A Teoria Da Perspectiva e As Mudanças de Preferência PDF
A Teoria Da Perspectiva e As Mudanças de Preferência PDF
A Teoria Da Perspectiva e As Mudanças de Preferência PDF
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ig Revista de Economia Poltica, vol. 30, n 2 (118), pp. 340-356, abril-junho/2010
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Bruno Berger*
Huscar Fialho Pessali**
The theory of the perspective and the changes of preference in the mainstream:
a Lakatosean prospect. For many decades over the 20th Century, the mainstream
of economics adopted a normative and axiomatic theory of individual behavior in
which maximizing procedures were carried out by rationally unbounded agents. This
status has been challenged on many grounds and alternative views from fields like
psychology have found a way into the core of economics research frontier. Prospect
theory, developed by psychologists Daniel Kahneman and Amos Tversky since the
1970s, has provided a more empirical, inductive and descriptive theory of decision
making. It has made significant inroads into mainstream microeconomics, shaking
the habits of some of its practitioners. This paper first takes stock of its main devel-
opments and then uses a Lakatosian framework to draw out its negative and positive
heuristics. In what follows, its heuristics are compared to those of traditional rational
decisionmaking theories. The differences between them are highlighted, pointing to
changes in the mainstream of the profession and to new opportunities for research.
Keywords: decision making; prospect theory; behavioral economics; experimen-
tal economics; expected utility theory.
JEL Classification: D01; B41.
INTRODUO
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2007
Economia Psicologia
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A taxa mdia de acrscimos de citaes nos cinco anos posteriores a 2002, por exemplo, duas vezes
maior que a mesma taxa para os cinco anos anteriores a 2002 (inclusive).
2
Uma consulta feita em janeiro de 2009 ao Social Science Citation Index <http://isiwebofknowledge.
com> contabilizou 5.631 citaes ao artigo.
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Ver Kahneman & Tversky (2000) para uma amostra de seus desenvolvimentos.
Vernon Smith (1982), que dividiu o Nobel de 2002 com Kahneman, caracte-
riza um experimento nas cincias econmicas como a reproduo de um sistema
microeconmico definido por dois componentes: ambiente e instituies. O am-
biente definido por informaes como o nmero de agentes participantes, suas
preferncias, os bens existentes, a posse de tecnologia ou conhecimento e a posse
dos bens. Ou seja, o ambiente microeconmico delimitado por uma gama de
caractersticas estveis do contexto de ao. J as instituies so as regras do
jogo o que ou no permitido nos experimentos, os meios de comunicao, as
maneiras de realizao das trocas, e outras especificaes (Smith, 1982). Estas so
as variveis de controle do experimentador para que se observe um terceiro com-
ponente do experimento, o comportamento dos participantes, que resulta de sua
interao com o ambiente e as instituies.
Para que se possa controlar os dois componentes acima e para que os resulta-
dos do experimento tenham validade fora do laboratrio, cinco condies precisam
ser atendidas: no saciamento (nonsatiation), salincia (saliency), dominncia (do-
minance), privacidade (privacy) e paralelismo (parallelism). Para Smith (1982), as
quatro primeiras condies garantem a existncia de um experimento microecon-
mico controlado, permitindo o teste de hipteses e teorias. A quinta condio, o
paralelismo, refere-se possibilidade de se transferir os resultados de um experi-
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Essa discusso no nos cabe aqui. Para o leitor interessado no tema, sugerimos Smith (1982, 2002),
Kagel e Roth (1995), Siakantaris (2000), Bianchi (2001), Guala (2002) e Villeval (2007). Vale ressaltar
que experimentos tambm so usados em outras reas da economia sem interesses primordialmente
comportamentais.
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Uma anlise mais extensa destas condies feita por Smith (1982).
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Essa discusso est alm do escopo deste trabalho. Para aprofundamentos no tema, ver Smith (1982,
2002), Siakantaris (2000), Bianchi (2001), Guala (2002) e Villeval (2007).
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Muito embora seja sempre possvel us-los na explicao post hoc de quaisquer resultados, tornan-
do-a no falsevel (Hutchison, 1938; Boland, 1981; Hodgson, 2004).
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Plott (1991) lida com essa questo mais ampla.
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Interessante notar que Thaler usa o termo anomalia, o mesmo usado por Kuhn em sua teoria de
revolues cientficas. Resta saber, porm, se vai haver massa crtica de persuaso na comunidade
cientfica da rea de economia sobre sua importncia. Uma busca no banco de textos Econpapers em
janeiro de 2009 gerou 1189 hits com a palavra anomalies no ttulo ou no resumo e 523 hits com
prospect theory. Como simples referncias, fizemos a pesquisa com o termo transaction cost eco-
nomics (1443 hits) e com o termo bounded rationality (926 hits).
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Alm dos trabalhos j citados na introduo, ver tambm Lewin (1996), Binmore (1999) e Davis
(2008b). A viso interna economia experimental pode ser encontrada em, e.g., Camerer et al. (2003)
e Carbone & Starmer (2007). Para vises internas teoria da perspectiva em particular, ver Kahneman
e Tversky (2000) e Thaler (2000).
Entre as teorias racionais de deciso sob risco, podemos situar a Teoria dos
Jogos de Von Neumann e Morgenstern, a Teoria de Alocao de Portflio de
Markowitz, e o CAPM (Capital Asset Pricing Model) de Sharpe. Embora haja di-
ferenas em seus modelos e aplicaes, seus pressupostos principais so idnticos:
a ideia de que os agentes podem formular uma distribuio de probabilidades dos
eventos e conhecer seus respectivos pay-offs, e maximizam o saldo de suas escolhas
em consonncia com a teoria da utilidade esperada.
A teoria da utilidade se sustenta em quatro suposies bsicas: cancelamento,
transitividade, dominncia e invarincia. De acordo com o princpio da dominn-
cia, se determinada opo melhor que outra em um dos possveis resultados, e
pelo menos igual em todas as outras possibilidades, ento a opo dominante deve
ser escolhida. A condio de invarincia respeitada quando a preferncia entre
uma escolha ou outra independente da maneira como elas so apresentadas. O
cancelamento a propriedade de eliminar do processo decisrio outros eventos que
gerem os mesmos resultados, independente da escolha realizada. A transitividade
possibilita representar a preferncia por diferentes opes com uma escala ordinal,
uma escala que ser respeitada independente das opes comparadas: se A pre-
fervel a B e B prefervel a C, C no pode ser prefervel a A. Essa suposio
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Como ressalta Muramatsu (2009), muitos economistas tentam seguir uma estratgia de mudanas
graduais. H, assim, um esforo em acomodar novas ideias s bases tericas que dominam e com as
quais se sentem seguros, e isto tem acontecido com os economistas que se utilizam de teorias das de-
cises e se deparam com as novidades propostas pela economia experimental.
Teoria da perspectiva
Ncleo Duro
Ncleo Duro
- Ponderao no-linear de probabilidades
- Dominncia e invarincia
- Avaliao de resultados
- Princpios da teoria da utilidade
como ganhos e perdas
esperada: expectativa, integrao
com ativos, averso ao risco - Estrutura cognitiva do agente:
integrada, com singularidades estruturais
- Estrutura cognitiva do agente:
(vieses) que marcam a transformao
integral, sem atritos na transformao
input-output (informao-ao)
input-output (Informao-ao)
e do origem a heursticas.
Teoria da perspectiva e as
perspectivas da cincia econmica
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Agradecemos a um parecerista por ter levantado este ponto.
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Vale notar aqui a virtual nulidade da pesquisa econmica brasileira no campo. Talvez a predominn-
cia de interesse na macroeconomia faa mais rarefeita a preferncia dos economistas brasileiros pela
experimentao microeconmica possibilitada pela teoria da perspectiva, bem como pela possibilidade
de explorar peculiaridades da cultura e do contexto brasileiros no que tange s decises econmicas.
CONSIDERAES FINAIS
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Modelos economtricos de painel no balanceado, por exemplo, podem usar experimentos repetidos
ao longo do tempo ou em contextos diferentes (cross-section).
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS