Saiba quem são os suspeitos de mandar matar Marielle, presos pela PF neste domingo (24)
Os irmãos Brazão e um ex-chefe da Polícia Civil do Rio foram alvos de mandados de prisão na Operação Murder Inc.
A Polícia Federal prendeu, na manhã deste domingo (24), três suspeitos de atuarem como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
Conforme fontes da investigação ouvidas pela CNN, foram presos os irmãos Chiquinho Brazão e Domingos Brazão, além de Rivaldo Barbosa. A ação é um desdobramento da Operação Murder Inc, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão.
Chiquinho Brazão
Chiquinho Brazão foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro nas eleições de 2018, pelo Avante. Em 2022, migrou para o União Brasil. Até fevereiro deste ano, Chiquinho também era secretário municipal de Ação Comunitária da Prefeitura do Rio, mas pediu exoneração do cargo após quatro meses, depois do crescimento de rumores sobre sua participação na execução de Marielle.
Antes de atuar como deputado, Chiquinho foi vereador da capital fluminense por quatro mandatos consecutivos, entre 2004 e 2018. Nos dois últimos anos no cargo, foi colega de Marielle na Câmara Municipal do Rio.
Ele começou a ser investigado após a delação de Ronnie Lessa, apontado como executor dos disparos que mataram a vereadora e seu motorista.
Domingos Brazão
Seu irmão, Domingos Brazão, passou a ocupar o cargo no Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro em 2015. Antes disso, no entanto, também atuou no Executivo, como deputado estadual. Ele trabalhou na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) de 1999 até a entrada no TCE, 16 anos depois.
Embora Domingos também tenha sido apontado na delação de Lessa, ele é investigado há mais tempo que o irmão. Ainda em 2019, um ano depois do assassinato, ele foi denunciado pela então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, como principal suspeito de ordenar a morte.
Ele também foi delatado pelo ex-policial Élcio de Queiroz, mas sempre negou ter participado do crime ou sequer conhecido Marielle, Anderson, Lessa e o próprio Queiroz.
Além do caso Marielle, Domingos já foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por abuso de poder econômico, nas eleições de 2010, mas conseguiu se manter no cargo após uma liminar do então ministro Ricardo Lewandowski.
Em uma discussão com a então deputada Cidinha Campos, Brazão chegou a admitir ter sido preso por matar uma pessoa em 1987, mas que foi solto após a Justiça entender que se tratava de legítima defesa.
Rivaldo Barbosa
O delegado Rivaldo Barbosa, terceiro alvo preso pela PF, foi nomeado chefe da Polícia Civil do Rio (PCERJ) em 13 de março de 2018, um dia antes do assassinato de Marielle e Anderson. Quem convidou Barbosa ao cargo foi o general Walter Braga Netto, à época o responsável pela intervenção federal no estado do Rio e, posteriormente, ministro no governo de Jair Bolsonaro (PL).
Rivaldo, que também já comandou a Direção de Homicídios, chefiou a PCERJ por menos de um ano. Em janeiro de 2019, deixou o cargo após a posse do então governador Wilson Witzel.
Em entrevista à CNN, a mãe de Marielle Franco, Marinete da Silva, falou sobre a confiança que tinha no ex-chefe da PCERJ, que havia colocado a resolução do caso até como “questão de honra”.
“É muito difícil”, lamentou a mãe da vereadora. “Principalmente o doutor Rivaldo, que era uma pessoa que a minha filhava confiava e, pra mim, me falou que era questão de honra solucionar o caso. No entanto, ele chancelou uma atrocidade, uma barbárie dessa na noite anterior.”
“Sempre fiz muitos elogios ao trabalho dele, era um homem aparentemente sério”, acrescentou Marinete. “Estive com ele várias vezes, ele elogiava muito a minha filha, esteve comigo e com o pai dela, e garantia que isso seria resolvido assim que possível. Era essa figura que trouxe pra gente essa confiança dentro do que estava sendo feito nas investigações naquela época.”
A Operação Murder Inc, que resultou na prisão dos três suspeitos, é um trabalho conjunto da PF, da Procuradoria Geral da República (PGR) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).
A CNN entrou em contato com a defesa de todos os suspeitos, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.