PF prende suspeitos de encomendar morte de Marielle Franco; o que se sabe até agora

to por Justiça marca os seis anos do assassinato de Marielle Franco, no centro do Rio de Janeiro

Crédito, Tomaz Silva/Ag Brasil

Legenda da foto, Ato pelos seis anos da morte de Marielle Franco; polícia fez três prisões preventivas neste domingo (24/3)

A Polícia Federal realizou neste domingo (24/3) três mandados de prisão preventiva relacionados ao homicídio da então vereadora do PSOL no Rio de Janeiro, Marielle Franco, e de seu motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

Segundo confirmaram fontes da PF, foram presos os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão, além de Rivaldo Barbosa. Eles estão na penitenciária federal de Brasília.

Chiquinho Brazão é deputado federal e chegou a ser secretário especial de Ação Comunitária da prefeitura do Rio de Janeiro. Ele era filiado ao União Brasil. No começo da noite de domingo, o partido decidiu expulsá-lo.

Seu irmão Domingos Brazão é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro. Eles estavam sob investigação no caso, a partir da delação do ex-policial militar Elcio de Queiroz, acusado de ter dirigido o carro usado no assassinato de Marielle e Anderson.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se manifestou no início da tarde reiterando informações já divulgadas sobre os presos. Na declaração, durante entrevista coletiva em Brasília, Lewandowski afirmou que a conclusão das investigações e as prisões são um "triunfo expressivo do Estado brasileiro contra a criminalidade organizada".

O advogado Ubiratan Guedes, defensor do conselheiro do TCE do Rio Domingos Brazão, negou, na manhã deste domingo, envolvimento de seu cliente nos homicídios da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

"(Domingos Brazão) não tem nenhuma ligação com a Marielle (sic), agora cabe à defesa provar que ele é inocente", afirmou o advogado, ao chegar à sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio, na Praça Mauá, na capital fluminense. "Estamos surpresos."

Pule WhatsApp e continue lendo
No WhatsApp

Agora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celular

Entre no canal!

Fim do WhatsApp

Guedes reiterou que Brazão "nunca, nunca teve nenhuma ligação, nenhuma ligação"” com o caso. O advogado disse que ainda não tinha conversado com Brazão e que ia "entrar em contato agora com ele", para "saber o que" acontece.

"Não sabemos da imputação que é feita, está entendendo? Vamos ver", declarou.

O terceiro preso preventivamente, Rivaldo Barbosa, é ex-diretor da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Em postagem no X (ex-Twitter) neste domingo, Marcelo Freixo, que na época do crime era deputado estadual pelo mesmo partido de Marielle, escreveu: "Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e do Anderson e me dirigia ao local do crime. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte junto comigo. Agora Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem. Isso diz muito sobre o Rio de Janeiro".

Segundo a fonte da PF ouvida pela BBC News Brasil, a morte de Marielle teria sido encomendada por conta da resistência da vereadora a um projeto de lei que regulariza condomínios na zona oeste do Rio de Janeiro. A zona oeste tem bairros controlados por milicianos que exploram empreendimentos imobiliários na região.

Em 19 de março deste ano, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, havia anunciado que a delação premiada de Ronnie Lessa, preso acusado de ser o executor do crime, havia sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal, por envolver pessoas com foro privilegiado.

O ministro havia dito que a conclusão do caso Marielle ocorreria “em breve”.

Em postagem no X (antigo Twitter), Anielle Franco, irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial, afirmou neste domingo: "só Deus sabe o quanto sonhamos com esse dia! Hoje é mais um passo para conseguirmos respostas que tanto nos perguntamos nos últimos anos: quem mandou matar a Mari e por quê?"

A operação da PF deste domingo, chamada Murder Inc, também envolve 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, expedidos pelo STF, e tem “como alvos os autores intelectuais dos crimes de homicídio, de acordo com a investigação. Também são apurados os crimes de organização criminosa e obstrução de justiça”.

Em nota emitida neste domingo, o Supremo Tribunal Federal confirmou a expedição de ordem de prisão preventiva contra os irmãos Brazão e Rivaldo Barbosa, afirmando que a decisão passará por referendo da Primeira Turma do Tribunal nesta segunda-feira.

"Os três passaram por audiência de custódia conduzidas pelo magistrado instrutor do gabinete do ministro, desembargador Airton Vieira, nesta manhã, na Superintendência da Polícia Federal no Rio. As prisões foram mantidas, e os presos serão transferidos para presídio federal, no Distrito Federal", diz a nota do STF.