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    O que se sabe sobre as pessoas capturadas pelo Hamas em Israel

    Capturas pelo grupo islâmico ocorreram em comunidades fronteiriças, em festival de música e também afetaram estrangeiros

    Da CNN

    Acredita-se que dezenas de pessoas tenham sido capturadas em Israel por combatentes do grupo islâmico Hamas, classificado pelos Estados Unidos e pela União Europeia como grupo terrorista, no final de semana. Eles estão detidos em locais em Gaza, complicando a resposta de Israel ao ataque mortal do grupo no último sábado (7).

    Israel trabalha para determinar o número exato de reféns que foram levados para Gaza. O tenente-coronel Richard Hecht, porta-voz internacional dos militares israelenses, disse à CNN no domingo (7) que dezenas de pessoas foram capturadas e enfatizou o quão complexa era a situação quando o Exército lançou ataques aéreos contra Gaza em retaliação. Num comunicado anterior, ele disse que “civis, crianças e idosos” estavam entre os mantidos em cativeiro.

    As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, alertaram que os ataques israelenses na área poderiam representar uma ameaça aos reféns, com seu porta-voz, Abu Obaida, dizendo em uma mensagem de áudio gravada no sábado que eles estavam “presentes em todos os eixos da Faixa de Gaza”.

    Numa entrevista ao canal de notícias árabe “al-Ghad TV”, Mousa Abu Marzouk, vice-chefe do gabinete político do Hamas, disse que o número de reféns israelenses “ainda não foi contabilizado, mas são mais de 100”, e afirmou que há “oficiais do Exército israelense de alta classificação” entre eles.

    Outro grupo armado palestino, a Jihad Islâmica, disse no domingo que mantém ao menos 30 reféns em Gaza. A CNN não conseguiu verificar as alegações do Hamas e da Jihad Islâmica.

    O tenente-coronel Jonathan Conricus, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), disse ao âncora da CNN Wolf Blitzer não haver precedente de tantos cidadãos israelenses “nas mãos de uma organização terrorista”.

    Já se passaram mais de 17 anos desde que um soldado israelense foi feito prisioneiro de guerra num ataque ao território do país. Desde os combates cidade a cidade na guerra pela independência, em 1948, Israel não via infiltração em bases militares.

    Em 2006, militantes capturaram um soldado de Israel, Gilad Shalit, na época com 19 anos, do lado israelense da cerca da fronteira de Gaza. O Hamas deteve Shalit durante 5 anos, antes de ele ser trocado por mais de 1.000 prisioneiros palestinos das prisões israelenses.

    Até agora, sabia-se também que o grupo detinha dois civis israelenses que atravessaram a fronteira para Gaza e foram capturados, bem como os restos mortais de dois soldados.

    Veja o que a CNN sabe sobre alguns dos reféns feitos pelo Hamas desde seu ataque:

    Rave

    Centenas de participantes de um festival de música eletrônica correram pelas planícies do deserto de Negev, perto de Urim, uma comunidade próxima de Gaza, para escapar de homens armados que os perseguiam. Mais de 260 corpos foram encontrados no local. Três brasileiros, que estavam no evento, seguem desaparecidos.

    Num vídeo que se tornou viral, uma mulher israelense e o seu namorado – identificado como Noa Argamani e Avinatan Or – foram registrados durante o rapto. Argamani foi colocada na traseira de uma motocicleta, enquanto Or era detido e obrigado a andar com as mãos nas costas. A CNN não conseguiu verificar o vídeo.

    “É muito difícil quando você vê alguém que é tão próximo de você ser tratado assim”, disse Amir Moadi, colega de quarto de Noa Argamani, à CNN, acrescentando que conhecia cerca de cinco ou seis pessoas que estiveram em o festival e, desde então, desapareceram.

    Em vídeo verificado pela CNN, uma mulher inconsciente que estava no festival podia ser vista por militantes armados em Gaza, enquanto os espectadores gritavam “Allahu Akbar”.

    Mais tarde, a CNN confirmou a identidade da mulher como sendo a cidadã germano-israelense Shani Louk.

    Ricarda Louk, mãe de Shani, disse à CNN que falou pela última vez com a filha depois de ouvir foguetes e alarmes soando no sul de Israel, e ligou para saber se ela havia chegado a um local seguro. Shani disse à mãe que estava no festival e tinha poucos lugares para se esconder.

    “Ela estava indo para o carro e eles tinham militares parados ao lado dos carros e atirando, para que as pessoas não conseguissem alcançar seus carros, até mesmo para ir embora. E foi então que a levaram”, disse Ricarda à CNN, acrescentando que espera ver a filha novamente.

    “Parece muito ruim, mas ainda tenho esperança. Espero que não levem órgãos para negociações. Espero que ela ainda esteja viva em algum lugar. Não temos mais nada pelo que esperar, então tento acreditar”, disse.

    Veja imagens do massacre no festival de música

    Comunidades fronteiriças

    Os combatentes do Hamas fizeram reféns na comunidade fronteiriça de Be’eri e na cidade de Ofakim, 32 quilômetros a leste de Gaza, disse o porta-voz das FDI.

    Em discurso televisionado, ele disse que havia forças especiais com comandantes superiores nas duas comunidades e que os combates continuavam em 22 locais.

    Um vídeo, geolocalizado pela CNN como sendo de Be’eri, parece mostrar militantes do Hamas levando vários israelenses como prisioneiros.

    Moradores de Be’eri e de outra comunidade na fronteira de Israel com Gaza, Nir Oz, disseram à estação de televisão “Channel 12” do país que os agressores iam de porta em porta, tentando arrombar suas casas.

    O veículo informou ainda que infiltrados fizeram reféns no Netiv HaAsara. As autoridades israelenses não confirmaram imediatamente quaisquer detalhes sobre esses relatórios.

    Uma mãe israelense disse à CNN que estava ao telefone com os filhos, de 16 e 12 anos, que estavam sozinhos em casa quando ouviram tiros do lado de fora e pessoas tentando entrar. Então, pelo telefone, ela ouviu a porta quebrar.

    “Ouvi terroristas falando em árabe com meus filhos adolescentes. E o mais novo dizendo para eles ‘sou muito jovem para ir’”, disse a mãe. “E o telefone tocou, a linha tocou. Essa foi a última vez que ouvi falar deles.” A CNN não identifica a mãe e seus filhos por razões de segurança.

    Outro pai israelense disse à CNN que suspeita que sua esposa e suas filhas possam ter sido sequestradas enquanto visitavam Nir Oz. Ele disse que reconheceu sua esposa em um vídeo viral que mostra um grupo de pessoas sendo carregado na traseira de um caminhão ladeado por militantes do Hamas, enquanto ressoam cânticos de “Allahu Akbar”.

    “Nem sei qual é a situação em relação aos reféns, mas não parece boa”, disse Yoni Asher, acrescentando que rastreou o telefone da sua esposa e soube que ele estava localizado em Gaza.

    Num outro vídeo, geolocalizado pela CNN no bairro de Shejaiya, em Gaza, uma mulher descalça é puxada da bagageira de um jipe por um homem armado e depois forçada a sentar-se no banco de trás do carro. Seu rosto está sangrando e seus pulsos parecem amarrados atrás das costas. O jipe também parece ter uma placa das FDI, sugerindo que pode ter sido roubado e levado para Gaza.

    Veja imagens do conflito entre Israel e Hamas

    Soldados

    As Brigadas Al Qassam alegaram capturar “dezenas” de soldados israelenses no sábado.

    “Trazemos boas notícias aos nossos prisioneiros (palestinos) e ao nosso povo de que as Brigadas Al Qassam têm dezenas de oficiais e soldados (israelenses) capturados nas mãos”, disse o porta-voz do grupo, Abu Obaida, em publicação no Telegram. “Eles foram protegidos em locais seguros e túneis de resistência.”

    Vídeo geolocalizado e autenticado pela CNN mostra ao menos um soldado israelense sendo feito prisioneiro.

    O vídeo, publicado nas contas oficiais do Hamas nas redes sociais, mostra militantes arrancando dois soldados claramente aterrorizados e atordoados de um tanque desativado. Não está claro no vídeo como o tanque foi desativado, mas o Hamas já usou drones para lançar bombas sobre tanques israelenses antes.

    Um dos soldados é então visto em um pequeno trecho de vídeo sendo chutado no chão pelos militantes. No próximo clipe, o soldado é visto deitado imóvel no chão.

    O segundo soldado é visto sendo levado por militantes do Hamas. Um terceiro soldado – com o rosto muito ensanguentado – é visto deitado no chão, imóvel, perto da pista do tanque. A CNN não sabe o paradeiro ou situação atual dos três soldados.

    Um segundo vídeo, feito posteriormente, mostra vários homens armados diferentes ao redor do tanque. Os três soldados não estão em lugar nenhum.

    Os homens armados são vistos puxando um quarto soldado israelense do tanque. O soldado fica imóvel enquanto é arrastado pela lateral do tanque até o chão. Os homens armados são vistos pisoteando seu corpo.

    Veja: Parentes de brasileiros desaparecidos em Israel relatam apreensão

    Cidadãos estrangeiros

    O ataque impactou famílias em todo o mundo, com uma lista crescente de estrangeiros sequestrados.

    Dois cidadãos mexicanos, três brasileiros, um estudante nepalês e um cidadão britânico estão entre os desaparecidos.

    Dois cidadãos mexicanos, uma mulher e um homem, foram feitos reféns pelo Hamas, disse a ministra das Relações Exteriores do México, Alicia Barcena.

    Os brasileiros e o cidadão britânico de 26 anos, Jake Marlowe, estavam no festival de música.

    Marlowe, que trabalhava lá como segurança, está desaparecido desde a manhã de sábado, disse sua mãe à Embaixada de Israel no Reino Unido.

    Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse à CNN na noite de domingo que “é preciso presumir” que há cidadãos alemães entre os sequestrados pelo Hamas. “Tanto quanto sabemos, são todas pessoas que têm cidadania israelita, além da cidadania alemã”, disse a fonte, mas não quis comentar casos individuais.

    Onze cidadãos tailandeses foram feitos reféns, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Tailândia nesta segunda-feira.

    Israel é, há muito tempo, um destino importante para os migrantes tailandeses, a maioria dos quais trabalha em empregos agrícolas. Existem aproximadamente 30 mil trabalhadores tailandeses em Israel, segundo o Ministério das Relações Exteriores, e mais de mil pediram ajuda para serem evacuados.

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