Portuguese Pediatric SSC Management of Septic Shock PDF
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Artigo especial
Estas diretrizes estão sendo publicadas simultaneamente As seguintes organizações patrocinadoras com nomeados
em Pediatric Critical Care Medicine (DOI: oficiais da assessoria são: American Academy of Pediatrics;
https://doi.org/10.1097/PCC.0000000000002198) e American Association of Critical-Care Nurses; American
Intensive Care Medicine (DOI: College of Chest Physicians; American College of Emergency
https://doi.org/10.1007/s00134-019-05878-6). Physicians; American Thoracic Society; Australian and New
Zealand Intensive Care Society; Canadian Critical Care
Copyright © 2020 Society of Critical Care Medicine, Society; European Society of Neonatal and Pediatric Intensive
Care; Pediatric Infectious Diseases Society; Scandinavian
European Society of Intensive Care Medicine, e World
Society of Anaesthesiology and Intensive Care Medicine;
Federation of Pediatric Intensive and Critical Care
Society of Infectious Diseases Pharmacists; UK Sepsis Trust;
Societies. World Federation of Pediatric Intensive and Critical Care
Societies.
1
Children’s Hospital of Philadelphia, University of Pennsylvania Perelman pode ser acessado em
School of Medicine, Philadelphia, PA. https://www.sccm.org/Research/Guidelines/Guidelines.
2
Great Ormond Street Hospital for Children, London, United Kingdom. Para informações sobre o artigo: [email protected]
3
Department of Medicine, Division of Critical Care, and Department of Resumo
Health Research Methods and Impact, McMaster University, Hamilton,
Objetivos: Desenvolver recomendações com base em evidências para
ON, Canada.
os médicos que atendem crianças (incluindo bebês, crianças em idade
4
Department of Pediatrics (Dr. Agus), Department of Anesthesiology,
escolar e adolescentes) com choque séptico e outras disfunções
Critical Care and Pain (Drs. Mehta and Randolph), Boston Children’s
Hospital and Harvard Medical School, Boston, MA. orgânicas associadas à sepse.
5
C.S. Mott Children’s Hospital, Ann Arbor, MI. Projeto: Foi reunido um painel de 49 especialistas internacionais que
6
St. Mary’s Hospital, London, United Kingdom. representam 12 organizações internacionais, bem como três
7
Paediatric Critical Care Research Group, The University of Queensland metodologistas e três integrantes públicos. Os integrantes do painel
and Queensland Children’s Hospital, Brisbane, QLD, Australia. organizaram-se em importantes reuniões internacionais (para aqueles
8
Red Cross War Memorial Children’s Hospital and University of Cape integrantes do painel que participam da conferência), e uma reunião
Town, Cape Town, South Africa. independente para todos os integrantes do painel foi realizada em
9
Great Ormond Street Hospital for Children, London, United Kingdom. novembro de 2018. Uma política oficial de conflito de interesses foi
10
Children’s Hospital of Pittsburgh, Pittsburgh, PA. desenvolvida no início do processo e vigiu em todo seu curso. A
11
University of Liverpool, Liverpool, United Kingdom. discussão por meios eletrônicos e as teleconferências entre os
12
Connecticut Children’s Medical Center, Hartford, CT. presidentes, copresidentes, metodologistas e diretores de grupo, bem
13
Duke Children’s, Durham, NC. como nos subgrupos, serviram como uma parte integrante do
14
St. Christopher’s Hospital for Children, Philadelphia, PA. processo de desenvolvimento da diretriz.
15
Texas Children’s Hospital, Houston, TX. Métodos: O painel consistiu em seis subgrupos: reconhecimento e
16
Paris South University Hospitals—Assistance Publique Hopitaux de tratamento da infecção, hemodinâmica e ressuscitação, ventilação,
Paris, Paris, France.
terapias metabólicas e endócrinas, terapias adjuvantes e prioridades
17
Physiopathology and Therapeutic Innovation Unit—INSERM U999,
de pesquisa. Realizamos uma análise sistemática para cada questão
South Paris-Saclay University, Paris, France.
referente a População, Intervenção, Controle e Resultados para
18
King’s College Hospital, London, United Kingdom.
identificar a melhor evidência disponível, resumimos estatisticamente
19
University Hospital Southampton NHS Foundation Trust and University
a evidência e, assim, avaliamos a qualidade da evidência, utilizando a
of Southampton, Southampton, United Kingdom.
abordagem de Classificação de Avaliação, Desenvolvimento e Análise
20
The Latin America Sepsis Institute, Sao Paulo, Brazil.
de Recomendações. Utilizamos a estrutura de decisão com base em
21
Nationwide Children’s Hospital, Columbus, OH.
evidências para formular recomendações como fortes ou fracas ou
22
Rady Children’s Hospital, San Diego, CA.
como declaração de boas práticas. Ademais, as declarações “em nossa
23
Centre Hospitalier Universitaire de Lyon, Lyon, France.
prática” foram inclusas quando constatava-se evidência inconclusiva
24
Erasmus University Medical Center, Rotterdam, The Netherlands.
25
All India Institute of Medical Sciences, New Delhi, India.
para fornecer uma recomendação, mas o painel considerou que
26
Children’s Hospital of Richmond at VCU, Richmond, VA.
algumas diretrizes com base em padrões de atuação poderiam ser
27
Beatrix Children’s Hospital, Groningen, The Netherlands. adequadas.
28
Radboud University Medical Centre, Nijmegen, The Netherlands. Resultados: O painel apresentou 77 declarações sobre o tratamento
29
National University Health System, Singapore, and Royal Children’s e a ressuscitação de crianças com choque séptico e outras
Hospital, Melbourne, VIC, Australia. disfunções orgânicas associadas à sepse. No geral, foram seis
30
Rigshospitalet Hospital, Copenhagen, Denmark. recomendações fortes, 49 recomendações fracas e nove
31
Children’s Hospital of Los Angeles, Los Angeles, CA. declarações de melhor prática. Para 13 questões, nenhuma
32
New York University Langone Medical Center, New York, NY. recomendação pôde ser realizada, mas para 10 dessas, foram
33
Stony Brook University, Stony Brook, NY. prestadas declarações “em nossa prática”. Além disso, foram
34
Advocate Children’s Hospital, Park Ridge, IL. identificadas 52 prioridades de pesquisa.
35
Apollo Hospitals, Chennai, India.
36
Johns Hopkins Children’s Center, Baltimore, MD. Conclusões: Uma ampla coorte de especialistas internacionais
37
Children’s Hospital Colorado, Aurora, CO. conseguiu chegar a um consenso sobre muitas recomendações
38
University of the West of England, Bristol, United Kingdom. para os melhores cuidados de crianças com sepse, reconhecendo
39
College of Nursing, University of Iowa, Iowa City, IA. que a maioria dos aspectos referentes aos cuidados apresentou
40
St. Jude Children’s Research Hospital, Memphis, TN. qualidade de evidência relativamente baixa, resultando no
41
Cincinnati Children’s Hospital, Cincinnati, OH. frequente fornecimento de recomendações fracas. Apesar desse
42
Seattle Children’s Hospital, Seattle, WA. desafio, essas recomendações referentes ao tratamento de crianças
43
British Columbia Children’s Hospital, Vancouver, British Columbia, com choque séptico e outras disfunções orgânicas associadas à
Canada. sepse oferecem um alicerce para cuidados adequados a fim de
44
Institute of Integrative Biology of the Cell-CNRS, CEA, Univ Paris Sud, melhorar os resultados e atualizar pesquisas futuras.
Gif-sur-Yvette, France.
Descritores: Medicina com base em evidências; Critérios de
As diretrizes da Society of Critical Care Medicine são destinadas somente classificação de avaliação, Desenvolvimento e análise de
para fins de informações gerais, e não para orientações médicas. Essas recomendações, Diretrizes; Infecção; Pediatria; Sepse; Choque
também não substituem a busca por orientação referente a qualquer Séptico; Campanha de Sobrevivência à Sepse.
quadro clínico. O termo de responsabilidade completo para as diretrizes
S1
Weiss et al.
A
sepse é uma das principais causas de algoritmo de tratamento ou definir um padrão de
morbidade, mortalidade e utilização de atenção. Essas diretrizes são adequadas para tratar o
serviços de saúde em crianças em todo o choque séptico e outras disfunções orgânicas
mundo. Em nível global, estima-se 22 casos de sepse associadas à sepse em um hospital, emergência ou
na infância a cada 100 mil pessoas-ano e 2.202 casos unidade para pacientes em estado agudo, embora
de sepse neonatal a cada 100 mil nascidos vivos, algumas podem ser aplicadas em outros locais. Ainda
traduzindo em 1,2 milhão de casos de sepse na que as recomendações tenham sido desenvolvidas
infância por ano [1]. Mais de 4% de todos os sem considerar a disponibilidade de recursos,
pacientes internados com menos de 18 anos e, reconhecemos que a variação dentro e entre os
aproximadamente, 8% dos pacientes admitidos em sistemas de saúde e regiões geográficas determinará
UTIPs em países de alta renda têm sepse [2-6]. A a aplicação prática dessas diretrizes.
mortalidade em crianças com sepse varia de 4% a Ainda que várias recomendações referentes aos
50%, dependendo da gravidade da doença, fatores de cuidados de crianças com sepse e choque séptico
risco e localização geográfica [2,3,7-9]. A maioria tenham sido anteriormente publicadas [14-16], essas
das crianças que falecem de sepse sofrem de choque novas diretrizes não visam atualizar ou confirmar
refratário e/ou síndrome de disfunção de múltiplos esses documentos anteriores. Em vez disso, o
órgãos, com muitos óbitos ocorrendo nas primeiras objetivo da “Campanha de Sobrevivência à Sepse” da
48 a 72 horas do tratamento [10-13]. Portanto, a SCCM/ESICM foi fornecer uma abordagem com
identificação precoce e o tratamento e ressuscitação base em evidências para o tratamento de choque
adequada são essenciais para aperfeiçoar os séptico e outras disfunções orgânicas associadas à
resultados em crianças com sepse. sepse em crianças, utilizando uma abordagem
Em 2001, a Campanha de Sobrevivência à Sepse metodológica transparente e abrangente por um
(CSS) foi formada pela Society of Critical Care painel com diversidade profissional e geográfica.
Medine (SCCM), European Society of Intensive Care
Medicine (ESICM) e o Fórum Internacional de METODOLOGIA
Sepse. O objetivo principal da CSS foi desenvolver
diretrizes com base em evidências e recomendações Definições
para a ressuscitação e o tratamento de pacientes com Em 2005, a Conferência Internacional de Consenso
sepse. As primeiras diretrizes foram publicadas em de Sepse Pediátrica publicou definições e critérios
2004 e têm sido revisadas e atualizadas a cada 4 anos para sepse, sepse grave e choque séptico em crianças
desde então. Após a edição de 2016, a SCCM e a com base nos pareceres anteriores de sepse em
ESICM reafirmaram seu compromisso com as adultos, na ocasião com modificações na fisiologia
diretrizes com base em evidências para todos os com base em considerações de idade e
pacientes, formando forças-tarefas separadas maturação[17]. Em 2016, as novas definições e
dedicadas às diretrizes para adultos e crianças. critérios em adultos foram publicadas (Sepse-3) com
O objetivo das “Diretrizes Internacionais de “sepse” definida como disfunção orgânica com risco
Campanha de Sobrevivência à Sepse para o de vida ocasionada por uma resposta desregulada do
Tratamento de Choque Séptico e Disfunção Orgânica hospedeiro à infecção, e “choque séptico” definido
Associada à Sepse em Crianças” da SCCM/ESICM é como o subconjunto de sepse com disfunção
fornecer diretriz para médicos que atendem crianças circulatória e celular/metabólica associada a um
(incluindo bebês, crianças em idade escolar e maior risco de mortalidade [18]. O termo “sepse
adolescentes) com choque séptico e outras disfunções grave” foi substituído por essa nova definição de
orgânicas associadas à sepse. Buscamos utilizar a sepse. Ainda que a aplicação de Sepse-3 em crianças
experiência de uma equipe de clínicos e tenha sido experimentada [19,20], as revisões oficiais
metodologistas para criar recomendações nas definições de sepse pediátrica de 2005 continuam
abrangentes com base em evidências para o pendentes [21]. Portanto, a maioria dos estudos
reconhecimento e o tratamento de crianças com utilizados para estabelecer evidências nessas
choque séptico e outras disfunções orgânicas agudas diretrizes se refere à nomenclatura de 2005 em que
associadas à sepse. As recomendações a partir dessas sepse grave foi definida como (1) maior ou igual a 2
diretrizes têm base na melhor evidência atual, mas critérios da síndrome de resposta inflamatória
não podem substituir a capacidade de tomada de sistêmica (SRIS) com base em idade, (2) confirmação
decisão do médico quando apresentadas junto ao ou suspeita de infecção invasiva, e (3) disfunção
conjunto específico de variáveis clínicas de um cardiovascular, síndrome do desconforto respiratório
paciente. As recomendações visam direcionar a agudo (SDRA) ou maior ou igual a 2 disfunções de
“melhor prática”, em vez de estabelecer um órgãos excluindo cardiovascular; e o choque séptico
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Weiss et al.
foi definido como o subconjunto com disfunção a 37 semanas dentro do escopo dessas diretrizes, pois
cardiovascular, que incluiu hipotensão, tratamento esses bebês podem ser reconhecidos e ressuscitados
com uma medicação vasoativa ou perfusão fora de um berçário de recém-nascidos ou da UTI
prejudicada. No entanto, os estudos que definiram a neonatal. No entanto, devido ao painel não ter
sepse como infecção grave levando à disfunção abordado especificamente estudos de neonatos com
orgânica com risco de vida foram inclusos mesmo infecção perinatal ou quadros clínicos que possam
que os critérios utilizados para definir a sepse estar associados à sepse neonatal (por exemplo,
divergissem das definições do consenso de 2005. hipertensão pulmonar persistente do recém-nascido),
Para as finalidades dessas diretrizes, definimos essas diretrizes não abordam todas as considerações
choque séptico em crianças como infecção grave de tratamento para sepse neonatal.
levando a disfunção cardiovascular (incluindo
hipotensão, necessidade de tratamento com uma Aplicação de diretrizes por disponibilidade
medicação vasoativa ou perfusão prejudicada) e de recurso local
“disfunção orgânica associada à sepse” em crianças Os usuários-alvo destinados dessas diretrizes são
como infecção grave levando a disfunção orgânica profissionais de saúde que atendem crianças com
cardiovascular e/ou não-cardiovascular. Devido a choque séptico ou outras disfunções orgânicas
atual disponibilidade de diversos métodos que associadas à sepse em um hospital, emergência ou
identificam a disfunção orgânica aguda em crianças outra unidade para pacientes em estado agudo. No
[17,19,20,22,23], optamos por não exigir um sistema entanto, reconhecemos que muitas das
ou definição específica para esta finalidade. recomendações são provavelmente aplicadas aos
cuidados de crianças com choque séptico e outras
Escopo de pacientes disfunções orgânicas associadas à sepse em uma
O painel destinou essas diretrizes para ser aplicadas a ampla variedade de cenários com adaptação para
todos os pacientes com idade igual ou superior a 37 ambientes específicos e disponibilidade de recursos.
semanas de gestação ao nascimento até os 18 anos de Essas diretrizes foram amplamente desenvolvidas
idade, com sepse grave ou choque séptico, conforme sem considerar recursos de saúde (com algumas
definido pela Conferência Internacional de Consenso exceções específicas, por exemplo, ressuscitação
de Sepse Pediátrica, ou incluindo infecção grave com fluidos), ainda que entendamos que os cuidados
levando a disfunção orgânica com risco de vida. De médicos em crianças com choque séptico e outras
forma prática, todos os bebês, crianças e adolescentes disfunções orgânicas associadas à sepse seja
com choque séptico ou outras disfunções orgânicas necessariamente realizado dentro dos limites dos
agudas associadas à sepse estão inclusos neste recursos disponíveis localmente. O painel sustenta
escopo. Para simplificar, iremos utilizar daqui em que essas diretrizes devem constituir um sistema
diante o termo “crianças” para nos referir a bebês, geral de “melhor prática”, mas que a tradução em
crianças em idade escolar e adolescentes nessas pacotes ou algoritmos de tratamento e padrões de
diretrizes. atenção precisará levar em consideração a variação
Todas as recomendações se aplicam a crianças na disponibilidade de recursos locais de saúde. O
com choque séptico e outras disfunções orgânicas painel reconhece também a necessidade de futuras
agudas associadas à sepse, a menos que as pesquisas para testar a adaptação de intervenções
qualificações específicas, tais como o subconjunto para recursos localmente disponíveis.
com comprometimento imunológico, estejam
inclusas na recomendação. Ainda que essas diretrizes Financiamento e patrocínio
não visem abordar o tratamento de infecção com ou Todo o financiamento para o desenvolvimento dessas
sem SRIS quando não há disfunção orgânica aguda diretrizes foi fornecido pela SCCM e ESICM. Além
associada, reconhecemos que a sepse existe como disso, as organizações patrocinadoras forneceram
um espectro e algumas crianças sem disfunção suporte para a participação de seus membros.
orgânica aguda conhecida podem se beneficiar ainda
de terapias similares como aquelas com disfunção Seleção e organização de integrantes do
orgânica conhecida. Por fim, ao reconhecer que a painel
sepse neonatal, principalmente em bebês prematuros, A seleção de integrantes do painel teve base em seu
pode ter patologia, biologia e considerações conhecimento em aspectos específicos de sepse
terapêuticas distintas, os recém-nascidos com menos pediátrica. Os copresidentes e os covice-presidentes
de 37 semanas de gestação são descartados do escopo foram nomeados pelos órgãos regentes da SCCM e
dessas diretrizes. O painel buscou incluir o termo ESICM; e os integrantes do painel foram assim
neonatos (0-28 dias) com gestação superior ou igual recomendados pelos copresidentes e covice-
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Weiss et al.
presidentes. Foi exigido que cada integrante do painel selecionaram as questões referentes ao PICO
fosse um profissional da saúde com ênfase em consideradas importantes para guiar os cuidados de
cuidados de emergência e/ou agudos de crianças crianças com choque séptico ou outras disfunções
gravemente enfermas com choque séptico ou outras orgânicas associadas à sepse. Os integrantes do
disfunções orgânicas agudas associadas à sepse. Foi painel propuseram questões adicionais referentes ao
garantida ampla representação internacional e PICO de alta prioridade e relevância clínica. Por
multiprofissional da medicina de cuidados intensivos razões práticas, descartamos diversos assuntos
e críticos, medicina de emergência, anestesiologia, pertencentes a doenças gerais agudas ou críticas que
neonatologia e doença infecciosa com inclusão de não eram específicas à sepse (por exemplo, posição
médicos, enfermeiros, farmacêuticos e fornecedores da cabeceira do leito durante a ventilação mecânica
de práticas avançadas como parte do grupo de invasiva) e que foram abordados em outras diretrizes
trabalho. Três integrantes do público leigo também (por exemplo, Conferência Pediátrica de Consenso
foram inclusos com função de garantir que as sobre Lesões Pulmonares Agudas [CPCLPA]) [24].
opiniões do paciente, família e cuidadores fossem No entanto, os tópicos com relevância específica para
consideradas ao priorizar resultados e concluir as crianças com choque séptico ou outras disfunções
recomendações propostas pelos médicos durante o orgânicas agudas associadas à sepse foram incluídos
processo de desenvolvimento. Os participantes do nessa diretriz, mesmo que houvesse levantamento de
painel foram recrutados a partir de uma grande tópicos similares ou sobrepostas em publicações
quantidade de países e sistemas de saúde, incluindo a anteriores. A decisão final sobre a inclusão de
representação de áreas geográficas com recursos questões referente ao PICO foi tomada por debate e
limitados. Foi organizado um painel consenso entre os líderes do painel da diretriz com
demograficamente diverso em relação a sexo, raça e contribuição dos integrantes do painel e da equipe de
geografia. Os integrantes foram então alocados em metodologia em cada grupo.
grupos específicos com base em seus conhecimentos. Em conformidade com a abordagem da
A equipe de metodologia incluiu metodologistas Classificação de Avaliação, Desenvolvimento e
treinados pela Universidade McMaster no Canadá Análise de Recomendações (GRADE), os integrantes
(W.A., K.C.) e Universidade de Nova York nos do painel compilaram uma relação de resultados
Estados Unidos (M.E.N.). A equipe foi composta de potenciais para cada questão referente ao PICO.
metodologistas graduados em metodologia de Posteriormente, entrevistamos eletronicamente os
pesquisa em saúde (mestrado ou doutorado) e/ou integrantes do painel e solicitamos que classificassem
treinamento de metodologia avançada, em que todos cada resultado em uma escala de 1 (não importante)
também são intensivistas em atuação. A equipe de a 9 (essencialmente importante). Selecionamos
metodologia forneceu liderança e diretriz somente resultados que foram essenciais (ou seja, a
metodológica em todo o processo de partir de 7) para tomada de decisões, tendo a
desenvolvimento das recomendações. perspectiva de um paciente. Além disso,
apresentamos todos os resultados selecionados aos
Desenvolvimento de questões e priorização integrantes públicos e pedimos suas contribuições e
de resultados feedbacks. A relação final de questões referente ao
O painel foi dividido em grupos: (1) reconhecimento PICO consta na Tabela Suplementar 1, Conteúdo
e tratamento de infecção, (2) hemodinâmica e Digital Suplementar 1,
ressuscitação, (3) ventilação, (4) terapias endócrinas http://links.lww.com/PCC/B139.
e metabólicas, e (5) terapias adjuvantes. Um sexto
subgrupo foi acrescentado para analisar as Estratégia de pesquisa e somatório de
prioridades de pesquisas em sepse pediátrica. evidências
Os copresidentes, covice-presidentes e diretores Para cada questão referente ao PICO, um
de grupo realizaram seleções iniciais dos tópicos. bibliotecário médico profissional formulou a
Incluímos tópicos abordados nas diretrizes da CSS estratégia de pesquisa com contribuição dos diretores
em adultos de 2016 que fossem relevantes às de grupo, integrantes do painel e metodologistas. As
crianças, bem como outros principais tópicos pesquisas utilizaram uma combinação de vocabulário
pediátricos discutidos em diretrizes publicadas controlado (por exemplo, “sepse”, “infecções
anteriormente [14-16]. O formato PICO que descreve bacterianas”, “doença grave”, “unidades de
a população (P), intervenção (I), controle (C) e tratamento intensivo”, “pediatria”, “UTIN”, “UTIP”,
resultados (O) foi utilizado em todas as questões “serviços emergenciais”) e palavras-chave (por
referentes à diretriz. Os diretores do grupo, exemplo, “choque tóxico”, “envenenamento do
integrantes do painel e metodologistas analisaram e sangue”, “infecção aguda”, “criança”) na pesquisa
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Weiss et al.
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Weiss et al.
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Weiss et al.
Qualidade de evidência
superior a “mais baixa”?
Não
Não utilizar evidência
indireta
Figura 1 - Estrutura para determinar a adequação de isp da evidência indireta de estudos de crianças sem sepse ou de
adultos.
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Weiss et al.
sustentabilidade da triagem deve ser incorporada internações e transferências da UTIP para níveis mais
como parte deste processo. altos de atenção e custos de utilização dos serviços de
Justificativa: a triagem sistemática para sepse em saúde [45]. O pedido de uma ferramenta de triagem
crianças é conduzida pela premissa de que o exige aperfeiçoamento recorrente de sensibilidade e
reconhecimento precoce levará a uma iniciação de especificidade, esforços de melhoria contínua para
terapia mais oportuna, que se traduzirá em melhoria manter a instrução e a familiaridade do prestador com
da morbidade e/ ou mortalidade. As ferramentas de a ferramenta, bem como a contínua aquisição de
triagem são desenvolvidas para aumentar a dados para monitorar a implementação e a utilização
confiabilidade de reconhecimento de sepse e do aumento. [42] Por fim, as ferramentas de triagem
qualificar os profissionais de saúde a buscarem devem funcionar bem com outros sistemas de
rápida reavaliação médica. O rápido reconhecimento resposta rápida e aviso antecipado já existentes ou
da sepse por procedimentos e triagem padronizada previstos [46, 47] que podem também ter as próprias
para conduzir o tratamento de pacientes identificados limitações [38, 48].
com risco de sepse deve ser um fator essencial de
programas de melhoria de qualidade da sepse (MQ). 2) Não foi possível elaborar uma recomendação
Ainda que o método ou ferramenta ideal para triagem referente ao uso dos níveis séricos de lactato para
não estiver claro, sugerimos que as ferramentas de estratificar crianças com suspeita de choque séptico
triagem sejam adaptadas ao tipo de pacientes, ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse
recursos e processos dentro de cada instituição. com risco baixo ou alto de ter choque séptico ou
Vários estudos, ao comprovar que os esforços sepse. No entanto, em nossa prática, se os níveis de
institucionais de MQ da sepse aumentaram os lactato puderem ser rapidamente obtidos, medimos
resultados, incorporaram com sucesso as ferramentas frequentemente o lactato sanguíneo em crianças
de triagem [31-37]. A maioria das triagens de sepse durante a análise de choque séptico e outras
relatadas foi concebida para estimular os médicos a disfunções orgânicas associadas a sepse.
priorizarem a revisão de pacientes que haviam
desencadeado a triagem e, portanto, a decisão final de Justificativa: Os níveis séricos de lactato fornecem
tratar ou não permanece do médico. Embora os ECRs um importante marcador indireto de hipoperfusão
tenham avaliado a função de algoritmos de triagem tecidual [49]. Embora os níveis elevados de lactato
sistemática para reconhecer a deterioração clínica em não sejam específicos, fornecem um substituto
crianças de forma mais geral [38], os ensaios de alta quantificável para hipóxia tecidual e podem ser
qualidade em relação ao reconhecimento de sepse rapidamente obtidos por exames disponíveis em
pediátrica estão ausentes [39] e os dados não são muitas unidades. Em adultos, o lactato sanguíneo
suficientes para sugerir qualquer ferramenta de superior a 2 mmol/L foi incluído dentro da definição
triagem específica, embora muitos tenham sido operacional de choque séptico como uma indicação
publicados [40-42] ou compartilhados on-line de disfunção celular/metabólica, e a medição do
(http://www.survivingsepsis.org/Resources/Pages/Pr lactato está inclusa no Pacote de 1 Hora no
otocols-and-Checklists.aspx). Os estudos em uma Tratamento da Sepse, com recomendações para
única instituição mostraram que uma ferramenta de repetir a medição de lactato se o valor inicial exceder
triagem com base em registro eletrônico de saúde 2 mmol/L [18,50,51]. Em crianças, vários estudos
(RES) pode produzir alta sensibilidade e, quando observacionais comprovaram uma associação de
associado a avaliação clínica sequencial, melhora na níveis séricos elevados de lactato com resultados
especificidade [43]. Para instituições que utilizam um adversos em choque séptico [11,52-54]. No entanto,
RES, uma abordagem gradual que combina alertas o limite ideal para definir “hiperlactatemia” ainda
acionados por RES acompanhados de avaliação não fica evidente. Em um estudo em UTIP, a taxa de
clínica tem o potencial de reduzir o tempo de mortalidade em crianças com hipotensão que exige
reconhecimento da sepse [41]. De forma notável, vasopressores com lactato superior a 2 mmol/L foi de
nenhum estudo foi encontrado em relação à triagem 32,0% em comparação com 16,1%, se o lactato fosse
sistemática de sepse em países de renda baixa e média inferior ou igual a 2 mmol/L [11]. Outros estudos
que atenda aos critérios de PICO. comprovaram que os níveis de lactato superior a 4
As instituições devem monitorar e analisar suas mmol/L são associados de forma consistente à
práticas após implementação de triagem de sepse mortalidade [52]. Embora o lactato sanguíneo possa
[44]. As sólidas medições de equilíbrio de MQ que ser afetado pelas condições da coleta de sangue (por
devem ser avaliadas incluem resposta clínica, viés de exemplo, uso de torniquete), as medições de lactato
ancoragem, prescrições antimicrobianas elevadas venoso e arterial obtidas foram comprovadas como
e/ou inadequadas, sobrecarga de fluidos, aumento de sendo associadas à mortalidade de forma
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Weiss et al.
independente em crianças [55]. Em um estudo 0,78) [56]. No entanto, nenhum ECR testou se a
prospectivo em crianças, a normalização do lactato medição inicial ou serial do lactato sanguíneo embasa
dentro de 2 a 4 horas de apresentação foi associada à diretamente a análise e/ou o tratamento em crianças.
diminuição do risco de disfunção orgânica Portanto, os níveis de lactato devem ser interpretados
permanente (RR ajustado, 0,47; IC de 95%, 0,29 -
TABELA 3 - Critérios para declaração de melhores práticas com choque séptico ou outras disfunções
orgânicas associadas à sepse (DMP).
Critérios para declaração de melhores práticas
1) A declaração está clara e é executável? Justificativa: Protocolos institucionais mostraram
melhorar a velocidade e confiabilidade da atenção
2) A mensagem é necessária?
para crianças com choque séptico ou outras
3) O benefício (ou prejuízo) líquido é indiscutível? disfunções orgânicas associadas à sepse. Os estudos
4) É difícil coletar e resumir a evidência?
notificaram melhorias na mortalidade, tempo de
permanência (TDP), duração da disfunção orgânica e
5) A justificativa está explícita? desenvolvimento nova ou progressiva de disfunção
6) É melhor que seja oficialmente classificado pela GRADE? de múltiplos órgãos [8,32–34,36,57–61]. A maioria
desses estudos são voltados para o fornecimento
Modificado por Guyatt et al.[30].
pontual de um “pacote de terapias” (por exemplo,
hemocultura, bolus de fluido e antibiótico). Por
como parte de uma avaliação mais abrangente do exemplo, uma análise de 1179 crianças com sepse em
estado clínico e da perfusão. 54 hospitais no Estado de Nova York constatou que
a finalização de um pacote de 1 hora no tratamento
3) Recomendamos a implementação de um da sepse foi associada a menor RP ajustada ao risco
protocolo/diretriz para tratamento de crianças de mortalidade hospitalar (0,59; IC95%, 0,38–0,93;
p=0,02) [8]. Em um estudo recente de uma única
S9
Weiss et al.
instituição, os cuidados condizentes ao pacote em de realizar todos os esforços razoáveis para coletar
1380 crianças com choque séptico foram associados hemoculturas pontualmente antes da administração
a uma mortalidade cinco vezes menor (RP, 0,20; IC antimicrobiana. A coleta de outras amostras
de 95%, 0,07–0,53) [33]. Em outro estudo, a biológicas para identificar patógenos de vias não
implementação de um protocolo de sepse conduziu a sanguíneas (por exemplo, urina, líquido
um aumento substancial na proporção de crianças cefalorraquidiano, aspirado traqueal, lavagem
que não tiveram mais disfunção orgânica no segundo broncoalveolar, drenagem de coletas) deverá também
dia após apresentação (RP ajustada, 4,2; IC 95%, ocorrer o quanto antes, e dependendo do local
1,7–10,4) [34]. No entanto, deve-se observar que os suspeito de infecção, essas amostras podem ter uma
protocolos estudados até o momento têm maior chance de identificação de patógenos que as
componentes variáveis. Muitos estudos não hemoculturas. Os médicos deverão também
notificaram adesão a itens específicos dentro dos considerar a epidemiologia de infecções pediátricas
protocolos, e apenas alguns estudos tentaram ajustar em relação à idade, sexo e fatores do hospedeiro, tais
a gravidade inicial da doença ou outros fatores do como comorbidades [64,65]. Os padrões específicos
paciente, dificultando resumir os estudos utilizando a de infecções pediátricas da corrente sanguínea
abordagem de GRADE. Portanto, em virtude das referentes a idade e comorbidade são bem conhecidos
evidências disponíveis mostrarem uma associação e, aproximadamente, um entre três episódios de
sólida e consistente de que a adesão aos protocolos bacteremia estiveram associados à disfunção
reduz a variabilidade nos cuidados e melhora os orgânica em um recente estudo com base em grande
resultados, recomendamos a implementação de um população [65].
protocolo/diretriz para tratamento de crianças com As limitações de hemoculturas padrões incluem o
choque séptico ou outras disfunções orgânicas tempo necessário para crescer e então identificar os
associadas à sepse como melhores práticas. patógenos e suas susceptibilidades à antibióticos,
bem como o efeito da terapia anterior no resultado da
4) Recomendamos a obtenção de hemoculturas antes cultura. Novas tecnologias moleculares estão sendo
de iniciar a terapia antimicrobiana em situações disponibilizadas para facilitar diagnósticos
em que esta não atrase substancialmente a microbiológicos mais rápidos e precoces. Tais
administração antimicrobiana (DMP). técnicas podem identificar uma variedade de
patógenos bem antes das hemoculturas ficarem
Justificativa: As hemoculturas permanecem positivas [66], e poderão potencialmente identificar
como o método mais comumente utilizado para patógenos mesmo após a administração da terapia
identificar a bacteremia. A identificação de um antimicrobiana. No entanto, novos diagnósticos
patógeno em via sanguínea pode ter implicações moleculares ainda são relativamente caros, não sendo
clínicas significativas em relação ao tipo e duração de suficientes para todos os patógenos e suscetibilidades
terapia antimicrobiana e é um mecanismo importante a antibióticos e nem mesmo são universalmente
para reconhecer patógenos multirresistentes [62]. disponíveis.
Dessa forma, quando possível, as hemoculturas
devem ser obtidas antes do início da terapia TERAPIA ANTIMICROBIANA
antimicrobiana em crianças com sepse grave ou
choque séptico. Embora nenhum estudo tenha 5) Em crianças com choque séptico, recomendamos
diretamente confirmado o efeito de hemoculturas o início da terapia antimicrobiana tão logo seja
isoladamente nos resultados em sepse pediátrica, possível, até 1 hora após o reconhecimento
vários estudos observacionais comprovaram que uma (recomendação forte, qualidade de evidências
abordagem em pacote para ressuscitação inicial muito baixa).
incluindo hemoculturas prévias está associada a 6) Em crianças com disfunção orgânica associada à
melhoria de resultados [8, 31, 33]. Se houver a sepse, mas sem choque, sugerimos o início da
probabilidade de a coleta das hemoculturas atrasar a terapia antimicrobiana tão logo seja possível, após
administração da terapia antimicrobiana no paciente, análise adequada, até 3 horas após o
a administração de antimicrobianos deverá ter reconhecimento (recomendação fraca, qualidade
precedência, tendo em vista o impacto causado pelo de evidências muito baixa).
atraso da administração antimicrobiana nos
resultados do paciente [63]. No entanto, visto que as Justificativa: A principal terapia médica que visa
hemoculturas podem ser a única fonte de diretamente a causa subjacente da sepse é o uso de
informações que identifiquem a suscetibilidade a antimicrobianos, e há sólida justificativa biológica
antibióticos bacterianos, cabe destacar a importância para a rápida administração de antimicrobianos em
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Weiss et al.
pacientes com sepse [44]. Muitas iniciativas de MQ horas em comparação com menos de 3 horas,
mostraram melhoria de resultados de sepse pediátrica considerando que a mortalidade de pacientes que
com implementação de um pacote que inclui rápida receberam antimicrobianos em menos de 1 hora não
administração de antimicrobianos intravenosos [8, foi diferente daqueles que receberam
32–34,36,57–61]. Dois estudos observacionais antimicrobianos em menos de 3 horas nesse estudo
retrospectivos também comprovaram associação relativamente pequeno. O segundo e maior estudo
entre menor tempo para administração de pediátrico constatou uma diminuição significativa na
antimicrobianos e redução de mortalidade em mortalidade se os antimicrobianos fossem
crianças com sepse. O primeiro estudo se tratou de administrados em 1 hora, mas apenas no contexto de
uma análise de 130 crianças com sepse (mortalidade um pacote que incluísse uma hemocultura e bolus de
de 12%), incluindo 103 (79%) com choque séptico, fluido [8]. Dessa forma, os estudos pediátricos
em que a RP não ajustada para mortalidade, entre disponíveis não fornecem um limite de tempo claro
crianças com antimicrobianos distribuídos em 60 após o qual o risco de mortalidade ou outros
minutos após o reconhecimento da sepse, foi de 0,60 resultados adversos aumentam, mas sustentam que há
(IC 95%, 0,13-2,86) [63]. O segundo estudo se tratou probabilidade de haver um risco adicional de
de uma análise de 1179 crianças, incluindo 69% com prejuízos na medida em que o tempo para o início dos
choque séptico em que a finalização de um pacote em antimicrobianos aumentar, principalmente acima de
1 hora após o reconhecimento da sepse foi associada 3 horas. De forma notável, o benefício da terapia
à redução de mortalidade (RP, 0,59; IC de 95%, 0,38– antimicrobiana em 1 hora após o reconhecimento tem
0,93; p=0,02). No entanto, o início de sido mais evidente em coortes com predominância de
antimicrobianos, isoladamente, até 1 hora após o pacientes com choque séptico (em comparação com
reconhecimento não foi associado à redução sepse sem choque)[8,63].
significativa de mortalidade (RP, 0,78; IC de 95%, Com base em evidência pediátrica limitada e
0,55–1,12; p=0,18) [8]. Quando a RP ajustada desses evidência indireta de estudos em adultos, o painel
dois estudos foi combinada, houve uma possível sustentou que, em crianças “com choque séptico”, a
redução na mortalidade (RP 0,77; CI de 95%, 0,55– terapia antimicrobiana deverá ser iniciada tão logo
1,08) (Tabela Suplementar 2 e Figura seja possível e idealmente em até 1 hora após o
Suplementar 1, Conteúdo Digital Suplementar 1, reconhecimento. A suspeita de choque séptico pode
http://links.lww.com/PCC/B139). Outros desfechos geralmente ser conduzida por resultados clínicos
secundários mencionados na literatura também foram rapidamente confirmados por histórico e exame
associados a um menor tempo para início de terapia físico. Ainda que nossa recomendação para
antimicrobiana, incluindo a redução de TDP, duração idealmente realizar administração antimicrobiana em
mais curta da disfunção orgânica, e redução de 1 hora após o reconhecimento do choque séptico
desenvolvimento de nova disfunção orgânica ou estabeleça um objetivo tangível que enfatize a
disfunção orgânica múltipla [8, 32–34, 36, 57–61]. importância da terapia antimicrobiana precoce e
Além disso, a evidência indireta da sepse em adultos auxilie os médicos a priorizarem os cuidados à beira
sustenta de forma geral um benefício para iniciar a do leito, este parâmetro não deverá ser interpretado
terapia antimicrobiana tão logo seja possível após erroneamente como uma verdade biológica
reconhecimento de choque séptico [67-72]. Portanto, conhecida. Portanto, a métrica dicotômica da
a terapia antimicrobiana oportuna - idealmente qualidade de cuidados com base no tempo para
administrada como parte de um pacote mais crianças com sepse, embora pragmática e
abrangente de cuidados iniciais - deve ser o objetivo potencialmente útil para a tendência, poderá ter
para crianças com choque séptico. menos valor do que o uso de variáveis contínuas, tais
A definição de “oportuna” neste contexto como o tempo médio para antimicrobianos. Apesar
representa uma área de controvérsia referente aos de uma qualidade de evidência muito baixa neste
desafios para o reconhecimento preciso de pacientes tópico, fornecemos uma recomendação forte, pois o
com sepses e choque séptico, bem como a painel concluiu que a maioria dos pacientes aceitaria
necessidade de considerar métricas de equilíbrio de e a maioria dos médicos devem buscar iniciar a
MQ, tais como o uso antimicrobiano desnecessário terapia antimicrobiana tão logo seja possível após
[44,73,74]. Um estudo pediátrico [63] indicou um reconhecimento de choque séptico na maioria das
gradiente dose-resposta de forma que quanto maior o situações.
tempo para terapia antimicrobiana, maior a Para crianças “sem manifestações clínicas de
mortalidade. No entanto, o aumento da mortalidade choque”, o painel reconheceu que o diagnóstico da
alcançou significância somente quando os disfunção orgânica associada à sepse tem mais
antimicrobianos foram administrados apòs mais de 3 desafios referentes à necessidade de discriminar
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aqueles com sepse real a partir de um grande número estados concomitantes da doença, quadros clínicos de
que apresentar suspeita de infecção [44]. Diante da comorbidade, dispositivos invasivos). Os pacientes
evidência disponível, sugerimos o início de terapia com exposição hospitalar recente ou atual devem
antimicrobiana tão logo seja possível após receber terapia empírica que considere infecção ou
reconhecimento da sepse, enquanto dispomos de até colonização conhecida, bem como qualquer
3 horas para a investigação adequada do diagnóstico exposição antimicrobiana recente. Instituições ou
para pacientes sem manifestações clínicas de choque regiões devem identificar o agente antimicrobiano de
e para aqueles com um diagnóstico indeterminado. primeira linha mais adequado, levando em
No entanto, a análise diagnóstica deverá ser realizada consideração o local anatômico da infecção, idade,
de forma eficiente e, se e quando a avaliação epidemiologia local, comorbidade do hospedeiro e
sustentar uma provável infecção ou evidência de fatores de risco (por exemplo, a ceftriaxona é
choque séptico ou outra disfunção orgânica associada recomendada para sepse adquirida na comunidade
à sepse se manifestar, a terapia antimicrobiana deverá pelo Instituto Nacional de Excelência em Saúde e
ser imediatamente administrada. Cuidados [NICE] no Reino Unido [16]. Para
pacientes complexos ou aqueles que estiveram
7) Recomendamos terapia empírica de amplo recentemente ou estão atualmente hospitalizados, a
espectro com um ou mais antimicrobianos para escolha de antimicrobianos empíricos deve também
abranger todos os prováveis patógenos (DMP). levar em consideração doenças subjacentes
8) Uma vez que o(s) patógeno(s) e as sensibilidades concomitantes, falência crônica de órgãos,
forem conhecidos, recomendamos a redução da dispositivos invasivos, presença de imunossupressão
cobertura de terapia empírica antimicrobiana ou outra forma de imunocomprometimento, recente
(DMP). infecção ou colonização conhecida com patógenos
9) Se nenhum patógeno for identificado, específicos, bem como recebimento recente de
recomendamos a redução ou a interrupção da antimicrobianos [65,76,77]. Quando disponível, um
terapia empírica antimicrobiana de acordo com a infectologista deve ser consultado. Outros patógenos
apresentação clínica, local de infecção, fatores de não bacterianos que forem suspeitos como causa de
risco do hospedeiro e adequação de melhoria infecção também devem ser direcionados como parte
clínica em discussão com infectologista e/ou da terapia antimicrobiana inicial, caso a caso.
orientação de especialista microbiológico (DMP). A sepse em crianças é mais comumente
ocasionada por bactérias gram-negativas ou gram-
Justificativa: A mortalidade da sepse é associada positivas, embora a prevalência relativa desses
a atrasos na terapia antimicrobiana “adequada”, e patógenos varie por idade, região geográfica,
assim o tratamento ideal para sepse depende da localização (comunidade vs. hospital) do início da
seleção precisa de antimicrobianos para garantir sepse e outros fatores do paciente. As infecções
atividade contra a maioria dos patógenos fúngicas invasivas são amplamente restritas a
[50,63,70,75]. A “terapia empírica” se refere à pacientes imunocomprometidos e bebês prematuros.
escolha inicial de antimicrobianos enquanto se Determinados quadros clínicos específicos colocam
aguarda pelos resultados microbiológicos pendentes os pacientes em risco de patógenos incomuns ou
(Tabela 4) e tem base na probabilidade prevista de resistentes, exigindo, assim, regimes empíricos
patógenos bacterianos. A terapia empírica deverá específicos. Por exemplo, os pacientes neutropênicos
abranger uma ampla variedade de patógenos que são, estão em risco de uma ampla variedade de possíveis
provavelmente, a causa da infecção, reconhecendo patógenos, incluindo bacilos gram-negativos
que, em raras circunstâncias, essa poderá não cobrir resistentes e espécies de Candida, e os recém-
integralmente patógenos muito incomuns. A “terapia nascidos correm risco de sepse causada por Listeria
de amplo espectro” se refere ao uso da terapia monocytogenes e herpes-vírus simples disseminado
antimicrobiana única ou múltipla com atividade (HSV). As crianças com quadros clínicos crônicos
contra vários grupos de bactérias/patógenos. A tratadas em unidades hospitalares são propensas a
terapia de amplo espectro é recomendada para a sepse com bactéria resistente, tal como
terapia empírica inicial de crianças com choque Staphylococcus aureus resistente à meticilina
séptico ou disfunção de órgãos associada à sepse para (SARM) e enterococos resistentes à vancomicina.
aumentar a probabilidade de a terapia empírica inicial Para crianças com risco de infecções bacterianas
ser eficaz contra os patógenos causadores. resistentes à vancomicina, os regimes de
A escolha inicial de antimicrobianos empíricos antimicrobianos empíricos de amplo espectro podem
deve levar em consideração o histórico clínico exigir mais de um agente para cobrir amplamente
específico (por exemplo, idade, local de infecção, esses possíveis patógenos.
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Terapia Terapia antimicrobiana inicial para suspeita de infecção na A terapia empírica pode ser composta de
antimicrobiana ausência de identificação de patógeno microbiológico agentes únicos ou múltiplos, mas
empírica deverá ter natureza de amplo espectro.
A terapia antimicrobiana empírica
deverá ter base na epidemiologia local,
regional ou nacional de patógenos e
fatores de risco do paciente.
Terapia Terapia antimicrobiana direcionada para patógeno(s), A terapia definitiva/direcionada pode ser
antimicrobiana geralmente após a identificação microbiológica composta por agentes únicos ou
definitiva/direcionada múltiplos, mas não deverá ser mais
ampla do que o exigido para tratar o(s)
patógeno(s) específico(s) após a
identificação microbiológica
Terapia Um regime antimicrobiano com atividade contra diferentes e A terapia antimicrobiana de amplo
antimicrobiana de múltiplos grupos de bactérias ou outros patógenos espectro pode ser composta de
amplo espectro considerados como sendo as causas prováveis da agentes únicos ou múltiplos
apresentação clínica
Terapia antimicrobiana É necessário mais de um agente antimicrobiano para 1) -
de múltiplos expandir o espectro da cobertura para incluir mais
medicamentos patógenos (por exemplo, vancomicina para Staphylococcus
aureus resistente à meticilina); 2) reduzir a probabilidade de
resistência para qualquer agente único específico (por
exemplo, para pacientes com alto risco ou risco conhecido
para microorganismo multirresistente); ou 3) fornecer
sinergia para tratar um patógeno conhecido ou suspeito
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"cobertura dupla" como parte de um regime empírico de 2017 para o tratamento de febre e neutropenia
[89-100]. (FN) em crianças com câncer e transplante de
Uma recente revisão de Cochrane avaliou a células-tronco hematopoiéticas recomendam
monoterapia com beta-lactâmicos em contraste aos monoterapia com um beta-lactâmico
regimes de aminoglicosídeos e beta-lactâmicos antipseudomonas, uma cefalosporina de quarta
combinados para sepse e incluiu 69 ensaios, geração ou uma carbapenema como terapia empírica
representando 7863 participantes, incluindo em pacientes pediátricos com alto risco com FN [78].
pacientes neonatais e pediátricos [88]. Em ensaios em Os três ECRs em FN pediátrica de alto risco que
que o método por múltiplos fármacos ou um único compararam monoterapia com terapia combinada
fármaco utilizou o mesmo beta-lactâmico, não foi contendo aminoglicosídeo não apresentaram
observada diferença nos resultados clínicos entre os diferenças significantes nas taxas de insucesso,
grupos de estudos. Em estudos em que o método de mortalidade relacionada a infecção ou mortalidade
monoterapia continha um beta-lactâmico de espectro global [78,108,109]. A meta-análise também
maior que o método por múltiplos fármacos, a confirmou a eficácia e a segurança de monoterapia
monoterapia apresentou um possível benefício para sem acréscimo de um aminoglicosídeo. No entanto,
mortalidade por todas as causas (RP, 0,85; IC de as diretrizes de 2017 sobre o tratamento de crianças
95%, 0,71-1,01) e uma vantagem significativa para com FN recomendaram o acréscimo de um segundo
insucesso clínico (RP, 0,75; IC de 95%, 0,67-0,84) agente contra gram-negativo e/ou um glicopeptídeo
[88]. Ademais, as evidências indiretas em adultos em caso de suspeita de organismos resistentes em
com sepse incluindo 13 ECRs, ao comparar a pacientes que são clinicamente instáveis (ou seja,
monoterapia empírica à terapia antibiótica choque séptico) e em centros com uma alta taxa de
combinada, sugerem que não houve melhora na patógenos resistentes [78]. Portanto, para crianças
mortalidade e outros desfechos com terapia empírica com choque séptico ou outras disfunções orgânicas
combinada [90]. Portanto, muitas crianças com associadas à sepse que têm comprometimento
choque séptico e outras disfunções orgânicas imunológico e/ou estão em risco de patógenos
associadas à sepse não exigem terapia empírica com multirresistentes, sugerimos terapia empírica com
múltiplos fármacos. Os médicos devem múltiplos fármacos.
constantemente reanalisar a epidemiologia local e as Atualmente, não existem limiares específicos da
taxas de resistências para garantir que a monoterapia taxa de resistência para ajudar os médicos a decidir
continue sendo adequada [88]. quando é necessário o acréscimo de um glicopeptídeo
No entanto, a terapia antimicrobiana com ou de um segundo agente contra gram-negativo para
múltiplos fármacos pode ser necessária em sepse ou choque séptico. As diretrizes dos Estados
determinados cenários clínicos. Por exemplo, em Unidos para o tratamento de pneumonia adquirida em
pacientes com alto risco de infecções gram-negativas comunidade em adultos sugerem uma taxa de 25% de
resistentes com sepse, poderá ser considerada a resistência a macrólidos de alto nível na comunidade
combinação de um agente inibidor de beta- como o liminar para além do qual macrólidos não
lactamase/beta-lactamico (por exemplo, combinação devem ser utilizados [110,111]. Ademais, as
de piperacilina/tazobactama) com um diretrizes atuais da Sociedade de Doenças Infecciosas
aminoglicosídeo (por exemplo, gentamicina), não da América recomendam um antibiótico alternativo
para sinergia, mas para maior cobertura para tratar os para infecções de tecidos moles e pele, caso a taxa de
patógenos resistentes e sensíveis até a identificação resistência local à clindamicina for superior a 10%
final e até que as susceptibilidades sejam conhecidas [112]. Considerando as atuais taxas de morbidade e
[101-103]. Além disso, um regime sinérgico com mortalidade para pacientes com sepse ou choque
múltiplos fármacos poderá ser adequado em séptico, uma taxa de resistência antimicrobiana local
determinados cenários, mesmo para terapia ou regional que exceder 10% é provavelmente um
definitiva/direcionada, tais como infecções limiar prudente para o acréscimo de um segundo
associadas a dispositivos, endocardite enterocócica, agente em caso de suspeita desse patógeno [5,63].
endocardite estafilocócica, sepse por estreptococo do
grupo B e infecções por Enterobacteriaceae 12) Recomendamos o uso de estratégias de dosagem
resistentes a carbapenema [104,105]. de antimicrobianos que foram otimizadas com
Os pacientes pediátricos com câncer e base nos princípios
transplantados têm um grau significativo de farmacocinéticos/farmacodinâmicos publicados,
imunossupressão e representam uma população com e com consideração de propriedades específicas
risco maior de colonização e infecção com do fármaco (DMP).
organismos multirresistentes [106,107]. As diretrizes
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deverá ser tomada com base no patógeno Foram publicados três ECRs de diferentes
suspeito/encontrado, bem como nos fatores do estratégias de ressuscitação com fluidos em crianças
hospedeiro, tais como condição imunológica (Tabela com choque séptico em cenários em que havia
Suplementar 3, Conteúdo Digital Suplementar 1, disponibilidade de cuidados avançados de suporte
http://links.lww.com/PCC/B139). (por exemplo, intubação, ventilação mecânica e
cuidados intensivos) [180-182]. Esses estudos têm
uma combinação total de somente 316 crianças e não
FLUIDOTERAPIA apresentaram diferenças de mortalidade entre os
17) Em sistemas de saúde com disponibilidade de grupos restritivo e liberal de ressuscitação com
cuidados intensivos, sugerimos a administração fluidos (Tabela Suplementar 4 e Figura
de até 40-60 mL/kg de fluidos em bolus (10-20 Suplementar 2, Conteúdo Digital Suplementar 1,
mL/kg em bolus) durante a primeira hora, titulado http://links.lww.com/PCC/B139).
para marcadores clínicos de débito cardíaco e Em cenários geográficos em que os cuidados
descontinuado se houver desenvolvimento de avançados de suporte, incluindo ventilação
sinais de sobrecarga de fluidos para ressuscitação mecânica, são limitados e/ou os cuidados intensivos
inicial de crianças com choque séptico ou outras não são habitualmente acessíveis, o único ECR de
disfunções orgânicas associadas à sepse grande escala de diferentes estratégias de
(recomendação fraca, qualidade de evidências ressuscitação volêmica com fluidos em bolus em
baixa). infecção grave em crianças foi a Expansão de Fluidos
18) Em sistemas de saúde sem disponibilidade de como Terapia de Apoio (Fluid Expansion as
cuidados intensivos e na ausência de hipotensão, Supportive Therapy - FEAST) (Tabela Suplementar
recomendamos a não administração de fluidos em 4 e Figura Suplementar 2, Conteúdo Digital
bolus e iniciar fluidos de manutenção Suplementar 1, http://links.lww.com/PCC/B139)
(recomendação forte, qualidade de evidências [183]. O estudo FEAST foi realizado na África em
alta). um cenário de poucos recursos sem acesso às
19) Em sistemas de saúde sem disponibilidade de admissões em UTIP. As crianças entre 60 dias e 12
cuidados intensivos, em caso de presença de anos com doença febril grave e perfusão anormal
hipotensão, sugerimos a administração de até 40 foram randomizadas para rápida expansão de volume
mL/kg de fluido em bolus (10-20 mL/kg em com 20 mL/kg de solução salina intravenosa a 0,9%
bolus) durante a primeira hora com titulação para ou albumina a 5% ou nenhum bolus apenas com
marcadores clínicos de débito cardíaco e fluidos de manutenção (grupo controle). Entre os
descontinuado se houver desenvolvimento de 3141 participantes do estudo, malária e anemia foram
sinais de sobrecarga de fluidos (recomendação altamente predominantes. No resultado geral, o ECR
fraca, qualidade de evidências baixa). comprovou menor mortalidade após 48 horas em
crianças que receberam fluidoterapia conservadora
Observações: Os marcadores clínicos de débito (ou seja, sem fluidos em bolus, somente fluidos de
cardíaco podem incluir frequência cardíaca, pressão manutenção) do que entre aquelas que receberam
arterial, tempo de enchimento capilar, nível de fluidoterapia inicial liberal (ou seja, 20 mL/kg de
consciência e débito urinário. Em todos os cenários, fluidos em bolus com fluidos de manutenção) com
a necessidade de administração de fluidos deve ser RR de 0,72 (IC de 95%, 0,57-0,9). Note-se que mais
orientada por reavaliação frequente de marcadores 29 crianças que foram incluídas com hipotensão
clínicos de débito cardíaco, medição de nível sérico grave (pressão arterial sistólica de < 50 mm Hg em
do lactato e monitorização avançada, quando crianças mais novas que 12 meses, < 60 mm Hg em
disponível. Os sinais de sobrecarga de fluidos que crianças entre 1 a 5 anos, e < 70 mm Hg em crianças
devem limitar posterior fluidoterapia em bolus maiores que 5 anos) foram tratadas com 40 mL/kg em
podem incluir sinais clínicos de edema pulmonar ou bolus de fluido, conforme protocolo previsto, sem
hepatomegalia nova ou agravada. randomização para o grupo controle. Outra criança
Justificativa: A ressuscitação com fluidos eficaz que foi randomizada para o grupo controle também
em choque séptico pode corrigir a hipovolemia recebeu 40 mL/kg em bolus de fluidos devido a
ocasionada por extravasamento capilar, hipotensão grave.
vasodilatação e perdas de fluidos. Sem a manutenção Para crianças com choque séptico diagnosticado
de pressões adequadas de enchimento atrial, o débito por hipotensão ou perfusão anormal em sistemas de
cardíaco cairá e a perfusão de órgãos ficará saúde com disponibilidade de cuidados intensivos e
comprometida. avançados de suporte e, na ausência de sinais de
sobrecarga de fluidos, o painel sugere a
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administração de até 40 a 60 mL/kg de fluidoterapia descartadas do FEAST, visto que as perdas contínuas
em bolus na primeira hora de ressuscitação. A de fluidos devem ser substituídas por reidratação
ressuscitação com fluidos deve ser titulada para intravenosa ou oral, conforme indicado. Foi
marcadores clínicos de débito cardíaco e publicada uma recente análise de crianças com
descontinuada, se houver desenvolvimento de sinais hipotensão “moderada” que foram randomizadas
de sobrecarga de fluidos. Os marcadores clínicos de para bolus de fluidos ou fluidos de manutenção no
débito cardíaco podem incluir frequência cardíaca, ensaio FEAST após conclusão de nossa revisão
enchimento capilar e débito urinário. Embora sistemática inicial, mas considerada pelo painel como
nenhum ECR de alta qualidade aponte superioridade potencialmente influente [188]. Nesta análise,
evidente dessa prática, inúmeros estudos somente crianças com hipotensão moderada foram
observacionais relataram melhoria de resultados dos inclusas, pois as crianças com hipotensão grave não
pacientes com administração habitual de até 40-60 foram alocadas no grupo de controle (sem bolus). A
mL/kg de fluidoterapia em bolus na primeira hora de fluidoterapia em bolus em crianças com hipotensão
ressuscitação [8,32,33,36, 84-187]. O painel fornece moderada não foi benéfica ou prejudicial, em
somente uma recomendação fraca para esta estratégia comparação somente a fluidos de manutenção (RR de
de ressuscitação em sistemas de saúde com óbito = 1,48, IC de 95%, 0,61-3,66; p=0,41). Embora
disponibilidade de cuidados intensivos, visto que não as crianças que foram reclassificadas por atenderem
foi apresentada uma estratégia de ressuscitação com aos três critérios de choque da Organização Mundial
fluidos mais restritiva como inferior neste cenário, e da Saúde (OMS) referentes a extremidades frias,
dados indiretos [183] indicam prejuízo de rápido tempo de enchimento capilar prolongado superior a 3
bolus de fluidos em outros cenários. Para esta segundos e pulso rápido e fraco [14] tiveram 48% de
recomendação, o painel julgou que o equilíbrio de mortalidade nos grupos de bolus em contraste com
dados observacionais que respaldam a fluidoterapia 20% de mortalidade no grupo controle, essa diferença
inicial em bolus pesam mais que uma sugestão não foi estatisticamente significativa (p=0,07). Esses
indireta de prejuízo pois não é evidente a casos se trataram de uma proporção muito pequena
generalização do ensaio FEAST para sistemas de dos participantes totais do ensaio FEAST (somente
saúde com disponibilidade de cuidados intensivos e 72 [2,3%] tiveram hipotensão moderada [2%] e 65
avançados de suporte. [2%] atenderam completamente aos critérios de
Para crianças com choque séptico sem sinais de choque da OMS), e não foram fornecidos dados sobre
sobrecarga de fluidos em cenários de poucos recursos as características diferenciais do paciente entre esses
onde não há disponibilidade de cuidados intensivos e subgrupos muito pequenos post hoc para avaliar
avançados de suporte, o painel não recomenda a possíveis fatores de confusão. Portanto, até que
administração de fluidos em bolus, mas apenas o outros dados estejam disponíveis, o painel sugere
início dos fluidos de manutenção na primeira hora, uma administração cautelosa de fluidoterapia em
em caso de ausência de hipotensão, e sugere bolus para o subconjunto de crianças com choque
administração de até 40 mL/kg de fluidos em bolus séptico e hipotensão em cenários de poucos recursos,
(10-20 mL/kg em bolus) durante a primeira hora, em como recomendação fraca, com base na qualidade de
caso de presença de hipotensão. A recomendação evidências baixa.
forte contra os fluidos em bolus em caso de ausência Embora tenha sido incluída uma sugestão de “até”
de hipotensão teve base no ensaio FEAST, em que a 40 mL/kg para choque hipotensivo em cenários com
administração rápida de fluidos em bolus na primeira poucos recursos em decorrência desse volume ter
hora de ressuscitação aumentou a mortalidade em sido administrado em crianças com hipotensão grave
comparação somente aos fluidos de manutenção. no estudo FEAST, a administração de fluidos deve
Para o subconjunto de crianças com choque sempre ser titulada para marcadores clínicos de
séptico e hipotensão, sugerimos a administração débito cardíaco e descontinuado, em caso de
prudente de fluidoterapia em bolus em cenários de desenvolvimento de sinais de sobrecarga de fluidos.
poucos recursos, pois há dados insuficientes para Para as finalidades desta recomendação fraca, a
concluir que a ressuscitação com fluidos não é hipotensão pode ser definida como (1) pressão
benéfica em crianças com choque séptico e arterial sistólica inferior a 50 mm Hg em crianças
hipotensão. No estudo FEAST, todas as crianças com mais jovens que 12 meses, e inferior a 60 mm Hg em
“hipotensão” grave foram tratadas com 40 mL/kg de crianças entre 1 a 5 anos, e inferior a 70 mm Hg em
fluidos em bolus [183] e, portanto, não se sabe se a crianças maiores que 5 anos [183] ou (2) pelos
fluidoterapia em bolus foi benéfica ou prejudicial critérios da OMS de extremidades frias “com” tempo
neste subgrupo de crianças. Deve-se observar de enchimento capitar prolongado superior a 3
também que as crianças com gastroenterite foram segundos e pulso rápido e fraco [14]. Embora o painel
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Weiss et al.
não tenha analisado diferentes abordagens para orgânicas associadas à sepse (recomendação
fluidoterapia em bolus em crianças hipotensas em fraca, qualidade de evidências moderada).
cenários de poucos recursos, a OMS recomenda 10-
20 mL/kg de cristaloide isotônico por 30 a 60 Observações: Embora não haja diferenças nos
minutos, seguido de um adicional de 10 mL/kg por resultados, esta recomendação leva em consideração
30 minutos, caso o quadro clínico não tenha o custo e outros impedimentos para administração de
melhorado e não tenham desenvolvidos sinais de albumina em comparação aos cristaloides.
sobrecarga de fluidos, insuficiência cardíaca ou Justificativa: O ensaio FEAST investigou 3141
deterioração neurológica [14]. crianças africanas com infecção e perfusão
Os bolus de fluidos podem ser administrados em prejudicada que foram submetidas aleatoriamente a
10 ou 20 mL/kg, de acordo com a preferência do ressuscitação com solução de albumina humana a 5%
médico. Para facilitar a rápida administração ou bolus de solução salina a 0,9% ou sem bolus na
intravenosa de fluidos (bem como outras terapias admissão ao hospital. Embora os métodos de
intravenosas, tais como medicamentos albumina e solução salina a 0,9% tenham exibido
antimicrobianos e vasoativos), os médicos devem maior mortalidade que o método sem bolus, ao
considerar métodos alternativos de acesso vascular se comparar a solução de albumina humana com a
as tentativas iniciais em canulação de veias solução salina a 0,9% (RR, 1,02; IC de 95%, 0,8-
periféricas não tiverem êxito de forma imediata. O 1,28), não houve diferença na mortalidade [183]. Na
acesso intra-óssea é rápido, eficaz e recomendado ausência de qualquer benefício evidente de
pelo Pediatric Advanced Life Support (PALS), administração da albumina em crianças com sepse, e
Advanced Pediatric Life Support (APLS) e em virtude dos custos extras em comparação aos
International Liaison Committee on Resuscitation. A cristaloides, problemas de disponibilidade e o
colocação de cateteres intravenosos periféricos possível risco de infecções transmitidas por via
guiados por ultrassom, CVCs e acessos venosos sanguínea, não sugerimos o uso habitual de albumina
umbilicais são alternativas se as técnicas estiverem para ressuscitação inicial com fluidos em crianças
disponíveis imediatamente [189,190]. Em todos os com sepse.
sistemas de saúde, os bolus repetidos devem ser
somente administrados após a reavaliação de 21) Sugerimos o uso de cristaloides
condição hemodinâmica se o choque não for balanceados/tamponados, em vez de solução
resolvido e os sinais de sobrecarga de fluidos não salina a 0,9%, para a ressuscitação inicial de
estiverem presentes. crianças com choque séptico e outras disfunções
Embora a fluidoterapia em bolus deva ser orgânicas associadas à sepse (recomendação
descontinuada em caso de presença ou fraca, qualidade de evidências muito baixa).
desenvolvimento de sinais de sobrecarga de fluidos,
o reconhecimento precoce de sobrecarga de fluidos Justificativa: As crescentes evidências de estudos
por exame clínico é um desafio em crianças. A observacionais e ECRs em adultos sugerem que a
identificação da sobrecarga de fluidos é ressuscitação com fluidos cristaloides contendo
particularmente difícil em crianças mais novas, cujas elevadas concentrações de cloreto (por exemplo,
crepitações (estertores) são geralmente ausentes solução salina a 0,9%) está associada a acidose
mesmo no contexto de um edema pulmonar grave. Os hiperclorêmica, inflamação sistêmica, lesão renal
únicos indícios de evolução de sobrecarga de fluidos aguda (LRA), coagulopatia e mortalidade, quando
podem ser o agravamento da condição respiratória, comparada com a ressuscitação com cristaloides mais
aumento da frequência respiratória em específico, balanceados/tamponados (por exemplo, Ringer
evidência radiográfica de edema pulmonar em lactato, Plasma-Lyte) [192]. Embora nenhum ECR
paciente intubado ou hepatomegalia nova ou em pediátrico compare cristaloides
expansão. O ultrassom a beira do leito pode também balanceados/tamponados a solução salina a 0,9%, há
ser útil para avaliar a sobrecarga de fluidos, pois há dois grandes estudos observacionais em crianças com
evidências emergentes que sugerem que uma veia sepse [193,194]. Eles incluem um total de 30.532
cava inferior “preenchida”, com variação mínima no crianças com sepse, das quais 2100 receberam
ciclo respiratório apresentada no ultrassom, indica somente cristaloides balanceados/tamponados
uma circulação repleta de fluidos [191]. durante as primeiras 72 horas de admissão no
hospital, e 28.432 que receberam 0,9% de solução
20) Sugerimos o uso de cristaloides, em vez de salina (Tabela Suplementar 5, Conteúdo Digital
albumina, para a ressuscitação inicial de crianças Suplementar 1, http://links.lww.com/PCC/B139).
com choque séptico ou outras disfunções Esses estudos apontaram que o uso de cristaloides
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25) Sugerimos não utilizar sinais clínicos à beira do crianças sob ventilação mecânica [211]. Em um ECR
leito isoladamente para categorizar o choque de 90 crianças admitidas em uma UTIP no Egito, o
séptico em crianças como “quente” ou “frio” acréscimo de ecocardiografia seriada forneceu
(recomendação fraca, qualidade de evidências reconhecimento precoce de disfunção miocárdica
muito baixa). séptica e hipovolemia, o que não esteve aparente na
26) Sugerimos o uso de variáveis hemodinâmicas avaliação clínica, e resultou em reversão mais rápida
avançadas, quando disponíveis, além de variáveis do choque, menor sobrecarga de fluidos, menor TDP
clínicas à beira do leito para guiar a ressuscitação no sangue e menor mortalidade em comparação ao
de crianças com choque séptico ou outras grupo sem ecocardiografia seriada [210]. Quando
disfunções orgânicas associadas à sepse houver disponibilidade de monitorização
(recomendação fraca, qualidade de evidências hemodinâmica avançada, é adequado objetivar a
baixa). faixa normal para variáveis tais como índice
cardíaco, índice de resistência vascular sistêmica,
Observações: A monitorização hemodinâmica índice de AVC e Scvo2 (Tabela 5). Não há
avançada pode incluir débito cardíaco/índice evidências que corroborem o alcance de uma faixa
cardíaco, resistência vascular sistêmica ou saturação supranormal do índice cardíaco.
venosa central de oxigênio (Scvo2). Até recentemente, as diretrizes em adultos
Justificativa: A ACCM recomendou previamente recomendaram a terapia precoce guiada por alvos
avaliação clínica de crianças com choque séptico (TPGM) com base no protocolo publicado por Rivers
para diferenciar o choque “frio” do “quente” com et al. [212]. Esta recomendação descreveu o uso de
base na temperatura de extremidades, enchimento vários “objetivos” que incluíram PVC e Scvo2. Esta
capilar, intensidade do pulso, pressão arterial abordagem não é mais recomendada após insucesso
diastólica e pressão de pulso. Dependendo da em apresentar a redução na mortalidade em três
classificação “quente” ou “frio”, foram sugeridas subsequentes e grandes ECRs multicêntricos [213-
diferentes estratégias de ressuscitação (por exemplo, 215]. Em crianças, houve somente um pequeno ECR
fluidos e vasopressores para choque “quente” e que corrobora o uso de uma abordagem protocolada,
agentes inotrópicos para choque “frio”). No entanto, incluindo a meta de Scvo2 superior a 70%. Este
vários estudos observacionais apresentaram estudo incluiu 102 crianças com choque séptico
correlação muito baixa das avaliações clínicas com refratário a fluido (CSRF) e apresentou uma redução
índice cardíaco e resistência vascular sistêmica, do risco de óbito (RR, 0,3; IC de 95%, 0,13–0,68) a
conforme medido por monitorização avançada [204- partir de uma mortalidade basal muito elevada de
209]. De fato, muitas crianças que manifestavam ter 39% [26]. Nenhum ECR de alta qualidade investigou
choque "quente" no exame clínico tinham evidências outras variáveis hemodinâmicas para guiar a terapia
de disfunção miocárdica, comprovando a dificuldade em crianças (Tabela Suplementar 8 e Figura
de utilizar os sinais clínicos isoladamente para Suplementar 3, Conteúdo Digital Suplementar 1,
direcionar a terapia. Portanto, sugerimos não tentar http://links.lww.com/PCC/B139).
fazer essa distinção utilizando as avaliações clínicas
isoladamente, embora essa distinção categórica possa 27) Sugerimos o uso da tendência dos níveis séricos
ser útil se a monitorização hemodinâmica avançada de lactato, além de avaliações clínicas, para guiar
estiver disponível para avaliar a fisiologia do a ressuscitação de crianças com choque séptico e
paciente de forma mais precisa. Os exemplos de outras disfunções orgânicas associadas à sepse
monitorização avançada incluem a monitorização de (recomendação fraca, qualidade de evidências
pressão arterial invasiva com análise do contorno do muito baixa).
pulso, ultrassonografia com Doppler da aorta torácica
ascendente ou descendente (Doppler supraesternal ou Observações: Em crianças com lactato sanguíneo
esofágico), ultrassonografia cardíaca/ecocardiografia elevado, a repetição de exames que revela elevação
[210] ou medição de Scvo2 [190]. Todas essas persistente do lactato sanguíneo pode significar
variáveis (que não seja a Scvo2) irão fornecer ressuscitação hemodinâmica incompleta e deve
avaliação adicional do índice cardíaco e/ou índice de indicar a necessidade de intervenções adicionais para
resistência vascular sistêmica além dos sinais promover estabilidade hemodinâmica complementar.
clínicos, que podem ser assim utilizados para Justificativa: Embora o lactato sanguíneo não
direcionar e titular o tratamento. Também há seja uma medida direta da perfusão tecidual, o
evidências emergentes de que a fluido- aumento do lactato está associado a resultados
responsividade pode ser prevista por variação da agravados em crianças [11]. Foi disponibilizado
velocidade de pico do fluxo sanguíneo aórtico em apenas um estudo observacional pediátrico de
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etomidato a outro regime de anestesia/sedação. Dois níveis de pressão positiva nas vias aéreas pode
estudos observacionais incluíram crianças. Um permitir diminuição do trabalho respiratório e
estudo de 1984 [244] registrou adultos e crianças melhoria na oxigenação diante da SDRAP induzida
gravemente feridos (44 intubados com etomidato em pela sepse. Portanto, é possível evitar intubação em
contraste com 90 intubados com benzodiazepina e pacientes com sepse que forem precocemente
opioide). Um estudo mais recente [245] registrou identificados com fisiologia leve da SDRAP e sem
crianças com sepse meningocócica ou choque séptico evidências de avanço da disfunção de órgão-alvo. No
com 23 intubadas com etomidato em comparação a entanto, não houve ECRs em crianças gravemente
37 intubadas com qualquer outra combinação de enfermas ou em crianças com SDRAP induzida pela
sedativos. Embora deva-se tomar o devido cuidado sepse que comparam o efeito da ventilação não
com pequeno tamanho da amostra, cada um desses invasiva com a ventilação mecânica invasiva nos
estudos relatou maior mortalidade após o uso de resultados clínicos. Os estudos observacionais
etomidato (RP agrupada, 4,51; IC de 95%, 1,82– testaram se a ventilação mecânica não invasiva
11,16) (Tabela Suplementar 13, Conteúdo Digital poderia reduzir a necessidade de ventilação mecânica
Suplementar 1, http://links.lww.com/PCC/B139). invasiva, mas nenhum deles se concentrou
Além disso, den Brinker et al. [245] relataram uma especificamente em crianças com sepse [250-256].
associação significativa de etomidato com Conduzimos uma meta-análise de três estudos
insuficiência adrenal, com as proporções de cortisol observacionais que analisaram a associação de
para hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ventilação mecânica não invasiva com mortalidade
diminuindo 83% após a exposição ao etomidato. As em uma população geral da UTIP [252,254,257]. Ao
evidências indiretas estão disponíveis em quatro utilizar estimativas não ajustadas agrupadas a partir
ECRs em adultos [246-249]. No maior desses dos dados nos três estudos, constatamos que a
ensaios, Jabre et al. [249] compararam 234 adultos ventilação não invasiva está associada a uma
gravemente enfermos intubados com etomidato a 235 diminuição do risco de óbito (RR, 0,21; IC de 95%,
intubados com um regime alternativo de medicação e 0,09–0,47) (Figura Suplementar 5, Conteúdo Digital
constataram maior insuficiência adrenal no grupo de Suplementar 1, http://links.lww.com/PCC/B139).
etomidato (RP 1,79; IC de 95%, 1,37-2,36). O risco Um ECR adicional em crianças
agrupado de todos os quatro estudos em adultos foi imunocomprometidas com disfunção respiratória
de 1,89 (IC de 95%, 1,47-2,44), com todos os estudos aguda não constatou que a ventilação não invasiva
sugerindo significativamente aumento de risco de precoce reduziu a intubação em comparação aos
insuficiência adrenal após a administração de cuidados padrões, mas o ensaio foi pequeno (42
etomidato. Muito importante, esse efeito foi participantes) devido ao baixo consentimento e ao
observado mesmo após uma única dose de etomidato. lento recrutamento geral, e não ficou evidente a
Infelizmente, não há evidências conclusivas para relevância direta para crianças com SDRAP induzida
recomendar um agente de indução alternativo ideal pela sepse sem uma indicação evidente de intubação
ao etomidato, embora a cetamina e o fentanil estejam e que estejam respondendo à ressuscitação inicial
habitualmente disponíveis e possam oferecer perfis [258]. Portanto, é razoável tentar instalar ventilação
hemodinâmicos favoráveis no cenário de choque. mecânica não invasiva em crianças com SDRAP
induzida pela sepse que não tenham uma evidente
36) Sugerimos uma tentativa de ventilação indicação de intubação. No entanto, a ventilação não
mecânica não-invasiva (no lugar de ventilação invasiva deve ser reservada para crianças com sepse
mecânica invasiva) em crianças com SDRA que estejam respondendo à ressuscitação inicial, que
pediátrica (SDRAP) induzida pela sepse sem uma não têm evidências de disfunção de órgão-alvo
indicação evidente para intubação e que estejam contínua ou agravada e nas quais podem ser
respondendo à ressuscitação inicial assegurados estreito acompanhamento e reavaliação
(recomendação fraca, qualidade de evidências frequente [253, 255, 259]. Esta recomendação para
muito baixa). crianças com SDRAP induzida pela sepse está
alinhada às diretrizes da Conferência de Consenso
Observações: Quando a ventilação mecânica não- sobre Ventilação Mecânica Pediátrica (PEMVECC)
invasiva for instalada, os médicos devem reavaliar [261] de 2017 e PALICC [260] de 2015.
cuidadosa e frequentemente o quadro clínico do
paciente. 37) Sugerimos o uso de pressão expiratória final
Justificativa: A ventilação mecânica não- positiva (PEEP) elevada em crianças com SDRAP
invasiva com ventilação com pressão positiva induzida pela sepse (recomendação fraca,
contínua nas vias aéreas ou ventilação com dois qualidade de evidências muito baixa).
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sepse [267,268]. (Tabela Suplementar 15, como 12 a 20 horas por dia. Dois ECRs pediátricos
Conteúdo Digital Suplementar 1, testaram o uso da posição prona em pacientes com
http://links.lww.com/PCC/B139) Primeiramente, SDRAP [263, 287]. As análises agrupadas desses
Boriosi et al. [280] registraram 21 crianças com lesão dois estudos produziram RR de 0,99 (IC de 95%,
pulmonar, das quais 66% tiveram sepse, e utilizaram 0,36-2,69) para mortalidade na posição prona, em
manobras de recrutamento de PEEP progressivas. Os comparação com a posição supina para essa
pacientes apresentaram aumento de oxigenação, população de pacientes (Tabela Suplementar 16 e
conforme medido pela proporção Pao2 para Fio2 Figura Suplementar 6, Conteúdo Digital
(P/F) e pelo gradiente alvéolo-arterial de oxigênio Suplementar 1, http://links.lww.com/PCC/B139).
nas 4 horas após o recrutamento. Em segundo lugar, Sobretudo, nenhum evento adverso grave foi relatado
Duff et al. [281] registraram 32 crianças e utilizaram nesses ensaios, embora a metodologia de posição
a técnica de insuflação sustentada, que também prona foi protocolada em cada um com atenção
resultou em aumento da oxigenação nas 6 horas especial para evitar extubação endotraqueal acidental
seguintes. No entanto, nenhum estudo testou a e lesão por pressão. A PALICC [24] não recomendou
associação de manobras de recrutamento aos o uso habitual da posição prona em pacientes com
resultados clínicos, tais como os dias de ventilação ou SDRAP, mas sugeriu sua consideração em pacientes
mortalidade. Por consequência, apesar do potencial com SDRAP grave. O painel observou que os
para benefício em alguns pacientes, juntamente com Institutos Nacionais de Saúde aprovaram e
a possibilidade de prejuízo [282,283], os dados financiaram um ECR internacional de posição prona
insuficientes não nos permitem recomendar como em pacientes com SDRAP grave (identificador
favorável ou desfavorável as manobras de ClinicalTrials.gov NCT02902055).
recrutamento em pacientes com SDRAP induzido por
sepse nesta ocasião. 40) Recomendamos contra o uso rotineiro de óxido
nítrico inalatório (NO) em todas as crianças com
39) Sugerimos uma tentativa de posição prona em SDRAP induzida por sepse (recomendação forte,
crianças com sepse e SDRAP grave qualidade de evidências baixa).
(recomendação fraca, qualidade de evidências 41) Sugerimos o uso de NO como terapia de resgate
baixa). em crianças com SDRAP induzida por sepse e
hipoxemia refratária após outras estratégias de
Observações: Ensaios de pesquisas em adultos oxigenação terem sido otimizadas (recomendação
com SDRA e crianças com SDRAP enfatizaram o fraca, qualidade de evidências moderada).
uso aa posição prona por, no mínimo, 12 horas por
dia, conforme tolerado. Justificativa: O mecanismo presuntivo de
Justificativa: A posição prona melhora quase SDRAP induzida por sepse envolve lesão epitelial
uniformemente a oxigenação em adultos com SDRA alveolar, lesão endotelial vascular e ativação das
e crianças com SDRAP. Embora os mecanismos cascatas de inflamação, fibrose e coagulação. Dessa
exatos continuem sendo elucidados, a posição prona forma, a SDRAP não é um processo patológico
resultou em recrutamento de áreas do pulmão em principalmente de hipertensão arterial pulmonar, o
colapso e não recrutadas, com melhoria da elastância, alvo terapêutico de terapia com NO, e, portanto, não
diminuição da tensão e distensão pulmonar, bem é recomendado para uso habitual em crianças com
como a melhoria da capacidade residual funcional SDRAP associada à sepse. No entanto, muitos
[284]. Visto que a perfusão pulmonar é considerada pacientes com SDRAP apresentam comorbidades
como consistente tanto na região dorsal como ventral, que incluem risco de hipertensão pulmonar (por
uma melhora na aeração pulmonar pode ser exemplo, doença pulmonar crônica após
alcançada com a perfusão contínua, reduzindo assim prematuridade, cardiopatia congênita após correção
o desequilíbrio ventilação-perfusão [285]. Os ECRs ou paliação) ou características clínicas, tais como
mais recentes em adultos respaldam o uso de posição acidemia e hipoxemia que aumentam as pressões
prona como uma estratégia de tratamento arteriais pulmonares. Portanto, a terapia com NO
potencialmente salvadora (Tabela Suplementar 16, pode ser considerada em crianças com hipertensão
Conteúdo Digital Suplementar 1, pulmonar documentada ou disfunção grave do
http://links.lww.com/PCC/B139), principalmente ventrículo direito [239,288]. Esse uso do NO na sepse
naqueles que atendem a critérios de SDRA grave (ou deve ser equilibrado com sua ausência de
seja, P/F<150 mm Hg) [286]. Esse benefício é disponibilidade ou alto custo em muitas regiões do
observado principalmente em pacientes posicionados mundo e, uma vez instalado, o uso do NO traz uma
por períodos prolongados, mais comumente relatados potencial preocupação de segurança do paciente, pois
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adultos respaldam tratamento por 24-48 horas após Suplementar 18, Conteúdo Digital Suplementar 1,
início da SDRA. http://links.lww.com/PCC/B139).
Justificativa: As evidências indiretas de três
ECRs em adultos [305-307] constataram que o uso CORTICOSTEROIDES
precoce de agentes bloqueadores neuromusculares
(ABNMs) por até 48 horas em adultos com SDRA
44) Sugerimos não utilizar hidrocortisona
grave, definida como proporção P/F inferior a 150
intravenosa para tratar crianças com choque
mm Hg, melhorou a sobrevida de 90 dias e reduziu a
séptico se a ressuscitação com fluidos e a terapia
duração da ventilação mecânica sem aumento de
vasopressora forem capazes de restaurar a
fraqueza muscular. Em um ECR duplo cego
estabilidade hemodinâmica (recomendação fraca,
multicêntrico [307], 340 pacientes com SDRA
qualidade de evidências baixa).
precoce grave, que atendiam aos critérios dentro de
45) Sugerimos que a hidrocortisona intravenosa
48 horas, foram randomizados para receber besilato
pode ser utilizada ou não utilizada se a adequada
de cisatracúrio ou placebo, após ser adequadamente
ressuscitação com fluidos e a terapia vasopressora
sedados. Após a adaptação para P/F basal, pressão de
não forem capazes de restaurar a estabilidade
platô e o Índice de Fisiologia Aguda Simplificada
hemodinâmica (recomendação fraca, qualidade de
(SAPS), o grupo de cisatracúrio apresentou uma
evidências baixa).
proporção de risco de óbito em 90 dias de 0,68 (IC de
95%, 0,48-0,98) em comparação ao grupo de
Justificativa: Um possível papel da
placebo. O uso precoce de ABNMs também foi
hidrocortisona intravenosa como terapia adjuvante
associado à diminuição da disfunção de órgãos,
para choque séptico é respaldado por várias funções
menos extravasamento de ar e diminuição da resposta
do cortisol na homeostase e na resposta à tensão. Por
pró-inflamatória [308]. Esses resultados
exemplo, o cortisol diminui diretamente a recaptação
permaneceram consistentes quando combinados com
de norepinefrina [310], aumenta a sensibilidade do
estudos menores anteriores do mesmo grupo de
receptor beta-adrenérgico no coração e promove a
pesquisadores em uma meta-análise. No entanto, o
disponibilidade de cálcio nas células do músculo liso
recente ensaio ROSE de bloqueio neuromuscular
miocárdico e vascular [311], promovendo
precoce em adultos com SDRA moderada a grave foi
contratilidade miocárdica e vasoconstrição,
interrompido por inutilidade na segunda análise
respectivamente. O cortisol auxilia na inibição de
preliminar (registro de 1006 pacientes), com uma
prostaciclina e produção de óxido nítrico endógeno,
diferença de mortalidade de 90 dias de 42,5% no
resultando no aumento do tônus vascular [312],
grupo de intervenção em contraste com 42,8% no
modulação do extravasamento capilar [313] e
grupo controle. Neste estudo, o grupo de intervenção
aumento do receptor beta-adrenérgico no coração
recebeu cisatracúrio contínuo e sedação profunda por
[312]. No entanto, os possíveis efeitos colaterais
48 horas em comparação com o grupo controle, que
adversos da terapia com corticosteroides incluem
recebeu alvos mais leves de sedação (Escala de
hiperglicemia [314, 315], fraqueza neuromuscular
Agitação de Richmond de 0 a - 1). Ambos os grupos
difusa relacionada ao catabolismo (incluindo o
receberam ventilação com baixo volume corrente
diafragma) [316, 317] e infecções adquiridas em
com estratégia de PEEP elevada. Importante notar,
hospitais [318]. Esses efeitos podem ser
apenas 13,8% dos pacientes registrados no ROSE
subestimados em pacientes gravemente enfermos,
tiveram sepse não pulmonar como diagnóstico
mas podem contribuir para agravar os resultados
principal.
[319].
Em pediatria, não há dados prospectivos sobre o
Pelo menos, um ensaio intervencionista pediátrico
uso de ABNMs em SDRAP (com ou sem sepse),
[320] e vários em adultos [321], que examinaram
embora exista um ensaio pediátrico em andamento
corticosteróides adjuvantes para choque séptico,
nos Países Baixos (ClinicalTrials.gov
concluíram que essa classe de medicamentos acelera
NCT02902055). Em um grande estudo retrospectivo
a resolução do choque. Dos quatro ECRs atuais de
de 317 crianças com SDRAP, das quais 23%
alta qualidade em adultos, dois relataram uma
apresentaram SDRAP induzida por sepse [309], a
redução da mortalidade e dois não [322–326]. Uma
mortalidade foi menor naquelas crianças tratadas
meta-análise recente de 42 ECRs, incluindo 9969
com bloqueio neuromuscular (8,8% vs. 17,7%). No
adultos e 225 crianças com sepse, constatou que os
entanto, a duração da ventilação mecânica foi maior
corticosteróides possivelmente resultam em uma
no grupo de tratamento e a proporção com a fraqueza
pequena redução na mortalidade em curto prazo (RR,
neuromuscular não foi avaliada (Tabela
0,93; IC de 95%, 0,84-1,03), mortalidade em longo
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prazo (0,94; IC de 95%, 0,89-1,00), resolução mais normal, indicando insuficiência adrenal primária) e
rápida do choque e TDP mais curta, possivelmente na concentração sérica estimulada de 60 minutos de
aumentando também o risco de fraqueza cortisol (<18 μg/dL, indicando insuficiência adrenal
neuromuscular (RR, 1,21; IC de 95%, 1,01-1,52) primária) [337].
[327]. Apesar de uma recomendação fraca para tratar Em resumo, nenhuma investigação de alta
sepse com hidrocortisona, com base nos resultados qualidade atualmente corrobora ou refuta o uso
observados na meta-análise geral [328], os estudos habitual de corticosteróides adjuvantes para choque
pediátricos registraram um pequeno número séptico pediátrico ou outras disfunções orgânicas
combinado de indivíduos, relataram conclusões associadas à sepse. No momento desta publicação,
inconsistentes, apresentaram limitações um ECR está em andamento para examinar os riscos
metodológicas e não comprovaram uma redução de e benefícios potenciais da hidrocortisona adjuvante
mortalidade global [320,329-331] (Tabela para choque séptico refratário a fluidos e agente
Suplementar 19, Conteúdo Digital Suplementar 1, vasoativo-inotrópico em crianças. No entanto, essa
http://links.lww.com/PCC/B139). incerteza não se aplica a crianças que apresentam
Estudos observacionais de coorte apontaram choque séptico ou outras disfunções orgânicas
prejuízo ou nenhum benefício com a hidrocortisona associadas à sepse, que também apresentam
em crianças com choque séptico [5, 332-336]. Por exposição aguda ou crônica a corticosteróides,
exemplo, uma análise retrospectiva da REsearching distúrbios do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal,
severe Sepsis and Organ dysfunction in children: a hiperplasia adrenal congênita ou outras
gLobal perspectiVE (RESOLVE), estudo sobre endocrinopatias relacionadas a corticosteróides ou
proteína C ativada na sepse pediátrica, não constatou recentemente tratados com cetoconazol ou
diferenças na mortalidade, duração da ventilação etomidato, para os quais a prescrição de
mecânica e suporte vasoativo-inotrópico ou hidrocortisona em dose de estresse é indicada, com
permanência em UTIP entre as 193 crianças que ou sem avaliação do eixo adrenal [338].
receberam e 284 que não receberam corticosteroides
[333]. Apesar da análise post hoc, a idade, o sexo, os ENDÓCRINO E METABÓLICO
índices de Risco Pediátrico de Mortalidade (PRISM)
III, o número basal de órgãos disfuncionais e os
46) Recomendamos contra o uso da terapia
escores da Categoria de Desempenho Geral em
insulínica para manter um alvo de glicose no
Pediatria não diferiram entre os grupos tratados com
sangue igual ou inferior a 140 mg/dL (7,8
corticosteróides e não tratados com corticosteroides.
mmol/L) (recomendação forte, qualidade de
Vários estudos pediátricos e adultos tentaram usar
evidência moderada).
concentrações séricas de cortisol aleatório e/ou
47) Não foi possível fornecer uma recomendação
cortisol estimulado por cosintropina para identificar
referente à faixa de glicose no sangue como
quais pacientes com choque séptico podem se
objetivo em crianças com choque séptico ou
beneficiar da terapia com hidrocortisona, mas não
outras disfunções orgânicas associadas à sepse.
foram identificados limites confiáveis evidentes. Os
No entanto, em nossa prática, houve consenso
desafios estão relacionados à variabilidade 1) do
para alcançar níveis séricos de glicose abaixo de
próprio teste de cortisol; 2) metabolismo do cortisol
180 mg/dL (10 mmol/L), mas não houve consenso
(11 beta-hidroxiesteroide-desidrogenase) durante a
sobre o limite inferior da faixa-alvo.
sepse; 3) concentrações de globulina de ligação a
corticosteróides; e 4) múltiplos fatores teciduais (por
Justificativa: Embora a hiperglicemia tenha sido
exemplo, compostos de anti-glicocorticóides,
associada a piores resultados em inúmeros estudos de
elastase) e celulares (por exemplo, receptor de
crianças e adultos gravemente enfermos, três estudos
glicocorticóides). Portanto, o uso aleatório de cortisol
prospectivos, multicêntricos, controlados e
ou testes de estimulação para orientar a prescrição de
randomizados (ECRs) que avaliaram o controle de
corticosteróides em crianças com choque séptico não
glicose para uma faixa-alvo baixa (incluindo 50-80,
pode ser recomendado neste momento. No entanto,
70–100, 72–126, 80–110 mg/dL ou 2,8–4,4, 3,9–5,6,
para qualquer paciente com uma suspeita clínica de
4,0–7,0, 4,4–6,1 mmol/L) não comprovaram
insuficiência adrenal primária (por exemplo, um
benefícios clínicos em crianças [339-341] (Tabela
paciente com hipoglicemia significativa e
Suplementar 20, Conteúdo Digital Suplementar 1,
inexplicada, hiponatremia e/ou hipercalemia), deve
http://links.lww.com/PCC/B139). Um ECR de um
ser realizado um teste de estimulação da cosintropina
único centro apresentou benefício significativo de
de alta dose. A interpretação deve focar na
mortalidade, mas houve elevada taxa de hipoglicemia
concentração sérica basal de ACTH (acima do
S32
Weiss et al.
grave, e uma coorte de faixa-alvo mais alta séptico que precisam de infusão de suporte
apresentava níveis séricos de glicose vasoativo.
substancialmente mais altos do que os níveis
utilizados nos outros ECRs multicêntricos [342]. Um Justificativa: o cálcio tem função essencial em
ensaio que envolveu crianças com queimaduras, uma quase todos os processos celulares, incluindo
população exclusiva da UTIP, não comprovou contratilidade miocárdica e tônus vasomotor. Dessa
benefícios na mortalidade, mas considerou redução forma, os níveis intracelulares e circulantes de cálcio
significativa na morbidade [343]. De forma notável, são rigorosamente regulados. Durante o choque
todos os ensaios clínicos incluíram pacientes com séptico, os distúrbios na regulação do cálcio ocorrem
sepse, mas nenhum os direcionou de forma frequentemente em adultos e crianças gravemente
específica. As meta-análises de todos os ensaios enfermas. No entanto, uma revisão sistemática da
prospectivos publicados em crianças não bibliografia em adultos não constatou evidências para
apresentaram benefícios clínicos de forma global, corroborar o tratamento da hipocalcemia em doenças
mas demononstraram risco substancialmente mais graves [350]. A suplementação do cálcio pode, de
elevado de hipoglicemia ao utilizar a terapia fato, agravar a disfunção orgânica e está
insulínica para manter um alvo de glicose inferior a correlacionada com resultados adversos em pacientes
140 mg/dL (7,8 mmol/L) [344,345]. Mesmo os adultos gravemente enfermos que receberam nutrição
episódios curtos de hipoglicemia grave durante o parenteral (NP) [351]. Embora a frequência de
choque séptico em crianças podem ser um fator de hipocalcemia em crianças gravemente enfermas
risco para piores resultados de desenvolvimento em tenha sido relatada em até 75% e esteja associada à
longo-prazo [346-349]. disfunção orgânica [352], não foi investigado o efeito
Tratar a hiperglicemia superior ou igual a 180 da suplementação de cálcio em nenhum estudo em
mg/dL (≥ 10 mmol/L) pode ser desejável, visto que a crianças com choque séptico para tratar
incidência de hipoglicemia induzida por insulina nas hipocalcemia. No entanto, em nossa prática, 65% dos
coortes pediátricas estudadas com alvos de 140-180 integrantes do painel, sempre ou geralmente, e 20%,
mg/dL (7,8–10,0 mmol/L) é extremamente baixa. No às vezes, atingem níveis normais de cálcio com
entanto, não há comparações diretas entre o administração do cálcio parenteral em crianças com
tratamento inferior a 180 mg/dL (10,0 mmol/L) e a choque séptico que precisam de infusão de suporte
ausência de controle glicêmico. Portanto, as vasoativo. Somente 15% dos integrantes do painel,
evidências não podem definitivamente conduzir este raramente ou nunca, alcançam os níveis normais de
alvo terapêutico. No entanto, visto que as diretrizes cálcio.
para adultos recomendam um limite máximo de 180
mg/dL (10 mmol/L) e a ausência de prejuízo 49) Sugerimos contra o uso habitual de levotiroxina
comprovada nos ensaios pediátricos com aqueles em crianças com choque séptico e outras
alvos, é razoável tratar crianças com choque séptico disfunções orgânicas associadas à sepse em um
ou outra disfunção orgânica associada à sepse com estado eutireoideo do paciente (recomendação
insulina intravenosa com objetivo alvo de glicose no fraca, qualidade de evidência baixa).
sangue de 180 mg/dL (10 mmol/L). O alvo mais
baixo, ou seja, a concentração de glicose abaixo da Justificativa: As crianças gravemente enfermas,
qual a infusão de insulina deve ser descontinuada, similares aos adultos, desenvolvem concentrações
também não foi especificamente estudado, mas é baixas de triiodotironina (T3) e baixa tiroxina normal
razoável definir os níveis de 140 a 150 mg/dL (7,8– (T4) sem o aumento compensatório no hormônio
8,3 mmol/L), com base em princípios similares. Em estimulador da tireoide, o que é comum do estado
uma pesquisa de integrantes do nosso painel, 32,5%, “eutireoideo” do paciente ou hipotiroxinemia de
sempre ou geralmente, e 17,5%, algumas vezes, enfermidade não tireoidiana [353]. A diminuição na
utilizam os níveis-alvo de glicose entre 140 e 180 T3 ocorre devido ao aumento de alteração do
mg/dL. Independentemente do alvo de glicose, o hormônio tireoidiano e à diminuição da desiodação
objetivo primordial durante a terapia insulínica deve de T4 para T3, com o redirecionamento do
ser evitar a hipoglicemia. metabolismo de T4 para níveis mais elevados de T3
reverso, biologicamente inativo. A dimensão da
48) Não foi possível recomendar um nível sérico de redução de T3 nas primeiras 24 horas da doença
cálcio em crianças com choque séptico ou reflete sua gravidade [354]. Embora exista benefício
disfunção orgânica associada à sepse. No entanto, teórico, poucos estudos de reposição de hormônio
em nossa prática, geralmente alcançamos níveis tireoidiano foram realizados em crianças gravemente
normais de cálcio para crianças com choque enfermas e nenhum em crianças com sepse. Dois
S33
Weiss et al.
S34
Weiss et al.
gastrointestinal. Visto que nenhum desses estudos foi gastrointestinais tenham sido mais comuns em
conclusivo ou diretamente estudou crianças com crianças admitidas com choque, não houve relato de
choque séptico ou outras disfunções orgânicas associação entre a incidência das complicações do
associadas à sepse, não foi possível fornecer trato digestivo e administração precoce (primeiras 48
recomendação com base em evidências. No entanto, horas) ou tardia de nutrição enteral pós-pilórica
em crianças gravemente enfermas, foi apresentada [370]. Com base nesses estudos, que apesar de
uma abordagem gradual para aumento de fornecerem evidências indiretas, todos constataram
alimentação enteral a fim de reduzir o tempo consistentemente que a nutrição enteral não se
necessário para alcançar os objetivos nutricionais associou a danos, recomendamos não manter a
[364-367]. Em nossa prática, 60% dos integrantes do nutrição enteral unicamente porque medicações
painel, sempre ou geralmente, e 20%, às vezes, vasoativas-inotrópicas estão sendo utilizadas. As
iniciam a alimentação enteral precoce, em 48 horas evidências atuais corroboram o início da nutrição
da admissão, em crianças com choque séptico ou enteral em pacientes hemodinamicamente estáveis
disfunção orgânica associada à sepse ou choque que não precisam mais de ressuscitação com fluidos
séptico que não apresentam contraindicações para a e aumento de doses de agentes vasoativos.
nutrição enteral, enquanto que 20% dos integrantes
do painel raramente ou nunca seguem esta prática. 53) Sugerimos a nutrição enteral como o método de
alimentação preferencial e que a nutrição
52) Sugerimos não suspender a alimentação enteral parenteral possa ser suspensa nos primeiros 7 dias
exclusivamente com base na administração de de admissão na UTIP em crianças com choque
agentes vasoativos-inotrópicos (recomendação séptico ou outras disfunções orgânicas associadas
fraca, qualidade de evidência baixa). à sepse (recomendação fraca, qualidade de
evidências moderada).
Observações: A alimentação enteral não é
contraindicada em crianças com choque séptico após Justificativa: Não foram publicados estudos
ressuscitação hemodinâmica adequada que não mais referentes a esta questão específica envolvendo
exija doses progressivas de agentes vasoativos ou na nutrição em crianças com choque séptico ou outras
quais o desmame dos agentes vasoativos tenha sido disfunções orgânicas associadas à sepse. No entanto,
iniciado. em uma coorte geral de 1.440 crianças gravemente
enfermas, em ECR internacional multicêntrico de NP
Justificativa: Revisamos evidências indiretas de precoce vs. tardio em doenças graves [371], a
três estudos observacionais (dois retrospectivos e um suspensão da nutrição parenteral durante a primeira
prospectivo) em populações de crianças semana em UTIP, quando a nutrição enteral foi
cardiopatas/em pós-operatório. Esses estudos menor que 80% de objetivo prescrito, foi
relataram que a alimentação enteral foi tolerada em clinicamente superior ao fornecimento de nutrição
pacientes com dimiuição/desmame de agentes parental suplementar em 24 horas de admissão [372].
vasoativos sem aumento de efeitos adversos ou As análises secundárias do ensaio de PEPaNIC
complicações gastrointestinais [368-370]. Em outro mostraram que a suspensão de NP também foi
estudo de 339 crianças gravemente enfermas, não benéfica em neonatos a termo e crianças que eram
houve associação entre a alimentação enteral e o desnutridas na admissão [373, 374], embora a
desenvolvimento de resultados gastrointestinais suspensão da nutrição parenteral em neonatos a
graves, tais como vômito, diarreia, distensão termo também esteja associada ao aumento do risco
abdominal, sangramento, enterocolite necrosante ou de hipoglicemia grave [373]. Um acompanhamento
perfuração [368]. No entanto, no relatório, a decisão de longo prazo por 2 anos após a admissão na UTIP
de iniciar a nutrição enteral pode ter sido mostrou que a suspensão da nutrição parenteral por 1
condicionada pela condição clínica do paciente. Em semana não afetou a sobrevida, a antropometria ou o
um estudo retrospectivo de 52 crianças gravemente estado de saúde, mas melhorou determinados
enfermas, o uso de medicamentos vasoativos não se domínios do desenvolvimento neurocognitivo [375].
associou a aumento na tolerância da alimentação ou Embora os resultados do ensaio PEPaNIC
complicações gastrointestinais [369]. Em um estudo corroborem os resultados de ECRs em adultos, ainda
observacional prospectivo de crianças gravemente não fica evidente o tempo ideal de nutrição parenteral
enfermas que receberam alimentação pós-pilórica, 44 na criança gravemente enferma com sepse [371, 376-
de 65 pacientes (67,7%) com choque e 284 de 461 378]. Nossa recomendação tem base em um ensaio e,
pacientes (61,6%) sem choque receberam nutrição portanto, as evidências para suspender NP nos
enteral em 48 horas. Ainda que as complicações primeiros 7 dias de admissão da UTIP são de certeza
S35
Weiss et al.
moderada e devem ser exploradas ainda utilizando o corrobora medidas habituais em todos os pacientes
tempo pragmático de NP na primeira semana, neste momento e, se medido, a VRG não é suficiente
principalmente em neonatos e pacientes gravemente para diagnosticar intolerância à nutrição enteral
desnutridos. (NE).
Justificativa: Embora a medição habitual do 57) Sugerimos contra o uso de rotina de agentes
VRG seja uma prática relativamente comum em procinéticos no tratamento de intolerância
UTIPs, não há evidências diretas em sepse pediátrica. alimentar em crianças com choque séptico ou
Em um estudo observacional de coorte de dois outras disfunções orgânicas associadas à sepse
centros de crianças gravemente enfermas admitidas (recomendação fraca, qualidade de evidência
com uma variedade de diagnósticos, um centro baixa).
relatou o uso habitual de monitorização do VRG,
embora o outro centro não utilizasse medições do Justificativa: Os agentes procinéticos, como
VRG [382]. No centro com nutrição enteral avançada metoclopramida e eritromicina, são geralmente
sem medições habituais do VRG, não houve aumento utilizados na UTIP na tentativa de reduzir a
na incidência de vômito, pneumonia adquirida por intolerância alimentar [386]. As evidências indiretas
ventilação mecânica ou enterocolite necrosante em para essa questão foram fornecidas a partir de um
comparação a outras UTIP (Tabela Suplementar 21, único ensaio clínico randomizado e controlado em
Conteúdo Digital Suplementar 1, crianças, que foi uma intervenção combinada de
http://links.lww.com/PCC/B139). Embora existam zinco entérico, selênio, glutamina e metoclopramida
algumas crianças para as quais a medição do VRG intravenosa. Em crianças gravemente enfermas, essa
provavelmente seja útil (por exemplo, gastroparesia, intervenção combinada não obteve sucesso na
onfalocele, gastrosquise), nenhuma evidência redução do desenvolvimento de sepse ou incidência
S36
Weiss et al.
S37
Weiss et al.
al. [380] randomizaram 283 indivíduos de oito UTIP 61) Sugerimos contra o uso de suplementação de
para um grupo controle que recebeu fórmula de zinco em crianças com choque séptico ou outras
proteína do soro do leite e um grupo de intervenção disfunções associadas à sepse (recomendação
que recebeu fórmula com suplementação de zinco, fraca, qualidade de evidência muito baixa).
selênio, glutamina e metoclopramida intravenosa.
Não houve diferença entre as infecções adquiridas Justificativa: As alterações na homeostase do
em hospital e sepse clínica por 100 dias (p=0,81), zinco e associações entre resultados de e níveis de
termpo de internação na UTIP (p=0,16) ou zinco foram relatadas em pacientes gravemente
mortalidade de 28 dias (8/139 [5,8%] vs. 15/145 enfermos. Os benefícios da suplementação de zinco
[10,3%]). Os indivíduos deste estudo também foram foram comprovados em algumas formas de doenças
classificados pela condição imunológica, ao sugerir infecciosas. No entanto, não foram realizados ensaios
que a condição imunológica podesse desempenhar de suplementação de zinco em crianças com sepse.
função na eficácia do suplemento nutricional, Um ECR em crianças gravemente enfermas que
incluindo a glutamina [411]. No entanto, não há comparou a suplementação diária com zinco, selênio,
evidências diretas referentes à suplementação de glutamina e metoclopramida com a proteína do soro
glutamina em crianças com sepse. Assim, não do leite foi interrompido durante a análise preliminar
sugerimos o uso da terapia com glutamina em devido à inutilidade [380]. Com base em estudos
crianças com choque séptico ou outras disfunções conflitantes na bibliografia em adultos, a
orgânicas associadas à sepse até que mais dados suplementação habitual de zinco não é recomendada
sejam disponibilizados. nas diretrizes nutricionais para adultos gravemente
enfermos [421]. Os futuros ECRs que analisam o
60) Sugerimos contra o uso de arginina no momento ideal e a dose de zinco em crianças com
tratamento de crianças com choque séptico ou sepse e choque séptico e seu impacto na resposta
outras disfunções orgânicas associadas à sepse imunológica e nos resultados clínicos podem ajudar
(recomendação fraca, qualidade de evidência a responder a essa questão.
muito baixa).
62) Sugerimos contra o uso de ácido ascórbico
Justificativa: A redução da disponibilidade de (vitamina C) no tratamento de crianças com
arginina em sepse pode levar à diminuição da síntese choque séptico ou outras disfunções orgânicas
endógena de óxido nítrico, perda da regulação associadas à sepse (recomendação fraca,
microcirculatória e alteração da resposta imune [412- qualidade de evidência muito baixa).
414]. No único ECR pediátrico de suplementação de
arginina em crianças com sepse [415], 10 crianças Justificativa: O ácido ascórbico (vitamina C) tem
que receberam infusões de arginina apresentaram múltiplas funções fisiológicas. Sobretudo, no cenário
aumento dos níveis de óxido nítrico e melhora da de sepse, a vitamina C é um antioxidante, neutraliza
oxidação de arginina, mas nenhum resultado clínico o oxigênio reativo e radicais de nitrogênio, inibe
foi relatado. Em dados indiretos de estudos em ativação de citocinas pró-inflamatórias, aumenta a
adultos, os ECRs de suplementação de L-arginina síntese de vasopressor endógeno e inibe a replicação
foram pequenos e relataram efeitos positivos e bacteriana [422-424]. Adultos com sepse
negativos na mortalidade [416-420]. Um ensaio em frequentemente apresentam níveis muito baixos de
adultos com sepse constatou diminuição de vitamina C. Em um estudo, 88% dos adultos com
mortalidade [418], mas outros estudos não choque séptico apresentaram hipovitaminose C
constataram benefícios ou aumento de mortalidade [425]. Pequenos estudos em adultos sugeriram que o
em adultos com sepse [416,419,420]. Alguns autores tratamento de pacientes sépticos com vitamina C
consideraram melhora de resultados secundários em pode melhorar a disfunção orgânica [426] e reduzir a
pacientes com sepse, tais como a redução de mortalidade [427]. A vitamina C também tem sido
complicações de infecções e tempos de internação usada como um componente da terapia combinada,
mais curtos, mas não há evidência da relevância normalmente com tiamina e corticosteroides, em
desses resultados e sua aplicabilidade em crianças adultos com sepse [428]. Um estudo comparou esse
com sepse diante de possível prejuízo. Portanto, na tratamento em 47 pacientes adultos com sepse com
ausência de evidências de benefícios comprovados, pacientes com controle histórico [429]. O tratamento
não sugerimos o uso da terapia com arginina em foi associado com diminuição da mortalidade
crianças com disfunção orgânica associada à sepse hospitalar (RP, 0,13; IC de 95%, 0,04–0,48), menor
até que mais dados sejam disponibilizados. duração da terapia vasopressora e melhora dos
índices de disfunção orgânica (Tabela Suplementar
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Weiss et al.
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Weiss et al.
S40
Weiss et al.
incluindo novo sangramento mais intenso ou óbito, constataram que as transfusões de plasma se
no grupo de alto limiar (RP, 1,57; IC de 95%, 1,06– associaram a agravamento de resultados clínicos
2,32). [455, 456]. Além disso, a transfusão de plasma,
Embora evidências existentes não corroborem um muitas vezes, falha quando se objetiva a correção de
limiar de plaquetas no qual a transfusão esteja testes coagulação anormais em adultos e crianças
absolutamente indicada, o risco de sangramento gravemente enfermas [456, 457]. Portanto, não
espontâneo pode ser maior em contagens mais baixas sugerimos transfusões profiláticas de plasma em
de plaquetas, por exemplo, inferiores a 10- crianças com choque séptico e outras disfunções
20.000/mm3. Além disso, algumas populações de orgânicas associadas à sepse que não estejam
crianças trombocitopênicas gravemente enfermas sangrando.
podem ter risco relativamente alto de sangramento, No entanto, algumas populações específicas de
como aquelas com diagnóstico oncológico ou que pacientes podem se beneficiar de transfusão
receberam ECMO. Visto que o limiar no qual os profilática de plasma, tais como pacientes com
benefícios da transfusão de plaquetas pesam mais que agravamento de testes de coagulação com alto risco
os riscos sejam desconhecidos, o julgamento clínico para coagulopatia intravascular disseminada,
com base nos fatores de risco do paciente para crianças com câncer e comorbidade ou crianças com
sangramento, além do nível medido de plaquetas, sepse em suporte de vida extracorpóreo.
deve ser exercido de forma prudente.
TROCA DO PLASMA, SUBSTITUIÇÃO RENAL E
68) Sugerimos contra a transfusão profilática de SUPORTE EXTRACORPÓREO
plasma em crianças sem sangramento com choque
séptico ou outras disfunções orgânicas associadas
69) Sugerimos contra o uso de troca do plasma
à sepse e anormalidades de coagulação
(plasma exchange - PLEX) em crianças com
(recomendação fraca, qualidade de evidências
choque séptico ou outras disfunções orgânicas
muito baixa).
associadas à sepse sem falência múltipla dos
órgãos associada à trombocitopenia
Observações: A transfusão profilática de plasma
(thromboytopenia-associated multiple organ
refere-se a situações em que há anormalidade nos
failure - TAMOF) (recomendação fraca,
testes laboratoriais de coagulação, mas sem
qualidade de evidência muito baixa).
sangramento ativo.
70) Não foi possível sugerir como favorável ou
Justificativa: Não há dados diretos para atualizar
desfavorável ao uso de PLEX em crianças com
uma recomendação sobre a transfusão profilática de
choque séptico ou outras disfunções orgânicas
plasma em sepse pediátrica. Um ECR avaliou a
associadas à sepse com TAMOF.
transfusão profilática de plasma em crianças
gravemente enfermas sem sepse. Pieters et al. [453]
Justificativa: A terapêutica PLEX para choque
randomizaram 81 crianças com menos de 2 anos de
séptico ou disfunção orgânica associada à sepse visa
idade, necessitando recuperação primordial da
normalizar o meio plasmático de um paciente séptico
craniossinostose para receber plasma utilizando
com inflamação de forma sistêmica. Atualmente,
estratégia profilática (na ausência de sangramento)
nenhum grande ECR avaliou a PLEX no choque
ou reativa (quando o paciente estiver sangrando). O
séptico pediátrico ou na disfunção orgânica associada
grupo de transfusão profilática recebeu volume
à sepse. Rimmer et al. [458] realizaram meta-análise
significativamente maior de plasma em comparação
que incluiu quatro pequenos ECRs que avaliaram a
ao grupo reativo (29,7 vs. 16,1 mL/kg; p<0,001).
PLEX em pacientes adultos (n=128) e pediátricos
Apesar de melhora nos valores de coagulação no
(n=66) com sepse e choque séptico. A PLEX foi
grupo profilático, não houve diferença nos requisitos
associada à redução de mortalidade em adultos (RR,
de TGV compactadas ou na perda de sangue entre os
0,63; IC de 95%, 0,42–0,96), mas não em crianças
dois grupos (Tabela Suplementar 29, Conteúdo
(RR, 0,96; IC de 95%, 0,28–3,38). No entanto,
Digital Suplementar 1,
devido à heterogeneidade da população de pacientes,
http://links.lww.com/PCC/B139). Ademais, uma
critérios de inclusão, modalidades técnicas da PLEX
meta-análise publicada em 2012, que incluiu 80
(filtração versus centrifugação) e tipos de fluidos de
ECRs (maioria em adultos), concluiu que não houve
reposição (plasma versus albumina) nesses quatro
evidências consistentes para benefícios de transfusão
estudos, bem como os custos e possíveis riscos, a
profilática de plasma em uma variedade de
PLEX não pode ser habitualmente recomendada até
indicações que foram avaliadas [454]. Os estudos
o momento (Tabela Suplementar 30, Conteúdo
observacionais em crianças gravemente enfermas
S41
Weiss et al.
S42
Weiss et al.
(Tabela Suplementar 31, Conteúdo Digital padrão. Ademais, não houve reduções significantes
Suplementar 1, http://links.lww.com/PCC/B139). em níveis plasmáticos de mediadores inflamatórios
Os possíveis benefícios de TSRC devem também ou na melhora de variáveis hemodinâmicas para
ser ponderados em contraste com os possíveis riscos, HVHF. No entanto, a incidência de hiperglicemia foi
incluindo a necessidade de um cateter invasivo, significativamente maior no grupo HVHF do que no
custos, disponibilidade limitada em alguns centros, grupo CVVH [476] (Tabela Suplementar 32,
necessidade de especialistas clínicos e especialistas Conteúdo Digital Suplementar 1,
em enfermagem e o desafio de um tempo ideal (por http://links.lww.com/PCC/B139).
exemplo, após ressuscitação para remoção de fluidos
ou anteriormente para liberação de citocinas agudas). 73) Sugerimos o uso de ECMO venoso em crianças
Portanto, como estratégia inicial de tratamento, com SDRAP e hipóxia refratária (recomendação
consideramos que a restrição de fluidos e o uso de fraca, qualidade de evidência muito baixa).
diuréticos sejam razoáveis na presença de sobrecarga
de fluidos iminente ou estabelecida, sendo a TSRC Justificativa: Há mais de 40 anos, foi introduzida
reservada como uma opção de segunda linha para a ECMO para auxiliar pacientes com insuficiência
evitar ou tratar a sobrecarga de fluidos em crianças respiratória e/ou cardíaca reversíveis, mas grave,
com choque séptico ou outras disfunções orgânicas refratária à terapia médica convencional. Dessa
associadas à sepse que não respondem à restrição de forma, as crianças com SDRAP induzida por sepse
fluidos e à terapia diurética. com risco de vida são geralmente consideradas como
candidatas para o resgate de ECMO [477], e a
72) Sugerimos contra a hemofiltração de alto PALICC aprovou a ECMO no tratamento da hipóxia
volume (high-volume hemofiltration - HVHF) em refratária [24]. O uso de ECMO em sepse pediátrica
relação a hemofiltração padrão em crianças com aumentou na última década [478,479], mas a melhora
choque séptico ou outras disfunções orgânicas da sobrevida ainda precisa ser determinada [480]. Até
associadas à sepse que forem tratadas com terapia a presente data, não foi publicado nenhum ECT que
de substituição renal (recomendação fraca, avaliou o efeito de ECMO sobre o resultado em sepse
qualidade de evidência baixa). pediátrica. Na ausência desses dados, ao utilizar a
correspondência do índice de propensão, Barbaro et
Justificativa: A HVHF para pacientes al. [481] relataram que crianças com SDRAP grave
gravemente enfermos com choque séptico e LRA é que foram registradas no ensaio RESTORE
uma estratégia interessante para manter o equilíbrio apresentaram taxas de mortalidade semelhantes
acidobásico e a homeostase de fluidos ou para obter quando tratadas por ECMO (15/61, 25%) em
um possível efeito imunomodulatório em sepse, pela comparação com aquelas que não foram (18/61,
remoção de toxinas e outros mediadores 30%) [482] (Tabela Suplementar 33, Conteúdo
inflamatórios, principalmente citocinas que Digital Suplementar 1,
contribuem para lesão e disfunção de órgãos. http://links.lww.com/PCC/B139). As pesquisas estão
Em adultos, o uso de taxas mais altas de fluxo de em andamento para determinar o momento ideal pré-
TSRC (> 35 mL/kg/hora de filtração-diálise), embora ECMO [483], visto que as medidas de disfunção
inicialmente favorável, não apresentou benefício na renal, hepática, neurológica e hematológica e,
mortalidade global em meta-análise e ECRs principalmente, a presença de infecções da corrente
subsequentes. Uma revisão de Cochrane de 2017 não sanguínea, parecem discriminar melhor o risco de
constatou benefício significativo na mortalidade, mortalidade que os índices pediátricos tradicionais de
gravidade da disfunção orgânica, tempo de gravidade de doenças, como o PRISM, Índice
internação ou efeitos adversos com a HVHF versus Pediátrico de Mortalidade e Disfunção Orgânica
taxas padrões de hemofiltração em adultos Pediátrica. Evidentemente, a ECMO não está
gravemente enfermos [475]. De forma notável, os disponível em todo o mundo, e a transferência de
resultados desta meta-análise indicam que pacientes altamente instáveis para níveis mais altos
pouquíssimos estudos foram realizados para de cuidados que oferecem essa terapia pode trazer
investigar o uso de HVHF em pacientes gravemente riscos significativos. No entanto, dados em adultos e
enfermos com choque séptico (quatro estudos, crianças sugerem possível associação com a melhora
totalizando 201 participantes). da mortalidade, principalmente se a transferência for
Em um estudo que envolveu 155 pacientes para centros de ECMO de alto volume de pacientes
pediátricos com sepse grave, o tratamento de HVHF [484,485].
não reduziu de forma significante a mortalidade de
28 dias em comparação com HVHF de volume
S43
Weiss et al.
74) Sugerimos o uso da ECMO venoarterial como cardíaca responsiva à ressuscitação em UTIP ou
terapia de resgate em crianças com choque séptico resultados de ultrassom cardíaco com fração de
somente se este for refratário a todos os outros ejeção do ventrículo esquerdo inferior a 25% ou
tratamentos (recomendação fraca, qualidade de índice cardíaco inferior a 2,2 L/min/m2.
evidência muito baixa).
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com choque séptico ou outras disfunções orgânicas como um modelo atual de evidências que melhor
associadas à sepse. Ao mesmo tempo, essas diretrizes preencham as lacunas em nosso conhecimento. Por
pediátricas da SSC também identificaram lacunas outro lado, os ECRs necessários necessitarão de
que podem atualizar futuras oportunidades de esforços coordenados nacionais e internacionais, e
pesquisas. Na medida em que novas pesquisas nossa comunidade precisará priorizar os estudos mais
preencherem a base de evidências, essas podem ser apropriados em diferentes fases de tratamento (ou
utilizadas para desenvolver futuras confirmações de seja, reconhecimento, ressuscitação com fluidos,
diretrizes pediátricas da SSC, criando um ciclo primeiras 48 horas).
concebido para aumentar as evidências e a
quantidade de recomendações solidas no futuro. É
necessário maior esclarecimento nos estudos
informativos de patofisiologia e nos ECRs bem
projetados, e os participantes do painel os AGRADECIMENTOS
descreveram no texto. O projeto de pesquisas futuras Gostaríamos de agradecer a Darlene Barkman, MA,
significativas e eficazes deve ser informado pelas e Janna Pogers, PT, MPT, NCS, CSRS, por seus
necessidades identificadas por experiência clínica comentários atentos e elucidativos da perspectiva dos
coletiva dentro do painel. pais de crianças com sepse. Suas contribuições,
No geral, o processo de desenvolvimento das principalmente relacionada à classificação da
diretrizes pediátricas da SSC gerou, no mínimo, 29 importância dos resultados a serem considerados por
questões patofisiológicas que justificam estudos pesquisa bibliográfica, forneceu uma orientação
adicionais e 23 ECRs (ou seja, total de 25 estudos). valiosa ao painel. Também gostaríamos de agradecer
Apresentamos essas questões como oportunidades de a Rebecca Skidmore e James D. Medd por sua
pesquisas, mas ainda não as priorizamos como dedicação ao conduzir as pesquisas bibliográficas dos
oportunidades em uma agenda oficial de pesquisa cinco grupos. Suas experiências e profissionalismo
(Tabela 6). Vislumbramos que muitas das questões contribuíram muito para a publicação final. Por fim,
patofisiológicas podem ser adotadas por grupos agradecemos ainda a Deborah L. McBride pelo
individuais de pesquisa, e esperamos que o gerenciamento do projeto e apoio editorial.
documento de diretrizes pediátricas da SSC sirva
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Weiss et al.
Ventilação: Modalidades não-invasivas para identificar a Intubação traqueal tardia vs. precoce para
quatro estudos necessidade de ventilação mecânica precoce choque refratário sem insuficiência
patofisiológicos e cinco (vide Rec. 36) respiratória (vide Rec. 34)
ECRs Ventilação mecânica não-invasiva precoce vs. Durante a ventilação mecânica, a estratégia de
ventilação mecânica invasiva em SDRAP induzida PEEP baixa vs. moderada para SDRAP
por sepse reduzem a necessidade de induzida por sepse (vide Rec. 37)
subsequente ventilação mecânica invasiva (vide Durante a ventilação mecânica, a posição prona
Rec. 36) em SDRAP grave induzida por sepse (ECR
A abordagem ideal para definição de PEEP em atual necessitará de análise secundária deste
ventilação mecânica para SDRAP induzida por subgrupo) (vide Rec. 39)
sepse (vide Rec. 37) Ventilação oscilatória de alta frequência vs.
O uso de manobras de recrutamento em ventilação ventilação mecânica convencional em SDRAP
mecânica para SDRAP induzida por sepse (vide grave induzida por sepse (ECR atual
Rec. 38) necessitará de análise secundária deste
subgrupo) (vide Rec. 42)
O agente de bloqueio neuromuscular durante a
ventilação mecânica para SDRAP grave
induzida por sepse (ECR atual necessitará de
análise secundária deste subgrupo) (vide Rec.
43)
Corticosteroides: um ECR - Corticosteroides adjuvantes para choque séptico
refratário (vide Rec. 45)
Terapias endócrina e O alvo de glicose ideal (entre 140 a 180 mg/dL) Tratamento de febre em crianças com choque
metabólica: dois estudos necessitando controle com insulina em crianças séptico ou outras disfunções orgânicas
patofisiológico e um com choque séptico ou outras disfunções associadas à sepse (vide Rec. 50)
ECR orgânicas associadas à sepse (vide Rec. 47)
Hipocalcemia e suplementos em crianças com
choque séptico ou outras disfunções orgânicas
associadas à sepse (vide Rec. 48)
Nutrição: três estudos Efeitos de solução lipídicas na fisiologia inflamatória A nutrição enteral precoce vs. tardia em crianças
patofisiológicos e sete (vide Rec. 54) com choque séptico ou outras disfunções
ECRs A função dos agentes procinéticos em crianças orgânicas associadas à sepse (vide Rec. 51,
imunocomprometidas com choque séptico ou 52 e 53).
outras disfunções orgânicas associadas à sepse A alimentação enteral contínua ou em bólus em
(vide Rec. 57) crianças com choque séptico ou outras
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Imunoglobulinas - -
Profilaxia: um ECR - Profilaxia de úlcera por estresse em relação à
alimentação em crianças com choque séptico
ou outras disfunções orgânicas associadas à
sepse (vide Rec. 76)
ECMO - oxigenação por membrana extracorpórea; SDRAP - síndrome do desconforto respiratório agudo pediátrica; PEEP - pressão positiva expiratória final; MQ -
melhoria de qualidade; ECR - ensaio clínico randomizado, Rec. - número de recomendação.
Dr. Weiss e Peters atuaram como mediadores no negligência clínica, causas de lesões. O Dr. Agus participa
gerenciamento e adjudicação de interesses em conflitos da Academia Americana de Pediatria (AAP), Sociedades
durante todo o processo de diretrizes, seguindo Acadêmicas Pediátricas (PAS), Sociedade Americana de
procedimentos operacionais padrões estabelecidos pela Pediatria, Sociedade de Pesquisa Pediátrica e Sociedade
Sociedade de Medicina de Cuidados Críticos (SNCC) e Americana de Investigação Clínica e testemunhou como
aprovados pela Sociedade Europeia de Medicina de testemunha especializada em casos relacionados a UTI e/ou
Cuidados Intensivos. O Dr. Weiss participa dos endocrinologia em crianças. A Dra. Flori participa do
Pesquisadores de Lesão Pulmonar Aguda Pediátrica e Sepse Capítulo Estadual da Sociedade Torácica Americana (STA)
(PALISI) e da Sociedade de Choques. O Dr. Peters participa (Membro do Conselho Executivo - Capítulos do Estado de
do grupo de estudo PICS do Reino Unido (vice-presidente) Michigan e da Califórnia) e da Rede PALISI, concede
e testemunhou como testemunha especialista em casos de financiamento da Gerber Foundation (membro do comitê de
S48
Weiss et al.
direção para vários estudos que estão sendo implementados Kneyber participa da Sociedade Europeia de Cuidados
através da Rede de fundos internos, governamentais ou Intensivos Pediátricos e Neonatais. O Dr. MacLaren participa
outro financiamento de Subsídio da Fundação). O Dr. Nadel da Organização do Suporte Extracorpóreo de Vida (Comitê
recebeu o financiamento da La Jolla Pharmaceutical Executivo). O Dr. Mehta participa da Sociedade Americana
(consultoria) e participa da Sociedade Europeia de Terapia de Nutrição Parenteral e Enteral (presidente). O Dr. Møller
Intensiva Pediátrica e Neonatal (ESPNIC) (Presidente participa do Science Systems and Applications, Inc.
Médico). O Dr. Brierley participa da ESPNIC, e a Dr. Carrol (membro do conselho). O Dr. Newth recebeu financiamento
participa do Instituto Nacional de Excelência em Saúde e da Philips Research North America (consultoria sobre
Cuidados (NICE) (comitê do Conselho Consultivo para monitoramento em UTIP) e participa da ATS. O departamento
Diagnóstico) e Institutos Nacionais de Pesquisa em Saúde institucional do Dr. Nishisaki recebe uma concessão irrestrita
(dois comitês científicos, i4i e DTF). O Dr. Cheifetz participa de Nihon Kohden (envolve uma atividade para desenvolver
da Associação Americana de Cuidados Respiratórios e ATS um dispositivo para medir o tempo de enchimento capilar) e
(atividades voluntárias) e testemunhou como testemunha participa da Sociedade para Simulação em Sociedade
especialista em casos de negligência médica, é consultor da Internacional em Cuidados de Saúde e da Sociedade
Philips e colaborador do Up-to-Date. O Dr. Cies recebeu Internacional de Simulação Pediátrica. O Dr. Nunnally
financiamento da Allergan, Merck, Thermo Fisher Scientific participa da Faculdade Americana de Medicina de Cuidados
e Atlantic Diagnostic Laboratories (consultor) e participa do Críticos (Regent), Sociedade de Anestesiologistas de
Grupo de Advocacia em Farmácia Pediátrica (múltiplos Cuidados Intensivos (diretor), Sociedade Americana de
cargos), da Sociedade de Farmacêuticos de Doenças Anestesiologistas (comitê), Sociedade Internacional de
Infecciosas (Vice-Presidente do Comitê de Assessoria entre Pesquisa em Anestesia e NYSA. A instituição do Dr.
Organizações) e a Faculdade Americana de Farmacêuticos Randolph recebeu financiamento da Genentech (suporte à
Clínicos (membro e colega). O Dr. Cruz testemunhou como pesquisa de estudos de biomarcadores de influenza),
testemunha especialista em casos de crianças com recebeu financiamento da Bristol Myers Squibb (consultora
meningite relacionada à tuberculose e é editor associado da em 2017) e da La Jolla Pharmaceuticals (projeto de ensaio
Pediatrics. O Dr. De Luca atua como Presidente Médico, de choque séptico pediátrico da angiotensina II) e participa
eleito no Comitê Executivo da ESPNIC, atuou como consultor do ATS e do Fórum Internacional de Sepse. O Dr. Ranjit
e conferencista no conselho consultivo externo e recebeu participa como Chanceler da Faculdade de Pediatria e
subsídios de pesquisa e educação da Chiesi Farmaceutici Cuidados Críticos, na Índia. Dr. Tume participa da ESPNIC
SpA e AbbVie, bem como subsídios de viagem da AbbVie, (Presidente de Enfermagem) e do Comitê Científico e
foi palestrante da Philips, Radiometer e Waire. O Dr. Faust Educacional do PICS no Reino Unido. O Dr. Verger participa
atuou como presidente do Comitê de Diretrizes da NICE do da Associação Americana de Enfermeiros de Cuidados
Reino Unido para Sepse em Crianças e Adultos publicado Críticos (Comitê de Governança da Cert. Corp.) e da
em 2016 e para a doença de Lyme, publicada em 2018, atua Academia de Enfermagem (Grupo de Interesse Especial de
como representante regional do Grupo de Referência Clínica Cuidados Agudos e Críticos). O Dr. Williams participa da
da Inglaterra e NHS do Reino Unido para representação de Sociedade Pediátrica de Terapia Intensiva Cardíaca. O Dr.
atendimento especializado em medicina pediátrica Wolf recebeu apoio financeiro para participação em
(imunologia e infecção). O Dr. Hall recebe financiamento da pesquisas patrocinadas pelo setor da Merck & Co, Astellas
La Jolla Pharmaceuticals (consultor do comitê de e Cempra Pharmaceuticals, e recebeu outro apoio da Karius,
monitoramento de segurança de dados para um ensaio Empatica e Bluespark Technologies. O Dr. Zimmerman (ex-
clínico de uma terapêutica para sepse) e participa do ATS presidente da SCCM) recebeu financiamento da
(editor online do clube de periódicos) e do Conselho Immunexpress, Seattle (pesquisa de biomarcadores de
Americano de Pediatria (sub-conselho de Medicina de sepse) e participa da AAP e da PAS. O Dr. Tissieres recebeu
Cuidados Críticos). O Dr. Ishimine participa do SAEM (Co- financiamento das terapias agudas da Baxter, Bristol-Myers
Presidente da Conferência de Consenso), Conselho Squibb Company, Chiesi Farmaceutici SpA, Faron
Americano de Pediatria/Conselho Americano de Medicina de Pharmaceuticals (consultoria, terapia renal substitutiva) e
Emergência (ex-presidente imediato do Subgrupo de Biomerieux, financiamento da La Jolla Pharmaceuticals,
Medicina Pediátrica de Emergência) e Faculdade Americana Chiesi Farmaceutici SpA e é o presidente da ESPNIC
de Médicos de Emergência (Comitê de Medicina Pediátrica (concessão de pesquisa, sepse de biomarcadores) e
de Emergência). O Dr. Javouhey recebeu financiamento da participa da Sociedade de Cuidados Intensivos da Suíça, da
CSL Behring (ensaio sobre imunoglobulinas intravenosas Sociedade Pediátrica da Suíça e da Sociedade Francesa de
em síndrome do choque tóxico em crianças). O Dr. Karam Cuidados Intensivos. Os demais autores revelaram que não
participa do BloodNet, PALISI, ISBT, AABB e CCCTG. O Dr. têm nenhum possível conflito de interesses.
S49
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S71
Weiss et al.
S72
Weiss et al.
13. Em crianças com choque séptico ou disfunção orgânica associada à sepse que estiverem recebendo antimicrobianos,
recomendamos avaliação diária (por exemplo, avaliação clínica e laboratorial) para descalonamento de terapia
antimicrobiana (DMP). PICO 11
Observações: Esta avaliação deve incluir uma análise da indicação escolhida para terapia empírica antimicrobiana após as
primeiras 48 horas, direcionada por resultados microbiológicos e em resposta à melhoria clínica e/ou evidências de
resolução de infecção. Esta recomendação é aplicada aos pacientes que estão sendo tratados com terapia empírica,
direcionada e combinada.
14. Recomendamos determinar a duração da terapia antimicrobiana de acordo com o local de infecção, etiologia microbiana,
resposta ao tratamento e capacidade de atingir o controle do foco infeccioso (DMP). PICO 10
CONTROLE DO FOCO INFECCIOSO
15. Recomendamos que seja implementada intervenção para controle do foco infeccioso tão logo seja possível após o
diagnóstico de uma infecção passível de ser submetido a um procedimento de controle do foco (DMP). PICO 12
Observações: o exame diagnóstico adequado para identificar o local de infecção e a etiologia microbiana deverá ser
realizado e, para priorizar intervenções necessárias no alcance do controle do foco infeccioso, deve ser procurada
orientação das equipes de especialistas (por exemplo, de doenças infecciosas, cirurgia), conforme apropriado.
16. Recomendamos a remoção de dispositivos de acesso intravascular que forem confirmados como sendo a origem da sepse
ou do choque séptico após outro acesso vascular ter sido estabelecido e dependendo do patógeno e dos riscos/benefícios
de um procedimento cirúrgico (recomendação forte, qualidade de evidências baixa). PICO 13
FLUIDOTERAPIA
17. Em sistemas de saúde com disponibilidade de cuidados intensivos, sugerimos a administração de até 40-60 mL/kg de
fluidos em bolus (10-20 mL/kg em bolus) durante a primeira hora, titulado para marcadores clínicos de débito cardíaco e
descontinuado se houver desenvolvimento de sinais de sobrecarga de fluidos para ressuscitação inicial de crianças com
choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidências baixa).
PICO 17
18. Em sistemas de saúde sem disponibilidade de cuidados intensivos e na ausência de hipotensão, recomendamos a não
administração de fluidos em bolus e iniciar fluidos de manutenção (recomendação forte, qualidade de evidências alta).
PICO 17
19. Em sistemas de saúde sem disponibilidade de cuidados intensivos, em caso de presença de hipotensão, sugerimos a
administração de até 40 mL/kg de fluido em bolus (10-20 mL/kg em bolus) durante a primeira hora com titulação para
marcadores clínicos de débito cardíaco e descontinuado se houver desenvolvimento de sinais de sobrecarga de fluidos
(recomendação fraca, qualidade de evidências baixa). PICO 17
Observações: Os marcadores clínicos de débito cardíaco podem incluir frequência cardíaca, pressão arterial, tempo de
enchimento capilar, nível de consciência e débito urinário. Em todos os cenários, a necessidade de administração de
fluidos deve ser orientada por reavaliação frequente de marcadores clínicos de débito cardíaco, medição de nível sérico
do lactato e monitorização avançada, quando disponível. Os sinais de sobrecarga de fluidos que devem limitar posterior
fluidoterapia em bolus podem incluir sinais clínicos de edema pulmonar ou hepatomegalia nova ou agravada.
20. Sugerimos o uso de cristaloides, em vez de albumina, para a ressuscitação inicial de crianças com choque séptico ou
outras disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidências moderada). PICO 15
Observações: Embora não haja diferenças nos resultados, esta recomendação leva em consideração o custo e outros
impedimentos para administração de albumina em comparação aos cristaloides.
21. Sugerimos o uso de cristaloides balanceados/tamponados, em vez de solução salina a 0,9%, para a ressuscitação inicial
de crianças com choque séptico e outras disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de
evidências muito baixa). PICO 14
22. Não recomendamos o uso de amidos na ressuscitação aguda de crianças com choque séptico ou outras disfunções
orgânicas associadas à sepse (recomendação forte, qualidade de evidência moderada). PICO 16
S73
Weiss et al.
23. Não sugerimos o uso de gelatina na ressuscitação de crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas
associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidências baixa). PICO 16
MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA
24. Não foi possível fornecer uma recomendação sobre o alvo da pressão arterial média (PAM) no percentil 5 ou 50 para
idade em crianças com choque séptico e outras disfunções orgânicas associadas à sepse. PICO 21
25. Sugerimos não utilizar sinais clínicos à beira do leito isoladamente para categorizar o choque séptico em crianças como
“quente” ou “frio” (recomendação fraca, qualidade de evidências muito baixa). PICO 20
26. Sugerimos o uso de variáveis hemodinâmicas avançadas, quando disponíveis, além de variáveis clínicas à beira do leito
para guiar a ressuscitação de crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse
(recomendação fraca, qualidade de evidências baixa). PICO 18
Observações: A monitorização hemodinâmica avançada pode incluir débito cardíaco/índice cardíaco, resistência vascular
sistêmica ou saturação venosa central de oxigênio (Scvo2).
27. Sugerimos o uso da tendência dos níveis séricos de lactato, além de avaliações clínicas, para guiar a ressuscitação de
crianças com choque séptico e outras disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de
evidências muito baixa). PICO 19
Observações: Em crianças com lactato sanguíneo elevado, a repetição de exames que revela elevação persistente do
lactato sanguíneo pode significar ressuscitação hemodinâmica incompleta e deve indicar a necessidade de intervenções
adicionais para promover estabilidade hemodinâmica complementar.
DROGAS VASOATIVAS
28. Sugerimos o uso de epinefrina, em vez de dopamina, em crianças com choque séptico (recomendação fraca, qualidade
de evidências baixa). PICO 22
29. Sugerimos o uso de norepinefrina, em vez de dopamina, em crianças com choque séptico (recomendação fraca, qualidade
de evidências baixa). PICO 23
30. Não foi possível fornecer uma recomendação para a droga vasoativa específica de primeira escolha em crianças com
choque séptico. PICO 22/23
31. Não foi possível fornecer uma recomendação sobre iniciar administração de drogas vasoativas através de acesso periférico
em crianças com choque séptico. PICO 26
Observações: É razoável iniciar as infusões de drogas vasoativas após 40-60 mL/kg de ressuscitação com fluidos, se o
paciente continuar manifestando evidências de perfusão anormal ou tão logo desenvolver sobrecarga de fluidos ou
apresentar outras limitações para administração de fluidos. A epinefrina ou a norepinefrina podem ser administradas por
uma veia periférica (ou intraóssea, se houver), se o acesso venoso central não estiver prontamente disponível. A dopamina
pode ser substituída como a droga vasoativa de primeira escolha, administrada periférica ou centralmente, se a epinefrina
ou a norepinefrina não estiverem prontamente disponíveis.
32. Sugerimos acrescentar vasopressina ou continuar titulando catecolaminas em crianças com choque séptico que exigem
altas doses de catecolaminas (recomendação fraca, qualidade de evidências baixa). PICO 25
Observações: Não houve consenso sobre o limiar ideal para iniciar a vasopressina. Portanto, essa decisão deve ser tomada
de acordo com a preferência clínica individual.
33. Não foi possível fornecer uma recomendação sobre a adição de um inodilatador em crianças com choque séptico e
disfunção cardíaca em uso de outros agentes vasoativos. No entanto, em nossa prática, utilizamos ocasionalmente
inodilatadores em crianças com choque séptico e evidências de hipoperfusão persistente e disfunção cardíaca, apesar de
outros agentes vasoativos. PICO 24
VENTILAÇÃO
34. Não foi possível fornecer uma recomendação sobre a intubação de crianças com choque séptico refratário a fluidos e
resistente a catecolamina. No entanto, em nossa prática, normalmente intubamos crianças com choque séptico refratário
a fluidos e resistente a catecolamina sem insuficiência respiratória. PICO 27
S74
Weiss et al.
35. Sugerimos não utilizar etomidato ao intubar crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à
sepse (recomendação fraca, qualidade de evidências baixa). PICO 28
36. Sugerimos uma tentativa de ventilação mecânica não-invasiva (no lugar de ventilação mecânica invasiva) em crianças
com SDRA pediátrica (SDRAP) induzida pela sepse sem uma indicação evidente para intubação e que estejam
respondendo à ressuscitação inicial (recomendação fraca, qualidade de evidências muito baixa). PICO 29
Observações: Quando a ventilação mecânica não-invasiva for instalada, os médicos devem reavaliar cuidadosa e
frequentemente o quadro clínico do paciente.
37. Sugerimos o uso de pressão expiratória final positiva (PEEP) elevada em crianças com SDRAP induzida pela sepse
(recomendação fraca, qualidade de evidências muito baixa). PICO 30
Observações: O nível exato da PEEP elevada não foi testado ou determinado em pacientes com SDRAP. Alguns ECRs e
estudos observacionais em SDRAP utilizaram e defenderam o uso da tabela FiO2 versus PEEP da ARDS-network, embora
os efeitos adversos hemodinâmicos da PEEP elevada possam ser mais predominantes em crianças com choque séptico.
38. Não foi possível sugerir o uso favorável ou desfavorável de manobras de recrutamento em crianças com SDRAP induzida
pela sepse e hipoxemia refratária. PICO 31
Observações: Se uma manobra de recrutamento for considerada, o uso de uma manobra de titulação de PEEP gradual,
com aumentos e reduções da PEEP, é preferível às técnicas de insuflação sustentada que não foram otimizadas por
testes diretos em pacientes com SDRAP. Todos os pacientes com SDRAP devem ser cuidadosamente monitorados em
relação à tolerância da manobra.
39. Sugerimos uma tentativa de posição prona em crianças com sepse e SDRAP grave (recomendação fraca, qualidade de
evidências baixa). PICO 32
Observações: Ensaios de pesquisas em adultos com SDRA e crianças com SDRAP enfatizaram o uso aa posição prona
por, no mínimo, 12 horas por dia, conforme tolerado.
40. Recomendamos contra o uso rotineiro de óxido nítrico inalatório (NO) em todas as crianças com SDRAP induzida por
sepse (recomendação forte, qualidade de evidências baixa). PICO 33
41. Sugerimos o uso de NO como terapia de resgate em crianças com SDRAP induzida por sepse e hipoxemia refratária
após outras estratégias de oxigenação terem sido otimizadas (recomendação fraca, qualidade de evidências moderada).
PICO 33
42. Não foi possível fornecer uma recomendação para utilizar a ventilação de alta frequência oscilatória (VAFO) em
substituição à ventilação convencional em crianças com SDRAP induzida por sepse. PICO 34
43. Sugerimos o uso de bloqueio neuromuscular em crianças com sepse e SDRAP grave (recomendação fraca, qualidade
de evidências muito baixa). PICO 35
Observações: A duração exata do bloqueio muscular para uso em pacientes com SDRAP grave não foi determinada até
o momento. A maioria de dados observacionais pediátricos e dados de ECR em adultos respaldam tratamento por 24-
48 horas após início da SDRA.
CORTICOSTERÓIDES
44. Sugerimos não utilizar hidrocortisona intravenosa para tratar crianças com choque séptico se a ressuscitação com fluidos
e a terapia vasopressora forem capazes de restaurar a estabilidade hemodinâmica (recomendação fraca, qualidade de
evidências baixa). PICO 47
45. Sugerimos que a hidrocortisona intravenosa pode ser utilizada ou não utilizada se a adequada ressuscitação com fluidos
e a terapia vasopressora não forem capazes de restaurar a estabilidade hemodinâmica (recomendação fraca, qualidade
de evidências baixa). PICO 47
ENDÓCRINO E METABÓLICO
46. Recomendamos contra o uso da terapia insulínica para manter um alvo de glicose no sangue igual ou inferior a 140
mg/dL (7,8 mmol/L) (recomendação forte, qualidade de evidência moderada). PICO 52/60
S75
Weiss et al.
47. Não foi possível fornecer uma recomendação referente à faixa de glicose no sangue como objetivo em crianças com
choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse. PICO 52/60
48. Não foi possível recomendar um nível sérico de cálcio em crianças com choque séptico ou disfunção orgânica associada
à sepse. PICO 62
49. Sugerimos contra o uso habitual de levotiroxina em crianças com choque séptico e outras disfunções orgânicas
associadas à sepse em um estado eutireoideo do paciente (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO
63
50. Sugerimos a terapia antipirética ou abordagem permissiva para febre em crianças com choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência moderada). PICO 64
NUTRIÇÃO
51. Não foi possível fornecer recomendação referente a alimentação enteral trófica/hipercalórica, seguida pelo aumento lento
da alimentação enteral completa em contraste com a alimentação enteral completa precoce em crianças com choque
séptico ou disfunção orgânica associada à sepse, quando não há contraindicações para alimentação enteral. PICO 51
52. Sugerimos não suspender a alimentação enteral exclusivamente com base na administração de agentes vasoativos-
inotrópicos (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 48
Observações: A alimentação enteral não é contraindicada em crianças com choque séptico após ressuscitação
hemodinâmica adequada que não mais exija doses progressivas de agentes vasoativos ou na quais o desmame dos
agentes vasoativos tenha sido iniciado.
53. Sugerimos a nutrição enteral como o método de alimentação preferencial e que a nutrição parenteral possa ser suspensa
nos primeiros 7 dias de admissão na UTIP em crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas
à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidências moderada). PICO 49/50
54. Sugerimos contra a suplementação com emulsões lipídicas específicas em crianças com choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 53
55. Sugerimos contra as medições de rotina de volumes residuais gástricos (VRGs) em crianças com choque séptico ou
outras disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 54
56. Sugerimos a administração de alimentação enteral por um tubo gástrico, em vez de tubo de alimentação pós-pilórica,
em crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse que não têm contraindicações para
alimentação enteral (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 55
57. Sugerimos contra o uso de rotina de agentes procinéticos no tratamento de intolerância alimentar em crianças com
choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa).
PICO 56
58. Sugerimos contra o uso do selênio em crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse
(recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 57
59. Sugerimos contra o uso de suplementação de glutamina em crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas
associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidências baixa). PICO 58
60. Sugerimos contra o uso de arginina no tratamento de crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas
associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 59
61. Sugerimos contra o uso de suplementação de zinco em crianças com choque séptico ou outras disfunções associadas
à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 61
62. Sugerimos contra o uso de ácido ascórbico (vitamina C) no tratamento de crianças com choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 65
63. Sugerimos contra o uso de tiamina para tratar crianças com disfunção orgânica associada à sepse (recomendação fraca,
qualidade de evidências baixa). PICO 66
S76
Weiss et al.
64. Sugerimos contra a reposição aguda da deficiência de vitamina D (DVD) para tratamento de choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 67
PRODUTOS SANGUÍNEOS
65. Sugerimos contra a transfusão de glóbulos vermelhos (TGV), se a concentração de hemoglobina no sangue for maior
ou igual a 7 g/dL em crianças hemodinamicamente estabilizadas com choque séptico ou outras disfunções orgânicas
associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 38
Observações: De acordo com as diretrizes da Iniciativa de Especialização em Anemia e Transfusão (TAXI) de 2018, com
a finalidade de TGV, “hemodinamicamente estabilizado” é definido como PAM maior que 2 desvios padrão abaixo do
normal para idade e sem aumento nas medicações vasoativas por, no mínimo, 2 horas.
66. Não foi possível fornecer recomendação referente aos limiares de transfusão de hemoglobina para crianças gravemente
enfermas com choque séptico instável. PICO 38
67. Sugerimos contra a transfusão profilática de plaquetas com base exclusivamente nos níveis de plaquetas em crianças
sem sangramento com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse e trombocitopenia
(recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 40
68. Sugerimos contra a transfusão profilática de plasma em crianças sem sangramento com choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse e anormalidades de coagulação (recomendação fraca, qualidade de evidências
muito baixa). PICO 39
Observações: A transfusão profilática de plasma refere-se a situações em que há anormalidade nos testes laboratoriais
de coagulação, mas sem sangramento ativo.
TROCA DO PLASMA, SUBSTITUIÇÃO RENAL E SUPORTE EXTRACORPÓREO
69. Sugerimos contra o uso de troca do plasma (PLEX) em crianças com choque séptico ou outras disfunções orgânicas
associadas à sepse sem falência múltipla dos órgãos associada à trombocitopenia (TAMOF) (recomendação fraca,
qualidade de evidência muito baixa). PICO 37
70. Não foi possível sugerir como favorável ou desfavorável ao uso de PLEX em crianças com choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse com TAMOF. PICO 37
71. Sugerimos o uso da terapia de substituição renal (TSR) para evitar ou tratar a sobrecarga de fluidos em crianças com
choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse que não respondem à restrição de fluidos e terapia
diurética (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 43
72. Sugerimos contra a hemofiltração de alto volume (HVHF) em relação a hemofiltração padrão em crianças com choque
séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse que forem tratadas com terapia de substituição renal
(recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 44
73. Sugerimos o uso de ECMO venoso em crianças com SDRAP e hipóxia refratária (recomendação fraca, qualidade de
evidência muito baixa). PICO 36
74. Sugerimos o uso da ECMO venoarterial como terapia de resgate em crianças com choque séptico somente se este for
refratário a todos os outros tratamentos (recomendação fraca, qualidade de evidência muito baixa). PICO 45
IMUNOGLOBULINAS
75. Sugerimos contra o uso habitual de imunoglobulina intravenosa (IglV) em crianças com choque séptico ou outras
disfunções orgânicas associadas à sepse (recomendação fraca, qualidade de evidência baixa). PICO 46
Observações: Ainda que o uso habitual de IgIV não seja recomendado, os pacientes selecionados podem se beneficIar
desse tratamento.
PROFILAXIA
76. Sugerimos contra o uso habitual da profilaxia de úlcera por estresse em crianças gravemente enfermas com choque
séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse, exceto por pacientes de alto risco (recomendação fraca,
qualidade de evidência muito baixa). PICO 41
S77
Weiss et al.
Observações: Embora a profilaxia habitual para úlcera por estresse não seja recomendada, alguns pacientes de alto risco
podem se beneficiar da profilaxia. Estudos corroboraram o benefício da profilaxia para úlcera por estresse quando a taxa
basal de sangramento, clinicamente importante, é de aproximadamente 13%.
77. Sugerimos contra a profilaxia habitual para trombose venosa profunda (TVP) (mecânica ou farmacológica) em crianças
gravemente enfermas com choque séptico ou outras disfunções orgânicas associadas à sepse, mas os possíveis
benefícios podem superar os riscos e custos em populações específicas (recomendação fraca, qualidade de evidência
baixa). PICO 42
S78