Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    CNN Esportes

    Italiana abandona luta aos 46s, mas nega boicote a rival reprovada em teste de gênero

    Comissão técnica da boxeadora revelou que ela foi convidada a não participar da luta como forma de protesto

    Giovanna Rafaela Castroda Itatiaia

    A boxeadora Angela Carini se pronunciou após abandonar a luta contra a argelina Imane Khelif, aos 46 segundos de disputa, nesta quinta-feira (1). Em entrevista, a italiana disse não ter desistido da luta por causa das polêmicas envolvendo a adversária, mas sim devido a um desconforto no nariz.

    Khelif foi autorizada a participar da Olimpíada de Paris mesmo reprovando no teste de gênero da modalidade.

    Após a desistência, Carini disse não estar arrependida da decisão. “Isso não é uma derrota para mim. Estar aqui, escalar aquelas cordas é uma honra”, revelou a atleta.

    “Sempre lutei como uma guerreira, mas até as guerreiras às vezes desistem. Quando a batalha está perdida, eles enfiam a espada no chão, com honra. E é isso que eu fiz. Não desisti, apenas disse a mim mesmo que não era a minha hora. Eu tenho que aceitar isso e seguir em frente. Nada me assusta depois da morte do meu pai e se aconteceu assim é porque Deus e meu pai assim quiseram”, reforçou Angela

    Possível boicote

    Quando a italiana se retirou do ringue, a ação foi considerada por muitos como uma reação à participação da adversária. Isso porque Khelif, da categoria até 66kg, e a taiwanesa Lin Yu-ting, da categoria até 57kg, foram autorizadas a participar dos Jogos Olímpicos mesmo após serem reprovadas no teste de gênero. A decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) desagradou atletas e fãs da modalidade.

    Entretanto, Angela desmentiu as acusações e disse que a desistência da luta não era relacionada à polêmica com a argelina.

    “Não sou ninguém para julgar e não tenho nada contra a minha adversária. Eu tinha uma tarefa e a executei mesmo que ela não conseguisse. Tudo o que aconteceu antes da reunião não teve absolutamente nenhuma influência”, disse a italiana.

    O técnico da boxeadora, Emanuele Renzini, confirmou que Carini foi convidada a participar de um boicote a Imane, mas recusou.

    “Angela recebeu centenas de mensagens, inclusive nas redes sociais, convidando-a a não lutar pela sua segurança e a fazer sinal de protesto. A argelina está aqui porque o COI tomou esta decisão, que é muito difícil de tomar porque o caso é complicado. Ela também certamente têm sofrido com tudo o que está acontecendo”.

    Incômodo no nariz

    Angela Carini revelou, ainda, o real motivo que a fez descer do ringue. Ela sentiu um desconforto no nariz e estava com dificuldades para respirar.

    “Entrei no ringue e tentei lutar. Eu queria vencer. Recebi duas pancadas no nariz e não conseguia mais respirar, doeu muito, procurei o Maestro Renzini e com maturidade e coragem disse basta”, contou.

    “Ela teve um problema dentário há alguns dias, estava tomando antibióticos e pensei que esse fosse o problema. Conhecíamos Khelif, não a considerávamos imbatível. Angela não entrou no ringue derrotada. Ela preparou-se escrupulosamente. É triste vê-la sair assim”, acrescentou a comissão técnica italiana.

    Como Simone Biles driblou trauma de Tóquio em Paris

    Repercussão

    Após a luta, a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, falou sobre o caso.

    “Não concordo com a escolha do COI, há anos que não concordo. Quando em 2021 o COI alterou os regulamentos sobre este assunto, apresentamos uma moção para apontar as consequências que isso poderia ter”, disse a política na sua chegada à Casa Itália, em Paris.

    “É fato que, com os níveis de testosterona presentes no sangue da atleta argelina, a luta não parece justa. Houve também questões de segurança e devemos ter cuidado, na tentativa de não discriminar. Sempre procuro explicar que algumas teses levadas ao extremo correm o risco de impactar especialmente nos direitos das mulheres. Acho que atletas que possuem características genéticas masculinas não devem ser admitidas em competições femininas. Não para discriminar alguém, mas para proteger o direito das atletas femininas de poder competir de igual para igual”, acrescentou Meloni.

    A primeira-ministra ainda mandou um recado para a boxeadora italiana.

    “Agradeço à Angela Carini pela forma como lutou. O fato da Angela ter desistido me deixa ainda mais triste, fiquei emocionado ontem quando ela escreveu “Eu vou lutar” porque dedicação, determinação e caráter também contam nisso. coisas, mas também conta competir em igualdade de condições. Do meu ponto de vista, esta não foi uma competição em igualdade de condições”, finalizou.

    Acompanhe CNN Esportes em todas as plataformas

    Tópicos