Faltou unanimidade na Suíça. Cimeira sobre Paz sem Rússia insiste na soberania ucraniana

por RTP
Ficou assinado que qualquer ameaça ou uso de armas nucleares no contexto da guerra em curso contra a Ucrânia é inadmissível Michael Buholzer - EPA

Terminou este domingo, com um consenso alargado mas sem unanimidade entre as 101 delegações, a Cimeira sobre a Paz na Ucrânia, organizada em solo suíço e sem a presença da Rússia. Os 79 signatários da declaração final, incluindo os diretórios europeus e o Conselho da Europa, enfatizam que a soberania, a independência e a integridade territorial de todos os Estados devem ser salvaguardadas.

Quanto à a segurança nuclear, os signatários da declaração final estabeleceram que o uso de energia e instalações nucleares deve ser seguro, protegido e ambientalmente correto. As instalações nucleares ucranianas, incluindo Zaporizhia, devem operar com segurança sob total controlo do país.Ficou assinado que qualquer ameaça ou uso de armas nucleares no contexto da guerra em curso contra a Ucrânia é inadmissível.


No domínio da segurança alimentar, deve ser garantida a navegação comercial gratuita, completa e segura, bem como o acesso a portos marítimos nos mares Negro e de Azov.

Ataques a navios mercantes em portos e ao longo de toda a rota, bem como contra portos civis e infraestrutura portuária civil, são considerados inaceitáveis.

Em terceiro lugar, todos os prisioneiros de guerra devem ser libertados por troca completa. Todas as crianças ucranianas deportadas e deslocadas ilegalmente, assim como todos os outros civis ucranianos ilegalmente detidos, devem ser devolvidos ao país de origem.
A Carta das Nações Unidas, incluindo os princípios de respeito à integridade territorial e soberania de todos os Estados, servirá como base para alcançar uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia, ainda de acordo com o documento que culminou a cimeira na Suíça.
"Rússia e os seus dirigentes não estão prontos para a paz"
No termo da cimeira, em conferência de imprensa, o presidente ucraniano carregou na ideia de que Moscovo não se revela preparada "para uma paz justa".

"Devemos fazer o nosso trabalho, não pensar na Rússia, fazermos o que devemos fazer. Por agora, a Rússia e os seus dirigentes não estão prontos para uma paz justa. É um facto", insistiu Volodymyr Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano anunciou ainda que já estão fechados acordos preliminares com vários países e mostrou-se convicto de que, numa segunda conferência da paz, haverá passos adicionais para o fim da guerra a leste.

"Segurança nuclear, segurança alimentar a libertação de prisioneiros e deportados, incluindo milhares de crianças raptadas pela Rússia. E agora, após a cimeira, propusemos e concordámos em continuar o nosso trabalho conjunto a um nível mais técnico, a nível de conselheiros e ministros, sob a forma de reuniões especiais", enumerou.

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, quis garantir que a União vai manter a postura e apoio incondicional à Ucrânia.
Afirmou também que os 101 países presentes nesta Cimeira sobra a Paz vão procurar um caminho para o término do conflito, apesar da ausência de unanimidade na declaração final.

"Caberá à Ucrânia determinar as condições de uma paz justa. A União Europeia vai apoiar-vos nisto e vai continuar a angariar apoio em todo o mundo", assinalou Von der Leyen.

"E apelo à Rússia para que acate a mensagem da comunidade internacional: respeitar a integridade e a soberania territoriais da Ucrânia, pôr termo à violência imperialista e trazer de volta as crianças", rematou.
O que reafirma o Kremlin
Já na manhã deste domingo, pouco antes do cair do pano sobre os trabalhos em Bürgenstock, a Presidência russa havia sustentado que as autoridades da Ucrânia deveriam refletir sobre a mais recente proposta de paz de Vladimir Putin, dada a degradação do quadro na frente da guerra para as tropas ucranianas.

"A dinâmica atual da situação na frente mostra-nos claramente que vai continuar a piorar para os ucranianos. É provável que um homem que coloca os interesses do seu país acima dos seus próprios interesses e dos interesses dos seus patrões considere tal proposta", lançou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, referindo-se a Volodymyr Zelensky.

Na sexta-feira, o presidente russo prometera ordenar um cessar-fogo na Ucrânia e encetar negociações, caso Kiev desse início à retirada de tropas das quatro regiões anexadas por Moscovo em 2022 e abandonasse o projeto da adesão à NATO.

As condições do Kremlin foram de imediato recusadas por Ucrânia, Estados Unidos e Aliança Atlântica.

c/ agências
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