 116 37 37 35 34 30 30 23 23 18 18 14 14 14 15 552 514
2024 258 207 127 127 37 37 36 35 31 31 24 24 19 19 14 14 15 15 560 508
2025 252 188 133 133 37 37 37 35 32 32 24 24 19 19 14 14 15 16 563 498
2026 246 168 144 133 38 38 38 36 32 32 24 24 20 20 15 15 15 16 572 482
2027 239 149 159 135 38 38 39 36 33 33 24 24 20 20 16 16 16 16 585 467
2028 234 129 172 132 20 20 40 37 34 34 24 24 21 21 17 17 16 16 577 430
2029 228 110 177 123 30 30 41 37 35 35 25 25 21 21 17 17 17 17 590 413
2030 222 90 181 111 36 36 42 38 36 36 25 25 22 22 18 18 17 17 597 391
Potencial 0 21 0 52 23 29 34 27 25 210

70
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

A título de ilustração do fato de que a substitui- redução do consumo de lenha no cenário de atendi-
ção da lenha (um biocombustível) por GLP (um com- mento ao Acordo do Metano não é compensada pelo
bustível fóssil) leva à redução das emissões totais de aumento das emissões de CO2 e metano decorrente
GEE, apresenta-se na Figura 35 as emissões totais de do aumento do consumo de GLP. Apesar de parecer
GEE residencial nos cenários supracitados. Ou seja, contraintuitivo, o que ocorre é uma redução líquida
a redução das emissões de metano decorrentes da das emissões totais de GEE.

Figura 35.
Estimativas e 35

projeções de
emissões de
30
27.7 28.2
GEE residencial
25
25.5
20
MtCO2e

15

10

SEEG 0

BAU
1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030

Ano
Meta

4.5. Meta agregada de todos os setores


Neste capítulo avaliou-se três cenários de emissões:

(i) A direção das emissões de metano no Brasil até 2030 considerando as políticas
atuais de mitigação no país (BAU);

(ii) O potencial de redução de emissões de metano no Brasil num horizonte de


longo prazo;

(iii) Uma proposta de meta de redução de emissões alcançável pelo Brasil dentro
do horizonte para 2030 de forma compatível com a meta do Acordo Global do
Metano de redução de 30% das emissões em relação a 2020.

Tabela 18.
Emissões históricas e cenários para
emissão de metano (2010-2030)

DADO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

HISTORICO 19.599.168 18.935.614 19.222.716 19.256.707 19.585.739 20.310.330 20.621.256 20.195.150 19.919.774 20.395.919 21.625.465

CENÁRIO 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

POTENCIAL 14.553.968 13.353.415 12.240.817 11.196.655 10.199.243 9.190.272 8.204.361 7.227.583 6.251.805 5.335.604

META 18.561.507 17.538.323 16.951.029 16.427.276 15.933.798 15.456.602 14.992.851 14.562.884 14.162.283 13.753.223

BAU 21.675.170 21.863.043 22.038.598 22.224.019 22.401.881 22.582.389 22.768.177 22.931.879 23.115.429 23.291.684

71
4
Meta para a
redução das
emissões de metano

Figura 36.
Emissões nos 25 25

cenários BAU, 23,29


Meta e Potencial 20 20

Mt CH4 15 15

Mt CH4
13,75
10 10

5,34
5 5

SEEG 0 0
BAU 2010 2015 2000 2025 2030
Meta Ano Potencial

Ao agregar os valores das análise de cada um dos


4 setores (agropecuária; mudanças de uso da terra e
florestas; tratamento de resíduos; e energia18), obte-
mos para o cenário BAU uma emissão 23,3 MtCH4
em 2030 com um crescimento de 7% das emissões em
relação aos 21,7 MtCH4 de 2020 (Figura 33).

Já para o Cenário Potencial de Redução temos


uma emissão de 5,3 MtCH4 que representa uma redu-
ção de 75% das emissões em relação a 2020. Ou seja,
com as tecnologias conhecidas não é possível zerar
as emissões de metano. Seria necessário fazer uso de
compensações com remoção de carbono equivalente
para zerar emissões residuais.

Por fim, aplicando-se as melhores práticas e tec-

36%
nologias existentes e possíveis de serem implemen-
tadas até 2030, obtém-se a emissão de 13,75 MtCH4
em 2030, o que representa uma redução de 36,4%
em relação às emissões de 2020. Isso equivale a uma
redução de 180 MtCO2e comparando 2020 e 2030.
é a meta de
redução nas Assim, propomos que o Brasil adote uma meta
emissões de de redução de 36% das suas emissões de metano
metano até 2030 quando comparado com 2020, sendo essa
proposta pelo uma contribuição significativa do país para meta do
OC para 2030 Compromisso Global do Metano de redução de 30%
das emissões de metano até 2030.

O setor de Processos Industriais e Uso de Produto não foi tratado neste exercício, devido à sua relativa baixa contribuição nas
18

emissões nacionais de metano (0,22% em 2020, de acordo com os dados do SEEG).

72
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES

5
DE METANO NO BRASIL

Considerações Finais

O metano representa cerca de 16% das emissões globais de gases de efeito es-
tufa quando convertidas para CO2e (UNEP, 2021). É um gás de curta permanência
na atmosfera (decaimento de menos de 20 anos) e, portanto, todo esforço para
reduzir suas emissões pode ter um impacto mais rápido na temperatura global,
aumentando a janela de oportunidade de que a humanidade dispõe para manter
ao alcance a meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento global em
1,5ºC em relação à média pré-industrial.

Em 2021 o Brasil aderiu ao Compromisso Global do Metano juntamente com


122 nações que se comprometem a buscar uma redução de 30% das emissões
globais desse gás até 2030, em relação a 2020.

O Brasil é o quinto maior emissor de metano do mundo - depois de China, EUA,


Rússia e Índia -, sendo sua principal fonte de emissão a pecuária (em especial a
fermentação entérica), seguida pelo tratamento de resíduos e pelas queimadas.

Avaliamos o caminho das emissões nas condições atuais de políticas públicas

75%
que resultam em um crescimento de 7% das emissões de 2020 até 2030. Avaliamos
também o potencial de redução hipotético das emissões se aplicadas todas as
tecnologias e melhores práticas conhecidas em toda sua plenitude e concluímos
que as emissões poderiam ser reduzidas em 75% com relação ao nível de 2020.
Por fim, identificamos a possibilidade de reduzir as emissões em 36,4% até 2030,
é o potencial de
em relação a 2020, aplicando-se as tecnologias e boas práticas existentes.
redução até 2030
empregando O Brasil pode contribuir com a transição para um mundo com baixas emissões
todas as de metano com uma meta ao mesmo tempo ousada e factível: 36% de redução
tecnologias de emissões de metano até 2030 comparado aos níveis de 2020.
conhecidas
Para tanto é necessário, entre outras práticas, zerar o desmatamento ilegal e o
em escala
fogo associado a ele, reduzir o uso de lenha para cocção, controlar as emissões
fugitivas da indústria de petróleo e gás, recuperar pelo menos 50% de todo metano
gerado nos aterros sanitários, ampliar a recuperação de metano do tratamento
de resíduos animais, alcançar 30% de terminação intensiva do rebanho bovinho
de corte, conversão de 75% do cultivo de arroz para preparo antecipado e cortar
pela metade a prática de queima da palha de cana-de-açúcar ainda existente.

Essa meta pode ser alcançada com políticas regulatórias, de capacitação e de


incentivos econômicos nos setores público e privado.

73
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

Agradecimentos

A Clarisse Lins e Guilherme Ferreira da Catavento Consultoria pelo compartilha-


mento de conhecimento acerca da indústria de petróleo e gás natural. Para o setor
de mudanças de uso da terra e florestas, agradecemos a Eduardo Wagner pelo
compartilhamento de conhecimento sobre reservatórios e a Edriano Souza pela
ajuda no levantamento de estudos bibliográficos sobre emissões de metano em
reservatórios e em áreas úmidas.

Para os setores de agropecuária, agradecimentos especiais pela atenção e tem-


po disponibilizado a Walkyria Bueno Scivittaro e a Leidiane Ferronato Mariani, pelos
esclarecimentos sobre o cultivo de arroz irrigado e tratamento de dejetos animais,
respectivamente. Assim como para o Alexandre Berndt, Fábio Luiz Buranelo Toral
e Guilhermo Francklin de Souza Congio pelas dúvidas tiradas e conhecimentos
compartilhados sobre mitigação de emissões na pecuária.

74
DESAFIOS E OPORTUNIDADES
PARA REDUÇÃO DAS EMISSÕES
DE METANO NO BRASIL

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