Atlas de Histologia Essencial 1 Ed - Bacchi e Rodrigues

Download as pdf or txt
Download as pdf or txt
You are on page 1of 147

ATLAS DE

HISTOLOGIA
ESSENCIAL
BACCHI &
RODRIGUES
5LFDUGR5RGULJXHV%DFFKL
+XPEHUWR*DEULHO5RGULJXHV
2UJDQL]DGRUHV

$7/$6'(
+,672/2*,$(66(1&,$/
%$&&+, 52'5,*8(6

HGLomR

0RQWHV&ODURV0*

‹(',725$81,0217(6
8QLYHUVLGDGH(VWDGXDOGH0RQWHV&ODURV
5(,725 &216(/+2(',725,$/
3URI$QWRQLR$OYLPDU6RX]D 3URID$GHOLFD$SDUHFLGD;DYLHU
3URI$OIUHGR0DXUtFLR%DWLVWDGH3DXOD
3URI$QW{QLR'LPDV&DUGRVR
3URI&DUORV5HQDWR7KHySKLOR
9,&(5(,725$
3URI&DVLPLUR0DUTXHV%DOVD
3URID,OYD5XDVGH$EUHX
3URI(OWRQ'LDV;DYLHU
3URI/DXULQGR0pNLH3HUHLUD
(',725$81,0217(6 3URI0DUFRV(VGUDV/HLWH
(',725*(5$/ 3URI0DUFRV)OiYLR6LOYD9DVFRQFHORV'kQJHOR
3URI$QW{QLR'LPDV&DUGRVR 3URID5HJLQDGH&iVVLD)HUUHLUD5LEHLUR

',$*5$0$d­2&$3$
%HUQDUGLQR0RWD

&TUFMJWSPPVQBSUFEFMFOÍPQPEFTFSSFQSPEV[JEPQPSRVBMRVFSNFJPTFNBVUPSJ[BÎÍPFTDSJUBEP&EJUPS

&%*503"6/*.0/5&4
$BNQVT6OJWFSTJUÈSJP1SPGFTTPS%BSDZ3JCFJSP
.POUFT$MBSPT.JOBT(FSBJT#SBTJM
$&1$"*9"1045"-
XXXVOJNPOUFTCS
FEJUPSB!VOJNPOUFTCS
'JMJBEBË
3$/$95$'26$8725(6

 $FUHGLWDPRVTXHDH[SHULrQFLDGRFHQWHDGTXLULGDDWUDYpVGH

DQRV QR HQVLQR GD ELRORJLD HVWUXWXUDO PLFURVFySLFD QRV

SURSRUFLRQRXXPDYLVmRHVPHUDGDGHFRPRHVVHFRPSOH[RFXUUtFXOR

SRGHULDVHUDSUHVHQWDGRGHIRUPDPDLVLQWXLWLYDSDUDXPDPHOKRU

FRPSUHHQVmR GDV HVWUXWXUDV PRUIROyJLFDV DSUHVHQWDGDV QDV DXODV

SUDWLFDVODERUDWRULDLVGRVFXUVRVGDiUHDGHVD~GHVHUYLQGRFRPR

VXSRUWHSDUDGRFHQWHVHGLVFHQWHV(VVDSULPHLUDHGLomRpFRPSRVWD

SRUUHJLVWURVIRWRPLFURJUiÀFRVDRPLFURVFySLRGHOX]GHHVWUXWXUDV

EiVLFDV KLVWROyJLFDV HP GLIHUHQWHV SODQRV GH FRUWH H DXPHQWR HP

FDGD LPDJHP IRL LQVHULGD XPD OHJHQGD FRP WRGRV RV GDGRV

QHFHVViULRVSDUDDDSURSULDGDLGHQWLÀFDomRGHVHXVFRPSRQHQWHVH

TXDQGR SRVVtYHO DV LPDJHQV VmR DSUHVHQWDGDV ODGR D ODGR FRP

GHVHQKRVLOXVWUDWLYRVSDUDIDFLOLWDURHQWHQGLPHQWRGRREVHUYDGRU

 1RVVRDJUDGHFLPHQWRDRVDFDGrPLFRVGHLQLFLDomRFLHQWLÀFD

HWpFQLFRVODERUDWRULDLVHQYROYLGRVQRSURMHWRSHORHPSHQKRH]HOR

HPWRGDVDVHWDSDV
(63(&,),&$d¯(67e&1,&$6

 1HVWH SURMHWR IRUDP HQYROYLGRV SURIHVVRUHV GRV

'HSDUWDPHQWRV GH %LRORJLD *HUDO H )LVLRSDWRORJLD EHP FRPR

HVWXGDQWHV GH JUDGXDomR TXH Mi KDYLDP FXUVDGR D GLVFLSOLQD GH

+LVWRORJLD %iVLFD 2ULHQWDGRV SHORV SURIHVVRUHV GR SURMHWR RV

HVWXGDQWHVRUJDQL]DUDPDFROHomRGHOkPLQDVKLVWROyJLFDV
 $FROHWDGDDPRVWUDHFRQIHFomRGDVOkPLQDVIRUDPUHDOL]DV

HP FRQMXQWR SHORV  ODERUDWyULR GH SDWRORJLD  GR +RVSLWDO

8QLYHUVLWiULR &OHPHQWH GH )DULD GD 8QLYHUVLGDGH (VWDGXDO GH

0RQWHV&ODURV81,0217(6HSHOR/DERUDWyULRGH$SRLR'LGiWLFR

GR'HSDUWDPHQWRGH0RUIRORJLDGD8QLYHUVLGDGH)HGHUDOGH0LQDV

*HUDLV  8)0* &RQVLVWLX GDV HWDSDV GH )L[DomR GHVLGUDWDomR

LQFOXVmR HP SDUDÀQD VHFFLRQDPHQWR PRQWDJHP GDV VHFo}HV

GHVSDUDÀQL]DomRFRORUDomRHSRUÀPGDDSRVLomRGDVODPtQXODV
 $V LPDJHQV IRUDP FDSWXUDGDV FRP R IRWRPLFURVFySLR GR

ODERUDWyULRGHSHVTXLVD$UTXLYRGH0RUIRORJLD0LFURVFySLFDORFDGR

QR 'HSDUWDPHQWR GH %LRORJLD *HUDO GD 8QLYHUVLGDGH (VWDGXDO GH

0RQWHV&ODURVDWUDYpVGHFkPHUDHOHWU{QLFDGLJLWDORFXODUPRGHOR

$[LR&DP,&FZLWK)LUH:LUH&DUG03 0HJDSL[HLV FRPOXSDSDUD

PLFURVFySLR DFRSODGD DR PLFURVFySLR ySWLFR WULORFXODU PRGHOR

0LFURVFRSH$[LR/DE$PDUFD&DUO=HL]]ORJRDSyVDFDSWXUDGDV

LPDJHQVDVPHVPDVIRUDPWUDQVIHULGDVSDUDRFRPSXWDGRUHFRPR
XVRGRVRIWZDUH=HQOLWHIRLIHLWRRWUDEDOKRGHHGLomR
 (PVHJXLGDRVHVWXGDQWHVVHUHXQLUDPSHULRGLFDPHQWHFRP

RV SURIHVVRUHV SDUD HODERUDU RV FDStWXORV GR $WODV (VVHQFLDO GH

+LVWRORJLD%DFFKL 5RGULJXHVVHOHFLRQDQGRHHGLWDQGRDVLPDJHQV

FDSWXUDGDVFRQVLGHUDGDVPDLVDGHTXDGDVSDUDDFRPSUHHQVmRGDV

HVWUXWXUDVHGRVWHFLGRVEiVLFRV$VVLPHVWHDWODVGLJLWDOpUHVXOWDGR

GRWUDEDOKRFRODERUDWLYRGHSURIHVVRUHVHHVWXGDQWHVGHJUDGXDomR

TXH FRQWULEXtUDP GH PDQHLUD VLJQLÀFDWLYD SDUD TXH R PDWHULDO

SURGX]LGRWLYHVVHRHQIRTXHPDLVGLGiWLFRSRVVtYHO
SUMÁRIO

Capítulo 1: HISTOGÊNESE .
1.1. Diferenciação embrionária 013
1.2. HIstogênese 014
1.3. As células-tronco (CT) 015
1.3.1. Células totipotentes 015
1.3.2. Células pluripotentes 015
1.3.3. Células multipotentes 016
1.4. Renovação tecidual 016
• Clonagem Reprodutiva
• Objetivos de aprendizagem 017
• Referências Bibliográficas 017

Capítulo 2: TECIDOS EPITELIAIS .


2.1. Tecidos epiteliais de revestimento e glandular 019
• Características Gerais
2.1.1 Epitélio do Sistema Respiratório 019
2.1.1.1. Passagens Condutivas Extrapulmonares 019
• Cavidade Nasal e laringe
• Traqueia
2.1.1.2. Passagens de Condução Intrapulmonares 023
• Brônquios
• Bronquíolos
• Porção Respiratória do Pulmão 024
2.1.2. Epitélio do Sistema Excretor 026

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
SUMÁRIO

2.1.3. Epitélio do sistema digestório 031


2.1.4. Epitélio do sistema – Tegumentar 033
• Epiderme
• Derme
2.1.5. Terminações nervosas sensoriais 036
• Corpúsculos de Meissner
2.1.6.Tecido epitelial Glandular 039
• Folículo piloso
• Objetivos de aprendizagem 041
• Referências Bibliográficas 041

Capítulo 3: TECIDOS CONJUNTIVOS .


3.1. Tecido conjuntivo propriamente dito e seus tipos especiais 044
3.2. Composição do tecido conjuntivo propriamente dito 044
3.2.1. Matriz extracelular 044
3.2.2. Fibras 045
• Fibras colágenas
• Fibras reticulares
• Fibras elásticas
3.2.3. Células do tecido conjuntivo propriamente dito 049
• Células Mesenquimatosa
• Plasmócitos
• Mastócitos
• Fibroblasto
• Fibrócito
• Macrófago
• Célula adiposa

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
SUMÁRIO

3.3. Classificação do tecido conjuntivo propriamente dito 055


3.3.1. Tecido conjuntivo frouxo 055
3.3.2. Tecido conjuntivo denso 056
• Ordenado
• Não ordenado
3.4. Tecidos Conjuntivos com propriedades especiais 058
3.4.1. Tecido Elástico 058
3.4.2. Tecido Reticular 059
3.4.3. Tecido Conjuntivo Embrionário Mesenquimal 060
3.5. Tecido Conjuntivo Adiposo 061
• Origem
• Classificação Tecido conjuntivo Adiposo
• Tecido adiposo branco ou unilocular
• Tecido adiposo marrom ou multilocular
• Deposição e mobilização dos lipídios
• O tamanho da massa de tecido adiposo
• Função endócrina tecido adiposo
• Objetivos de aprendizagem 065
• Referências Bibliográficas 065

Capítulo 4: TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO .


4.1. Tipos de Cartilagem 067
4.1.1. Cartilagem Hialina 067
4.1.2. Cartilagem Elástica 069
• Matriz da Cartilagem Elástica
• Pericôndrio

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
SUMÁRIO

4.1.3. Cartilagem Fibrosa ou Fibrocartilagem 072


4.2. Crescimento cartilaginoso 073
• Objetivos de Aprendizagem 074
• Referências Bibliográficas 074

Capítulo 5: TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO .


5.1. Funções 076
5.2. Constituição 076
• Matriz Óssea Extracelular
• Tipos Celulares
• Osteoblastos
• Osteócitos
• Osteoclastos
5.3. Metabolismo do Cálcio 078
• Tirocalcitonina
• Paratormônio
• Vitamina D
5.4. Tipos de Tecido Ósseo 079
• Análise macroscópica do Tecido Ósseo Compacto
• Osteons
• Canal de Havers
• Canalículos ósseos
• Tecido Ósseo Esponjoso
• Aspectos microscópicos
• Tecido ósseo primário ou imaturo
• Tecido ósseo secundário ou maduro
5.5. Revestimento Ósseo 083

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
SUMÁRIO

5.6. Osteogênese 083


• Ossificação Endocondral ou Indireta
• Zona de repouso
• Zona de cartilagem seriada ou de proliferação
• Zona de cartilagem hipertrófica
• Zona de ossificação
• Condrócitos de Cartilagem Seriada ou proliferativa
• Ossificação Imtramembranosa ou Direta
5.7. Crescimento Ósseo 089
• Alongamento dos ossos longos
• Espessamento dos ossos longos
• Objetivos de Aprendizagem 089
• Referências Bibliográficas 089

Capítulo 6: TECIDO CONJUNTIVO SANGUÍNEO .


6.1. Características gerais do sangue 092
6.2. As hemácias 092
6.3. Leucócitos 095
6.3.1. Neutrófilos 097
6.3.2. Eosinófilos 100
6.3.3. Basófilos 102
6.3.4. Linfócitos 103
6.3.5. Monócitos 107
6.4. As plaquetas 108
• Objetivos de Aprendizagem 109
• Referências Bibliográficas 109

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
SUMÁRIO

Capítulo 7: TECIDO MUSCULAR .

7.1. Características gerais do tecido muscular 112

7.2. Musculo estriado esquelético 112

• A contração muscular do músculo estriado esquelético

• Classificação das fibras esqueléticas

7.3. Musculo estriado cardíaco 115

• A contração muscular do músculo estriado cardíaco

7.4. Musculo liso 118

• A contração muscular do músculo liso

• Classificação do músculo liso

• Objetivos de Aprendizagem 122

• Referências Bibliográficas 122

Capítulo 8: TECIDO NERVOSO .

8.1. Características gerais do tecido nervoso 124

8.2. Tipos celulares do tecido neural 124

8.2.1. Neurônios 124

• Dendritos

• Corpo celular

• Axônio

• Classificação dos neurônios

• Fisiologia do impulso nervoso

• As sinapses nervosas

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
SUMÁRIO

8.2.2. Neuroglias ou Células da Glia 131

• Astrócitos

• Oligodendrócitos

• Células de Schwan

• Mielina e Mielinização

• Células da Microglia

• Ependimárias

• Degeneração e Regeneração

8.3. Sistema Nervoso Central 137

8.4. Sistema Nervoso Periférico 139

• Objetivos de Aprendizagem 142

• Referências Bibliográficas 142

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
;<FGB:ÖA8F8
&$3Ë78/2

/$%25$7Ï5,2$548,92'(
025)2/2*,$0,&526&Ï3,&$
/$0081,0217(6

$7/$6'(
+,672/2*,$(66(1&,$/
%$&&+, 52'5,*8(6
HISTOGÊNESE
Capítulo 1

1.1. Diferenciação embrionária mesoderma e ectoderme) a partir das quais


originará os três grandes grupos de tecidos
Um dia após a fertilização, o zigoto
dos vertebrados, representados como:
inicia uma série de divisões mitóticas rápidas,
Tecidos epiteliais , Tecido conjuntivos e Tecido
formando os blastômeros . Essa primeira fase
com células transformadas em fibras que se
do desenvolvimento leva o embrião a atingir
subdividi em muscular e nervoso.
o estágio de 16 blastômeros passando a ser Cada um desses folhetos, durante o
denominado mórula. Na terceira semana de desenvolvimento embrionário, é responsável
desenvolvimento começa a gastrulação onde por uma genealogia de células
as células vão se diferenciar em células morfologicamente diferenciadas e
mais especializadas que se espalham pelo especializadas formando os diversos órgão e
embrião, formando as camadas ou folhetos sistemas representados na figura 1.
germinativas primárias (endoderme,

Figura 1.1: Organogênese representando a formação dos tecidos e dos órgãos a partir dos três folhetos embrionários.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


013 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
HISTOGÊNESE
Capítulo 1

1.2. Histogênese durante o qual as células embrionárias se


especializam para formar estruturas teciduais
As células especializadas dispõem-se
diversas. Devido à complexidade dos
em grupos, constituindo os tecidos biológicos
organismos multicelulares uma maquinaria
que em sua estrutura e fisiologia são
reguladora transcricional precisa ser muito
estudados pela histologia (do grego: hydton =
bem orquestrada para atuar de forma eficiente
tecido + logos = estudos), sendo uma área que
em diferentes estágios embrionários
se desenvolveu após a invenção do
promovendo a síntese de proteínas
microscópio óptico e posteriormente foi
especificas para cada tipo de tecido, há
impulsionada com a descoberta do
programas de transcrição diferentes para
microscópio eletrônico , aperfeiçoando-se
organizar a estrutura tecidual, vários
significativamente com melhorias nas
mecanismos intracelulares e sinais externos
técnicas utilizadas para coloração histológica,
das células adjacentes ou da matriz
biologia molecular e técnicas imunológicas,
extracelular podem interagir com genes
coletivamente chamadas de técnicas
reguladores do crescimento e da
histoquímicas. A diferenciação embrionária
diferenciação celular determinando quais
constitui-se no processo de desenvolvimento

Zigoto 2 células 4 células

8 células Mórula Blástula


Figura 1.2: Uma vez que um óvulo é fertilizado por um espermatozoide , um zigoto é formado. O zigoto se divide
em múltiplas células em um processo conhecido como clivagem.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


014 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
HISTOGÊNESE
Capítulo 1

devem apresentar maior força de expressão surgiram da mesma população de células-


em determinadas partes do corpo. Por tronco, mas os programas divergentes de
exemplo, tanto as células absortivas transcrição fizeram com que elas se
intestinais quanto as células caliciformes diferenciassem em células notavelmente
diferentes.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 1.3: Blástula de embrião de rã.

1.3. As células-tronco (CT) 1.3.1. Células totipotentes

São células com capacidade de São encontradas, no embrião na fase


autorrenovação e de diferenciação em de mórula e blástula, formam todos os tipos de
diversas categorias funcionais de células Elas células de um organismo, inclusive as células
podem ser programadas para desenvolver extraembrionárias ou placentárias.
funções específicas, uma vez que se encontra
1.3.2. Células pluripotentes
em um estágio em que ainda não estão
totalmente especializadas. Abaixo veremos os Esse grupo de células possui a
tipos de células-tronco existentes. capacidade de gerar as células dos folhetos
embrionários, ou seja, do ectoderma,

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


015 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
HISTOGÊNESE
Capítulo 1

mesoderma e endoderma, sendo assim vai • Clonagem Reprodutiva


originar quase todos os tecidos do
Baseia-se na técnica de transferência
organismo, com exceção dos tecidos
do núcleo de uma célula diferenciada, adulta
extraembrionários.
. ou embrionária para um óvulo sem núcleo com
a implantação do embrião no útero humano,
1.3.3. Células multipotentes formando uma cópia quase idêntica de um
individuo, se levarmos em conta o Acido
Esse grupo de células pode diferenciar-
dioxirribonucleico (DNA) mitocondrial do óvulo
se em apenas alguns tipos celulares, são
doador.
encontrado mais facilmente em um individuo
adulto, sendo responsáveis pela regeneração
de certos órgãos. Como principal exemplo,
podemos citar as células da medula óssea
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
vermelha, que produz alguns elementos do
sangue. 1. Por que a fase de gastrulação é uma
importante etapa do desenvolvimento do
1.4 . Renovação tecidual embrião.

Para que o número de células dos 2. No que se baseia o poder terapêutico


tecidos permaneçam constantes, o índice das células troncos?
mitótico das células e suas taxas de morte
3. Quais são os tipos de células troncos?
celular, devem permanecer equilibradas,
vários fatores rompem esse equilíbrio e 4. Defina especialização, diferenciação e
desencadeiam a morte celular em tecidos potencialidade embrionária
lesados, porém a fisiologia da morte celular
programada, apoptose, constitui-se em um
mecanismo considerado protetor contra Referências Bibliográficas

desarranjos estruturais na arquitetura


BAILEY, P.; HOLOWACZ, T.; LASSAR, A. B.
tecidual, ao remover, seletivamente, as
The origin of skeletal muscle stem cells in the
células danificadas, o arranjo determinado por
embryo and the adult. Curr. Opin. Cell Biol.,
junções celulares e redes do citoesqueleto
Philadelphia, v.13, p.679-699, 2001.
ajudam a estabilizar a arquitetura tecidual.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


016 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
HISTOGÊNESE
Capítulo 1

CUTLER, C.; ANTIN, J. H. Peripheral blood ODORICO, J. S.; KAUFMAN, D. S.;


stem cells for allogeneic transplantation: a THOMSON, J. A. Multilineage differentiation
review. Stem Cells, Dayton, v.19, p.108-117, from human embryonic stem cell lines. Stem
2001. Cells, Dayton, v.19, p.193-204, 2001. PA G A N
O , S . F. e t a l . I s o l a t i o n a n d
LIANG, L.; BICKENBACH, J. R. Somatic
characterization of neural stem cells from the
epidermal stem cells can produce multiple cell
adult human olfactory bulb. Stem Cells,
lineages during development. Stem Cells,
Dayton, v.18, p.295-300, 2000.
Dayton, v.20, p.21-31, 2002.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


017 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS
EPITELIAIS
CAPÍTULO 2

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

2.1. Tecidos epiteliais de revestimento e apresentar ou não a camada córnea


glandular (queratina, produzidas pelos queratinócitos).

• Características Gerais Separa-se do tecido conjuntivo por uma


fina camada de fibras, denominada
O tecido epitelial de revestimento
membrana basal, que é formada,
reveste toda a superfície externa do corpo
basicamente, por colágeno tipo IV, lâminina e
(epiderme) e as cavidades corporais internas.
proteoglicanas, que são produzidos em partes
Caracteriza-se por ser um tecido avascular
pelas próprias células epiteliais e em parte
formado por um aglomerado de células
pelas células do tecido conjuntivo. Como o
justapostas, com o mínimo de espaço
tecido epitelial de revestimento é avascular
intercelular entre elas. São classificados, de
sua nutrição depende da difusão de oxigênio e
acordo com o número de camadas (estratos)
metabólitos a partir do tecido conjuntivo
celulares e morfologia das células presetes na
propriamente dito subjacente a ele.
porção mais superficial do tecido, podendo

Cavidades nasais

Traquéia

Cavidade oral

Pulmão Direito Pulmão Esquerdo

Figura 2.1: Sistema Respiratório

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


019 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

A respiração, troca gasosa entre compreendendo os brônquios secundários, e


sangue e ar, ocorre através das paredes dos bronquíolos.
Por essa razão, toda a porção
alvéolos. A porção condutora inclui as partes
respiratória é, naturalmente, intrapulmonar e
extrapulmonares como: cavidades nasais,
consiste nos bronquíolos respiratórios, ductos
faringe nasal, laringe, traqueia e brônquios
alveolares e alvéolos.
primários, porção intrapulmonar

Ducto
alveolar

Traquéia

Brônquio
Primário

Sacos
alveolares
Brônquio Bronquíolos
Secundário respiratórios

Bronquíolo
Terminal

Figura 2.2: Sistema Respiratório

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


020 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

2.1.1. Epitélio do Sistema Respiratório do epitélio escamoso estratificado


queratinizado da pele no vestíbulo nasal para
2.1.1.1. Passagens Condutivas
o pseudoestratificado colunar ciliado que
Extrapulmonares
constitui-se em epitélio característico da

• Cavidade Nasal e laringe mucosa: nasal, laringe, exceto a prega vocal


verdadeira que é revestida por um epitélio
O revestimento epitelial na entrada da escamoso estratificado.
cavidade nasal exibe uma mudança gradual

Cílios

Epitélio Pseudo
Estratificado
Cilíndrico
Ciliado

Tecido
Conjuntivo

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.3: Epitélio pseudo-estratificado cilíndrico ciliado com células caliciformes. Objetiva de 4x. Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


021 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

• Traquéia As extremidades dos anéis completam-


se com um músculo liso orientado
Fora das camadas de tecido conjuntivo, horizontalmente (o músculo traqueal), que
observa-se os anéis em forma de C da pode agir para ajustar o diâmetro da traqueia.
cartilagem hialina vita que o lúmen da traqueia
entre em colapso, obstruindo-se e diminuindo O epitélio pseudo-estratificado colunar
a velocidade do ar expirado. ciliado que reveste a traqueia cont ê m
numerosas células caliciformes, que são
glândulas unicelulares polarizadas
encontradas nos sistemas: respiratório e
digestivo, ao ser, facilmente, identificadas pelo
seu núcleo basal e grandes e redondos
grânulos de muco. Este epitélio apresenta
uma membrana basal anormalmente
espessa, que se visualiza como uma região
estreita de coloração rosa imediatamente
basal ao epitélio, subjacente a esse epitélio
encontra-se uma camada de tecido conjuntivo
Figura 2.4: Em destaque, início da traqueia

Corte transversal
da traqueia;
anel de cartilagem
do tipo hialina

Luz da traqueia
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES 200 μm

Figura 2.5: Cartilagem Hialina, Objetiva de 4x.Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


022 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

frouxo, a lâmina própria, que compõe a


mucosa traqueal.

Luz do lúmen

Camada do epitélio
pseudoestratificado
cilíndrico ciliado

Lâmina própria

Cartilagem hialina

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
Pericôndrio
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.6: Cartilagem Hialina, Objetiva de 4x.Corante: H&E

2.1.1.2. Passagens de Condução Intrapulmonares

• Brônquios Nos ramos menores, a quantidade de


A traqueia bifurca-se em dois brônquios cartilagem e glândulas caliciformes
primários, que entram nos pulmões e se diminu em , enquanto a quantidade de
ramificam várias vezes para dar origem a músculos lisos aumentam.
brônquios secundários e terciários menores .
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
Alvéolos

Brônquio
terminal

Grandes sacos
alveolares
Figura 2.7: Brônquios,
Objetiva de 4x.Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


023 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

terminais.

• Porção Respiratória do Pulmão

As paredes dos condutos alveolares


estão revestidas por alvéolos e sacos
alveolares (grupos de alvéolos). Desse modo,
são revestidas em ambos os lados por epitélio
simples escamoso (muito fino) que revestem
Figura 2.8: Alvéolos pulmonares
os lúmens alveolares adjacentes.
• Bronquíolos
Sendo assim, observa-se que os
Os bronquíolos formam-se de ramos
alvéolos individuais fazem fronteira entre si e,
menores dos brônquios e se distinguem deles
portanto, compartilham a parede alveolar que
pela ausência de cartilagem e glândulas. Em
serve como septo alveolar. Dentro do septo
bronquíolos maiores, o epitélio é ciliado,
enquanto que nos menores bronquíolos o são encontrados capilares em que ocorre a

epitélio colunar é baixo ou simples cuboidal e troca de gases respiratórios, no lúmen de


não possuem cílios. Os menores bronquíolos alguns alvéolos encontramos macrófagos
condutores são chamados de bronquíolos alveolares, chamados de fagócitos.

Alvéolos

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
Figura 2.9: Alvéolos, LAMM - UNIMONTES
Objetiva de 40x.Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


024 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Epitélio
pavimentoso
uniestratificado

Células
endoteliais

Alvéolo

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.10: Alvéolos tecido Simples pavimentoso, Objetiva de 100x.Corante: H&E

Figura 2.11: Desenho esquemático representando as trocas gasosas a nível alveolar

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


025 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

2.1.2. Epitélio do Sistema Excretor

A unidade funcional do rim é o néfron. Por esse viés, o sistema tubular do


Cada néfron é constituído por um glomérulo e néfrons divide-se em vários segmentos:
túbulos que correspondem a 90% do córtex túbulo contorcido proximal, alça de Henle,
renal, que consomem muita energia e suas túbulo contorcido distal e o ducto coletor.
células apresentam-se com epitélio cúbico
uniestratificado.

Túbulo
contornado
distal

Figura 2.12: Sistema tubular do néfron representando locais de filtração e reabsorção

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


026 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Figura 2.13: Desenho esquemático Glomérulo renal

Glomérulo
renal

Espaço de
Bowman

Túbulo
proximal

Figura 2.14:
LABORATÓRIO ARQUIVO DE Fotomicrografia dos
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
rins, objetiva de 40x.
Corante: Gomori

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


027 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Túbulos
renais

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.15: Túbulos distais, objetiva 40x. Corante: Gomori

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA

Luz do LAMM - UNIMONTES

túbulo renal

Célula
cúbica

Figura 2.16: Tecido


epitelial de revestimento
cúbico simples.
Objetiva de 100x .
Coloração: Gomori.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


028 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Figura 2.17: Desenho esquemático do sistema excretor

Túnica LABORATÓRIO ARQUIVO DE


MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
muscular LAMM - UNIMONTES

Túnica
mucosa

Luz

Figura 2.18: Corte


transversal do ureter,
objetiva de 40x.
Corante: H.E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


029 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Na verdade, a mucosa da bexiga dessas células oscila de acordo com o grau de


urinaria forma-se por um epitélio de transição distensão da bexiga, assim, as células ficam
e por uma lâmina própria de tecido conjuntivo pavimentosas quando a bexiga esta cheia.
que varia do frouxo ao denso. A morfologia

Epitélio de
transição

Lamina própria

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.19: Bexiga urinaria objetiva de 100x.Corante: H.E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


030 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

2.1.3. Epitélio do Sistema Digestório

Tubo oco composto por um lúmen, cujo externa e concêntricas. Essas camadas são
diâmetro varia-se ao circundar por uma inervadas pelo sistema nervoso autônomo
parede formada por quatro camadas distintas: entérico, que é modulado pelos sistemas
mucosa, submucosa, muscular e serosa, nervosos autônomos simpático e
assim ordenadas da mais interna para a mais parassimpático.

Figura 2.20: Desenho esquemático de organização do trato digestório.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


031 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Lamina própria

Muscular da
mucosa

Figura 2.21: Esôfago, objetiva de 4 x. Corante:H.E

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Corte transversal
do estômago:
este órgão é
caracterizado
pelo epitélio
uniestratificado
cilíndrico

Lâmina própria

10 μm

Figura 2.22: Epitélio uniestratificado cilíndrico, Objetiva de 100x. Corante H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


032 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

A mucosa do estomago e intestino A superfície apical (ou superfície livre)


estão revestidas por epitélios uniestratificados das células epiteliais possuem grande
cilíndricos. De tal modo, a Fotomicrografia quantidades de micro vilosidades,
demostra que há somente uma camada de importantes para o processo de absorção de
núcleos com morfologia alongada em forma nutrientes.
de coluna.

Vilosidades
do intestino

Muscular da
mucosa

Submucosa

Túnica
muscular

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.23: Intestino grosso. Objetiva de 4x. Corante: Alcian b1

2.1.4. Epitélio do Sistema Tegumentar

O sistema tegumentar constitui-se de contra a invasão de microrganismos, proteção


pele e seus anexos: pelos, unhas, glândulas mecânica contra atrito, termorregulação,
sebáceas, sudoríparas e mamárias, a pele síntese de vitamina D, excreção de íons, além
recobre o corpo e tem a função de proteção da da função de percepção sensorial: tato, calor,
radiação ultravioleta exercida pelos pressão e dor.
melanócitos presentes na epiderme, barreira

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


033 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Epiderme

Derme

LABORATÓRIO ARQUIVO DE Hipoderme


MORFOLOGIA MICROSCÓPICA 200 μm
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.24: Corte pele palmar, objetiva de 4x. Corante: Gomori.

Derme: localizada logo


Epiderme: é a camada
abaixo da epiderme, H i p o d e r m e : Ta m b é m
mais superficial da pele,
constitui-se de um tecido chamado de tecido celular
atua como uma barreira de
conjuntivo que sustenta a subcutâneo é uma camada
proteção do corpo, dificulta
epiderme. Assim, é de tecido conjuntivo
a saída de água do
constituío por elementos propriamente dito especial
organismo, além de
fibrilares, como: colágeno, localizada abaixo da derme, é
proteger o corpo contra
elastina e outros elementos a camada profunda da pele,
danos externos e entrada
da matriz extracelular, como: une-a de maneira pouco firme
de substâncias e micróbios
proteínas estruturais. aos órgãos adjacentes.
no organismo.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


034 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Camada
queratinizada ou
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA camada córnea:
LAMM - UNIMONTES
Contém muitas
camadas de
células achatadas
mortas e atua como
uma barreira para
proteger os tecidos
subjacentes contra
lesões e infecções.

Derme papilar

Granuloso

Células
Pavimentosas

Extrato basal

Tecido conjuntivo
frouxo

Figura 2.25: Corte de pele grossa, onde é possível observar os estratos basal, granuloso e córneo e a
derme papilar, de tecido conjuntivo frouxo. Objetiva de 100x. Corante: H.E.

• Epiderme • Derme

Epitélio estratificado pavimentoso É-se subdividida em derme papilar, que


queratinizado consiste de 5 camadas ou corresponde às papilas dérmicas, ao

estratos compostos pelos queratinócitos: 1. constituir-se de tecido conjuntivo frouxo e

estrato basal 2. estrato espinhoso 3. estrato derme reticular, que é a maior porção com

granuloso 4. estrato lúcido 5. estrato córneo predomínio de tecido conjuntivo denso não
modelado, em que estão localizados os
renovada: células tronco da camada basal
anexos cutâneos, como: pelos, os vasos
proliferam e se diferenciam na medida em que
sanguíneos e linfáticos, os nervos e as
movem para as camadas mais superficiais.
terminações nervosas sensoriais, por
exemplos.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


035 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
Célula
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA Pavimentosa
LAMM - UNIMONTES

Camada
Estratificada

Tecido
conjuntivo
propriamente
dito

Figura 2.26: Epitélio estratificado pavimentoso, objetiva de 100x. Corante: H.E

2.1.5. Terminações nervosas sensoriais

Os receptores sensitivos são: distribuem por quase todas as partes do corpo


terminações nervosas livres - porque e captam sensações mecânicas (pressão),
concernem em terminações nervosas térmicas (frio e calor) como a percepção
formadas por um axônio ramificado, que se dolorosa.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


036 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Corpúsculo
de Vater Pacini

Figura 2.27: Corpúsculo de Pacini, Objetiva de 10x. Corante: H&E

Como se viu, na fotomicrografia, os camadas de tecido conjuntivo, executam


corpúsculos de Pacini são formados por uma ações relacionadas com a propriocepção.
terminação nervosa recoberta por finas

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


037 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Corpúsculo
de Meissner

Figura 2.28: Corpúsculo de Meissner, Objetiva de 100x. Corante: H&E*

• Corpúsculos de Meissner

Forma-se por receptores pequenos pelos, como: nas partes mais altas das
que é constituído por um axônio mielínico impressões digitais, nos mamilos e nos
(axônio envolvido pela bainha de mielina). genitais. Captam sensações de toque (tato).
Encontram-se localizados nas saliências sem

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


038 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

2.1.6.Tecido Epitelial Glandular

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES Folículo piloso

Glândula sebácea

Figura 2.29: Corte de couro cabeludo, onde são observados o pelo (P) no folículo piloso (FP),
as glândulas sebáceas (Se) e as glândulas sudoríparas (Su). Objetiva de 40x. Corante: HE.

As glândulas sudoríparas são As glândulas sebáceas são glândulas


glândulas exócrinas tubulares simples que acinares ramificadas (esféricas) que formam
estão inseridas na hipoderme superficial que uma substância oleosa chamada sebo. As
limita com a derme. Eles descarregam seus células arredondadas são preenchidas com
conteúdos, na superfície da pele, através de vacúolos preenchidos com lipídios e em
dutos secretores que abrem para sulcos direção ao final do ducto, as células
epidérmicos em um poro de suor, sua degeneram para liberar sua secreção
evaporação é importante para a halocrina no ducto. De tal modo, esse óleo
termorregulação. O suor contém: água, reveste os pêlos e a superfície da pele para
sódio, potássio, cloreto, amônia e ácido mantê-la em sua maciez, flexível e
láctico. impermeável.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


039 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Epiderme

Glândula
sebácea:
secretam uma
matéria oleosa,
para lubrificar e
impermeabilizar a
pele e os pelos
dos mamíferos.

Bulbo capilar
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 2.30: Corte de couro cabeludo. Objetiva de 4x.Corante: HE.

• Folículo piloso

Por essa razão, o folículo piloso possui


É uma invaginação da epiderme que
uma dilatação terminal denominada bulbo
forma e envolve o pelo. Na extremidade lateral
piloso. Desse modo, em seu centro há uma
do folículo piloso, pode-se observar a inserção
estrutura conhecida como papila dérmica,
dos músculos eretores do pêlo, porque são
cujas células que a recobrem formam a raiz do
músculos lisos, que possuem inervação
pêlo.
autônoma.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


040 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS EPITELIAIS
Capítulo 2

Referências Bibliográficas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
KELLER, Gordon. ”Diferenciação In Vitro de
1. Conhecer componentes básicos das
Células-Tronco Embrionárias”, Current
partes condutoras e respiratórias do Opinion in Cell Biology (1995): 862–69.
sistema respiratório e descrever as
MARKERT, Clement L. "Diferenciação
características estruturais distintas de cada
Embrionária", em AccessScience, McGraw-
componente relacionados a funções
H i l l 2 0 0 8 , D i s p o n í v e l e m
específicas na respiração.
http://accessscience.proxy.mpcc.edu/content
.aspx?id=230100 (Acessado em 15 de
2. Conhecer os tipos de células presentes
dezembro de 2010).
no epitélio respiratório e suas funções na
respiração. SURANI, Azim, Hayashi Katsuhiko e Petra
Hajkova. "Reguladores Genéticos e
3. Identificar a traqueia, brônquios,
Epigenéticos de Pluripotência". Cell 128
bronquíolos terminais, bronquíolos (2007): 747-62.
respiratórios, ductos alveolares e alvéolos
Reproductive Health Arizona (RHAZ)
do trato respiratório.
https://embryo.asu.edu/info/about
4. Quais são os constituintes da pele?
Descreva-os.

5. A pele da palma das mãos e da planta


dos pés é diferente daquela que recobre o
restante do corpo. O couro cabeludo
também tem suas peculiaridades.
Descreva as características da pele nesses
locais.

6. Classifique a glândula sebácea e as


glândulas sudoríparas conforme a sua
forma e o modo de liberação da secreção.

7. Como a pele é capaz de perceber


sensações, como o tato, a pressão e a dor?

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


041 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS
CONJUNTIVOS
CAPÍTULO 3

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

Como pode ser óbvio pelo nome, uma A matriz geralmente inclui uma grande
das principais funções do tecido conjuntivo é quantidade de material extracelular produzido
conectar tecidos e órgãos. Ao contrário do pelas células do tecido conjuntivo que estão
tecido epitelial, que é composto de células embutidas nela, o principal componente da
estreitamente compactadas com pouco ou matriz é uma substância fundamental, muitas
nenhum espaço extracelular entre elas, as vezes entrecruzada por fibras proteicas, esse
células do tecido conjuntivo são dispersas em grupo de tecido tem origem embrionária no
uma matriz. Cada tipo de tecido conjuntivo Mesoderma - Mesênquima e suas funções
possui tipos específicos de células e sua podem variar desde: estruturais ,
matriz extracelular contém diferentes sustentação , preenchimento, proteção,
moléculas e fibras que determinam sua armazenamento e reparação.
função.

TECIDO CONJUNTIVO
TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO
PROPRIAMENTE DITO FROUXO

TECIDO CONJUNTIVO
SANGUÍNEO

TECIDO CONJUNTIVO
PROPRIAMENTE DITO
DENSO MODELADO

TECIDO CONJUNTIVO TECIDO CONJUNTIVO


ÓSSEO CARTILAGINOSO

Figura 3.1: Tipos de tecidos conjuntivos

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


043 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.1. Tecido conjuntivo propriamente dito e químicos. É composta por fibras espessas de
seus tipos especiais colágeno e elastina onde se intercalam com
uma substancia amorfa composta por
Está amplamente representado no proteoglicanos e glicosaminoglicanos - grupos
corpo humano, o termo "tecido conjuntivo" de compostos que formam um filtro biofísico e
pode ser interpretado de duas maneiras: são responsáveis pela natureza hidrofílica da
primeiro, "conecta" diferentes tipos de tecido matriz (retendo água) e agindo como barreira
no corpo e serve como um tecido de contra a propagação de micro-organismos,
sustentação e deslocamento de substancias. Todos os componentes morfológicos do tecido

O espaço intercelular do tecido conjuntivo, conjuntivo (células e fibras) são suspensos

que também é chamado de " matriz nesta substância.

extracelular ", constitui um tipo de


A matriz extracelular é uma estrutura
"aglutinante" para grandes quantidades de
peculiar que une células em tecidos e órgãos,
íons e água, que contribuem permite a organização espacial do tecido e
significativamente para as propriedades fornece sua estabilidade mecânica e suporte
biomecânicas desse tecido . para as células. Qualquer substância que
queira entrar em uma célula deve passar pela
3.2. Composição do tecido conjuntivo
matriz extracelular, portanto, é um filtro
propriamente dito
biofísico que controla a transferência de
nutrientes e resíduos do ambiente para a
O tecido conjuntivo propriamente dito
célula. A matriz extracelular é composta
consiste em células e no espaço intercelular
principalmente de colágeno. No grupo de
entre elas. O espaço intercelular ocupa um
proteínas não colágenas, distinguimos
volume particularmente grande no tecido
elastina, reticulina, fibronectina, laminina,
conjuntivo e contém fibras de constituição
trombospondina, fibrina, e glicoproteínas
proteica e uma "substância fundamental associadas às microfibrilas.
amorfa " com caráter hidrofílico .
O aspecto de uma proteoglicanos (PG)
3.2.1. Matriz extracelular é semelhante a uma escova de lavar
mamadeira onde a parte central seria um fio
É uma substância que preenche o
proteico e as espículas seriam as
espaço entre as células, pode influenciar o
glicosaminoglicanos (GAG).
estado diferenciado das células de tecido
conjuntivo através de efeitos físicos e

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


044 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

Figura 3.2: IOs proteoglicanos são moléculas formadas por um eixo proteico, ao qual se ligam
covalentemente cadeias laterais de glicosaminoglica- nos (GAGs) e encontram-se presentes em
grânulos citoplasmáticos, na membrana celular ou na matriz extracelular.

3.2.2. Fibras

corpo humano; é um grupo de proteínas


As fibras fornecem resistência e
estreitamente relacionadas que formam
elasticidade ao tecido. Em termos de
filamentos, fibrilas e redes e depois se ligam a
aparência e propriedades físico-químicas,
outras proteínas.
eles são divididos em colágeno, reticular e
elástico.
O colágeno contém grandes
quantidades de glicina e prolina e dois
As fibras de colágeno são formadas
aminoácidos (hidroxiprolina - em grandes
por proteínas de colágeno. Elas têm grande
quantidades e hidroxilisina). Esses
resistência à tração.
aminoácidos são formados em um processo
O colágeno é a principal proteína do enzimático que requer a presença de vitamina
tecido conjuntivo; é uma proteína extracelular, C. Devido a sua estruturas espaciais, os
compõe cerca de 1/3 de todas as proteínas do colágenos podem ser divididos em:

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


045 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

Colágeno tipo I

Pele, Osso, tendões, ligamentos, faciais, Colágeno tipo IV


dente, córnea - forma fibrilas,
Membrana basal dos epitélios, vasos e
fibras e feixes.
célula muscular lisa – não formam
Colágeno tipo II fibrilas, formam redes.

Cartilagens - forma fibrilas Colágeno tipo VII

Colágeno tipo III Membrana basal de epitélios –


formam fibrilas de ancoragem
Tecidos fetais, estroma de órgãos e
glândulas, órgãos linfóides e Outros tipos são
IX, XII, XIV, etc.
hematopoiéticos – cora por prata –
forma fibrilas e fibras = fibras reticulares.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Fibroblastos

Fibrócitos

Fibras de
colágeno

10 μm

Figura 3.3: Fibras de colágeno. Aumento 100x. Corante: Gomori.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


046 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Fibras reticulares Nas preparações histológicas de rotina

as fibras reticulares não são visíveis. Somente


Formam a base conjuntiva de alguns
com determinadas impregnações pela prata o
órgãos (medula óssea, linfonodos). São fibras
tecido conjuntivo reticular é nomeado quando
muito delicadas (diâmetro de 0,5 a 2
existe predomínio de fibras reticulares, que
micrômetros) e quimicamente são formadas
são a principal parte estrutural desse tecido.
por colágeno do tipo III associado a elevado

teor de glicoproteínas, sendo, portanto As células que produzem as fibras

consideradas como as precursoras das fibras reticulares são fibroblastos chamados células

colágenas (fibras pré-colágenas). reticulares.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 3.4: Fibras reticulares. Aumento:100x. Corante: Del Rio Hortoga.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


047 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Fibras elásticas

São compostas de proteína elastina. ligações cruzadas, é organizado em fibras ou

Comparadas às fibras de colágeno, elas têm membranas (ligações covalentes são

menos força, mas são mais elásticas, formadas entre moléculas de elastina). A

facilmente esticadas elastina - uma proteína elastina confere elasticidade aos tecidos e

produzida por fibroblastos hidrofóbicos permite recuperar sua forma original. Em um

(repelentes à água), que é o principal estado relaxado, forma uma espiral irregular

componente das fibras elásticas. Por meio de que é propensa a alongamentos.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Fibras
Elásticas

10 μm

Figura 3.5: Fibra Elástica, Objetiva de 100x Corante: Verhoeff

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


048 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.2.3. Células do tecido conjuntivo • Célula mesenquimatosa


propriamente dito
As células-tronco mesenquimais
Desempenham um papel central no (CTMs) são células multipotentes
indiferenciadas que podem se diferenciar em
suporte e reparo de quase todos os tecidos e
outras células desse tecido como: células
órgãos, e a adaptabilidade de seu caráter
adipósas, condrócitos, osteócitos e células
diferenciado é uma característica importante
sanguíneas. Geralmente, encontra-se em
das respostas a muitos tipos de danos. volta dos vasos sanguíneos, e tem papel
relevante na regeneração tecidual.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
Célula
mesenquimatosa

Substância
fundamental
amorfa

Figura 3.6: SFA – Tecido mucoso. Aumento:10x. Corante:H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


049 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Plasmócitos
imunológico, têm o citoplasma basófilo,
São células originadas dos linfócitos devido à intensa síntese proteica. Os
tipo B do tecido conjuntivo sanguíneo, fazendo plasmócitos produzem anticorpos, também
parte do ramo humoal do sistema chamados de imunoglobulinas.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Linfócito

Figura 3.7: Linfócitos.


Aumento 100x.
Corante: Azul de Toulidina.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Plasmócito

Figura 3.8: Plasmócitos


Aumento 100x. Corante: H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


050 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Mastócitos interleucinas , heparina e várias enzimas.


Após a estimulação por um alérgeno , os
São células globulosas, com
mastócitos liberam o conteúdo de seus
citoplasma repleto de grânulos grossos
grânulos nos tecidos circundantes
contendo diversas substâncias que mediam
produzindo respostas características de uma
respostas inflamatórias , como
reação alérgica, como aumento da
hipersensibilidade e reações alérgicas . Eles
permeabilidade dos vasos sanguíneos
estão espalhados pelos tecidos conjuntivos do
(inflamação e edema), contração dos
corpo, especialmente abaixo da superfície da
músculos lisos (ex .: músculos brônquicos) e
pele, e perto dos vasos sanguíneos e vasos
aumento da produção de muco.
linfáticos, entre os mediadores químicos que
armazenam são incluídos a histamina ,

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Mastócito

Figura 3.9: Mastócito. Aumento 100x. Corante: Azul de Toulidina.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


051 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Fibroblasto proteica desta célula. Os fibroblastos


constituem as principais células residentes do
É a célula mais abundante no tecido
tecido conjuntivo. Eles sintetizam e secretam
conjuntivo. Principal célula formadora da
os componentes da substância fundamental
fibras e da substância fundamental amorfa.
do tecido conjuntivo e as moléculas
Geralmente, apresenta-se alongada e com
precursoras de vários tipos de colágeno e
algumas expansões citoplasmáticas, que se
fibras elásticas.
estendem para fora da célula. O citoplasma é
basófilo devido à intensa atividade de síntese

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Fibras
colágenas

Macrófago

Fibra elástica

Fibroblasto

200 μm

Figura 3.10: Corte do tecido conjuntivo propriamente dito frouxo. Aumento 4x. Coloração: H&E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


052 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Fibrócito encontra-se cercado de fibras colágenas


produzidas por ele mesmo e pelas células
É, na verdade, um fibroblasto adulto,
vizinhas.Os fibrócitos desempenham papéis
que já não tem uma produção protéica tão
importantes na inflamação crônica,
grande como tem o fibroblasto. Geralmente, é
cicatrização de feridas, remodelação de
fusiforme e tem citoplasma acidófilo, devido à
tecidos e fibrose.
diminuição da produção protéica. Também

Fibras de
Colágeno

Fibrócito

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA 10 μm
LAMM - UNIMONTES

Figura 3.11: Corte do tecido conjuntivo denso modelado. Aumento 100x. Coloração H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


053 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Macrófago células mortas. Possui morfologia muito


variada, podendo ser fixo, chamado de
É uma célula originada dos monócitos,
histiócito ou móvel apresentando
que são células do sangue. Sua principal
pseudópodos. Outra forma de macrófago fixo
função está relacionada à fagocitose de
são as células de Kupffer, encontradas no
elementos estranhos ao organismo e de
fígado.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Monócito

Figura 3.12: Tecido sanguineo,


monocito. Objetiva de 100x.
Corante: Azul de Toulidina.

Histiócito são LABORATÓRIO ARQUIVO DE


MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
macrófagos inativos,
fixos, com os
pseudópodes
retraídos e com
aspecto ovóide.

Figura 3.13: Histiócito.


Objetiva de 100x.
Corante: Azul de Toulidina

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


054 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Célula adiposa membranas serosas e nas glândulas; também


suporta células epiteliais e forma camadas em
Também chamado de adipócitos ou
torno de vasos sanguíneos.
células de gordura, quando isoladas são Permite que a água, sais e vários
esféricas com núcleo deslocado para a nutrientes se difundam para células e tecidos
periferia, dependendo da distribuição das adjacentes, É o tecido de maior distribuição no
gotículas de gordura e da localização do corpo humano. Sua substância fundamental é
núcleo pode ser classificado em tecido viscosa e muito hidratada. Essa viscosidade
adiposo unilocular ou branco e multilocular ou representa, de certa forma, uma barreira
marrom. contra a penetração de elementos estranhos
no tecido. É constituído por três componentes
3.3. Classificação do tecido conjuntivo
principais: células de vários tipos, três tipos de
propriamente dito fibras e substância fundamental amorfa .

3.3.1. Tecido conjuntivo frouxo

O tecido conjuntivo frouxo é encontrado


entre grupos de células musculares, nas
papilas da derme, na hipoderme, nas

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Fibras
colágenas

Macrófago

Fibra elástica

Fibroblasto

200 μm

Figura 3.14: Corte do tecido conjuntivo propriamente dito frouxo. Aumento 4x. Coloração: H&E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


055 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.3.2. Tecido conjuntivo denso • Ordenado

O tecido conjuntivo denso contém mais As fibras densas de colágenos estão


fibras de colágeno do que o tecido conjuntivo dispostas em sentido paralelo umas às
frouxo e células fibroblasto/fibrocitos, como outras, aumentando a resistência à tração e a
consequência, exibe maior resistência ao resistência ao alongamento na direção das
alongamento. Existem duas categorias orientações das fibras. Como exemplo, temos
principais de tecido conjuntivo denso: o tecido tendinoso.
ordenado e não ordenado.

Fibras de
Colágeno

Fibrócito

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA 10 μm
LAMM - UNIMONTES

Figura 3.15: Corte do tecido conjuntivo denso modelado. Aumento 100x. Coloração H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


056 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Não ordenado tecido maior força em todas as direções e


menos força em uma direção específica. A
A direção das fibras densas de
derme da pele é um exemplo de tecido
colágeno é aleatória. Esse arranjo fornece ao
conjuntivo denso não modelado.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
LAMM - UNIMONTES
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Núcleo de
fibroblasto

Colágeno

Figura 3.16: Corte do Tecido conjuntivo denso NÃO modelado.


Aumento:100x. Corante H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


057 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.4. Tecidos Conjuntivos com propriedades especiais

3.4.1. Tecido Elástico coluna vertebral, cordas vocais, ligamento


suspensor do pênis, parede das artérias
Feixes espessos e paralelos de fibras
elásticas (camada média) = lâminas elásticas
elásticas - Abundância de fibras elásticas -
fenestradas.
Grande elasticidade - ligamento amarelo da

Túnica
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
adventícia
LAMM - UNIMONTES

Túnica
media

Túnica
interna

Figura 3.17: Parede das artérias elásticas. Objetiva de 4x. Corante: Verhoeff

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


058 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.4.2. Tecido Reticular Nas preparações histológicas de rotina as


fibras reticulares não são visíveis. Somente
As fibras reticulares formam redes
com determinadas impregnações pela prata,
flexíveis e delicadas ao redor de capilares,
devido ao alto conteúdo de cadeias de
fibras musculares, nervos, células adiposas e
açúcares associados a estas fibras
hepatócitos, servem como uma rede para a
(glicoproteínas e proteoglicanas), é que estas
sustentação de células de órgãos linfóides , h
fibras podem ser observadas como uma rede
e m a t o p o é t i c o s, endócrinos e linfáticos.
em determinados órgãos.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES 100 μm

Figura 3.18: Fibras reticulares. Aumento:10x. Corante: Del Rio Hortoga.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


059 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.4.3. Tecido Conjuntivo Embrionário colágenas e raras fibras elásticas e


Mesenquimal reticulares. As células são principalmente
fibroblastos. É encontrado no cordão
Nele há predominância de substância
umbilical, onde é conhecido como geleia de
fundamental amorfa, constituída
Wharton. É encontrado também na polpa
principalmente por ácido hialurônico. É de
dental jovem.
consistência gelatinosa, contém fibras

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Tecido Conjuntivo
Especial Mucoso
ou Geléia de
Wharton

Vaso
sanguíneo

Figura 3.19: TC Mucoso Cordão umbilical – Geléia de Wharton. Aumento 4x. Corante H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


060 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

3.5. Tecido Conjuntivo Adiposo

lipoblastos. Essa última se diferencia em


• Origem
lipoblasto e esse, por sua vez, pode originar
A célula tronco mesenquimal, células do tecido adiposo multilocular ou
multipotente, origina os fibroblastos ou unilocular.

Figura 3.20: Ilustração esquemática da gênese do tecido adiposo.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


061 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Classificação Tecido conjuntivo Adiposo marrom, mas cada adipócito no tecido adiposo
branco está em contato com pelo menos um
O tecido adiposo é um tipo especial de
capilar sanguíneo . microscopicamente o seu
tecido conjuntivo propriamente dito,
citoplasma é preenchido quase que
apresentando-se em duas formas distintas:
totalmente por apenas uma gota de gordura e

• Tecido adiposo branco ou unilocular o núcleo celular encontra-se mais periférico , é


o tecido adiposo mais abundante e suas
Com distribuição subcutânea funções incluem reserva de energia, pois
(hipoderme) e ao redor de alguns órgãos armazena gordura na forma de triglicerídeos;
como coração e rins; não é tão ricamente proteção contra choques mecânicos e
vascularizado quanto ao tecido adiposo isolamento térmico.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Núcleo do
adipócito
unilocular

10 μm

Figura 3.21: Tecido adiposo unilocular. Aumento 100x. Corante: H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


062 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Tecido adiposo marrom ou multilocular marrom é importante para regular a


temperatura do corpo por termogênese, uma
Sua quantidade pode variar
vez que libera energia diretamente como
dependendo da espécie e condições do
calor. O mecanismo de geração de calor está
ambiente, recebe esse nome devido a sua rica
relacionado ao metabolismo das
vascularização e grande quantidade de
mitocôndrias. As mitocôndrias do tecido
mitocôndrias compactadas,
adiposo marrom têm um transportador
microscopicamente o citoplasma apresenta
específico chamado proteína desacopladora
várias gotículas de gordura e o núcleo da
que transfere prótons de fora para dentro sem
célula é um pouco mais central, é encontrado
produção subsequente de ATP.
em animais que reduzem o seu metabolismo
(hibernação) e neonatos, o tecido adiposo

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Núcleo do
adipócito
multiocular

Figura 3.22: Tecido adiposo multilocular. Aumento: 100x. Corante: H.E.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


063 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

• Deposição e mobilização dos lipídios • Função endócrina tecido adiposo

Atualmente sabe-se que o tecido


A origem dos armazenados são
adiposo é um complexo reservatório
triglicerídeos, que podem vir da alimentação
energético regulado por nervos, hormônios,
(quilomícrons), podem vir do fígado através do nutrientes, mecanismos autócrinos e
V L D L e d a p r ó p r i a s í n t e s e c e l u l a r, parácrinos, sendo considerado um importante
transformando a glicose em triglicerídeo (a órgão endócrino com funções reguladoras no
insulina acelera esse processo). balanço energético e outras funções
neuroendócrinas.

A leptina é um hormônio peptídico com


• O tamanho da massa de tecido adiposo
um peso molecular de 16 kDa, que apresenta
Um aumento na massa de tecido uma estrutura terciária, é produzida
principalmente pelas células adiposas do
adiposo pode ocorrer pelo crescimento
tecido adiposo branco em quantidades
hiperplásico, que é um aumento no número de
proporcionais ao seu tamanho e que atua
adipócitos ou pelo aumento do volume dos
sobre as células do hipotálamo, promovendo
adipócitos, crescimento hipertrófico. uma sensação de saciedade e
consequentemente diminuindo o apetite.

Figura 3.23: Ilustração


esquemática do
funcionamento da leptina
e tecido adiposo.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


064 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDOS CONJUNTIVOS
Capítulo 3

Universidade de Illinois, Faculdade de


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Medicina [homepage na Internet] Atlas de
1. Explicar os tipos especiais de tecido histologia da Internet. Urbana: Universidade
de Illinois em Urbana-Champaign; 1999.
conjuntivo propriamente dito, explicando
[citado em 20 abr 2006]. Disponível em:
suas funções. www.med.uiuc.edu/histo/medium/atlas/index.
htm . [ Google Acadêmico ]
2. Compreender sobre a composição dos
Tecidos Conjuntivos propriamente e sua Recursos de aprendizado em histologia e
classificação. microscopia virtual Desenvolvido para a
Medical School - Michigan MultiMedia Health
3. Diferenciar microscopicamente tecido Information Technology & Services.
adiposo unilocular e multilocular.
Histologia básica I L.C.Junqueira e José
4. Compreender o processo de uma reação Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.
alérgica de hipersensibilidade, citando o
nome da célula envolvida com esse
processo e sua característica morfológica.

Referências Bibliográficas

Harvey Cushing / Biblioteca Médica John Hay


Whitney [homepage na Internet] Software de
educação médica para histologia. New Haven:
Universidade de Yale; 2005. [ Google Scholar ]

Universidade de Dakota do Sul, Faculdade de


Medicina [homepage na Internet] HISTOWEB:
um guia interativo de laboratório digital para
histologia. Vermillion: Universidade da Dakota
do Sul; 2007. [ Google Scholar ]

THE NEW Encyclopaedia Britannica:


micropaedia. Chicago: Encyclopaedia
Britannica.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


065 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO
CONJUNTIVO
CARTILAGINOSO
CAPÍTULO 4

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

A cartilagem constitui-se de uma 4.1. Tipos de Cartilagem


estrutura bastante onipresente durante o
desenvolvimento embrionário. Ele forma o A classificação da cartilagem é

modelo que será posteriormente ossificado baseada em diferenças na abundância e no

durante a ossificação endocondral. No tipo de fibras na matriz, na atualidade, há três

entanto, em outras áreas do corpo, como tipos de cartilagem: hialina, elástica e

superfícies articulares sinoviais, anéis fibrocartilagem.

traqueais ou estruturas laríngea e epiglótica, a


4.1.1. Cartilagem Hialina
cartilagem persiste durante toda a vida adulta.
A cartilagem é composta de células, fibras e A cartilagem hialina tem um aspecto
uma substância fundamental altamente vítreo, translúcido e de cor branco-azulada
hidratada, com altas concentrações de hyalos = vidro (grego), é muito uniforme na
glicosaminoglicanos (GAGs) e aparência, encontra-se cercada por um
proteoglicanos. O alto teor de água fornece revestimento de tecido conjuntivo chamado
resistência à compressão, enquanto as fibras pericôndrio, que fornece nutrientes para a
fornecem resistência à tração e resiliência. cartilagem, em sua composição observa-se
predomínio de fibras de colágeno tipo II e
Assim, as características estruturais de
substância fundamental amorfa com
sua matriz tornam a cartilagem ideal para uma
moléculas de sulfato de condroitina, que ajuda
variedade de papéis mecânicos e protetores.
a resistir à compressão. No entanto, é a mais
O tecido cartilaginoso não possui nervos ou
fraca ou sensível dos três tipos de cartilagem,
vasos sanguíneos, em vez disso, encerra uma
devido a constituição de finas fibras colágenas
estrutura simples composta principalmente de
presentes em sua matriz.
grupos de células chamadas condrócitos, que
apresentam um ou dois núcleos, quando A cartilagem hialina é a mais
jovens os condrócitos são denominados de comumente encontrada no organismo, está
condroblastos e apresenta reticulo associada a superfícies articulares dos ossos,
endoplasmático rugoso e complexo de golgi paredes do sistema respiratório (traqueia,
hipertróficos, por ser dinâmicos na produção brônquios) e placas de crescimento.
das fibras que compõe a matriz cartilaginosa.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


067 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA Condroblastos:
LAMM - UNIMONTES
sintetizam a
Matriz
Cartilaginosa
e reproduzem-se
por Mitose.

Mariz
Cartilaginosa

Pericôndrio

Condrócito
Células maduras
responsáveis pela
manutenção da
Matriz Cartilaginosa.

Figura 4.1: Cartilagem Hialina. Objetiva de 40x. Corante: H&E

Matriz Cartilaginosa
A matriz da LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
cartilagem hialina LAMM - UNIMONTES
é constitui-se
por fibrilas de
colágeno tipo II
associadas a
proteoglicanos e
a glicoproteínas
(condronectina)

Cápsula
cartilaginosa
Anel de matriz
intensamente
corado.

Figura 4.2: Cartilagem Hialina. Objetiva de 100x. Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


068 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Cartilagem
Hialina

Figura 4.3: Cartilagem Hialina traqueia, Objetiva de 4x Corante: H&E

Estas lâminas são bons exemplos de 4.1.2. Cartilagem Elástica


cartilagem hialina madura, com sua
A característica da cartilagem elástica é
abundante matriz e espaços, lacunas,
a composição de sua matriz extracelular, nela
ocupadas por células, condrócitos, que
há grande quantidade de material elástico,
geralmente encolhem extensivamente
principalmente sob a forma de fibras elásticas,
durante a fixação. A coloração da matriz é
além de quantidades variáveis de colágeno,
variável. Lembre-se de que têm abundantes
esta peculiaridade fornece às peças de
fibrilas de colágeno tipo II na matriz. No
cartilagens uma boa capacidade elástica,
entanto, eles são pequenos demais para
flexibilidade. Para se diagnosticar
serem visualizados no microscópio óptico, de
adequadamente a cartilagem elástica é muito
modo que a matriz tem uma aparência amorfa,
útil utilizar corante que demonstra material
vítrea (ou "hialina").

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


069 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Cartilagem
Elástica

Figura 4.4: Cartilagem Elástica, Objetiva de 4x. Corante: Verhoeff

elástico (p. ex. corante de Verhoeff). Desse denominado pericôndrio, responsável pela
modo, encontra-se em sua matriz Inter nutrição da cartilagem. Está presente no
territorial, grandes lacunas de condrócitos pavilhão auditivo, conduto auditivo externo,
cercados por fibras elásticas, formando redes tuba auditiva, epiglote, cartilagem cuneiforme
tridimensionais, envoltas por um tecido da laringe e artérias elásticas.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


070 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

Matriz da
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
Cartilagem MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
Elástica

Condrócito

Pericôndrio

Figura 4.5: Cartilagem Elástica, Objetiva de 40x. Corante: Verhoeff

A imagem foi editada para destaque da com proteoglicanos, ácido hialurônico e


cor das fibras elásticas (cor preta), Só foi diversas glicoproteínas.
possível identificar de forma convincente a
• Pericôndrio
cartilagem elástica quando a seção é
O Pericôndrio é uma camada protetora
especificamente corada para elastina.
e vascularizada de tecido conjuntivo que
• Matriz da Cartilagem Elástica reveste a cartilagem. Essa nutrição ocorre
porque o tecido cartilaginoso está desprovido
A Matriz da Cartilagem Elástica é
de vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Por
menos basófila, porque , possui menor
esta razão, o pericôndrio fornece aos
quantidade de proteoglicano e bastante
condrócitos o suporte necessário para sua
colágeno. Assim, é constituída por colágeno
manutenção e crescimento sendo o
ou colágeno mais elastina, em associação
responsável pelo metabolismo da cartilagem.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


071 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

4.1.3. Cartilagem Fibrosa ou hialina, sua matriz extracelular é constitui-se


Fibrocartilagem por muitas fibras de colágeno tipo I
organizadas em feixes aparentemente
É encontrada nos discos
irregulares entre os condrócitos, ou em
intervertebrais, nos pontos de ligação de
arranjos paralelos ao longo dos condrócitos
tendões e ligamentos e na sínfise púbica.
organizados em fileiras, neste tipo de
Possuem características intermediárias entre
cartilagem não há ocorrência do pericôndrio.
o tecido conjuntivo denso e a cartilagem

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Cartilagem fibrosa:
Cartilagem muito resistente;
apresenta fileira do
condrócitos entre os feixes
das fibras podendo ser
encontrada também na
sínfise púbica.

Figura 4.6: Cartilagem Fibrosa,


objetiva de 10x. Corante: Gomori

Grupo de condrócitos
Lineares

Fibras colágenas tipo I:


Constituídas pela
proteína colágeno,
conferindo resistência.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
Figura 4.7: Cartilagem Fibrosa,
objetiva de 40x. Corante: Gomori

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


072 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

A cartilagem fibrosa forma-se por • Fibrocartilagem estratiforme na forma de


condrócitos enfileirados entre fibras uma fina camada sobre o osso, onde os
colágenas paralelas de diâmetro variável, tendões podem deslizam (por exemplo,
geralmente bastante espessas. tendões do fibular longo e tibial
posterior), ajudando a minimizar o atrito
Pode-se concluir que este tipo de entre osso e tendão;
cartilagem, reunem fibras colágenas e
componentes da matriz extracelular • Fibrocartilagem circunferencial (por
cartilaginosa, tem uma grande capacidade de exemplo, glenóide e labrum acetabular)
resistência à pressão mecânica, torção e presente na forma de um anel sem
tensão.Com base em sua presença e centro para proteger as margens da
significado funcional, a fibrocartilagem é articulação e melhorar o ajuste ósseo.
categorizada em quatro tipos diferentes:

• Fibrocartilagem intra-articular (por 4.2. Crescimento cartilaginoso


exemplo, meniscos) presente nas
articulações em que há flexão e a A cartilagem possui dois tipos de
extensão estão associadas ao crescimento: aposicional e intersticial .
deslizamento e agem como almofadas Crescimento aposicional constitui-se na
de impulso e ajudam a prevenir a formação de cartilagem sobre a superfície de
instabilidade das articulações; uma cartilagem já existente. As células
empenhadas nesse tipo de crescimento
• Fibrocartilagem de c onexão (por
derivam do pericôndrio, o crescimento
exemplo, discos intervertebrais) atuam
intersticial ocorre no interior da massa
como uma almofada para distribuir
cartilaginosa. Isso é possível porque os
tensões;
condrócitos ainda são capazes de se dividir e
porque a matriz é distensível.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


073 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO
Capítulo 4

Referências Bibliográficas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
KIERSZENBAUM, A. L.; TRES, L.L.
1. Ser capaz de reconhecer os três
Histologia e Biologia celular : Uma
principais tipos de cartilagem (hialino, introdução à patologia. 3ª edição. Elsevier,
elástico e fibrocartilagem) em seções 2012
microscópicas de luz e saber onde cada
CARVALHO, H. F.; BUZATO, C. B. C. Células:
tipo é encontrado no corpo.
Uma abordagem multidisciplinar. Editora
2. Ser capaz de identificar células e Manole, 2005
estruturas em seções da cartilagem (por
JUNQUEIRA, L.C.; CARNEIRO, J. Histologia
exemplo, condroblasto, condrócito, lacuna, Básica. Texto e Atlas. 13ª ed.
grupo isógeno, tipos de matriz e
pericôndrio). GARTNER, L.P.; HIATT, J.L. Tratado de
histologia em cores. Rio de Janeiro, Elsevier,
3. Ser capaz de descrever o processo de 2018.
condrogênese e saber como a cartilagem
cresce.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


074 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO
CONJUNTIVO
ÓSSEO
CAPÍTULO 5

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

O tecido ósseo é um tecido conjuntivo complexa e organizada que fornece suporte


de suporte formado por células e uma matriz mecânico e exerce papel essencial na
extracelular calcificada, é um tecido plástico, homeostase óssea, é composta por sais
sendo constantemente produzido e absorvido inorgânicos e matriz orgânica. A matriz
através de ações ajustadas das células orgânica contém proteínas colágenas (90%),
ósseas, que incluem reabsorção óssea por predominantemente colágeno tipo I e
osteoclastos e formação óssea por proteínas não colágenas, incluindo
osteoblastos. Por serem um estrutura osteocalcina, osteonectina, osteopontina ,
inervada e irrigada, os ossos apresentam fibronectina e fatores de crescimento.
sensibilidade, alto metabolismo e capacidade
O material inorgânico do osso consiste
de regeneração.
predominantemente em íons fosfato e cálcio;
5.1. Funções no entanto, quantidades significativas de
bicarbonato, sódio, potássio, citrato,
O Tecido conjuntivo ósseo compõe o
magnésio, carbonato, fluorita, zinco, bário
esqueleto e realiza diversas funções como:
também estão presentes. Os íons cálcio e
fosfato formam os cristais de hidroxiapatita.
• proteção de tecidos moles como os
Juntamente com o colágeno, as proteínas da
pulmões e o sistema nervoso central.
matriz não colágeno formam um andaime para
• sustentação e conformação do corpo. a deposição de hidroxiapatita e essa
associação é responsável pela rigidez e
• local de armazenamento de íons de cálcio
resistência típicas do tecido ósseo.
e fósforo (regulação calcemia).
• Tipos Celulares
• constituem um sistema de alavancas que,
juntamente com os músculos permite a • Osteoblastos
locomoção.
Osteoblastos são células cuboides
• alojam e protegem a medula óssea localizadas ao longo da superfície óssea,
vermelha e amarela. compreendendo 4 a 6% do total de células
ósseas residentes e são amplamente
5.2. Constituição
conhecidas por sua função de formação da
• Matriz Óssea Extracelular parte orgânica da matriz óssea. Essas células
mostram características morfológicas de
A matriz óssea constitui uma estrutura

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


076 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

células sintetizadoras de proteínas, incluindo abundantes e de vida longa, com uma vida útil
retículo endoplasmático rugoso abundante e de até 25 anos, estão relacionados com a
Complexo de Golgi hipertróficos, bem como nutrição do tecido ósseo, sendo derivados de
várias vesículas secretoras. linhagens de células mesenquimais, através
da diferenciação de osteoblastos, no final de
A síntese da matriz óssea pelos
um ciclo de formação óssea, uma
osteoblastos ocorre em duas etapas
subpopulação de osteoblastos se torna
principais: deposição da matriz orgânica e sua
osteócitos, localizados dentro de lacunas
subsequente mineralização.As células do
cercadas por matriz óssea mineralizada pode
revestimento ósseo são osteoblastos
apresenta-se com uma morfologia dendrítica,
quiescentes de forma plana que cobrem as
embora sua morfologia difere dependendo
superfícies ósseas, onde não ocorrem
do tipo de osso. Por exemplo, os osteócitos do
reabsorção nem formação óssea.
osso trabécular são mais arredondados do
• Osteócitos
que os osteócitos do osso cortical, que exibem
uma morfologia alongada.
Osteócitos compreendem 90-95% do total de
células ósseas, são as células mais

Osteócitos

Osteoclasto

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
5 μm

Figura 5.1: Tecido conjuntivo ósseo. Aumento de 100x.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


077 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

• Osteoclastos fatores , estão incluídos o fator estimulador de


colônias de macrófagos (M-CSF), secretado
Osteoclastos são células grandes
por células mesenquimais osteoprogenitoras
multinucleadas, secretam ácido, enzimas
e osteoblastos.
colagenase e outras hidrolases que digerem a
matriz orgânica, dissolvendo os cristais de 5.3. Metabolismo do Cálcio
sais de cálcio. A atividade do osteoclasto é
Os hormônios Paratormônio e
coordenada por citocinas e por hormônios
Tirocalcitonina mantêm as taxas de cálcio e
como a calcitonina e o paratormônio, se
fósforo no plasma sanguíneo regulando as
originam de células mononucleares da
trocas desses elementos entre a matriz óssea
linhagem de células-tronco hematopoiéticas,
e o plasma.
sob a influência de vários fatores. Entre esses

Figura 5.2: Ilustração esquemática do metabolismo do cálcio

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


078 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

• Tirocalcitonina • Vitamina D

Ti r o c a l c i t o n i n a é u m h o r m ô n i o Vitamina D é uma vitamina lipossolúvel


produzido em humanos pelas células cujas principais formas encontradas na
parafoliculares (comumente conhecidas como natureza são a vitamina D2 e a vitamina D3, a
células C da glândula tireóide , está envolvida principal fonte da vitamina D é representada
em ajudar a regular os níveis de cálcio e pela formação endógena (fisiológica) nos
fosfato no sangue, removendo o cálcio do tecidos cutâneos após a exposição à radiação
plasma sangüíneo e o incorporando-o à ultravioleta, ou seja, quando tomamos sol,
matriz óssea, inibi a atividade dos sendo assim, as fontes alimentares
osteoclastos favorecendo uma diminuição da respondem por apenas 10 a 20% dessa
calcemia. vitamina, sua função esta intimamente ligada
a proteção óssea, regulando a absorção de
• Paratormônio
cálcio e fósforo ao organismo.

Paratormônio também conhecido como


5.4. Tipos de Tecido Ósseo
hormônio da paratireóide, é definido como um
hormônio polipeptídico secretado pelas O tecido ósseo vem em duas formas,
paratireoides, esse hormônio estimula a ambas presentes em todos os ossos do corpo:
atividade dos osteoclastos , atua removendo osso compacto e osso esponjoso . As duas
o cálcio da matriz óssea, levando-o ao plasma. formas diferem principalmente em como o
A secreção desse hormônio ocorre em mineral ósseo é organizado e em quanto
resposta à hipocalcemia e é inibido pela espaço vazio existe entre a matriz extracelular
hipercalcemia, sendo um dos mecanismos solidificada. O osso compacto parece sólido e
mais importantes de controle homeostático o esponjoso consiste em um arranjo em forma
rápido para os níveis de cálcio no organismo. de teia ou esponja de matriz extracelular
solidificada.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


079 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

Medula óssea
vermelha no
osso esponjoso

Periósteo

Cavidade medular

Medula óssea
amarela

Osso compacto

Figura 5.3: Ilustração esquemática das estruturas componentes do tecido ósseo

• Análise macroscópica do Tecido Ósseo Compacto

O osso compacto (ou osso cortical) sangue. Eles estão alinhados paralelamente
forma a camada externa dura de todos os ao eixo longo do osso. Cada ósteon consiste
ossos e envolve a cavidade medular, ou em lamelas, que são camadas de matriz
medula óssea. Ele fornece proteção e força compacta que circundam um canal central
aos ossos. O tecido ósseo compacto consiste chamado canal de Havers. O canal de Havers
em unidades chamadas ósteons ou sistemas (canal osteônico) contém os vasos
Haversianos. sanguíneos e as fibras nervosas do osso.
Ósteons no tecido ósseo compacto são
• Ósteons
alinhados na mesma direção ao longo das
São estruturas cilíndricas que contêm linhas de estresse e ajudam o osso a resistir à
uma matriz mineral e osteócitos vivos flexão ou fratura.
conectados por canalículos, que transportam

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


080 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

(canal osteônico) contém os vasos alinhados na mesma direção ao longo das


sanguíneos e as fibras nervosas do osso. linhas de estresse e ajudam o osso a resistir à
Ósteons no tecido ósseo compacto são flexão ou fratura.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Ósteon ou
Sistema
de Havers

20 μm

Figura 5.4: Tecido ósseo compacto. Objetiva de 40x. Corante: Schmorl.

• Canal de Havers

São os canais cortados No canal de Havers destacado na


transversalmente sempre que a diáfise é imagem, observe que os canalículos dos
também seccionada transversalmente, são osteócitos da lamela mais interna se
revestidos pelo endósteo e irrigam e inervam comunicam diretamente com ele.
a peça óssea.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


081 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Canalículos
ósseos

Canal de
Havers

Lacuna
óssea

10 μm

Figura 5.5: Tecido ósseo compacto, Objetiva de 100x. Corante:Schmorl*

• Canalículos ósseos abrigam a medula óssea e células-tronco


hematopoiéticas que se diferenciam em
São finíssimos túneis dentro da rígida eritrócitos, leucócitos e trombócitos .
matriz, por eles passam os prolongamentos
citoplasmáticos dos osteócitos, que permitem • Aspectos microscópicos
que estas células se comuniquem entre si e
com os canais de Havers. Temos dois tipos de tecido ósseo, 1) o tecido
ósseo primário ou imaturo e 2) tecido
• Tecido Ósseo Esponjoso ósseo secundário ou maduro.

Também é chamado de osso esponjoso 1) Tecido ósseo primário ou imaturo


ou trabecular, forma a camada interna de aparece na formação do osso inicialmente,
todos dos ossos, sendo cercada por tecido estando presente já no feto e no calo ósseo.
ósseo compacto. O termo esponjoso vem do Apresentando fibras colágenas organizadas
fato de ser um tecido altamente vascularizado em direções diversas, possui quantidade de
e poroso, compõe cerca de 20% de um minerais menor que o tecido ósseo
esqueleto humano. Os ossos esponjosos secundário.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


082 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

2) Tecido ósseo secundário ou maduro se intramembranosa que ocorre em uma


desenvolve substituindo o tecido ósseo membrana conjuntiva. Tanto em um tipo de
primário contendo fibras colágenas ossificação como na outra, o tecido ósseo
organizadas em lamelas, as quais são formado é inicialmente primário que
paralelas ou formam camadas concêntricas gradativamente é substituído por tecido ósseo
em torno dos canais de Havers). secundário.
Geralamente, lacunas que apresentam
osteócitos são localizadas entre as lamelas. Ossos que suportam peso, tais como
os das extremidades e partes do esqueleto
5.5. Revestimento Ósseo dos membros superiores e inferiores
desenvolvem-se por ossificação endocondral.
Todos os ossos são revestidos em suas Os ossos chatos do crânio e da face,
superfícies externas e internas por mandíbula e clavícula têm desenvolvimento
membranas conjuntivas respectivamente por ossificação intramembranosa.
denominadas periósteo e o endósteo que
possuem células osteogênicas que • Ossificação Endocondral ou Indireta
promovem o crescimento e regeneração
óssea. A parte externa de todos os ossos do A ossificação endocondral forma,

corpo é coberta por uma camada de tecido principalmente, ossos curtos e longos em

conjuntivo denso não modelado, chamado duas etapas - que são: modificações da

periósteo, exceto onde existe cartilagem cartilagem hialina que termina com a morte

articular, o revestimento das cavidades dos condrócitos e invasão de células

internas dos ossos, como os canais centrais osteogênicas e diferenciação das mesmas em

dos sistemas haversianos do osso e a osteoblastos nas cavidades anteriormente

superfície externa das trabéculas nos ossos ocupadas pelos condrócitos para deposição

esponjosos são revestidos por uma camada de matriz óssea e formação de tecido ósseo

fina de tecido conjuntivo frouxo denominada onde inicialmente havia tecido cartilaginoso.

endósteo.
A ossificação endocondral tem início

5.6. Osteogênese em uma peça de cartilagem hialina que tem


forma parecida com o osso a ser formado. As
Formação do tecido ósseo, processo células cartilaginosas, hipertrofiam, morrem
pelo qual um novo osso é produzido. Os ossos por apoptose e a matriz de cartilagem é
podem ser formados por ossificação mineralizada. Vasos sanguíneos do periósteo
endocondral, se cartilagem hialina servir como penetram na cartilagem calcificada para levar
m o l d e p r e c u r s o r, o u p o r o s s i fi c a ç ã o células osteoprogenitoras, provenientes do

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


083 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

periósteo, que proliferam e diferenciam-se em Uma vez iniciada a ossificação


osteoblastos. endocondral, é necessário que haja
cartilagem durante todo o crescimento que se
Estes osteoblastos formam camadas inicia na vida fetal e continua até o início da
nos tabiques de cartilagem mineralizada e idade adulta. A formação de cartilagem nos
sintetizam matriz óssea que será discos epifisários termina quando o indivíduo
mineralizada. Nesse processo, matriz óssea é atinge o crescimento máximo. Nesse caso, a
formada sobre restos de cartilagem. Este é o cartilagem existente sofre as alterações que
centro primário de ossificação que, levam à deposição de osso. As cavidades
rapidamente, cresce em comprimento até medulares (da diáfise e das epífises) juntam-
ocupar toda a diáfise. Osteoclastos fazem a se e ocorre oclusão do disco epifisário que
absorção de matriz formada no centro da desaparece e, assim, completa-se o
cartilagem para formar o canal medular, no crescimento.
qual células sanguíneas formarão a medula
óssea vermelha.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE Zona de


MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES repouso

Zona de
cartilagem
seriada ou
de proliferação

Zona de
cartilagem
hipertrófica

Zona de
ossificação

Figura 5.6: Ossificação Endocondral. Objetiva de 4x. Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


084 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

• Zona de repouso possuem depósitos citoplasmáticos de


glicogênio e lipídios. Os condrócitos morrem
Cartilagem hialina sem nenhuma
por apoptose.
presença de alteração morfológica.
• Zona de ossificação
• Zona de cartilagem seriada ou de
proliferação Aparece tecido ósseo. Capilares
sanguíneos e células osteoprogenitoras
Os condrócitos dividem-se originadas do periósteo invadem as cavidades
rapidamente e formam fileiras ou colunas deixadas pelos condrócitos mortos. As células
paralelas de células achatadas e empilhadas osteoprogenitoras se diferenciam em
no eixo longitudinal do osso. osteoblastos, que por sua vez, depositam

• Zona de cartilagem hipertrófica matriz óssea sobre os restos de matriz


cartilaginosa.
Os condrócitos estão bem volumosos,

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Condrócitos
da região
seriada

Matriz
extracelular
Cartilaginosa:
Proteoglicano e
colágeno

Figura 5.7: Ossificação Endocondral. Objetiva de 100x. Corante H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


085 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

• Condrócitos de Cartilagem Seriada ou de metabolitos celulares. A principal função


proliferativa desta zona é a proliferação celular; Outras
funções incluem a formação de matriz
A tensão de oxigênio é maior do que em
intracelular.
outras zonas , assim como o metabolismo
celular, resultando em uma alta concentração

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Condrócito
da região
hipertrófica

Figura 5.8: Ossificação Endocondral. Objetiva de 10x. Corante: H&E

• Ossificação Imtramembranosa ou Direta


por volta da oitava semana de gestação e a
O processo de ossificação
partir dela são formados ossos do crânio (por
intramembranosa é feito a partir da
exemplo: frontal, parietal, partes do occipital,
diferenciação de células mesenquimais em
maxila, mandíbula) e clavícula. A ossificação
osteoblastos no interior de membranas
intramembranosa também é importante para o
conjuntivas. Em humanos, os primeiros sinais
crescimento dos ossos curtos e aumento da
da ossificação intramembranosa aparecem
espessura de ossos longos.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


086 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

As células mesenquimais, na óssea é formada, porém permanecem unidos


ossificação intramembranosa, migram do por delgado prolongamento citoplasmático.
mesênquima e agregam-se em áreas Posteriormente, a matriz torna-se calcificada,
específicas, nas quais o osso será formado, envolve completamente os osteoblastos que
denominadas centro de ossificação primária. passam a ser denominados osteócitos e os
À medida que a agregação das células prolongamentos citoplasmáticos
mesenquimais continua, o tecido recém- intercomunicantes das células ficam em
organizado torna-se mais vascularizado e as canalículos. A partir dos vários grupos de
células mesenquimais ficam maiores e células que surgem, há confluência das traves
arredondadas para diferenciarem-se em ósseas formadas, o que dá aparência
osteoblastos que passam a sintetizar e esponjosa ao osso. Os centros de ossificação
secretar colágeno e proteoglicanos da matriz crescem e substituem a membrana
óssea (osteoide). conjuntiva. As partes da membrana que não
ossificam formam o endósteo e o periósteo.
Os osteoblastos situados no interior da
matriz óssea distanciam-se enquanto a matriz

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Matriz
óssea

Vaso
sanguíneo

Figura 5.9: Ossificação intramembranosa. Objetiva de 4x. Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


087 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

Matriz Óssea
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA Orgânica:
LAMM - UNIMONTES

Formada por
fibra colágenas,
proteoglicanos e
glicoproteínas.

Osteócito são
as células
ósseas maduras,
localizadas em
lacunas, no
interior da matriz
óssea.

20 μm

Figura 5.10: Ossificação intramembranosa. Objetiva de 40x. Corante: H&E

Figura 5.11: Organogênese representando a formação dos tecidos e dos órgãos a partir dos três
folhetos embrionários.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


088 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

5.7. Crescimento Ósseo


OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Ossos longos continuam a se alongar,


1. Cite a função do periósteo e do endósteo
potencialmente até a adolescência, através da e o tipo de tecido ao qual pertecem.
adição de tecido ósseo na placa epifisária.
2. Quais hormônios regulam a calcemia e
Eles também aumentam em largura através
onde são produzidos.
do crescimento aposicional.
3. Como as células do tecido conjuntivo
• Alongamento dos ossos longos
ósseo conseguem nutrientes e oxigênio
estando numa matriz mineralizada.
Ossos longos param de crescer por
volta dos 18 anos de idade nas mulheres e 21 4. A ossificação endocondral ocorre a partir
anos nos homens em um processo chamado de qual membrana conjuntiva.
fechamento da placa epifisária. Durante esse
5. Qual a função dos osteoblastos,
processo, as células da cartilagem param de
osteócitos e osteoclastos
se dividir e toda a cartilagem é substituída por
6. Qual o papel da vitamina D na absorção
osso. A placa epifisária desaparece, deixando
do cálcio.
uma estrutura chamada linha epifisária ou
remanescente epifisário, e a epífise e a diáfise
Referências Bibliográficas
se fundem.
Capulli M., Paone R., Rucci N. Osteoblast e
• Espessamento dos ossos longos osteocyte: jogos sem fronteiras. Arquivos de
Bioquímica e Biofísica . 2014; 561 : 3–12. doi:
O crescimento aposicional é o aumento
10.1016 / j.abb.2014.05.003.
do diâmetro dos ossos pela adição de tecido
ósseo na superfície dos ossos. Os Marks SC, Jr., Popoff SN Biologia de células
ósseas: a regulação do desenvolvimento,
osteoblastos na superfície óssea secretam
estrutura e função no esqueleto. American
matriz óssea e os osteoclastos na superfície
Journal of Anatomy . 1988; 183 (1): 1-44. doi:
interna quebram o osso. Os osteoblastos se 10.1002 / aja.1001830102.
diferenciam em osteócitos. Um equilíbrio entre
Franz-Odendaal TA, Hall BK, Witten PE
esses dois processos permite que o osso
Enterrado vivo: como os osteoblastos se
engrosse sem se tornar muito pesado.
tornam osteócitos. Dinâmica do
Desenvolvimento . 2006; 235 (1): 176–190.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


089 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO CONJUNTIVO ÓSSEO
Capítulo 5

doi: 10.1002 / dvdy.20603. matriz extracelular de mamíferos: o que


podemos aprender com camundongos
Miller SC, de Saint-Georges L., Bowman BM, knockout? Estrutura e Função Celular . 2000;
células de revestimento ósseo Jee WSS: 25 (2): 73-84. doi: 10.1247 / csf.25.73.
estrutura e função. Microscopia de varredura .
1989; 3 (3): 953–961. Datta HK, Ng WF, Walker JA, Tuck SP,
Varanasi SS A biologia celular do metabolismo
Dallas SL, Prideaux M., Bonewald LF O ósseo. Jornal de Patologia Clínica . 2008; 61
osteócito: uma célula endócrina ... e muito (5): 577–587. doi: 10.1136 / jcp.2007.048868.
mais. Revisões endócrinas . 2013; 34 (5):
658–690. doi: 10.1210 / er.2012-1026. Biologia. Fornecido por : OpenStax CNX.
L o c a l i z a d o e m :
Currey JD As muitas adaptações do osso. http://cnx.org/contents/2e737be8-ea65-48c3-
Journal of Biomechanics . 2003; 36 (10): 1487- [email protected] . Licença : CC BY:
1495. doi: 10.1016 / S0021-9290 (03) 00124- Atribuição . Termos da licença : Faça o
6. d o w n l o a d g r a t u i t o e m
http://cnx.org/contents/185cbf87-c72e-48f5-
Boskey AL, Spevak L., Paschalis E., Doty SB, [email protected]
McKee MD A deficiência de Osteopontin
aumenta o conteúdo mineral e a cristalinidade Nas referências: BEU, C.C.L.; GUEDES,
mineral no osso do camundongo. International N.L.K.O; DE QUADROS, Â.A.G. Tecido
Calcified Tissue . 2002; 71 (2): 145-154. doi: conjuntivo, 2017. Disponível em: . Acesso em:
10.1007 / s00223-001-1121-z. 09 de nov. 2019.

Aszódi A., Bateman JF, Gustafsson E., Boot-


Handford R., Fässler R. Esquelogênese e

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


090 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO
CONJUNTIVO
SANGUÍNEIO
CAPÍTULO 6

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

6.1. Características gerais do sangue de coagulação, como a fibrina.

O tecido sanguíneo constitui-se em um Quando o sangue é centrifugado, os


tecido conjuntivo especializado cujas funções elementos figurados são distribuídos em três
são, estreitamente, ligadas ao sistema fases: o plasma situa-se superiormente, os
circulatório, por possibilitar funções de leucócitos e as plaquetas ocupam a porção
transporte de oxigênio e nutrientes para os intermediária e as hemácias são depositados
órgãos, remoção do dióxido de carbono, na porção inferior do tubo.
amônia e outros produtos residuais, e,
Há uma necessidade constante de
intermediação de processos metabólicos,
renovação das células circulantes do sangue,
além de desempenhar importante papel na
em vista das mesmas terem duração de vida
defesa, regulação do equilíbrio hídrico,
limitada na circulação. Assim, ocorre a
regulação do valor do potencial
hematopoiese, na medula óssea durante a
hidrogeniônico (pH), regulação de pressão
vida adulta, em que há a produção de células
osmótica, transporte hormonal, distribuição do
hematopoiéticas diariamente.
calor e função da pressão sanguínea.
6.2. As hemácias
O volume total de sangue em uma
pessoa hígida é de aproximadamente 7% do As hemácias, também conhecidas

peso corporal, cerca de 5 ℓ em um indivíduo como eritrócitos ou glóbulos vermelhos,

com 70 kg de peso. O s a n g u e é c o m p o s t consistem em células desprovidas de núcleos

o p o r aproximadamente 55 por cento (%) de e de mitocôndrias, que utilizam a glicose como

plasma e 45% de elementos figurados, sendo a única fonte de energia. A membrana dos

que, destes, aproximadamente 99% são eritrócitos contém proteínas e glicoproteínas

eritrócitos e o restante são leucócitos e incorporadas em uma bicamada lipídica que

plaquetas. O plasma, a parte líquida do confere comportamento viscoelástico.

sangue dissocia-se das células sanguíneas e Glicoproteínas da membrana das hemácias

é uma solução, relativamente, amarelada e são responsáveis por uma superfície de carga

clara constituída por 90% de água, 7% por negativa que cria um potencial elétrico

proteínas plasmáticas e os 3% restantes repulsivo zeta ( ζ ) entre as células, o que

formam de nutrientes celulares, eletrólitos, previne a interação entre a membrana das

hormônios, e n z i m a s , a n t i c o r p o s e p r o d hemácias à outras células e, especialmente,

u t o s d a degradação metabólica. . O soro é entre si.

constituído do plasma na ausência dos fatores

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


092 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

6.2.2. A hemoglobina e o ferro albumina plasmática e, apenas 1% circula sob


a forma livre. Ao atingir o fígado é modificada
Os glóbulos vermelhos são responsáveis pelo
em bilirrubina conjugada ou direta pela enzima
transporte de oxigênio aos tecidos, o qual é
glucoroniltransferase que pode ser excretada
realizado através da molécula de
para a luz intestinal e por ação de enzimas
hemoglobina). A hemoglobina é uma proteína
bacterianas, transforma-se em uro e/ou
globular, de estrutura quaternária, que contém
estercobilinogenio, sendo posteriormente
quatro cadeias polipeptídicas (cadeias de
excretadas. A bilirrubina indireta que é lançada
globina). Sua estrutura é ligada
na corrente sanguínea é um composto
quimicamente a um núcleo prostético de ferro,
insolúvel em água e para ser transportada no
a ferroprotoporfirina IX, que constitui o grupo
plasma, combina-se à albumina, pela qual tem
heme, sendo responsável por receber, ligar
ligação mais estável. No fígado é
e/ou liberar oxigênio nos tecidos. Nos
transformada em uma substancia solúvel em
músculos existe uma especificidade em que
água, passando a si chamar de bilirrubina
são encontradas as mioglobinas, uma
direta.
proteína semelhante à subunidade da
hemoglobina, caracterizada por um O ferro é um elemento indispensável na
reservatório adicional de oxigênio, já que maioria dos processos fisiológicos do
apresenta uma maior afinidade pela molécula. organismo humano, já que estão relacionados
com o metabolismo energético celular. Sua
A bilirrubina é o principal produto do
concentração no adulto é cerca de 3,5 a 4g;
metabolismo da porção heme integrantes de
estando a maior parte (de 1,5 a 3,0g) ligada
hemoglobina, mioglobina e enzimas
ao grupo heme da hemoglobina que se
respiratórias. Um grama de hemoglobina
encarregam com a oxigenação dos tecidos; e
fornece 35mg de bilirrubina, sendo que no
outra parte está armazenada, sob forma de
adulto, 1% da hemoglobina existente no
ferritina ou de hemossiderina, no fígado, na
organismo é degradada por dia. O heme é
medula óssea e no baço. Para manter o
quebrado pela enzima hemeoxidade,
suprimento adequado de ferro, existe um
resultando na liberação de ferro e na formação
eficiente sistema de reutilização, em que 20 a
de monóxido de carbono e de biliverdina,
30 mg de ferro são reciclados diariamente.
posteriormente transformada em bilirrubina
Isso evita deficiência de ferro, a qual é
desconjugada ou indireta, pela biliverdina
considerada grave problema de saúde
redutase. A maior fração dessa bilirrubina
publica.
liberada na corrente sanguínea liga-se à

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


093 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

6.2.3 Antígeno da superfície das hemácias nome de eritrograma que, além de indicar a
quantidade das células sanguíneas, informa
Os antígenos, também chamados de sobre a qualidade das hemácias, indicando se
aglutinogênios, presentes na superfície estão do tamanho adequado ou com
extracelular da membrana das hemácias são quantidades recomendadas de hemoglobina
estruturas macromoleculares, sendo de no seu interior, o que ajuda a esclarecer
natureza carboidrato, proteína ou causas de anemia, por exemplo.
glicoproteína. Com o progresso dos estudos
Essas informações são fornecidas por
moleculares, já foram reconhecidos pela
meios de vários indices hematimétricos como
Sociedade Internacional de Transfusão
contagem global de hemácias, hematócrito,
Sanguínea 29 sistemas de grupos sanguíneo.
HCM, VCM, CHCM dentre outros. Um
Dentre eles,, os sistemas mais importantes
homem adulto pode apresentar entre 4,5 e 6
são o sistema ABO /H e o sistema Rh.
milhões de hemácias por mm3 de sangue,
Os antígenos do sistema ABO e H são enquanto que uma mulher adulta varia entre 4
carboidratos, portanto não são produtos e 5,5 milhões/mm3. O hematócrito que é a
primários do genes que controlam sua proporção do volume ocupado pelas
expressão. Genes do braço longo do hemácias no sangue total; os índices
cromossomo 9 (antígenos ABO) e genes do hematimétricos que descrevem as
braço longo do cromossomo 19 (antígeno H) características médias dos eritrócitos; o
produzem as enzimas glicosiltransferases que volume corpuscular médio (VCM) que é o
transportam açucares, adicionando-os a uma volume médio dos eritrócitos; o índice de
substancia precursora da membrana da hemoglobina corpuscular médio (HCM) que é
hemácia a quantidade média de hemoglobina contida
. em cada célula; o índice de concentração de
Os antigenos do sistema Rh são
hemoglobina corpuscular médio (CHCM) que
protéicos, portanto produtos primários dos
é a concentração de hemoglobina média das
genes localizados no braço longo do
hemácias. Eles auxiliam na caracterização
cromossomo 1.
das hemácias, como macrocíticas,
.6.2.4 Eritrograma microcíticas (VCM) e normocrômicas ou
hipocrômicas (HCM e CHCM).
A parte do hemograma que
corresponde à análise das hemácias recebe o

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


094 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Plaquetas

Hemácias

Figura 6.1: Esfregaço sanguíneo mostrando os neutrófilos, Objetiva de 100x.Corante: Wright

6.3. Leucócitos
autoimunes, na destruição tecidual por
Os leucócitos são os elementos doenças degenerativas e em situações de
figurados do sangue de organização mais stress físico e emocional, e sofrem diminuição
complexa e são classificados em neutrófilos em casos de infecções virais, infecções
(40%-70%), linfócitos (20%-50%), monócitos bacterianas intensas e desordens da medula
(2%-10%), eosinófilos (1%-7%) e basófilos óssea.
(<1%). São responsáveis pelo sistema de Os leucócitos são produzidos na

defesa do organismo, estando aumentados medula óssea e dividem-se em granulócitos

em processos infecciosos parasitários e (neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e

bacterianos, em algumas doenças agranulócitos mononucleares (monócitos e

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


095 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

linfócitos), que se originam da mesma célula


tronco pluripotencial. Os valores leucocitários 6.3.1. Neutrófilos

considerados normais estão sujeitos a Os neutrófilos possuem citoplasma


alterações fisiológicas. As contagens de
basofílico e grânulos acidófilos corados
leucócitos, global e diferencial, variam
fracamente pelo corante ácido ou básico
conforme a idade, sexo, gravidez, ciclo
usado. Tem formato predominantemente
menstrual, localização geográfica, clima,
arredondado e apresentam um núcleo
exercício físico, etnia, fumo,
multilobulado, normalmente excêntrico, com
anticoncepcionais e estresse. Afro-
cromatina densamente compactada e sem
descendentes, por exemplo, possui 20% a
nucléolo visível. Medem de 12 a 18
25% menos leucócitos circulantes em relação
aos brancos. Fatores externos podem, micrômetros.

também, influenciar nos valores do Os neutrófilos tem origem de células


leucograma normal, como por exemplo, a
pluripotentes da medula óssea e cerca de 90%
exposição do indivíduo a toxicidade, à
dos mesmos permanecem na medula óssea
irradiação e a certos tipos de medicamentos,
após serem produzidos, o restante encontra-
como corticóides, efedrina, insulina,
se distribuído entre a circulação e o endotélio
adrenalina e ACTH.

Neutrófilo Eosinófilo Basófilo

Linfócito Monócito
Figura 6.2: Ilustração esquemática de leucócitos

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


096 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

vascular, onde permanece como população neutrófilos são estimulados a se mover, aderir
marginal. Dentre os leucócitos, são os de e a reorganizar seu citoesqueleto e, em
maior concentração no sangue (40 a 70% do seguida, a fagocitar microorganismos
total), tem meia-vida curta, durando de 7-10 infecciosos, secretar grânulos contendo
horas na circulação e são as células enzimas proteolíticas e agentes
predominantes nas primeiras 6 a 24 horas nas antimicrobianos, e ativar o NADPH oxidase,
inflamações agudas, sofrendo apoptose em gerando os intermediários reativos do
24 horas. oxigênio, que são altamente tóxicos, tais como
superóxido, peróxido de hidrogênio e radical
Existem dois tipos de grânulos nos
hidroxil. Assim, os neutrófilos quando
neutrófilos, os primários (ou peroxidase-
estimulados, tem a capacidade de
positivos), que se coram de azul e são
desencadear uma “explosão respiratória”,
lisossomas que contem hidrolases, proteases,
manifestada pelo aumento do consumo de
mieloperoxidases, proteínas catiônicas,
oxigênio, o que gera os vários metabólitos
defensinas, lisozima e mucopolissacarídeos,
oxidantes, que são de extrema importância
e os grânulos secundários (peroxidase-
para a função bactericida dos neutrófilos. Ao
negativos), que são mais abundantes que os
eliminar os microorganismos invasores, os
primários e contem lactoferrina, lisozima e
neutrófilos morrem espontaneamente por
proteína transportadora de vitamina B12. Os
apoptose, sendo fagocitados por macrófagos
neutrófilos constituem a primeira linha de
do fígado ou baço).
defesa do organismo, participando de
inflamações, infecções, principalmente Durante uma infecção ou inflamação, a
bacterianas, e lesões teciduais. resposta normal da medula óssea
desencadeia um aumento no número de
Através de mediadores
glóbulos brancos do sangue,
quimioatrativos, os neutrófilos são atraídos
predominantemente de leucócitos
quimiotaxicamente para áreas de inflamação.
polimorfonucleares e diminuição de células
Tais mediadores podem ser células secretoras
maduras, que é chamado de “desvio à
(mastócitos e basófilos), bactérias e outros
esquerda". Dessa maneira, o desvio à
corpos estranhos, proteínas do complemento
esquerda caracteriza-se pelo aparecimento
e anticorpos especificos que recobrem
de elementos situados à esquerda dos
microorganismos. Dessa maneira, os

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


097 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

bastonetes, que são as formas imaturas, A leucocitose decorrente de neutrofilia, com


bastões e metamielócitos. O desvio tende a presença de bastonetes e outras células
ser maior, quanto maior for o número maior de imaturas, porém sem a perda desta relação de
elementos imaturos no sangue periférico. Este produção, caracteriza o desvio à esquerda
quadro é comum em infecções agudas, no regenerativo, em que o aumento de neutrófilos
início do processo, não ocorrendo nas vem acompanhado de estímulo e liberação de
infecções subagudas, crônicas ou reativadas, células jovens. O desvio à esquerda
já que nestas geralmente há um aumento dos degenerativo é caracterizado pelo número de
neutrófilos multissegmentados. células imaturas superando o número de
segmentados, ou quando ocorre perda da
Os desvios à esquerda, que se
proporção de maturação (mielócitos >
caracterizam pela presença de bastonetes e
metamielócitos > bastonetes > segmentados).
outras células jovens, podem ser classificados
Já a reação leucemóide consiste em uma
como regenerativos, degenerativos ou
leucocitose extrema, normalmente associada
leucemóides.
com neutrofilia e desvio à esquerda grave.

Plaquetas

Hemácias

Neutrófilos

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 6.3: Esfregaço sanguíneo mostrando os neutrófilos. Objetiva de 100x. Corante: Wright

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


098 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

considerados células predominantemente


6.3.2. Eosinófilos
teciduais. Uma vez dentro dos tecidos, os

Os eosinófilos são células eosinófilos não mais retornam à circulação.

predominantemente arredondadas, Mesmo quando o número de eosinófilos é

encontradas em pequena quantidade no baixo no sangue periférico, pode permanecer

sangue (1 a 7 %), desempenham um elevado nos tecidos.

importante papel nas reações alérgicas e


A meia vida do eosinófilo na circulação
parasitárias, aumentando em número nessas
é de 18 horas, podendo este período ser
reações, capazes de fagocitar e são
estendido devido à ação de citocinas
relativamente pequenas, com 8 a 15 μm de
ativadoras de eosinófilos. O eosinófilo torna-
diâmetro. O núcleo é, na maioria das vezes,
se morfologicamente, fenotipicamente e
excêntrico e bilobado, com cromatina
funcionalmente distinto da célula quiescente,
compacta. O citoplasma é ocupado por
quando é ativado. Dentre as modificações que
grânulos acidófilos, intracitoplasmáticos com
sofre estão: aumento das funções citotóxicas
alta afinidade por eosina, que se coram de
dependentes de anticorpos; diminuição da
róseo-alaranjado, ocupando completamente o
densidade aumento da meia-vida, que passa
citoplasma. Esses grânulos contêm
de algumas horas para dias; aumento da
peroxidase eosinofílica, proteínas catiônicas e
síntese de mediadores, como leucotrienos
proteína eosinofílica básica maior. A proteína
(LCT4); aumento da produção de citocinas,
eosinofílica básica maior constitui a maior
IL3, IL4, IL5, IL 10, IL13, GM-CSF e IFNγ, com
proporção dos grânulos proteicos e lesa
efeitos de natureza autócrina e parácrina, e
diversos parasitas, assim como células do
que têm ação reguladora sobre os linfócitos
epitélio respiratório. O eosinófilo representa
Th2 presentes no local de inflamação;
cerca de 3% das células da medula óssea de
aumento da capacidade de adesão ao
indivíduos normais e varia de 50 a 500/μl no
endotélio vascular e de migração para os
sangue periférico. Sua contagem periférica
tecidos. A presença, no eosinófilo, de dois
varia, sendo que pela manhã os valores são
lobos nucleares ou mais sugere sua ativação
mais baixos e à tarde, mais altos, conforme
celular.
diminui o nível de estrógeno no decorrer do
dia. O eosinófilo se torna célula
multifuncional complexa, a partir de sua
Os eosinófilos se localizam no trato ativação, atuando na inflamação com funções
gastrintestinal, pulmões e pele e, por isso, são citotóxicas ligadas à sua capacidade de liberar

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


100 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

mediadores inflamatórios proteicos e lipídicos, 6.3.3. Basófilos


agindo ainda, na regulação da resposta
Basófilos são mediadores inflamatórios
inflamatória tissular por meio da secreção de
de substâncias como a histamina e constituem
citocinas.
uma fração menor de leucócitos do sangue
Quando ocorre aumento significativo
periférico (<0,1%). São arredondados,
(>5%) e duradouro dos eosinófilos em
medem de 4,9 a 19,9 micra de diâmetro, o
circulação, geralmente é devido a doenças
citoplasma é claro, com grânulos de cor
parasitárias (eosinofilia severa), alérgicas
púrpura, o núcleo é azul sem lobulações e são
(eosinofilia leve a moderada) e inflamatórias
granulócitos derivados célula precursora CD
ou em consequência de situações mais raras,
34+ na medula óssea, onde amadurecem, se
clonais ou idiopáticas, que cursam com danos
originando a partir da linhagem mielóide. São
severos aos tecidos devido à infiltração
células que, embora não estejam
eosinofílica.

Hemácias

Eosinófilo

Figura 6.4: Esfregaço


sanguíneo mostrando
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
inúmeras hemácias e
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
10 μm um eosinófilo. Objetiva
LAMM - UNIMONTES
de 100x. Corante:
Hematoxilina-Eosina

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


101 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

normalmente presentes nos tecidos, podem da IgE com o alérgeno (ligação cruzada), o
ser recrutados para sítios inflamatórios, em que causa a fusão intracitoplasmática dos
conjunto com eosinófilos e, por um processo grânulos e a fusão da membrana destes com a
de ativação dependente do estímulo membrana plasmática. Desta maneira, as
antigênico, são capazes de liberar o conteúdo moléculas expressadas na membrana dos
de seus grânulos. A degranulação ocorre a grânulos (CD63), são expressos na
partir da ligação do IgE aos receptores de alta membrana dos basófilos quando ele é ativado
afinidade (FcεRI) presente nos basófilos. e ocorre, ainda, a liberação de mediadores
Esses receptores se ligam a IgE através do pré-formados (histamina) e derivados dos
terceiro domínio da região constante da fosfolípidicos de membrana (serotonina,
cadeia pesada (CH3). Quando ocorre novo leucotrienos, prostaglandinas). Este processo
contato com o antígeno, inicia-se a fase ocorre durante as reações alérgicas, incluindo
efetora, com a formação de uma ponte que anafilaxia.
permite a ligação bivalente de duas moléculas

Basófilo

Hemácias
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES 10 μm

Figura 6.5: Esfregaço sanguíneo mostrando inúmeras hemácias e um basófilo.


Objetiva de 100x. Corante: Hematoxilina-Eosina

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


102 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
6.3.4. Linfócitos
tecidos linfóides secundários (baço,
Os linfócitos são células pequenas, linfonodos e mucosas), assim como na
tendo de 6 a 10 μm de diâmetro e são medula óssea, porém, podem migrar para
predominantemente arredondadas. Possuem outros órgãos, em resposta a estímulos
citoplasma basofílico, sem granulações antigênicos à distância. São células
visíveis e cromatina densa, sendo elevada a responsáveis pela produção de anticorpos.
relação desta com o citoplasma. Representam
Os linfócitos T são produzidos na
20 a 50 % da circulação de leucócitos do
medula óssea e passam pelo processo de
sangue. O tempo de meia-vida destas células
maturação no timo. Após a maturação, eles
é muito variável, pois enquanto alguns vivem
circulam pelo sangue e órgãos linfóides
por poucos dias, outros podem viver por anos.
periféricos sob a forma naïve (não expostos a
Linfócitos são células circulantes que têm sua
antígenos. São representados por três
origem nos tecidos linfóides primários (timo e
subpopulações principais: auxiliares,
medula óssea), podendo migrar para os
supressoras e citotóxicas. As células T
órgãos linfóides secundários (baço,
supressoras atuam inibindo a resposta do
linfonodos e placas de Peyer). Tem como
sistema, de modo a suprimir uma dada função
progenitor as células tronco hematopoiéticas,
imune. Os linfócitos T auxiliares (ou T CD4+)
a partir da linhagem linfoide. Existem três
participam na resposta inflamatória por
principais categorias de linfócitos: B, T e
produzir citocinas, em resposta ao estímulo
células NK (natural killer ou assassinas
antigênico, e induzem a diferenciação dos
naturais), que participam das respostas do
linfócitos B. Assim, as células T CD4+ atuam
organismo às agressões através das defesas
regulando o funcionamento do sistema imune,
imunológicas inespecíficas e específicas.
de forma a cooperar com os linfócitos B e T
Os linfócitos podem ser divididos em para que estes apresentem uma resposta
dois grupos principais: linfócitos B e linfócitos efetiva. Já as células T citotóxicas (T CD8+)
T. Os linfócitos B são produzidos e maturados têm como função eliminar outras células
na medula óssea e permanceem nos órgãos e danificadas. No sangue periférico de

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


103 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

indivíduos normais, a relação entre os resposta imunológica. A IL-2 ativa receptores


linfócitos T CD4+ e linfócitos T CD8+ é de, presentes nos linfócitos CD4+, o que estimula
aproximadamente, 2:1. Há, ainda, um a formação de novos clones celulares,
pequeno número de linfócitos que não se responsáveis pela manutenção da produção
enquadra nos grupos B ou T, eles são de citocinas e, ainda, estimulam células NK, a
chamados de linfócitos NK (natural killer) e fim de que estas potencializem uma maior
podem destruir células infectadas com ou sem produção de IFN-γ. O IFN-γ age sobre os
a presença de imunoglobulinas. macrófagos, elevando o seu potencial de
fagocitar e estimulando os mecanismos de
Células apresentadoras de antígenos
ativação celular, o que leva a maior produção
(APC's) processam e posteriormente
de TNF- α , que incrementa a ativação
apresentam um antígeno para um linfócito T
macrofágica. A subpopulação Th2 produz as
CD4 que o identifica através de receptores na
citocinas IL-4, IL-5, IL-6, IL-8 e IL-10. IL-4 e IL-
sua camada externa. A ativação dessa célula,
10 são supressoras da atividade dos
desencadeia o processo de expansão clonal,
macrófagos, causando bloqueio da
além de promover a ativação dos linfócitos B e
estimulação de macrófagos. Além disso, IL-4
dos linfócitos T CD8. O linfócito B inicia um
estimula linfócitos B, que iniciam a produção
processo de multiplicação e diferenciação,
de imunoglobinas, e mastócitos, que passam
que resulta em anticorpos (Ac) específicos
a produzir mais IL-4, incrementando a
para combater e neutralizar a infecção. Os
resposta de supressão dos macrófagos.
linfócitos T CD8 executam uma função
citotóxica, trabalhando no sentido de eliminar O aumento no número de linfócitos, o
outras células danificadas. que é chamado de linfocitose, pode ocorrer
em consequência de certas infecções agudas
Linfócitos T CD4+ são subdivididos em
e crônicas e de neoplasias do sistema linfoide.
Th1 e Th2, com atividades específicas que
Já a diminuição de linfócitos, linfopenia, tem
são mediadas pelas citocinas. Os linfócitos
como causas deficiências nutricionais,
Th1 produzem as citocinas IL-2, IFN-γ e TNF-
infecções bacterianas repetidas, fase aguda
β, que são responsáveis pela manutenção da
da gripe, falha na produção medular,

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


104 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

estresse, defeitos intrínsecos dos linfócitos B, o que o torna susceptível à infecções


T ou de células que participam dos oportunistas.
mecanismos imunológicos, resultando em um
comprometimento da imunidade do indivíduo,

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES Hemácias

Linfócito

Plaquetas

Figura 6.6: Esfregaço sanguíneo mostrando linfócito. Objetiva de 100x.Corante: Wright

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


105 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

6.3.5. Monócitos
mediadores quimioatrativos para monócitos,

Os monócitos são células como o PDGF (fator de crescimento derivado

arredondadas, grandes e de citoplasma das plaquetas). Tanto a liberação dos fatores

basofílico. O núcleo é normalmente excêntrico de crescimento derivado das plaquetas,

e alongado, constituem 2% a 10% dos quanto a fagocitose de componentes

leucócitos circulantes. Monócitos são celulares, como fibronectina ou colágeno,

diferenciados a partir de células tronco contribuem também para a ativação dos

hematopoiéticas precursoras, a partir da monócitos, transformando-os em macrófagos.

linhagem mielóide. Os monócitos circulam na


O macrófago ativado é a principal
corrente sanguínea durante cerca de um a três
célula envolvida no controle do processo de
dias e continuamente se diferenciam em
reparo tecidual, degradando e removendo
macrófagos após migrarem para os tecidos.
componentes do tecido conjuntivo danificado,
Os macrófagos (fagócito mononuclear) são
como colágeno, elastina e proteoglicanas. Os
células altamente fagocitárias, capazes de
macrófagos também secretam fatores
ingerir grandes partículas, destruindo, assim,
quimiotáticos que atraem outras células
agentes patogênicos, além de processar e
inflamatórias ao local da ferida e produzem
apresentar antígenos através de moléculas de
prostaglandinas, que desempenham um
MHC, estimulando, assim, a resposta
papel determinante na vasodilatação,
mediada por Linfócitos T. Os macrófagos
aumentando a permeabilidade dos
podem permanecer no tecido por meses a
microvasos. Os macrófagos produzem vários
anos.
fatores de crescimento, tais como o próprio

Geralmente, os monócitos estão em PDGF, o TGF-β, o fator de crescimento de

grande número, monocitose, nos processos fibroblastos (FGF) e o VEGF, que são as

infecciosos crônicos ou em fase final das principais citocinas necessárias para

infecções, quando ocorre fagocitose dos estimular a formação do tecido de granulação.

patógenos. Produzem, ainda, as citocinas, IL-1, α TNF, IL-


6 e IL-12, que atuam sobre linfócitos T, na
Durante o transcorrer de um processo maioria das vezes CD4+, que passam a
cicatricial, os monócitos circulantes no sangue produzir suas próprias citocinas. A IL-12
infiltram-se no local da ferida em resposta a estimula diretamente a célula NK, estimulando

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


106 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

a produção de IFN- γ , com função de detectáveis de fator tissular (considerado o


potencializar a ativação do macrófago. principal ativador fisiológico do sistema da
coagulação sanguínea). Isto faz com que os
Os monócitos de sangue periférico são,
monócitos estejam altamente comprometidos
portanto, células com alta capacidade de
nos fenômenos que envolvem a formação de
migração para o espaço extravascular. Além
placas ateromatosas e trombos
de serem capazes de carrear moléculas de
intravasculares nas situações clínicas que
LDL parcialmente oxidadas em seu
culminam com trombose arterial ou tromboses
citoplasma, estas células apresentam como
venosas.
glicoproteína de transmembrana, quantidades

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Monócito

Figura 6.7: Esfregaço sanguíneo mostrando monócitos. Objetiva de 100x.Corante: Wright

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


107 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

6.4. As plaquetas

As plaquetas são fragmentos plaquetas é discóide e apesar de parecerem


anucleados contidos no sangue que se simples, possuem uma conformação
originam de megacariócitos na medula óssea . complexa. A concentração plaquetária no
Um megacariócito tem a capacidade de corpo é de 150.000 a 450.000/mm3, sendo
produz entre mil e 2 mil plaquetas . A que 70% estão contidas no sangue e 30% no
diferenciação histológica e morfológica da baço.
plaqueta é determinada antes ou durante a
A partir do volume plaquetário médio
sua fragmentação. O hormonio
pode-se avaliar o tamanho da plaqueta.
trombopoietina (TPO) é um importante
Através do tamanho é possível marcar a
regulador do processo de desenvolvimento do
função das plaquetas. Em indivíduos normais,
megacariócito e de produção plaquetária.
o volume plaquetário médio possui relação
Citocinas e fatores humoraisestimuladores,
inversa com a contagem de plaquetas.
como as interleucinas 3,6 e 11 (IL-3, IL-6, IL-
Através desse raciocínio é possível
11), o fator estimulador de colônia de
determinar o tamanho plaquetário através de
granulócitos e macrófagos (GM-CSF) e o
um esfregaço do sangue, quando se obtém
hormônio eritropoietina (EPO) provavelmente
dados referentes ao numero de plaquetas.
modulam essa ação da trombopoietina.
Situações de aceleração da hematopoiese
Para se obter uma estimação da
geram maturação citoplasmática
quantidade de plaquetas destruídas e
megacariocítica mais rápida comparada à
reabastecidas, pode-se dividir a massa das
nuclear e as plaquetas originadas possuem
plaquetas circulantes pelo tempo de
maior volume e metabolismo mais ativo. O
sobrevida, calculado em dias. Esse cálculo
diâmetro das plaquetas varia de 1,3 a 3,5 μm.
confirma que a sua produção/destruição é
Elas são anucleados e são envolvidos por
contrabalanceada. Há uma relação entre a
uma membrana de duas camadas lipídicas .
idade plaquetária e a sua eficiência; as mais
Seu tamanho é o mesmo durante sua vida na
jovens são mais eficientes. O baço é o
circulação. A possível heterogeneidade no
responsável por remover da circulação as
tamanho não possui relação com a idade
plaquetas lesadas, não funcionantes ou
plaquetaria, mas sim com a trombopoiese e a
envelhecidas.
megacariocitopoiese. A estrutura das

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


108 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

desses elementos pode obstruir a luz do vaso


A função principal desses fragmentos gerando trombose.
anucleados é a formação de um tampão sob a
lesão vascular. A queda ou ausência Plaquetopenia ou trombocitopenia é a

plaquetária predispõe vazamento espontâneo diminuição no numero de plaquetas, enquanto

de sangue pelos vasos sanguíneos. plaquetose ou trombocitose refere-se ao


aumento quantitativo de plaquetas. Algumas
As plaquetas contribuem para a patologias estão relacionadas ao aumento ou
homeostase do organismo, além da formação diminuição da quantidade de plaquetas.
do tampão hemostático, secretando Leucemias agudas, esplenomegalia, grandes
componentes para recrutamento de hemorragias, viroses são causas comum de
posteriores plaquetas, na provisão de uma plaquetopenia, enquanto leucemia mielóide
superfície ideal para o processo de crônica, período pós-hemorrágico, doenças
coagulação ocorrer, na liberação de infecciosas crônicas e trombocitemia
promotores de reparação do endotélio e na essencial estão relacionados à trombocitose.
restauração anatômica do vaso sanguíneo.
Normalmente, as plaquetas circulam sem
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
adesão ao endotélio vascular. Quando ocorre
lesão na estrutura do vaso, produtos como o 1. Ser capaz de descrever e caracterizar o

colágeno são expostos e as plaquetas se sangue.


aderem a esses elementos e formam um
2. Ser capaz de identificar hemácias,
tampão homeostático efetivo .
leucócitos e plaquetas.
A ativação plaquetaria, juntamente com
3. Ser capaz de diferenciar os tipos de
a exposição dos tecidos subendoteliais,
ativam a cascata de coagulação, com leucócitos

consequente transformação do fibrinogênio 4. Ser capaz de reconhecer as funções de


em fibrina. O coagulo é então formado,
cada componente do sangue.
apresentando na sua constituição plaquetas,
células do sangue e fibrina. A aglomeração

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


109 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO SANGUÍNEO
Capítulo 6

Referências Bibliográficas

Histologia básica I L.C.Junqueira e José


Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.

Tratado de fisiologia médica. GUYTON, Arthur


C; HAL, John E.. 11 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006.1115p.

FIORE, M. H. Atlas de histologia. 7. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 1984.

GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de


histologia em cores. 3. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007, 576 p.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


110 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO
MUSCULAR
CAPÍTULO 7

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

7.1. Características gerais do tecido proteínas corporais.


muscular
Os músculos esqueléticos geralmente
O tecido muscular é derivado do existem em pares, nos quais um músculo é o
mesoderma. São constituídos de células principal motor e o outro atua como
alongadas, denominadas fibras musculares antagonista. Por exemplo, quando você
ou miócitos, contendo filamentos de actina e flexiona o braço, o bíceps se contrai enquanto
miosina no seu citoplasma (sarcoplasma) com o tríceps está relaxado. Quando seu braço
função de contração, além de outras proteínas retorna à posição estendida, é o tríceps que se
que participam na construção do sarcômero e contrai e o bíceps relaxa.
na atividade contrátil (troponina, tropomiosina,
O músculo estriado se contrai
titina). Possui o retículo endoplasmático
voluntariamente, por influência do sistema
(retículo sarcoplasmático) bastante
nervoso central. Os reflexos são uma forma de
desenvolvido. É um tecido bastante
ativação inconsciente dos músculos
vascularizado e inervado e pode ter atividade
esqueléticos, mas mesmo assim surgem
controlada voluntária ou involuntariamente, a
através da ativação do sistema nervoso
depender do tipo de músculo.
central, embora não envolvam estruturas
Os tecidos musculares variam com a corticais até que a contração tenha ocorrido.
função e a localização no corpo. Nos
Cada fibra muscular é multinucleada,
mamíferos, os três tipos são: músculo estriado
com núcleos localizados na periferia do
esquelético; músculo liso ou não estriado; e
sarcoplasma e revestidos pelo endomísio ou
músculo estriado cardíaco, que já foi é
lâmina basal; um feixe de fibras ou fascícuo
conhecido como semi-estriado.
são revestidos pelo perimísio, enquanto todo o
7.2. Musculo estriado esquelético músculo écontido no epimísio. Cada fibra é
então fixada nas extremidades aos tendões
Músculo esquelético é um músculo
graças às junções miotendinosas.
voluntário, o que significa que podemos
controlar ativamente sua função. Um homem No estágio neonatal, o número de fibras
adulto médio é composto por 42% do músculo musculares permanece constante, mas cada
esquelético e uma mulher adulta média é fibra cresce em tamanho, graças à fusão de
formada 36% (em percentagem da massa células-tronco musculares, chamadas células
corporal). Contém 50–75 % de todas as satélites.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


112 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

As células musculares adultas não se e escuras transversais. Longitudinalmente, as


dividem. Em caso de lesão, eles são fibras musculares são compostas por
substituídos por divisão de células satélites, miofibrilas compostas de miosina e actina
células-tronco inativas que não são visíveis na repetidas para formar o sarcômero, a unidade
microscopia óptica. Na microscopia funcional básica do músculo esquelético.
eletrônica, elas parecem pequenas e
As miofibrilas são cilindros organizados
fusiformes, localizados entre a lâmina basal e
dispostos paralelamente e tendo um estriação
a membrana plasmática (sarcolema) dos
periódica caracterizada pela alternância das
miócitos.
bandas escuras “ A “ (anisotrópicas) e bandas
A a parência estriada das fibras
claras “I” (isotrópicas). A parte central dos
musculares esqueléticas é devida ao arranjo
discos I é marcada pela linha Z. A área mais
dos miofilamentos de actina e miosina em
clara que aparece no meio da banda ”A” é a
ordem sequencial de uma extremidade da
faixa “H” no qual possui a linha “M”.
fibra muscular à outra, formando faixas claras

Actina Miosina
Sarcômero
relaxado

H
Linha Z
A I
Actina Miosina
Sarcômero
contraído

H
Linha Z
A I
Figura 7.1: Esquema mostrando sarcômero relaxado e um sarcômero contraído.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


113 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

• A contração muscular do músculo muscular é alcançada pelas moléculas


estriado esquelético associadas ao molécula de actina
denominadas tropomiosina que, em repouso,
A contração muscular resulta em um
oculta o local da ligação actina-miosina; a
encurtamento das "fibras" musculares.
liberação deste sítio é influenciada pelos íons
D u r a n t e a c o n t r a ç ã o m u s c u l a r, o s
Ca++ inicialmente contidos nas cisternas do
miofilamentos de actina deslizam entre
retículo sarcoplasmático. Desse modo, o
miofilamentos de miosina. Esse movimento é
impulso nervoso causa despolarização da
controlado pelas cabeças das moléculas de
membrana plasmática que se estende ao
miosina que se ligam e depois se separam da
longo das membranas em forma de “T”
molécula de actina e, assim, "deslizam" no
(túbulos T) e é transferida para o retículo
filamentos de actina. O movimento da miosina
através das tríades. A despolarização do
na actina é possível graças à hidrólise de
retículo causa a liberação de Ca ++ que ativa a
moléculas de ATP. A regulação da contração
contração muscular.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Estrias
transversais

Figura 7.2: Micrografia do musculo estriado esquelético. Corte longitudinal. Objetiva de 100x. Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


114 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

Núcleo

Estrias
transversais

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
10 μm

Figura 7.3: Micrografia do musculo estriado esquelético. Objetiva de 100x. Corante: H&E

• Classificação das fibras esqueléticas

As fibras musculares têm características fibras musculares esqueléticas, são usados


histológicas e morfológicas comparáveis entre procedimentos distintos de classificação,
si, entretanto, elas podem ser distintas quanto resultando em uma terminologia para cada
aos aspectos fisiológicos e bioquímicos e procedimento, como pode ser observado na
consequentemente, também suas tabela.
funcionalidades. Para classificar as diferentes

Tabela 1: Diferenças entre os tipos de fibras esqueléticas


Critério Fibras Fibras
Histoquímico Tipo I Tipo II
Coloração vermelha Branca
Bioquímico Oxidativo Oxidativo-glicolítico
Fisiológico Contração lenta Contração rápida
Limiar de fadiga Alto Baixo
pH Ácido Básico

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


115 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

Desse modo, é possível generalizar e longo período, como é o caso dos músculos
caracterizar as fibras musculares em tipo I ou posturais responsáveis por manter o corpo,
tipo II. As fibras musculares do tipo I possuem costumam apresentar maior proporção de
menor diâmetro e são inervadas por neurônios fibras do tipo I, enquanto os músculos do
motores alfa (que também possuem diâmetro quadríceps que podem exercer atividades de
reduzido). Elas apresentam uma maior rede explosão, como em uma corrida de
de vasos sanguíneos e capilares e possuem velocidade, costumam necessitar de maior
alta concentração de mioglobinas e proporção de fibras do tipo II.
mitocôndrias, proporcionando uma abundante
7.3. Musculo estriado cardíaco
fonte de energia aeróbica. Essa energia
oferece à musculatura um longo período de
Assim como as fibras musculares
atividade contrátil sem que haja fadiga
estriadas esqueléticas, as fibras do músculo
muscular. Elas apresentam coloração
cardíaco (ou células do miocárdio) têm
avermelhada, velocidade de contração lenta e
miofilamentos de actina e miosina, mas
executam trabalho com uma força
diferem da anterior. As fibras do músculo
relativamente baixa. Já as fibras do tipo II são
cardíaco são mononucleadas ou binucleadas
brancas e com alta velocidade de contração.
e possuem fibras muitas mais curtas. Não
Possuem enzimas ATPase com elevado grau
existem as células satélites e, portanto, não
de atividade, proporcionando à musculatura a
regeneram,
execução de trabalho com maior potência, ou
seja, força. Por possuírem uma quantidade As células do miocárdio são alongadas
reduzida de mitocôndrias, elas utilizam associadas entre si para formar anastomose
principalmente o metabolismo anaeróbico separadas umas das outras por tecido
para realizar a quebra de ATP, convertendo conjuntivo frouxo altamente vascularizado.
glicogênio em glicose e esta em ácido lático. Assim como no músculo esquelético, as fibras
cardíacas são estriadas. Existem também, os
Em um mesmo músculo, existe tanto
discos intercalares, ou traços escalariformes
fibra do tipo I quanto fibra do tipo II. Entretanto,
de Eberth, linhas transversais fortemente
a proporção de um determinado tipo de fibra
coráveis, ricos em junções comunicantes do
na área transversa da musculatura pode
tipo gap e junções de adesão. Os discos
diferenciar de acordo com a demanda e o
intercalares auxiliam na contração
trabalho executado por ela e da genética do
sincronizada do tecido cardíaco, e
indivíduo. Musculaturas que são ativas por um
proporcionam maior adesão entre as células

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


116 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

musculares cardíacas. estriada esquelética, mas apresenta algumas


diferenças. O sistema T é composto por
Possui também sarcolema invaginado invaginações maiores, o retículo
para originar túbulos “T” muito maiores do que sarcoplasmático é menos regular e bem
na célula estriada esquelética. Eles são menos organizado. As diades estão opostas
interconectados por tubos e associado aos às faixas Z e não próximas à junção A-I. A
túbulos do retículo sarcoplasmático, que não propagação da onda de despolarizaçao
possuem cisternas terminais. Formam assim percorre todo o miocárdio, garantido pelos
díades. discos intercalares.

• A contração muscular do músculo A atividade contrátil permanente requer


estriado cardíaco uma tremenda necessidade de energia e,
portanto, uma vascularização intesnsa. Isso é
A contração do músculo cardíaco é
suportado pelas artérias coronárias direita e
controlada pela concentração de íons Ca ++
esquerda.
de forma idêntica ao da célula muscular

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Discos
Intercalares

Figura 7.4: Micrografia do


musculo estriado cardíaco.
Corte longitudinal.
Objetiva de 100x.
Corante: hematoxilina

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


117 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

Estrias
Transversais:
Assim como a
fibra muscular
esquelética,
também
apresentam
estrias
transversais,
resultado da
repetição dos
sarcômeros. Tais
fibras se contraem
de uma forma
rápida e
LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
involuntária.
LAMM - UNIMONTES

Figura 7.5: Micrografia do musculo estriado cardíaco. Objetiva de 100x. Corante: hematoxilina

7.4. Musculo liso

A fibra do músculo liso é fusiforme, com Essas fibras são capazes de sofrer

um corpo celular dilatado e duas extremidades multiplicação por mitoses e, portanto, repor

cônicas. Seu comprimento varia de 15 (no células lesionadas.

nível de pequenos vasos sanguíneos) a 500


A célula do músculo liso não apresenta
μm (no nível do útero). Cada célula possui um
miofilamentos altamente organizados como
núcleo elíptico central localizado em um fuso
na célula muscular estriada, mas ela tem um
sarcoplasmático axial, sem miofibrilas e rico
conjunto de feixes irregulares de proteínas
em organelas, especialmente mitocôndrias.
contráteis (miofilamentos finos e grossos) que
Cada célula é delimitada por sarcolema
formado da membrana sarcoplâmica e da se entrelaçam no sarcoplasma e se cruzam

lâmina basal e contém miofilamentos nos pontos de ancoragem (corpos densos)

orientados ao longo do longo eixo da célula. localizados no nível da membrana plasma,

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


118 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

onde são comparáveis aos sistemas de Ela é dependente de íons Ca++, mas o
junção aderentes, dentro da sarcoplasma. As controle dos movimentos de cálcio é diferente
células musculares lisas se comunicam por de músculo estriado. Na fibra lisa os íons Ca
meio de junções comunicantes, que permitem ++ livres são sequestrados no retículo
a difusão da excitação entre células. O sarcoplasmático e depois são liberados no
sarcolema é a sede de muitas invaginações momento da excitação da membrana celular
que formam estruturas semelhante às (despolarização). No sarcoplasma, esses íons
vesículas da endocitose (cavéolas) que se ligam a uma proteína chamada
seriam equivalentes às tríades do sistema T calmodulina. O complexo assim formado ativa
células musculares estriadas. uma enzima localizada na cadeia leve da
miosina, que pode se ligar à actina. Ambas as
• A contração muscular do músculo liso
proteínas podem, então, se interagir de
A contração do tecido muscular liso é maneira idêntica ao que ocorre no músculo
diferente da contração do músculo estriado. estriado.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Fibras
musculares

Núcleo
da célula

Figura 7.6: Micrografia do musculo liso. Corte longitudinal. Objetiva de 100x.Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


119 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Fibras
musculares

Núcleo
da célula

10 μm

Figura 7.7: Micrografia do musculo liso. Objetiva de 100x. Corante: H&E

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


120 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

• Classificação do músculo liso pode ser encontrado nas paredes da maioria


das vísceras do corpo, incluindo o intestino, os
O músculo liso pode ser dividido em
ductos biliares, os ureteres, o útero e muitos
dois grandes tipos: Unitário e multiunitário.
vasos sanguíneos.

No músculo liso unitário, também


No musculo liso multiunitário cada
conhecido como musculo liso visceral, uma
fibra contraí independentemente das outras e
única fibra nervosa inerva várias fibras
é muitas vezes inervada por uma única
musculares.. Milhares de fibras musculares
terminação nervosa. A superfície externa
lisas se contraem juntas, que são ligadas por
deste tipo de músculo está coberta por uma
muitas junções comunicantes, das quais os
membrana basal de colágeno e de
íons fluem livremente de uma célula para
glicoproteínas que ajudam a isolar as fibras
outra, de forma que os potenciais de ação, ou
umas das outras. Está presente nas fibras
o simples fluxo de íons, podem passar de uma
musculares lisas do músculo ciliar do olho, a
fibra para a seguinte e fazer com que se
íris do olho, nos músculos eretores dos pelos,
contraia em conjunto, esse tipo de músculo
entre outros.

Neurônio
autonômico

Núcleo

Fibras
musculares

Tecido muscular Tecido muscular


liso visceral liso multiunitário

Figura 7.8: Esquema do musculo liso unitário e multiunitário.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


121 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO MUSCULAR
Capítulo 7

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

1. Ser capaz de descrever a organização


morfológica da fibra muscular estriada
esquelética, estriada cardíaca e lisa.

2. Ser capaz de estabelecer correlações


entre as membranas conjuntivas e as
funções exercidas no tecido muscular.

3. Ser capaz de diferenciar o tipo de


contração nas três fibras musculares.

4. Ser capaz de conhecer os componentes


de um sarcômero e em que tipo de músculo
encontra-se essa estrutura.

5. Ser capaz comparar a capacidade de


regeneração dos três tipos de músculo.

Referências Bibliográficas

Histologia básica I L.C.Junqueira e José


Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2013.

Tratado de fisiologia médica. GUYTON, Arthur


C; HAL, John E.. 11 ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2006.1115p.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


122 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO
NERVOSO
CAPÍTULO 8

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

8.1. Características gerais do tecido


nervoso involuntárias. Entretanto, histologicamente,
todo o sistema neural consiste basicamente
O tecido nervoso é também conhecido em células nervosas (80%) e matriz
como tecido neural é derivado do ectoderma extracelular ou neuropil (20%).A matriz
embrionário. É um tecido largamente extracelular é chamada de neuropil ou
distribuído pelo organismo, conectado a neuropila, não possui fibras, mas há
vários tecidos e órgãos, que constitui o glicosaminoglicanos (ácido hialurônico,
principal sistema de integração do organismo, sulfato de condroitina e sulfato de heparana),
o Sistema Neural. Sua função é receber que conferem uma estrutura de gel ao líquido
estímulos de ambientes internos e externos tissular, permitindo a difusão entre capilares e
que são então analisados e integrados para células.
produzir respostas apropriadas, coordenadas
em vários órgãos efetores. 8.2. Tipos celulares do tecido neural

O sistema neural é dividido O tecido neural compreende

anatomicamente em sistema nervoso central basicamente dois tipos de celulares: os

(SNC), constituído pelo encéfalo e medula neurônios e as células gliais ou glias.

espinhal, e o sistema nervoso periférico


8.2.1. Neurônios
(SNP), que constitui todo o tecido neural fora
do SNC é constituido por nervos, gânglios e Células altamente especializadas,

terminações nervosas. Funcionalmente, o cujas propriedades de excitabilidade e

sistema neural é dividido em sistema nervoso condução são à base das funções do sistema

somático, que está envolvido nas funções neural. Pode-se distinguir nelas três porções

voluntárias, e sistema nervoso autônomo, que básicas: Os dendritos, o corpo celular ou

exerce controle sobre várias funções soma, e o axônio.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


124 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Corpo de
neurônio

Matriz

Células
gliais

Figura 8.1: Micrografia mostrando componentes básicos do tecido neural. Objetiva de 100x. Corante cresil violeta

Dendrito Corpo celular

Bulbos

Axônio

Internódulos
de mielina

Telodendros

Figura 8.2: Ilustração esquemática da estrutura das partes de um neurônio multipolar.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


125 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

• Dendritos eucromático. Do corpo celular separam-se


dois tipos de prolongamentos, os dendritos e
Os dendritos se ramificam em ramos de
axônio. O tamanho do corpo celular é variável.
segunda e terceira ordem, cujo calibre diminui
Alguns dos menores têm corpos celulares
à medida que se afastam do corpo neuronal, com apenas quatro micrômetros
são importantes no aumento da superfície (milionésimos de metro), enquanto que alguns
receptora, não possui complexo de golgi e neurônios maiores têm corpos celulares com
apresenta projeções nas suas periferias mais de 100 micrômetros.
(gêmulas de Purkinje ou espinhas
• Axônio
dendríticas).
As espinhas dendríticas são elementos
O axônio é único e seu diâmetro,
diminutos localizados em locais pós-
geralmente uniforme em toda sua longitude, o
sinápticos das sinapses excitatórias que difere dos dendritos; Ele se ramifica
originados por filopódios dendríticos. As somente na proximidade de sua terminação,
espinhas dendríticas funcionam como locais nasce do cone de implantação e na sua
de contato entre axônios e dendritos, elas porção terminal chama-se telodendro. Os
medeiam a plasticidade sináptica que axônios conduzem impulsos nervosos. No
fundamenta o aprendizado, a memória e a sistema nervoso central podem distinguir-se
cognição. Isto é, a remodelagem das sinapses neurônios motores; cujos axônios o

e as alterações na forma e no número das abandonam para incorporar-se aos nervos e

espinhas dendríticas são a base anatômica do alcançar os efetores (glândulas, músculos) e


outros neurônios chamados sensitivos, cujos
aprendizado e da memória.
axônios transmitem os impulsos da periferia e
• Corpo celular ingressam no sistema nervoso central. No
sistema nervoso periférico os axônios formam
Ta m b é m c h a m a d o d e s o m a o u
feixes que constituem os nervos. A porção final
pericário, o corpo celular é a porção no qual se
do axônio é ramificada e recebe o nome de
acham as diversas organelas de uma célula
telodendro. Podemos observar dois tipos de
típica. São eles: RER em abundância,
fluxos nos axônios: o anterógrado, onde o
neurosomos (mitocôndrias), complexo de
fluxo segue do corpo celular para o axônio; e o
Golgi, neurofibrilas, corpúsculo de Nissl
retrógrado, onde o axônio leva moléculas
(pilhas de ergastoplasmas), inclusões
diversas de utilização variada pelo corpo
(melanina e lipídios) e um núcleo volumoso e

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


126 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

celular. Esse fluxo deve-se aos microtúbulos e 2) Neurônio Pseudounipolar: Essas células
proteínas motoras, também observadas em têm um axônio que ramifica em dois ramos de
diversas outras células. axônios ao invés de um como os demais e não
possuem dendritos. Um dos axônios vai até a
• Classificação dos neurônios
medula espinhal, enquanto outro vai em

Uma das formas mais clássicas de direção da pele ou músculo. (Ex: células dos

classificação utilizadas em neurônios é gânglios dorsais).

baseada no número de extensões que saem 3) Neurônio Multipolar: É o modelo mais


do corpo celular: freqüente no SNC. Numerosos dendritos
projetam-se do corpo celular; os dendritos
1) Neurônio Bipolar: Possuem apenas um
podem originar-se todos de um pólo do corpo
dendrito que se origina do pólo do corpo
celular ou podem estender-se de todas as
celular oposto à origem do axônio. Estes
partes do corpo celular. Em geral, neurônios
neurônios incomuns atuam como neurônios
intermediários, integradores e motores
receptores para os sentidos olfativo, visual e
adaptam-se a este padrão.
de equilíbrio.

Neurônio bipolar

Neurônio pseudounipolar

Neurônio multipolar

Figura 8.3: Neurônio bipolar, pseuunipolar e multipolar.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


127 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

Os neurônios podem ainda ser sistema nervoso central, sendo, portanto


classificados quanto às variações do chamados de eferentes.
pericário; e quanto à função que exercem.
2) Neurônio sensitivo: Transmite impulsos
De acordo com as variações do para o sistema nervoso, sendo , portanto,
pericário, os neurônios podem ser chamados de aferentes.
classificados em:
3) Neurônio associação: associam os
1) Neurônio granular ou estrelado: dotado motores aos sensitivos.
de ramificações dendríticas somáticas
• Fisiologia do impulso nervoso
amplas, em um corpo celular com a forma de
estrela. Os neurônios são células
especializadas que constituem a maioria dos
2) Neurônio Piramidal: tem corpo celular em
receptores sensitivos, as vias de condução e
forma de pirâmide de base invertida, e axônio
os locais de integração e análise. Como em
longo, com ramificações dendríticas somática
todas as células, o neurônio em repouso
variáveis, encontrável nas camadas celulares
mantém um gradiente iônico através de sua
piramidais do córtex cerebral.
membrana plasmática, criando assim um
3) Neurônio piriforme: O corpo celular tem o potencial elétrico. A excitabilidade envolve
formato de pêra. uma modificação da permeabilidade da
membrana em resposta a estímulos
4) Neurônio globoso ou anguloso: O corpo
apropriados, de forma que o gradiente iônico é
celular tem o formato globoso ou es’férico.
invertido e a membrana plasmática torna-se

5) Neurônio fusiforme: O corpo celular tem a despolarizada; uma onda de despolarização,

forma de um fuso, com um grande bulbo em conhecida como potencial de ação, a seguir

uma das extremidades e uma extensão longa propaga-se ao longo da membrana

e grossa na outra extremidade. plasmática. Isto é seguido pelo processo de


repolarização, no qual a membrana
Já quanto à função que exercem, os
rapidamente restabelece seu potencial de
neurônios são classificados em:
repouso. Nas sinapses, locais de

1) Neurônio motor: transmite impulsos do intercomunicação entre neurônios

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


128 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

adjacentes, a despolarização de um neurônio telodendro para o pericário chama-se impulso


causa a liberação de transmissores químicos, retrógrado. Os pontos onde os neurônios
neurotransmissores, que iniciam um potencial fazem sinapses com o músculo esquelético
de ação no neurônio adjacente. são denominados junções neuromusculares
ou placas motoras.
• As sinapses nervosas
As sinapses podem ser químicas ou
A transmissão de um impulso nervoso é
elétricas. A grande maioria das transmissões é
realizada através de uma região chamada de
pelas sinapses químicas, através de um
sinapse, podendo ser:
neurotransmissor - este age sobre as

1) axodendríticas (o axônio de um neurônio proteínas receptoras do neurônio seguinte,

faz sinapse com um dendrito de um outro estes neuroransmissores podem ser

neurônio); excitatórios e causar despolarização


(acetilcolina, norepinefrina, histamina,
2) axossomáticas (o axônio de um neurônio
serotonina, etc.) ou inibitórios e causar
faz sinapse com o corpo celular de outro
hiperpolarização (GABA, glicina, etc). A
neurônio);
sinapse elétrica a eletricidade é conduzida de

3) dendrodendríticas (sinapses entre uma célula para outra. Deve haver junções do

dendritos) e tipo GAP (mais comum) ou outros tipos de


especializações para que haja movimento
4) axoaxônicas (sinapses entre axônios). iônico. Estas junções também chamadas de
abertas estão em abundância no músculo
Para uma determinada sinapse, a
cardíaco (discos intercalares) e músculo liso
condução de um impulso é unidirecional, mas
(corpos densos).
a resposta pode ser excitatória ou inibitória,
dependendo da natureza funcional específica A parte da sinapse que recebe os
da sinapse e sua localização. impulsos é o terminal pós-sináptico, e o
estreito espaço intercelular entre as
Quando o fluxo do impulso é do
membranas pré e pós-sinápticas é a fenda
pericário para o telodendro, é chamado de
sináptica.
impulso anterógrado e quando o impulso é do

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


129 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

Sinapses
interneuronais

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Figura 8.4: Micrografia mostrando sinapses interneuronais. Objetiva de 10x. Corante cresil violeta.

I) SINAPSE ELÉTRICA II) SINAPSE QUÍMICA

Sinal Neurônio Sinal Neurônio


elétrico pré-sináptico químico pré-sináptico

Sinal Junção Sinal Neurotransmissor


elétrico comunicante químico
Receptor
Sinal Sinal
elétrico Neurônio químico Neurônio
pós-sináptico pós-sináptico

Figura 8.5: Tipos de sinapses nervosas.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


130 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

8.2.2. Neuroglias ou Células da Glia


mediante finas linguetas que se interdigitam
São células de suporte do tecido entre elas, formando uma trama fechada
nervoso. De forma estrelada e com chamada de neurópilo. As mais importantes
numerosas prolongações ramificadas, células da glia são os astrócitos,
envolvem o resto das estruturas do tecido oligodendrócitos, microglia e células
(neurônios, dendrites, axônios, capilares) ependimárias.

Microglia

Astrócito
Oligodendrócito
Capilar

Capa de
mielina

Axônio
melineado
Sinapse
Células
ependimais

Neurônio Dendrito

Figura 8.6: Esquema das células gliais.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


131 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

• Astrócitos usual a descrição dessas duas variedades, na


realidade trata-se de um único tipo de célula,
Possuem prolongamentos, que
com variações morfológicas determinadas
envolvem os capilares sanguíneos, e “pés
pela sua localização. Os astrócitos
vasculares”, dilatações nas porções terminais
protoplasmáticos possuem citoplasma
de seus prolongamentos que se aderem à
abundante e granuloso e de prolongamentos
parede endotelial dos vasos sanguíneos.
menores, mais ramificados e espessos. Os
Dessa forma fazem a nutrição dos neurônios
astrócitos fibrosos possuem prolongamentos
compondo a barreira hematoencefálica, além
maiores, lisos, delgados e freqüentemente
de produzir substâncias tróficas. São
não se ramificam, no seu citoplasma e
classificados de duas formas:
prolongamentos podem-se observar fibras
protoplasmáticos (substancia cinzenta) e os
neurogliais em grande quantidade.
fibrosos (substancia branca). Embora seja

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Vaso
Sanguíneo

Astrócito
protoplasmático

Figura 8.7: Micrografia mostrando astrócitos protoplasmáticos. Objetiva de 100x.


Coloração pela prata pelo método de Golgi

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


132 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Astrócitos
fibrosos

Figura 8.8: Micrografia mostrando astrócitos fibrosos. Objetiva de 100x.


Coloração pela prata pelo método de Golgi

•Oligodendrócitos
mais rico em organela e, portanto mais denso
Seus prolongamentos iram formar a aos elétrons. Uma de suas características
bainha de mielina no SNC, seu citoplasma é estruturais é sua riqueza em microtúbulos.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


133 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

• Células de Schwan Ranvier, os quais se encontram entre células


de Schwann consecutivas e são locais onde
Possuem funções semelhantes aos
os axônios mielínicos podem se ramificar.
oligodendrócitos, no entanto, exercem suas
funções no SNP. No SNC, os prolongamentos
citoplasmáticos de oligodendrócitos
• Mielina e Mielinização
diferenciam-se, produzindo todos os

A mielina é totalmente formada por segmentos de bainha de mielina. Além disso,

células de Schwann no SNP. Estas células são um único astrócito pode ser responsável pela

correspondentes periféricos da neuroglia do mielinização de mais de um axônio.

SNC e, da mesma forma que elas, são


• Células da microglia
derivadas do neuroectoderma da crista
neural. Entretanto, cada delas pode mielinizar Apresentam prolongamentos curtos
somente um segmento de um único axônio, de cobertos por saliências finas, o que lhes
modo que é necessária uma longa série de conferem um aspecto espinhoso. Tem
células de Schwann para mielinizar cada importante papel na fagocitose, são, portanto
axônio. Da mesma forma que ocorre no SNP, a macrofágicas, sendo assim participam do
bainha de mielina é interrompida por nodos de sistema mononuclear fagocitário.

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Microgliócitos

Figura 8.9: Micrografia mostrando


células da neuroglia. Objetiva de 40x.
Coloração pelo Método de
Cajal-Castro.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


134 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

• Ependimárias origem a prolongamentos que se colocam no


interior do tecido nervoso, estando assim em
São derivadas do revestimento interno
contato direto com o liquido
do tubo neural embrionário e se mantém em
encefalorraquidiano. No embrião, são
arranjo epitelial adquirindo assim propriedade
ciliadas, e algumas assim se mantêm no
de revestimento. São células cilíndricas com
adulto.
base afilada e muitas vezes ramificada, dando

• Degeneração e Regeneração

A grande maioria dos neurônios não se absolvido.A essa degeneração dá-se o nome
dividem, entretanto seus prolongamentos, de degeneração waleriana.
dentro de certos limites, podem regenerar-se
O pericário apresenta as seguintes
devido à atividade sintética dos respectivos
alterações: Cromatólise (dissolução dos
pericarios, desde que estes não sejam
corpúsculos de nissl) e conseqüente
lesados. As células da neuroglia e as células
diminuição da basófila citoplasmática;
satélites são dotadas de grande capacidade
aumento do volume; deslocamento do núcleo
de proliferação, assim os espaços deixados
para periferia do pericário. Enquanto ocorrem
pelas células e fibras destruídas são
essas alterações, as células de Schwann se
preenchidos por células da neuroglia,
proliferam formando coluna que guiarão o
fênomeno denominado de gliose.
crescimento dos axônios.
Para compreendermos esse processo
Para que ocorra a regeneração, a
no SNP é necessários distinguir a parte da
porção proximal cresce e se ramifica,
fibra que se desligou do seu neurônio (parte
formando filamentos que progridem em
distal) e a parte que continua unida ao
direção as colunas. Somente as fibras que
neurônio (parte proximal). O segmento
penetram nessas colunas que poderão
proximal, por manter contato com o pericário,
alcançar um órgão efetor. A taxa de
que é centro trófico, freqüentemente é
crescimento é de 2,0 a 3,5 mm/dia em lesões
regenerado, enquanto o segmento distal
do tipo neurotmese (transsecção total do
degenera totalmente e acaba por ser
nervo) e de 3,0 a 4,5 mm/dia nas do tipo

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


135 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

axonotmese (transsecção parcial de nervos) esmo, formando uma dilatação muito dolorosa
No caso de ser muito grande o espaço entre as na extremidade do nervo, chamada neuroma
duas porções, as fibras nervosas crescem a de amputação.

Figura 8.10: Lesão de neurônio periférico. A: neurônio íntegro, B: neurônio com inicio de degeneração Waleriana,
C: Inicio do desenvolvimento axonal e D: fim do desenvolvimento axonal.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


136 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

8.3. Sistema Nervoso Central a substância branca em funículos ( anterior,


laterais e posterior) (Figura 4.1 e 4.2). Chama-
O sistema nervoso central (SNC),
se neurópilo ou neuropila toda a parte da
constituído pelo encéfalo e medula espinhal é
substância cinzenta que fica entre os corpos
dividido em substância cinzenta (região que
celulares dos neurônios e os núcleos das
apresenta corpos de neurônios ) e em
células gliais. A substância branca é formada
substância branca (região que apresenta
por inúmeras fibras nervosas mielinizadas e
apenas fibras nervosas).
amielinizadas.

Tomando a medula espinhal como


Ao redor da medula encontra-se o
modelo, verificamos que os corpos celulares
líquido cefalorraquidiano que banha todo o
dos neurônios se concentram na substância
Sistema Nervoso Central. A partir deste
cinzenta da medula. Os axônios ascendentes
líquido, diversas doenças podem ser
e descendentes, na área adjacente – a
diagnosticadas, como meningite e alguns
substância branca. As duas regiões também
tumores.
abrigam células da Glia. Dessa forma, na
medula espinhal a massa cinzenta localiza-se A medula espinhal está envolvida pelas
internamente e tem forma de uma borboleta e mesmas três meninges que envolvem o
a massa branca, externamente (o contrário do cérebro: dura-máter, aracnóide e pia-máter.
que se observa no encéfalo).

A substância cinzenta é dividida em


cornos ou colunas ( anteriores e posteriores) e

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


137 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

Corpo dorsal
Canal central

Raiz dorsal do
nervo espinhal

Corno
lateral
Nervo
espinhal

Raiz ventral do Substância


nervo espinhal branca

Corno
Substância
ventral
cinzenta
Figura 8.11: Ilustração esquemática de corte transversal da medula espinhal

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES
Substância
branca

Substância
cinzenta

Canal
central

Meninges

Figura 8.12: Micrografia de um corte histológico transversal da medula espinhal.


Objetiva de 40x. Corante HE

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

8.4. Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico (SNP), epineuro. Entende-se por neurilema, uma

que constitui todo o tecido neural fora do SNC delicada membrana que recobre a mielina e

é constituido por nervos, gânglios e que nos nos de ranvier estão em contato com

terminações nervosas. o axônio. Funciona como uma capa da fibra


nervosa dos sistema nervoso periférico.
As fibras nervosas são prolongamentos
delgados dos neurônios, incluindo axônios e Os nervos não contêm os corpos

seus invólucros gliais como a mielina. Cada celulares dos neurônios; esses corpos

fibra nervoso é envolvida por uma membrana celulares localizam-se no sistema nervoso

basal denominada endoneuro. As fibras central ou nos gânglios nervosos, que podem

nervosas se organizam-se em feixes. Cada ser observados próximos à medula espinhal.

feixe, por sua vez, é envolvido por uma bainha


Os nervos podem ser monofascicular
conjuntiva denominada perineuro. Vários
(mais distantes do SNC) e poifascicular (mais
feixes agrupados paralelamente formam um
próximos do SNC) quando são consituído por
nervo. O nervo também é envolvido por uma
um ou vários fascículos nervosos
bainha de tecido conjuntivo chamada

Monofascicular

Epineuro
Perineuro
Endoneuro

Axônio
Polifascicular

Epineuro
Perineuro
Endoneuro
Axônio
Adipócitos
Vasa
nervorum

Figura 8.13: Esquema de corte transversal de um nervo.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


139 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES

Epineuro

Perieneuro

Endoneuro

Figura 8.14: Aumento de 400x. Corante HE

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA Nódulo de
LAMM - UNIMONTES
Ranvier

Mielina

Axônio

Figura 8.15: Micrografia de um corte longitudinal de um nervo. Aumento 1000x. Corante HE.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


140 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

Dá-se o nome de gânglio nervoso para central (dentro do sistema nervoso central,
qualquer aglomerado de corpos celulares de estes aglomerados são conhecidos como
neurônios encontrado fora do sistema nervoso núcleos).

Corpos de
neurônios

Células
satélites

LABORATÓRIO ARQUIVO DE
MORFOLOGIA MICROSCÓPICA
LAMM - UNIMONTES 20 μm

Figura 8.16: Micrografia de um corte transversal de gânglio sensitivo. Objetiva de 40x.Corante HE.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


141 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
TECIDO NERVOSO
Capítulo 8

Referências Bibliográficas
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Histologia básica I L.C.Junqueira e José
1. Ser capaz de reconhecer as partes dos
Carneiro. - [12 . ed]. - Rio de Janeiro:
neurônios em seções microscópicas de Guanabara Koogan, 2013.
luz.
Tratado de fisiologia médica. GUYTON, Arthur
2. Ser capaz de identificar células e C; HAL, John E.. 11 ed. Rio de Janeiro:
estruturas em seções de tecido nervoso. Elsevier, 2006.1115p.

3. Ser capaz de classificar os neurônios de Neuroanatomia funcional.MACHADO, Ângelo


acordo com número de prolongamentos do B.M.. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2005

soma e quanto às variações do pericárdio.

4. Ser capaz de descrever o processo de


mielinização e o processo de plasticidade
neural.

5. Ser capaz de identificar a substância


branca e a cinzenta e distinguir nervo de
gânglio nervoso.

ATLAS DE HISTOLOGIA ESSENCIAL BACCHI & RODRIGUES


142 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS / UNIMONTES
ATLAS DE
HISTOLOGIA ESSENCIAL
BACCHI & RODRIGUES
RESOLUÇÃO Nº. 187 - CEPEx/2017

RICARDO RODRIGUES BACCHI é graduado em Ciências


Biológicas Modalidade Médica pelo Centro Universitário
Barão de Mauá (Ribeirão Preto-SP). Mestre em Avaliação
das Atividades Físicas e Desportivas pela Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro (Portugal), pesquisador do
Hospital Universitário Clemente de Faria (HUCF), lecionou
por mais de 15 anos na Educação Superior em cursos de
Biomedicina, Ciências Biológicas, Enfermagem, Educação
Física, Farmácia, Medicina e Odontologia nas Faculdades
de Saúde Ibituruna - FASI e Faculdades Integradas do
Norte de Minas - FUNORTE (Montes Claros-MG).
Atualmente é professor do Departamento de Biologia
Geral da Universidade Estadual de Montes Claros
(UNIMONTES). Desde 2000, leciona Citologia, Histologia,
Embriologia e Patologia Geral para os cursos locados no
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde-CCBS. Publicou
4 livros e vários artigos científicos em revistas nacionais
e internacionais na área de morfologia microscópica e
novas tecnologias na educação.

You might also like