Academia.eduAcademia.edu

Roberto Esposito, Filosofia e Biopolítica

Tradução revista e corrigida, publicada em DE OLIVEIRA, Marcus Vinícius Xavier, DANNER, Leno Francisco. Filosofia do Direito e Contemporaneidade, II, São Carlos: De Castro, 2020, pp. 25-36

mm u b u b bu u v D Os organizadores Porto Velho (RO), agosto de 2020. mo u m bv o u v (bm b v O livro que o leitor tem em mãos é fruto de um trabalho cole vo levado a efeito pelos autores que acolheram o desa o proposto pelos organizadores de r mv u Filoso a do Direito a par r de diversos contextos e problemas, mas que tem um, por assim dizer, núcleo comum: a contemporaneidade. É certo que os conceitos, quando dissociados de seu necessário contexto, são nada mais do que chavões que não cumprem a função para as quais aqueles existem: orientar o r mv l m o oum u rovv olru mv o ov ruo l v ov t bv v buscou, ao m e ao cabo, responder. Posto isso, o que devemos entender por contemporâneo? A seguir, as lições de Roland Barthes no o , “[…] contemporâneo é o intempes vo”. Trata-se, como se pode perceber, de um conceito interessante, quase um paradoxo: se geralmente pensamos o contemporâneo como aquilo que nos é atual, no tempo e no espaço, para Barthes ele signi ca aquilo que é extemporâneo, aquilo que chega atrasado e, por isso, é imprevisto, mesmo inoportuno. Nesse sen do, todos os trabalhos aqui reunidos se preocupam em dar respostas a problemas contemporâneos-extemporâneos da loso a jurídica, seja em sen do estrito, seja em uma interpenetração ol ov l bv u lov o v u l mo Portanto, queremos agradecer a todos quanto colaboraram para o surgimento desta coletânea e à Fundação Rondônia de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Cien cas e Tecnológicas e à Pesquisa do Estado de Rondônia (FAPERO), cujo nanciamento permi u a organização e a publicação deste material. o u u v ( v o v u u u u v D PP m7-2 o 7 lr-uo -o v m o bl m o 7-v 2 v b m b1-v 1mo ]b1-v vt bv- uo]u-l- 7 v u-7 -2 o l b ovo bmb uvb7-7 7 u7 om7 mb- v mb l u ro 7 v 7ov vt bv-v l bu b o m um-1bom- m o u - m1 b v 1o - u1 v ( bm 1b v - b u 7 -mm u b b u- u ]v D PP 7b 2 o o -u ov 7b ou - -v u o Copyright © 2020 dos autores. omv o 7b oub- uo u 7ub-m- -u1b- om2- v mb uvb7-7 7 u- 7 o -u ov -u uo u m mou m ombo om2- v b o mb uvb7-7 v -7 - - bv m vr uo u u m- bmo b -u1b- b bumb uvb7-7 7 u- 7 ob v uo u b- ]bm1bo um-m7 v mb uvb7-7 7 u- 7- u-m7 o u-7ov uo u br uu bu- (-m7 u ( 7 m mb uvb7-7 7 u- 7 o -u ov -u uo u um-m7o 7 ub o v mb uvb7-7 v -7 - 7o ou 7o -u-m uo u bo om 0u 7- b bumb uvb7-7 7 u- 7o -u uo u obvm- bt bu- ouu bmb uvb7-7 7 u- 7 om7 mbuo u ]o om-u7o u bubmo mv b o 7 u- 7o ub m] o bm buo -lr v 0 u-0- -lr v -m2-7o 0 u-0- -ut 1mo ]b1o uo u bl- bm buo 7 b bumb uvb7-7 7 u- 7 bm-v u-bv -1 7-7 7 7 1-2 o uo u 1 b- bm -u v u-m l-mm mb uvb7-7 7 u- 7 - o uovvo 7o -lr v 7 u v -]o-v uo u b-m r-u 1b7-lrov mb uvb7-7 7 u- 7 o -u ov -u uo u - -mm- bou7-m- um-u7o blmb uvb7-7 7 u- 7o o1-m bmv uo u 1-v -ubm b -m - o mb uvb7-7 7 u- 7 0 u m7buo u bv -u ov -v1 o-u b mb uvb7-7 v -7 - - bv m vr --1 uo u b- b]o b um-m7 v ov mb uvb7-7 7 u- 7 o -u ov -u uo u -u1b- -1 -7o 7 blmb uvb7-7 7 u- 7 om7 mbuo u -u1bo ] v o -l-v buo mv b o 7 u- 7 7 1-2 o b m1b1mo o]b- 7o o1-m bmv uo u -u1 v (bm 1b v - b u 7 b bumb uvb7-7 7 u- 7 om7 mbuo u - uo -1 -7o (b bumb uvb7-7 7 u- 7 0 u m7buo u v - 7o or u bmo -u mb uvb7-7 7 u- 7 om7 mb- 7b ou 7- 7b ou-v uo -u ov mubt om2- v uof o ]u b1o -u ov mubt om2- v u 1-r- -u ov mubt om2- v o ov r-u- -u 1-r- bm um-v -u1 v (bm 1b v - b u 7 b buu r-u-7ou u bvou 7 ov moul- b -2 v u 7 ub1o o o1- 7 =-1 0ooh 1ol m7u-7 -b v =u 7 b 0 o7ov ov 7bu b ov 7 v - 7b2 o u v u -7ov -ov - ou v u ruo7 2 o m o - oub -7- 7 v - r 0 b1-2 o mo o7o o l parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9. 10). 7b ou-v uo 1om - o 7b ou-7 1-v uo 1ol 0u 7b ou-7 1-v uo 1ol 0u o ]l-b 1ol ȝ Filoso a e Biopolítica1 o0 u o vrovb o ňļŇłŀĴļņńňĸłŀĸķłłňĴĸņŃĸŅĴŁŬĴёĴņĸŁņĴŬőłńňĸņňņĶļŇĴŀ os acontecimentos políticos mundiais dos últimos anos é provavelmente o espanto. Antes que positivos, negativos ou mesmo trágicos, eles resulі tam antes de qualquer coisa inesperados. Mais ainda, se opõem a todo cálculo razoável de probabilidade. Da queda repentina e incruenta do sistema soviético em 1989 ao ataque de 11 de setembro de 2001, com tudo o que lhes há seguido, pelo menos o que se pode dizer é que não ņłŀĸŁŇĸŁĴķĴŁłņĹĴōļĴļŀĴĺļŁŏіĿłņёĶłŀłёļŁĶĿňņļʼnĸёńňĸŇňķłļŁķňōļĴĴ considerá-los inverossímeis. Naturalmente, certo grau de imprevisibilidade acompanha todo acontecimento coletivo, como a história o demonstra desde sempre. No ĸŁŇĴŁŇłё ĴļŁķĴŁłņ ĶĴņłņ ķĸ ŀĴļłŅ ķĸņĶłŁŇļŁňļķĴķĸё Ķłŀł Ĵņ ŅĸʼnłĿňŬƹĸņ łňĴņĺňĸŅŅĴņёņĸŀŃŅĸņĸŃłķĸķļōĸŅńňĸĹłŅĴŀŃŅĸŃĴŅĴķłņłňёĴłŀĸŁłņё consentidos por uma série de condições que os zeram, se não prováveis, certamente possíveis. A mesma consideração se pode fazer, de forma ainda mais clara, para as quatro décadas que procederam ao nal da Segunda ňĸŅŅĴňŁķļĴĿёńňĴŁķłĴłŅķĸŀĵļŃłĿĴŅķłŃĿĴŁĸŇĴŁőłķĸļŋłňŀĴŅĺĸŁņ ĴłļŀŃŅĸʼnļņŇłёĴŃłŁŇłķĸńňĸłńňĸłĶłŅŅĸňёĸŀĶĴķĴňŀķłņķłļņĵĿłĶłņё ŃĴŅĸĶĸňņĸŅłŅĸņňĿŇĴķłńňĴņĸĴňŇłŀŏŇļĶłķĸňŀĽłĺłĶłŁĻĸĶļķłĸŃŅĸʼnļņƓі vel em todos seus movimentos. Não obstante, esta ordem política que parecia ter que governar ainі ķĴ ŃłŅ ŀňļŇł ŀĴļņ ŇĸŀŃł Ĵņ ŅĸĿĴŬƹĸņ ļŁŇĸŅŁĴĶļłŁĴļņё ĹĴōіņĸ ĸŀ ŃĸķĴŬłņ de repente. Primeiro na forma de implosão, o sistema soviético, e depois, de explosão, com o terrorismo. Por quê? Como se explica esta inesperaі ķĴ ŀňķĴŁŬĴ ķĸ ĹĴņĸѝ ķĸłŁķĸёĸŋĴŇĴŀĸŁŇĸё ņĸłŅļĺļŁĴѝ  ŅĸņŃłņŇĴ ńňĸ geralmente afronta a estas interrogações se faz referindo-se ao nal da guerra fria e à conseguinte chegada da globalização. Contudo, deste modo, ņĸ ĶłŅŅĸł ŅļņĶł ķĸ ļŁŇĸŅĶĴŀĵļĴŅ Ĵ ĶĴňņĴ Ķłŀ ł ĸĹĸļŇłё łĹĸŅĸĶĸŁķł Ķłŀł explicação o que deveria ser explicado. 1 Trata-se da exposição feita pelo autor na Cidade de Buenos Aires, no dia 25 de setembro de 200 , por ocasião de v - bvb u] m bmu-7 ou -]u-7 1 bl mv-l m -o uo= vvou vrovb o rou o - oub -7o u-7 bu r 0 b1-u o o 7 v - 1om= u m1b- o u v o u v( v u u u u v Também a tese, mais recente, que faz referência ao chamado choі ńňĸ ķĸ ĶļʼnļĿļōĴŬƹĸņё ņĸ ĵĸŀ ļŁķļĶĴё ĸŀ ŇĸŅŀłņ ŀĴļņ ķŅĴŀĴŇļōĴķłņё ňŀĴ ĸŀĸŅĺŴŁĶļĴłň ŃĸĿł ŀĸŁłņ ňŀ ŅļņĶł ĸĹĸŇļʼnĴŀĸŁŇĸŃŅĸņĸŁŇĸё Łőł ĴĽňķĴĴ enfrentar o tema com uma interpretação adequada. Por que as civilizações, ņĸ ńňļņĸŅŀłņ ňŇļĿļōĴŅ ĸņŇĴ ŃĴĿĴʼnŅĴ ĶłŀŃĿĸŋĴё ķĸŃłļņ ķĸ ŇĸŅĸŀ ĶłŁʼnļʼnļķł paci camente por mais de meio milênio, ameaçam hoje se enfrentar com resultados catastró cos? Por que se estende o terrorismo internacional em sua forma mais virulenta? E, de maneira simétrica, por que as democracias łĶļķĸŁŇĴļņŁőłŃĴŅĸĶĸŀĶĴŃĴōĸņķĸĸŁĹŅĸŁŇŏіĿłёĴŁőłņĸŅńňĸňŇļĿļōĸŀļŁ trumentos e estratégias que ao largo minam os valores sobre os quais se ĹňŁķĴŀĸņŇĴņķĸŀłĶŅĴĶļĴņѝ Também a resposta que geralmente se dá a esta última pergunta, acerca da crescente crise das instituições democráticas, acerca da di і ĶňĿķĴķĸķĸĶłŁĽňĺĴŅķļŅĸļŇłņļŁķļʼnļķňĴļņĸĶłĿĸŇļʼnłņёĿļĵĸŅķĴķĸĸņĸĺňŅĴŁ ça, cai encerrada no círculo interpretativo que deveria abrir. A impressão é que continuamos nos movendo dentro de uma semântica que já não é capaz de restituir traços signi cativos da realidade contemporânea; caiі іņĸё ķĸ ńňĴĿńňĸŅŀłķłё ŁĴ ņňŃĸŅĹƓĶļĸ łň ŁĴŀĴŅĺĸŀ ķĸ ňŀ ŀłʼnļŀĸŁŇł que é muito mais profundo. A verdade é que enquanto nos movemos dentro desta linguagem ŀĴŅĶĴķĴŀĸŁŇĸ ĶĿŏņņļĶĴ Ҏķłņ ķļŅĸļŇłņё ķĴ ķĸŀłĶŅĴĶļĴё ķĴ ĿļĵĸŅķĴķĸҏ Łőł avançamos realmente. Não só com relação a uma situação completamente inédita, mas também com relação a uma situação cuja radical novidade iluі mina de outro modo inclusive à interpretação da fase anterior. O que não ĹňŁĶļłŁĴŁĸņŇĴņŅĸņŃłņŇĴņёŀĴļņńňĸłņĶłŁĶĸļŇłņŇłŀĴķłņņĸŃĴŅĴķĴŀĸŁŇĸё é o marco geral no qual estes conceitos estão insertos. Como entender, através deste marco, a opção suicida dos terroristas kamikazes? Ou também a antinomia das chamadas guerras humanitárias ńňĸŇĸŅŀļŁĴŀķĸʼnĴņŇĴŁķłĴņŀĸņŀĴņŃłŃňĿĴŬƹĸņŃĸĿĴņńňĴļņņőłĹĸļŇĴņѝ  ĶłŀłĶłŁĶļĿļĴŅĴļķĸļĴķĸĺňĸŅŅĴŃŅĸʼnĸŁŇļʼnĴĶłŀĴłŃŬőłŃĸĿĴŃĴōĶłŀŃĴŅі ŇļĿĻĴķĴŃłŅŇłķłņłņ ņŇĴķłņķĸŀłĶŅŏŇļĶłņłňёņļŀŃĿĸņŀĸŁŇĸёĶłŀłŃŅļŁі ĶƓŃļłņĸĶňĿĴŅķĴŁőłļŁŇĸŅʼnĸŁŬőłŁłņĴņņňŁŇłņļŁŇĸŅŁłņķłņłňŇŅłņ ņŇĴķłņ ņłĵĸŅĴŁłņѝĴļņńňĸĴĽňķĴŅĴņłĿňĶļłŁĴŅņĸŀĸĿĻĴŁŇĸņŃŅłĵĿĸŀĴņёŀĸŃĴі ŅĸĶĸńňĸłļŁŇĸļŅłŃĿĸŋłķĴņĶĴŇĸĺłŅļĴņŃłĿƓŇļĶĴņŀłķĸŅŁĴņёĹňŁķĴķĴņņłĵŅĸ ĴĵļŃłĿĴŅļķĴķĸĸŁŇŅĸķļŅĸļŇłņļŁķļʼnļķňĴļņĸņłĵĸŅĴŁļĴĸņŇĴŇĴĿёĶłŁŇŅļĵňļŃłŅ torná-los cada vez mais insolúveis. Não se trata só de uma inadequação de léxico ou de uma perspectiva insu ciente, mas sim de um verdadeiro efeito de ocultamento. É como se este léxico ocultasse detrás da própria cortina semântica outra coisa, outra ĶĸŁĴёłňŇŅĴĿƷĺļĶĴńňĸĿĸʼnĴņłĵŅĸņĸňņłŀĵŅłņķĸņķĸĻŏŀňļŇłŇĸŀŃłёŀĴņ que só recentemente está saindo à luz de maneira irrefreável. De que se traі o o o o om lro m ta? Qual é essa outra cena, essa outra lógica, esse outro objeto que a loso a ŃłĿƓŇļĶĴŀłķĸŅŁĴŁőłĿłĺŅĴĸŋŃŅĸņņĴŅĸёŀĸĿĻłŅĴļŁķĴёŇĸŁķĸĴłĵņĶňŅĸĶĸŅѝ ŅĸļłńňĸķĸʼnĸŀłņŁłņŅĸĹĸŅļŅĴĸņņĸĶłŁĽňŁŇłķĸĴĶłŁŇĸĶļŀĸŁŇłņ que, ao menos, a partir dos estudos de Michel Foucault, mas que em verі dade já desde alguma década antes, tem assumido o nome de Biopolítica. ĸŀŃłķĸŅĴĺłŅĴŀĸķĸŇĸŅŁĴĺĸŁĸĴĿłĺļĴķłĶłŁĶĸļŇłҎńňĸŅĸĶłŁņŇŅňƓĸŀ ķĸŇĴĿĻĸŁňŀĿļʼnŅłŅĸĶĸŁŇĸҏёĸŇĴŀŃłňĶłŁłņŀňļŇłņņĸŁŇļķłņńňĸĴłĿłŁĺł do tempo (e até mesmo dentro da obra do mesmo Foucault) há adquirido, ķļĺĴŀłņńňĸĸŀņňĴĹłŅŀňĿĴŬőłŀĴļņĺĸŅĴĿĸņŇĸŇĸŅŀłņĸŅĸĹĸŅĸŎļŀŃĿļĶĴі ŬőłĶĴķĴʼnĸōŀĴļņļŁŇĸŁņĴĸķļŅĸŇĴńňĸņĸĸņŇĴĵĸĿĸĶĸёĴŃĴŅŇļŅķĸĶĸŅŇĴĹĴņĸ ńňĸņĸŃłķĸņļŇňĴŅŁĴņĸĺňŁķĴŀłķĸŅŁļķĴķĸёĸŁŇŅĸĴņķļŁŐŀļĶĴņŃłĿƓŇļĶĴņ e a vida humana entendida em sua dimensão especi camente biológica. Naturalmente se poderia observar que desde sempre a política tem a haver com a vida; que a vida, também em sentido biológico, sempre há constituído o marco material no qual ela está necessariamente inscrita. A política agrária dos impérios antigos ou aquela higiênico-sanitária desenі ʼnłĿʼnļķĴŃłŅłŀĴŁőłķĸʼnĸŅļĴŀņĸŅļŁĶĿňƓķĴņёĴŃĿĸŁłŇƓŇňĿłёŁĴŃłĿƓŇļĶĴķĴ ʼnļķĴѝ ĴŅĸĿĴŬőłķĸķłŀļŁĴŬőłņłĵŅĸłĶłŅŃłķłņĸņĶŅĴʼnłņŃłŅŃĴŅŇĸķłņ ŅĸĺļŀĸņĴŁŇļĺłņłňёŀĴļņĴļŁķĴёłŃłķĸŅķĸʼnļķĴłňŀłŅŇĸĸŋĸŅĶļķłņłĵŅĸ łņŃŅļņļłŁĸļŅłņķĸĺňĸŅŅĴёŁőłļŀŃĿļĶĴňŀĴŅĸĿĴŬőłķļŅĸŇĴĸļŀĸķļĴŇĴĸŁŇŅĸ ŃłķĸŅĸĵƓłņ? De outra parte, já Platão, em particular na RepúblicaёŁѡO Político e n’As LeisёĴĶłŁņĸĿĻĴŃŅŏŇļĶĴņĸňĺĸŁļņŇĴņńňĸĶĻĸĺĴŀĴłļŁĹĴŁŇļі cídio das crianças com saúde débil. No entanto, isto não basta para situar estes acontecimentos e estes textos numa órbita efetivamente Biopolítica, ou melhor, nunca, na época ĴŁŇļĺĴ ĸ ŀĸķļĸʼnĴĿё Ĵ ĶłŁņĸŅʼnĴŬőł ķĴ ʼnļķĴ ĸŁńňĴŁŇł ŇĴĿ Ļŏ ĶłŁņŇļŇňƓķł ł objeto prioritário do atuar político, como precisamente ocorre na Idade Moderna. Como Hannah Arendt recordou, até certo momento a preocuі ŃĴŬőłŃĸĿĴŀĴŁňŇĸŁŬőłĸĴŅĸŃŅłķňŬőłķĴʼnļķĴŃĸŅŇĸŁĶĸňĴňŀĴĸņĹĸŅĴńňĸ não era em si mesma política e pública, mas sim econômica e privada. A ponto de a ação especi camente política ter sentido e relevo precisamente em contraste com ela. É provável que com Hobbes, vale dizer, na época das guerras reliі ĺļłņĴņёńňĸĴńňĸņŇőłķĴʼnļķĴņĸļŁņŇĴĿĴŁłĶłŅĴŬőłŀĸņŀłķĴŇĸłŅļĴĸķĴ práxis política. Para sua defesa é instituído o Estado Leviatã e, em troca ķĸŃŅłŇĸŬőłёłņņDzķļŇłņĿĻĸĸŁŇŅĸĺĴŀĴńňĸĿĸņŃłķĸŅĸņķłņńňĴļņĸņŇő turalmente dotados. Todas as categorias políticas empregadas por Hobbes ĸŃłŅłňŇŅłņĴňŇłŅĸņёĴňŇłŅļŇŏŅļłņłňĿļĵĸŅĴļņёńňĸĿĻĸņĸĺňĸŀҎņłĵĸŅĴŁļĴё ŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłёļŁķļʼnƓķňłҏёĸŀŅĸĴĿļķĴķĸņőłňŀĴŀłķĴĿļķĴķĸĿļŁĺňƓņŇļĶĴĸ conceitual de nomear ou traduzir em termos losó cos políticos a quesі o u v o u v( v u u u u v Ňőł ļłŃłĿƓŇļĶĴķĴņĴĿʼnĴĺňĴŅķĴķĴʼnļķĴĻňŀĴŁĴĸŀŅĸĿĴŬőłĴłņŃĸŅļĺłņķĸ extinção violenta que a ameaçam. Neste sentido, se poderia chegar a dizer que não foi a modernidade que ŃŅĴŁŇĸłňłŃŅłĵĿĸŀĴķĴĴňŇłŃŅĸņĸŅʼnĴŬőłķĴʼnļķĴёŀĴņńňĸĹłļĸņŇĸŃŅłĵĿĸŀĴł ńňĸķĸňŅĸĴĿļķĴķĸłňёŃĴŅĴķļōĸіĿłķĸłňŇŅłŀłķłёńňĸļŁʼnĸŁŇłňĴŀłķĸŅŁļķĴķĸ como complexo de categorias capaz de soluciona-lo. Em seu conjunto, o que chamamos modernidade, a nal de contas, poderia não ser nada mais que a linguagem que permitiu dar a resposta mais e caz a uma série de exigências de autotutela que emanaram do fundo mesmo da sociedade. ŁĸĶĸņņļķĴķĸķĸŅĸĿĴŇłņ salví cos (podemos pensar, por exemplo, ŁłķłĶłŁŇŅĴŇłņłĶļĴĿҏёŇĸŅļĴŁĴņĶļķłķĸņŇĸŀłķłёĸŇĸŅļĴņĸĹĸļŇłĶĴķĴʼnĸō ŀĴļņňŅĺĸŁŇĸńňĴŁķłļŁļĶļĴŅĴŀĴķĸĵļĿļŇĴŅіņĸĴņķĸĹĸņĴņńňĸĶłŁņŇļŇňƓĴŀ a carapaça de proteção simbólica da experiência humana até esse moі mento, isto é, a partir da perspectiva transcendente de matriz teológica. ļŀļŁňƓķĴņĸņŇĴņķĸĹĸņĴņŁĴŇňŅĴļņёĴŅŅĴļĺĴķĴņŁłņĸŁņłĶłŀňŀёĸņŇĸŇļŃł de envoltura imunitária primitiva se fez necessário, de nitivamente, um aparato ulterior, desta vez arti cial, destinado a proteger a vida humana ķĸŅļņĶłņĶĴķĴ ʼnĸōŀĴļņļŁņňņŇĸŁŇŏʼnĸļņĶłŀłłņĶĴňņĴķłņ ŃĸĿĴņ ĺňĸŅŅĴņ civis ou pelas invasões estrangeiras. Precisamente enquanto projetado para o exterior numa forma nunca antes experimentada, o homem moderno necessita de uma série de aparaі ŇłņļŀňŁļŇŏŅļłņķĸņŇļŁĴķłņĴŃŅłŇĸĺĸŅĶłŀŃĿĸŇĴŀĸŁŇĸňŀĴʼnļķĴńňĸёŃĸĿĴ ņĸĶňĿĴŅļōĴŬőłķĴņŅĸĹĸŅŴŁĶļĴņŅĸĿļĺļłņĴņёĸņŇŏĶłŀŃĿĸŇĴŀĸŁŇĸĸŁŇŅĸĺňĸĴņļ mesma. É então que as categorias políticas tradicionais como a de ordem e também a de liberdade assumem um sentido que as impele cada vez mais até às exigências de segurança. A liberdade, por exemplo, deixa de ser enі ŇĸŁķļķĴĶłŀłŃĴŅŇļĶļŃĴŬőłŁĴķļŅĸŬőłŃłĿƓŇļĶĴķĴŃłĿļņёŃĴŅĴĶłŁʼnĸŅŇĸŅіņĸ em termos de segurança pessoal ao largo de uma deriva que chega até nós: é livre aquele que pode mover-se sem temer por sua vida e por seus bens. Isso não signi ca que estamos ainda hoje dentro do campo de proі blemas abertos por Hobbes. E muito menos que suas categorias sirvam para interpretar a situação atual. Se fosse assim, não nos encontraríamos na necessidade de construir uma nova linguagem jurídica. Em realidade, entre a fase que podemos de nir genericamente moderna e a nossa, transі ĶłŅŅĸňŀĴŁƓŇļķĴķĸņĶłŁŇļŁňļķĴķĸńňĸŃłķĸŀłņņļŇňĴŅĽňņŇłŁĴńňĸĿĴņ meiras décadas do século passado nas quais surge a re exão, verdadeira e propriamente, Biopolítica. Qual é esta diferença? Trata-se do fato de que, embora na primeira ŀłķĸŅŁļķĴķĸёĴŅĸĿĴŬőłĸŁŇŅĸŃłĿƓŇļĶĴĸĶłŁņĸŅʼnĴŬőłķĴʼnļķĴёŇĴĿĶłŀłĸņŇĴ belecida por Hobbes, ainda fosse indireta, estava ltrada por um paradigі ma de ordem que precisamente se articulou através dos conceitos de sobeі ŅĴŁļĴёķĸŅĸŃŅĸņĸŁŇĴŬőłёķĸķļŅĸļŇłņļŁķļʼnļķňĴļņńňĸŀĸŁĶļłŁŏʼnĴŀłņĴŁŇĸņђ o o o o om lro m na segunda fase, que chega até nós de maneiras diferentes ao mesmo temі ŃłĸŀńňĸķĸņĶłŁŇƓŁňĴņёĴŀĸķļĴŬőłʼnĴļŃŅłĺŅĸņņļʼnĴŀĸŁŇĸķĸņĴŃĴŅĸĶĸŁķł ĸŀĹĴʼnłŅķĸňŀĴņňŃĸŅŃłņļŬőłŀňļŇłŀĴļņļŀĸķļĴŇĴĸŁŇŅĸŃłĿƓŇļĶĴĸĵƓłņ. A importância que já no nal do século XVIII adquirem, na lógica do governo, as políticas sanitárias, demográ cas e urbanas marca esta mudança. Mas é só o primeiro passo até uma caracterização Biopolítica que penetra todas as relações em que está organizada a sociedade. Fouі ĶĴňĿŇĴŁĴĿļņłňĴņķļĹĸŅĸŁŇĸņĸŇĴŃĴņķĸņŇĸŃŅłĶĸņņłķĸĺłʼnĸŅŁĴŀĸŁŇĴĿļōĴŬőł ķĴʼnļķĴёķĸņķĸłĶĻĴŀĴķłŃłķĸŅŃĴņŇłŅĴĿёʼnļŁĶňĿĴķłŎŃŅŏŇļĶĴĶĴŇƷĿļĶĴķĴ con ssão, até a Razão de Estado, até os saberes de ŃłĿƓĶļĴҎŇĸŅŀłĶłŀł qual, então, se referia a todas as práticas alusivas ao bem-estar material). ŃĴŅŇļŅķĸņŇĸŀłŀĸŁŇłёŃłŅňŀĿĴķłёĴʼnļķĴҎņňĴŀĴŁňŇĸŁŬőłёņĸňķĸņĸ volvimento, sua expansão) assume uma relevância política estratégica, se converte na aposta decisiva dos con itos políticos e, por outro lado, a mesma política tende a con gurar-se seguindo modelos biológicos e, em particular, médicos. Como sabemos, também esta mistura entre linguagem política e linguagem biomédica tem uma longa história. Basta pensar na milenar ķňŅĴŬőłķĴŀĸŇŏĹłŅĴķłĶłŅѳѳĿƓŇļĶł ou também em termos políticos de ŃŅłĶĸķŴŁĶļĴĵļłĿƷĺļĶĴĶłŀłŁĴŬőłłň ĶłŁņŇļŇňļŬőł. Mas o duplo processo ĶŅňōĴķłķĸŃłĿļŇļōĴŬőłķĴʼnļķĴĸĵļłĿłĺļōĴŬőłķĴŃłĿƓŇļĶĴёńňĸņĸķĸņŃŅĸŁ de a partir de inícios do século passado, têm um alcance diferente. Não ņƷŃłŅńňĸŃƹĸĴʼnļķĴĶĴķĴʼnĸōŀĴļņŁłĶĸŁŇŅłķłĽłĺłŃłĿƓŇļĶłёŀĴņ ńňĸёĸŀĴĿĺňŀĴņĶłŁķļŬƹĸņёĶĻĸĺĴĴļŁʼnĸŅŇĸŅĸņŇĸʼnĸŇłŅĵļłŃłĿƓŇļĶłĸŀņĸň łŃłņŇłŇĴŁĴҳѳĿƓŇļĶłёĶĻĸĺĴĴʼnļŁĶňĿĴŅĴĵĴŇĴĿĻĴŃĸĿĴʼnļķĴĶłŀłňŀĴŃŅŏі tica de morte. É a questão estabelecida por Foucault em seus termos mais ĶŅňņё ńňĴŁķł ņĸ ŃĸŅĺňŁŇĴё Ķłŀ ňŀ ńňĸņŇļłŁĴŀĸŁŇł ńňĸ ĶłŁŇļŁňĴ ĴļŁķĴ ļŁŇĸŅŃĸĿĴŁķłіŁłņĻłĽĸёŃłŅńňĸňŀĴŃłĿƓŇļĶĴķĴʼnļķĴĴŀĸĴŬĴĶłŁŇļŁňĴŀĸŁі te contradizer-se numa prática de morte. ņŇĸŅĸņňĿŇĴķłĸņŇĴʼnĴķĸĴĿĺňŀŀłķłĽŏļŀŃĿƓĶļŇłŁłńňĸĸňŀĸņŀł tenho de nido como o paradigma imunitário da política moderna, entenі dendo com isso a expressão e também a tendência cada vez mais forte de ŃŅłŇĸĺĸŅĴʼnļķĴķłņŅļņĶłņļŀŃĿƓĶļŇłņŁĴŅĸĿĴŬőłĸŁŇŅĸłņĻłŀĸŁņёĸŀķĸŇŅļі mento da extinção dos vínculos comunitários (é o que, por exemplo, presі creve Hobbes). Assim como para defender-se preventivamente do contágio se injeta uma porção de mal no corpo que se quer salvaguardar, também na imunização social a vida é protegida de uma forma que lhe nega seu sentido mais intensamente comum. ĴņňŀʼnĸŅķĴķĸļŅłņĴĿŇłķĸńňĴĿļķĴķĸёĸŀķļŅĸŬőłŀłŅŇƓĹĸŅĴёņĸŇĸŀ ńňĴŁķłĸņŇĴŃŅĸĺĴļŀňŁļŇŏŅļĴķłŃĸŅĶňŅņłĵļłŃłĿƓŇļĶłņĸĸŁŇŅĸĶŅňōĴё o u v o u v( v u u u u v ŀĸļŅłёĶłŀ Ĵ ŃĴŅŏĵłĿĴ ķł ŁĴĶļłŁĴĿļņŀł ĸё ĸŀ ņĸĺňļķĴё Ķłŀ Ĵ ķł ŅĴĶļņ mo. Então, a questão da conservação da vida passa do plano individual, ŇƓŃļĶłķĴĹĴņĸŀłķĸŅŁĴёĴłķł ņŇĴķłŁĴĶļłŁĴĿĸķĴŃłŃňĿĴŬőłĸŁńňĴŁŇł corpo etnicamente de nido numa modalidade que os contrapõe, respecі tivamente, a outros Estados e a outras populações. No momento em que a vida de um povo, racialmente caracterizada, é assumida como o valor ņňŃŅĸŀłńňĸņĸķĸʼnĸĶłŁņĸŅʼnĴŅļŁŇĴĶŇłĸŀņňĴĶłŁņŇļŇňļŬőłłŅļĺļŁŏŅļĴłň mesmo como o que há que se expandir para além de seus con ns, é óbvio ńňĸĴłňŇŅĴʼnļķĴёĴʼnļķĴķłņłňŇŅłņŃłʼnłņĸķĴņłňŇŅĴņŅĴŬĴņёŇĸŁķĸŀĴņĸŅ consideradas um obstáculo para este projeto e, portanto, sacri cadas a ele. O ĵƓłņ é arti cialmente recortado, por uma série de umbrais, em zoі ŁĴņķłŇĴķĴņ ķĸķļĹĸŅĸŁŇĸņʼnĴĿłŅĸņńňĸņňĵŀĸŇĸŀňŀĴ ķĸņňĴņŃĴŅŇĸņĴł domínio violento e destrutivo da outra. Nietzsche é o lósofo que aferra com maior radicalidade este passo: ĸŀŃĴŅŇĸĴņņňŀļŁķłіłĶłŀłņĸňŃŅƷŃŅļłŃłŁŇłķĸʼnļņŇĴёĸŀŃĴŅŇĸĶŅļŇļĶĴŁі do-o em seus resultados niilísticos. Quando ele fala de vontade de poder ĶłŀłłĹňŁķĴŀĸŁŇłŀĸņŀłķĴʼnļķĴёłňńňĴŁķłŁőłŃƹĸŁłĶĸŁŇŅłķĴņķļі ŁŐŀļĶĴņļŁŇĸŅіĻňŀĴŁĴņĴĶłŁņĶļŴŁĶļĴёŀĴņņļŀłĶłŅŃłŀĸņŀłķłņļŁķļʼnƓі duos, então, faz da vida o único sujeito e objeto da política. Que a vida seja para Nietzsche vontade de poder não quer dizer que a vida queira o poder łňńňĸłŃłķĸŅķĸŇĸŅŀļŁĸķĸņķĸłļŁŇĸŅļłŅŎʼnļķĴёŀĴņņļŀńňĸĴʼnļķĴŁőł conhece modos de ser diferentes de uma contínua potencialização. O que ĶłŁķĸŁĴĴņļŁņŇļŇňļŬƹĸņŀłķĸŅŁĴņҎł ņŇĴķłёłŃĴŅĿĴŀĸŁŇłёłņŃĴŅŇļķłņҏŎ ine cácia e a ine ciência é precisamente sua incapacidade de situar-se neste nível de discurso. Mas Nietzsche não se limita a isto. A extraordinária relevância, mas também o risco, de sua perspectiva Biopolítica consiste não somente em ĻĴʼnĸŅŃłņŇłĴʼnļķĴĵļłĿƷĺļĶĴёłĶłŅŃłёŁłĶĸŁŇŅłķĴņķļŁŐŀļĶĴņ ŃłĿƓŇļĶĴņё mas também na lucidez absoluta com que prevê que a de nição de vida humana (a decisão sobre o que é, qual é, uma verdadeira vida humana) constituirá no mais relevante objeto de con itos nos séculos por vir. Numa ĶłŁĻĸĶļķĴ ŃĴņņĴĺĸŀ ķłņ Fragmentos Póstumosё ńňĴŁķł ņĸ ŃĸŅĺňŁŇĴ ѢŃłŅńňĸ Łőł Ňĸŀłņ ńňĸ ŅĸĴĿļōĴŅ Łł Ļłŀĸŀ ł ńňĸ łņ ĶĻļŁĸņĸņ ĿłĺŅĴŅĴŀ fazer com a árvore, de modo que uma parte produz rosas e outra peras”, ŁłņĸŁĶłŁŇŅĴŀłņĹŅĸŁŇĸĴňŀŃĴņņłĸŋŇŅĸŀĴŀĸŁŇĸķĸĿļĶĴķłńňĸʼnĴļķĸňŀĴ ŃłĿƓŇļĶĴķĴĴķŀļŁļņŇŅĴŬőłķĴʼnļķĴĵļłĿƷĺļĶĴŃĴŅĴňŀĴŃłĿƓŇļĶĴńňĸŃŅĸʼnŴĴ possibilidade de sua transformação arti cial. ĸņņĸŀłķłёĴłŀĸŁłņŃłŇĸŁĶļĴĿŀĸŁŇĸёĴʼnļķĴĻňŀĴŁĴņĸĶłŁʼnĸŅŇĸ Łňŀ ŇĸŅŅĸŁł ķĸ ķĸĶļņƹĸņ ńňĸ ĶłŁĶĸŅŁĸŀ Łőł ņłŀĸŁŇĸ Ĵ ņĸňņ ňŀĵŅĴļņ ĸŋŇĸŅŁłņҎŃłŅĸŋĸŀŃĿłёłńňĸĴķļņŇļŁĺňĸķĴʼnļķĴĴŁļŀĴĿłňʼnĸĺĸŇĴĿҏёŀĴņ também a seus umbrais internos. Isto signi ca que será concedido, ou o o o o om lro m melhor, exigido a política de decidir qual é a vida biologicamente melhor e como potencializá-la através do uso, da exploração, ou se faria a morte da vida menos valiosa biologicamente. O totalitarismo do século XX, sobretudo o nazista, assinala o ápice dessa deriva tanatopolítica. A vida do povo alemão se converte no ídolo biopolítico ao qual se sacri ca a existência de qualquer outro povo e em ŃĴŅŇļĶňĿĴŅķłŃłʼnłĽňķĸňńňĸŃĴŅĸĶĸĶłŁŇĴŀļŁŏіĿĴĸķĸĵļĿļŇŏіĿĴļŁŇĸŅŁĴŀĸŁ te. Nunca como neste caso, o dispositivo imunitário assinala uma absoluta coincidência entre proteção e negação da vida. A potencialização suprema da vida de uma raça, que se pretende pura, é paga com a produção da morte em grande escala. Em primeiro lugar, a dos outros e, ao nal, no momento da derrota, também da própria, como testemunha a ordem de destruição transmitida por Hitler assediado no ĵňŁľĸŅ de Berlin. Como nas enfermiі ķĴķĸņĶĻĴŀĴķĴņĴňŇłļŀňŁĸņёłņļņŇĸŀĴļŀňŁłĿƷĺļĶłņĸŇłŅŁĴŇőłĹłŅŇĸńňĸ ataca o mesmo corpo que deveria salvar, determinando sua decomposição. Eu creio que não é conveniente esfumar a absoluta especi cidade do que ocorreu na Alemanha nos anos trinta e quarenta do século passaі do. A mesma categoria de totalitarismo – que inclusive teve o mérito de ĶĻĴŀĴŅĴĴŇĸŁŬőłņłĵŅĸĶĸŅŇĴņĶłŁĸŋƹĸņĸŁŇŅĸłņņļņŇĸŀĴņĴŁŇļķĸŀłĶŅŏі ŇļĶłņķłŇĸŀŃł҂ĴŀĸĴŬĴŀŀĴŁĶĻĴŅłňёĴłŀĸŁłņёĸŀŃĴĿļķĸĶĸŅłĶĴŅŏŇĸŅ ļŅŅĸķňŇƓʼnĸĿķłŁĴōļņŀłёŁőłņƷĴŇłķĴņĴņĶĴŇĸĺłŅļĴņŃłĿƓŇļĶĴņŀłķĸŅŁĴņё das quais assinala precisamente a ruína, mas também sua irredutibilidade ao comunismo-stalinista. ŀĵłŅĴĸņŇĸDzĿŇļŀłĴļŁķĴŃłņņĴņĸŅĶłŁņļķĸŅĴķłĶłŀłňŀĴĸŋĴĶĸŅі bação paroxística da loso a da história moderna, o nazismo está comі pletamente fora, não só da modernidade, como também de sua tradição losó ca. Isso não signi ca que não tenha uma loso a; mas se trata de uma loso a integralmente traduzida em termos de biologia. O nazismo não é, como, pelo contrário, quis ser o comunismo, uma loso a realizada, porque foi isto sim uma biologia realizada. Se o transcendental do comuі nismo, isto é, a categoria constitutiva da qual todas as outras descendem, é a história, a do nazismo é a vida, entendida desde o ponto de vista da biologia comparada entre raças humanas e raças animais. Isso não signi ca que o poder político passou diretamente às mãos ķłņĵļƷĿłĺłņё ŀĴņ ņļŀńňĸ łņ ŃłĿƓŇļĶłņ ĴĿĸŀőĸņ ķł ŇĸŀŃł ĴņņňŀļŅĴŀ łņ parâmetros da biologia comparada como critério intrínseco de sua ação. Neste sentido, não se tratou tampouco de uma simples instrumentalizaі ção; não é que os nazistas se limitaram a empregar para seus objetivos as investigações biológicas da época. Eles chegaram a identi car a mesma política com a biologia numa forma completamente inédita de biocracia. o u v o u v( v u u u u v Isso explica o papel absolutamente extraordinário que desempenhaі ŅĴŀŁłŁĴōļņŀłёķĸňŀĿĴķłёłņĴŁŇŅłŃƷĿłĺłņҎĸŀĸņŇŅĸļŇĴŅĸĿĴŬőłķĸĶłŁŇļі guidade com os zoólogos) e, de outro lado, os médicos. No primeiro caso, a ĶĸŁŇŅĴĿļķĴķĸļŀĸķļĴŇĴŀĸŁŇĸŃłĿƓŇļĶĴķĴĴŁŇŅłŃłōłłĿłĺļĴķĸʼnĸņĸŅŅĸĹĸŅļķĴŎ ŅĸĿĸʼnŐŁĶļĴńňĸłņŁĴōļņŇĴņķĸŅĴŀĴĶĴŇĸĺłŅļĴķĴĻňŀĴŁļŇĴņ (um célebre maі ŁňĴĿķĸŃłĿƓŇļĶĴŅĴĶļĴĿŇĸʼnĸŃŅĸĶļņĴŀĸŁŇĸĸņŇĸŁłŀĸҏёĸŁŇĸŁķļķĴĶłŀłłĵĽĸŇł de contínua reelaboração através da de nição de umbrais biológicos entre ōłŁĴņķĸʼnļķĴņŃŅłʼnļķĴņĸłňŇŅĴņķĸņŃŅłʼnļķĴņķĸʼnĴĿłŅёŇĴĿĶłŀłłĸŋŃŅĸņņłň um tristemente célebre texto sobre a vida “que não é digna de ser vivida”. Quanto aos médicos, sua participação direta em todas as etapas do genocídio (desde a seleção nas plataformas de trens até a incineração nal dos prisioneiros) é conhecida e está abundantemente documentada. Como ņĸķĸķňōķĴņķĸĶĿĴŅĴŬƹĸņŁłņķļĹĸŅĸŁŇĸņŃŅłĶĸņņłņĸŀńňĸĹłŅĴŀĴĶňņĴķłņё ĸĿĸņļŁŇĸŅŃŅĸŇĴŅĴŀłŃŅƷŃŅļłŇŅĴĵĴĿĻłķĸŀłŅŇĸĶłŀłĴŀļņņőłŃŅƷŃŅļĴķł médico: curar o corpo da Alemanha afetado por uma grave enfermidade, eliminando a parte infectada e os germes invasores de forma de nitiva. ňĴ łĵŅĴ Ňĸʼnĸ Ĵ ņĸňņ łĿĻłņłĶĴŅŏŇĸŅ ķĸ ňŀĴ ĺŅĴŁķĸķĸņļŁĹĸĶŬőłё ŁĸĶĸņі ņŏŅļĴŁňŀŀňŁķł ĽŏļŁʼnĴķļķłŃĸĿłņŃŅłĶĸņņłņķĸķĸĺĸŁĸŅĴŬőł ĵļłĿƷĺļĶĴё dos quais a raça hebreia constituía o elemento mais letal. Não por nada, Hitler, chamado “o grande médico alemão”, considerava “a descoberta do vírus hebreu como uma das maiores revoluções deste mundo. A batalha na qual estamos empenhados, continuava, é igual àquela combatida, no sécuі lo passado, por Pasteur e Koch”. Deste ponto de vista, o nazismo também constitui um ponto de rupі tura e, por sua vez, de viragem decisiva dentro da Biopolítica. O nazismo, ĶłŀĸĹĸļŇłёĶłŁķňōļňĴ ļłŃłĿƓŇļĶĴŎŀŏŋļŀĴĴŁŇļŁłŀļĴńňĸŃłķĸĶłŁŇĸŅ łŃŅļŁĶƓŃļłņĸĺňŁķłłńňĴĿĴʼnļķĴņĸŃŅłŇĸĺĸĸņĸķĸņĸŁʼnłĿʼnĸņłŀĸŁŇ pliando progressivamente o círculo da morte. Também a lógica é radicalі mente transformada. Enquanto, pelo menos em sua formulação clássica, só o soberano mantém o direito de vida e de morte sobre os súditos, agora, este direito é concedido a todos os cidadãos do Reich. Se se trata da defesa ŅĴĶļĴĿķłŃłʼnłĴĿĸŀőłёńňĴĿńňĸŅňŀĸņŇŏĿĸĺļŇļŀĴķłёłňŀĸĿĻłŅёłĵŅļĺĴķłĴ procurar a morte de qualquer outro, e no nal, se a solução o exige, como no momento da derrota nal, também a procurar a sua própria morte. ńňļёķĸĹĸņĴķĴʼnļķĴĸŃŅłķňŬőłķĴŀłŅŇĸŅĸĴĿŀĸŁŇĸŇłĶĴŀňŀŁƓʼnĸĿ de absoluta indistinção. A enfermidade que os nazistas quiseram eliminar foi precisamente a morte da própria raça. Foi isto o que eles quiseram ŀĴŇĴŅŁłĶłŅŃłķłņĽňķĸňņĸķĸŇłķłņłņńňĸŃĴŅĸĶļĴŀĴŀĸĴŬŏіĿĴķĸņķĸł interior e desde o exterior. De outra parte, esta vida infectada era consiі derada como já morta. Portanto, os nazistas não perceberam sua própria ação como um verdadeiro assassinato. Eles só restabeleceriam os direiі o o o o om lro m ŇłņķĴʼnļķĴёŅĸņŇļŇňļŁķłŎŀłŅŇĸňŀĴʼnļķĴĽŏĹĴĿĸĶļķĴёķĴŁķłŀłŅŇĸĴňŀĴ vida habitada e corrompida, desde sempre, pela morte. Assumiram a morte como objeto e, ao mesmo tempo, instrumento de cura em favor da vida. Por isto, eles sempre mantiveram o culto de seus próprios antepassados ŀłŅŇłņђ ŃłŅńňĸё ŁňŀĴ ŃĸŅņŃĸĶŇļʼnĴ ļłŃłĿƓŇļĶĴ ĶłŀŃĿĸŇĴŀĸŁŇĸ ļŁʼnĸŅŇļķĴ ĸŀŇĴŁĴҳѳĿƓŇļĶĴёņƷĴŀłŅŇĸŃłķĸŇłĶĴŅłŃĴŃĸĿķĸķĸĹĸŁķĸŅĴʼnļķĴĸŀņļ mesma, submetendo toda a vida ao regime da morte. O cinquenta milhões ķĸŀłŅŇĸņŃŅłķňōļķłņŃĸĿĴĸĺňŁķĴňĸŅŅĴňŁķļĴĿĶłŁņŇļŇňĸŀłŅĸ do inevitável a que deveria conduzir esta lógica. Esta catástrofe, no entanto, não pôs m a Biopolítica, como o comprova o fato de que ela, em suas diferentes con gurações, tem uma ĻļņŇƷŅļĴŀňļŇłŀĴļņĴŀŃĿĴĸŀĴļņĿĴŅĺĴńňĸłŁĴōļņŀłёńňĸŃĴŅĸĶĸĿĸʼnŏіĿĴ a seu resultado estremo. A Biopolítica não é um produto do nazismo, mas, isto sim, o nazismo é o produto paroxístico e degenerado de uma certa forma de Biopolítica. É um ponto sobre o qual convém insistir com força, ŃłŅńňĸ Ńłķĸ ĶłŁķňōļŅё łňŀĸĿĻłŅёĽŏ Ňĸŀ ĶłŁķňōļķłё Ĵ ŁňŀĸŅłņłņĸńňƓі vocos. Contrariamente às ilusões dos que têm imaginado passar por alto ł ŃĴŅŴŁŇĸņļņ ŁĴōļņŇĴ ŃĴŅĴ ŅĸĶłŁņŇŅňļŅ Ĵņ ŀĸķļĴŬƹĸņ łŅķĸŁĴķłŅĴņ ķĴ ĹĴņĸ precedente, vida e política estão atadas num nó que já é impossível desatar. Esta ilusão tem sido alimentada pelo período de paz aberto ao nal da Segunda Guerra Mundial, ao menos no mundo ocidental. Mas, prescinі dindo da circunstância de que também esta paz (ou não-guerra, como foi a guerra fria) se baseou no equilíbrio do terror, determinado pela ameaça atôі ŀļĶĴĸёŃłŅļņņłёĶłŀŃĿĸŇĴŀĸŁŇĸļŁņĶŅļŇĴķĸŁŇŅłķĸňŀĴĿƷĺļĶĴļŀňŁļŇŏŅļĴё ela só propôs por algumas décadas o que antes ou depois havia ocorrido de todos os modos. E, com efeito, o desmonte do sistema soviético, interpretaі do como vitória de nitiva da democracia contra seus potenciais inimigos, e inclusive como m da história, assinala, pelo contrário, o m de uma ilusão. ŁƷĸŁŇŅĸŃłĿƓŇļĶĴĸʼnļķĴёńňĸłŇłŇĴĿļŇĴŅļņŀłĴŃĸŅŇłňķĸňŀĴĹłŅŀĴ destrutiva para ambas, ainda está perante nós. Melhor ainda, se pode dizer que se converteu no epicentro de toda dinâmica politicamente signi cativa. Desde a relevância cada vez maior assumida pelo elemento étnico nas relaі Ŭƹĸņ ļŁŇĸŅŁĴĶļłŁĴļņĴłļŀŃĴĶŇł ķĴņĵļłŇĸĶŁłĿłĺļĴņ ņłĵŅĸ ł ĶłŅŃł ĻňŀĴŁłё ķĸņķĸĴĶĸŁŇŅĴĿļķĴķĸķĴńňĸņŇőłņĴŁļŇŏŅļĴĶłŀłƓŁķļĶĸŃŅļʼnļĿĸĺļĴķłķłĹňŁі cionamento do sistema econômico-produtivo à prioridade da exigência de ņĸĺňŅĴŁŬĴĸŀŇłķłņ łņŃŅłĺŅĴŀĴņ ķĸ ĺłʼnĸŅŁłё Ĵ ŃłĿƓŇļĶĴ ĴŃĴŅĸĶĸ ĶĴķĴʼnĸō ŀĴļņĸņŀĴĺĴķĴĶłŁŇŅĴĴķĸņŁňķĴĶĴŃĴĵļłĿƷĺļĶĴёņĸŁőłņłĵŅĸłĶłŅŃłŀĸņŀł dos cidadãos em todas as partes do mundo. A progressiva indistinção entre ŁłŅŀĴņĸĸŋĶĸŬőłķĸŇĸŅŀļŁĴķĴŃĸĿĴĸŋŇĸŁņőłļŁķļņĶŅļŀļŁĴķĴķĴņĿĸĺļņĿĴŬƹĸņ de emergência, junto ao uxo crescente de imigrantes privados de toda idenі o u v o u v( v u u u u v ŇļķĴķĸĽňŅƓķļĶĴĸņňĵŀĸŇļķłņĴłĶłŁŇŅłĿĸķļŅĸŇłķĴŃłĿƓĶļĴёŇňķłļņŇłĴņņļŁĴĿĴ um ulterior deslizamento da política mundial em direção a Biopolítica. Também é necessário re etir sobre esta situação mundial mais além das atuais teorias da globalização. Pode-se dizer que, contrariamente ao que sustentaram Heidegger e Hannah Arendt, a questão da vida forma uma unidade com a do mundo. A ideia losó ca, proveniente da fenomeі nologia, de “mundo da vida”, nalmente se inverte naquela, simétrica, de “vida do mundo”, no sentido de que o mundo inteiro aparece cada vez mais como um corpo uni cado por uma única ameaça global que, ao mesmo tempo, o mantém unido e o ameaça faze-lo em pedaços. Diferentemente do que sucedia em um tempo, já não é possível que uma parte do munі do (América, Europa) se salve, enquanto o outro se destrói. O mundo, o ŀňŁķłļŁŇĸļŅłёņňĴʼnļķĴёĶłŀŃĴŅŇļĿĻĴňŀŀĸņŀłķĸņŇļŁłѓłňĸŁĶłŁŇŅĴŅŏł modo de sobreviver todo junto ou perecerá todo junto. ņĹĴŇłņķĸņĸŁĶĴķĸĴķłņŃĸĿłĴŇĴńňĸķĸӄӄķĸņĸŇĸŀĵŅłķĸӅӃӃӄŁőł ĶłŁņŇļŇňĸŀłŃŅļŁĶƓŃļłёĶłŀłņĸķļōĶłŀňŀĸŁŇĸёŀĴņņļŀńňĸņőłёņļŀі ŃĿĸņŀĸŁŇĸё ł ķĸŇłŁĴķłŅ ķĸ ňŀ ŃŅłĶĸņņł ńňĸ Ľŏ ĻĴʼnļĴ ĶłŀĸŬĴķł Ķłŀ ł nal do sistema soviético, o último ľĴŇųĶĻłŁńňĸĹŅĸłňłņĸŀŃňŅŅƹĸņĴň todestrutivos do mundo com a mordaça do medo recíproco. Caído este DzĿŇļŀłŀňŅłńňĸłňŇłŅĺłňĴłŀňŁķłňŀĴĹłŅŀĴķňĴĿёĽŏŁőłŃĴŅĸĶĸńňĸ ņĸŃłņņĴŀķĸŇĸŅĴņķļŁŐŀļĶĴņ ļłŃłĿƓŇļĶĴņńňĸĸņŇĴʼnĴŀĶłŁŇļķĴņķĸŁŇŅł dos velhos muros de contenção. A guerra no Iraque assinala provavelmente o ápice dessa deriva, tanі ŇłŃĸĿłŀłķłŃĸĿłńňĴĿŇĸŀņļķłĴŃŅĸņĸŁŇĴķĴĶłŀłŃłŅĴńňĸĿĸĸŀńňĸŇĸŀ sido e é conduzida atualmente. A ideia de uma guerra preventiva desloca ŅĴķļĶĴĿŀĸŁŇĸ łņ ŇĸŅŀłņ ķĴ ńňĸņŇőł ŇĴŁŇł ĸŀ ŅĸĿĴŬőłŎņ ĺňĸŅŅĴņ ĸĹĸŇļʼnĴņ como em relação à chamada guerra fria. Em comparação com esta última, é como se o negativo do procedimento imunitário se duplicasse até ocupar todo o espaço. A guerra já não é mais a exceção, o recurso último, o reverso ņĸŀŃŅĸŃłņņƓʼnĸĿёŀĴņņļŀĴDzŁļĶĴĹłŅŀĴķĸĶłĸŋļņŇŴŁĶļĴĺĿłĵĴĿёĴĶĴŇĸĺłі ria constitutiva da existência contemporânea. Daí a consequência, da qual ŁőłņĸĻŏķĸņĸņňŅŃŅĸĸŁķĸŅёķĸňŀĴŀňĿŇļŃĿļĶĴŬőłĸŀĸŋĶĸņņłķłņŀĸņŀłņ riscos que se quiseram evitar. O resultado mais evidente é o da absoluta ņňŃĸŅŃłņļŬőłķłņłŃłņŇłņѓŃĴōĸĺňĸŅŅĴёĴŇĴńňĸĸķĸĹĸņĴёʼnļķĴĸŀłŅŇĸņĸ superpõem cada vez mais. ĸŁłņķĸŇļʼnĸŅŀłņĴĸŋĴŀļŁĴŅŀĴļņķĸŇĴĿĻĴķĴŀĸŁŇĸĴĿƷĺļĶĴĻłŀļ cida e suicida das atuais práticas terroristas, não é difícil reconhecer um passo ulterior em direção a tanatopolítica nazista. Já não se trata de que ĴŀłŅŇĸŇĸŁĻĴņňĴĸŁŇŅĴķĴķĸňŀŀłķłĶłŁŇňŁķĸŁŇĸŁňŀĴʼnļķĴёŀĴņņļŀ que é essa vida a que se constitui no instrumento da morte. Que é, especiі camente, um kamikaze, se não um fragmento de vida que se lança sobre outras vidas para produzir a morte? Não se desloca o alvo dos atentados o o o o om lro m terroristas cada vez mais para as mulheres e as crianças, isto é, sobre os ŀĴŁĴŁĶļĴļņŀĸņŀłķĴʼnļķĴѝ A barbárie da decapitação dos reféns parece conduzir-nos à época pré-moderna dos suplícios em praça, com um toque hipermoderno, consі tituído pela plateia planetária da Internet a partir da qual se pode assistir ao espetáculo. O virtual, mais que o oposto ao real, constitui, neste caso, a ŀĴļņĶłŁĶŅĸŇĴŀĴŁļĹĸņŇĴŬőłŁłĶłŅŃłŀĸņŀłķĴņʼnƓŇļŀĴņĸŁłņĴŁĺňĸńňĸ parece salpicar na tela. Nunca como nestes dias, a política se praticou soі bre os corpos e sobre os corpos das vítimas inermes e inocentes. Mas o que é ainda mais signi cativo da atual deriva Biopolítica é a ĶļŅĶňŁņŇŐŁĶļĴķĸńňĸĴŀĸņŀĴŃŅĸʼnĸŁŬőłĸŀŅĸĿĴŬőłĴłŇĸŅŅłŅķĸŀĴņņĴ tende a apropriar-se de suas modalidades e a reproduzi-las. Como ler de łňŇŅłŀłķłĸŃļņƷķļłņŇŅŏĺļĶłņĶłŀłĴŀĴŇĴŁŬĴŁłŇĸĴŇŅł ňĵŅłʼnņľĴķĸ łņĶłňёĸĹĸŇňĴķłŃĸĿĴŃłĿƓĶļĴŀĸķļĴŁŇĸłĸŀŃŅĸĺłķĸĺĴņĸņĿĸŇĴļņŇĴŁŇł para os terroristas como para os reféns? E, noutro plano, não é também ĴŇłŅŇňŅĴĴĵňŁķĴŁŇĸŀĸŁŇĸŃŅĴŇļĶĴķĴŁłņĶŏŅĶĸŅĸņļŅĴńňļĴŁłņňŀŅĸņƓķňł ĸŋĸŀŃĿĴŅķĸŃłĿƓŇļĶĴņłĵŅĸĴʼnļķĴёĴŀĸļłĶĴŀļŁĻłĸŁŇŅĸĴļŁĶļņőłņłĵŅĸ o corpo dos condenados da Colônia Penal de Ka a e a bestialização do inimigo de matriz nazista? Que na recente guerra no Afeganistão os mesі ŀłņĴʼnļƹĸņŇĸŁĻĴŀĿĴŁŬĴķłĵłŀĵĴņĸʼnļʼnĸŅĸņņłĵŅĸĴņŀĸņŀĴņŃłŃňĿĴі ções é, quiçá, o sinal tangível da superposição mais acabada entre defesa da vida e produção de morte. łŀļņņłёłķļņĶňŅņłŃłķĸĶłŁņļķĸŅĴŅіņĸŇĸŅŀļŁĴķłѝHĸņŇĸłDzŁļі Ķł ŅĸņňĿŇĴķłŃłņņƓʼnĸĿ łň ĸŋļņŇĸ łňŇŅł ŀłķłķĸŃŅĴŇļĶĴŅ łňё ĴłŀĸŁłņё ķĸ pensar a Biopolítica? É possível uma Biopolítica nalmente a rmativa, ŃŅłķňŇļʼnĴёńňĸņĸņňĵŇŅĴļĴĴłŅĸŇłŅŁłļŅŅĸŃĴŅŏʼnĸĿķĴŀłŅŇĸѝHļŀĴĺļŁŏʼnĸĿё ŃĴŅĴķļōŴіĿłĶłŀłňŇŅĴņŃĴĿĴʼnŅĴņёňŀĴŃłĿƓŇļĶĴŁőłĽŏņłĵŅĸĴʼnļķĴёŀĴņņļŀ da vida? E como deveria o poderia con gurar-se? Pelo momento um primeiro e não inútil esclarecimento. Concedenі ķłĴĿĸĺļŇļŀļķĴķĸķĸŇłķłłķĸĿļŁĸĴķłёŃĸņņłĴĿŀĸŁŇĸŇĸŁĻłķDzʼnļķĴņņłĵŅĸ qualquer curto-circuito entre loso a e política. Sua implicação não pode ņłĿňĶļłŁĴŅіņĸĶłŀĴĴĵņłĿňŇĴņňŃĸŅŃłņļŬőłђŃłļņŁőłĶŅĸļłńňĸĴŇĴŅĸĹĴķĴ loso a seja a de propor modelos de instituições políticas ou que se possa ĹĴōĸŅķĴ ļłŃłĿƓŇļĶĴňŀŀĴŁļĹĸņŇłŅĸʼnłĿňĶļłŁŏŅļłłňёķĸĴĶłŅķłĶłŀłĺ to de cada um, reformista. Minha impressão é que se tem de percorrer um caminho muito mais largo e articulado, que passa por um esforço especi camente losó co de nova elaboração conceitual. Se, como Deleuze crê, a loso a é a prática ķĸĶŅļĴŬőłķĸ ĶłŁĶĸļŇłņĴķĸńňĴķłņĴłĴĶłŁŇĸĶļŀĸŁŇłńňĸŁłņŇłĶĴĸ Łłņ transforma, este é o momento de repensar a relação entre política e vida ŁňŀĴĹłŅŀĴńňĸёĸŀʼnĸōķĸņňĵŀĸŇĸŅĴʼnļķĴĸŀķļŅĸŬőłķĴŃłĿƓŇļĶĴҎłńňĸ o u v o u v( v u u u u v manifestamente ocorreu no curso do último século), introduzir na política a potência da vida. O que conta não é enfrentar a Biopolítica desde seu ĸŋŇĸŅļłŅёŀĴņņļŀķĸņķĸņĸňļŁŇĸŅļłŅŀĸņŀłёĵĴņŇĴĹĴōĸŅĸŀĸŅĺļŅĴĿĺłńňĸ até agora tem caído afastado por seu oposto. Naturalmente a referência a este oposto é necessária, ao menos para xar um ponto de partida e contraste. Em meu livro, elegi o camiі ŁĻłŀĴļņķļĹƓĶļĿѓŃĴŅŇļŅķłĿňĺĴŅķĴŀĴļņĸŋŇŅĸŀĴķĸŅļʼnĴŀłŅŇƓĹĸŅĴķĴ ļłі política, isto é, o nazismo, de seus dispositivos tanatopolíticos, para busі ĶĴŅŃŅĸĶļņĴŀĸŁŇĸŁĸĿĸņłņŃĴŅĴķļĺŀĴņёĴņĶĻĴʼnĸņёłņņļ壳ņļŁʼnĸŅŇļķłņķĸ uma política diferente da vida. Dou-me conta de que isto possa parecer ĶĻłĶĴŁŇĸёĸŁĹŅĸŁŇĴŅіņĸĶłŀňŀņĸŁŇļķłĶłŀňŀńňĸŇĸŀŇŅĴŇĴķłёķňŅĴŁŇĸ ŀňļŇłŇĸŀŃłёĶłŁņĶļĸŁŇĸłňļŁĶłŁņĶļĸŁŇĸŀĸŁŇĸёķĸŅĸŀłʼnĸŅĴńňĸņŇőłķł ŁĴōļņŀłёķłńňĸłŁĴōļņŀłŇĸŀĸŁŇĸŁķļķłĸёķĸņĴĹłŅĴķĴŀĸŁŇĸёŃŅĴŇļĶĴķłё ĶłŀłŃłĿƓŇļĶĴķĴĵƓłņ, mesmo que utilizando mais corretamente o léxico aristotélico, deveria dizer ōłų. ņŇŅŴņĴŃĴŅĴŇłņŀłŅŇƓĹĸŅłņķłŁĴōļņŀłҎĴļŁķĴńňĸёŁĴŇňŅĴĿŀĸŁŇĸё Łőł ņƷ ķĸĿĸё Ķłŀł ŅĸņŇĴ ĻłĽĸ ĸŀ ķļĴ ĶĴķĴ ʼnĸō ŀĴļņ ĸʼnļķĸŁŇĸҏ ņłĵŅĸ łņ ńňĴļņŇĸŁĻłŇŅĴĵĴĿĻĴķłņĸŅĸĹĸŅĸŀŎŁłŅŀĴĿļōĴŬőłĴĵņłĿňŇĴķĴʼnļķĴёļņŇł é, à clausura da ĵƓłņķĸŁŇŅłķĴĿĸļķĸņňĴķĸņŇŅňļŬőłёŎķňŃĿĴĶĿĴňņňŅĴķł corpo, à imunização homicida e suicida do povo alemão dentro da guі ra de um único corpo racialmente puri cado. Finalmente, à supressão ĴŁŇĸĶļŃĴķĴķłŁĴņĶļŀĸŁŇłĶłŀłĹłŅŀĴķĸĶĴŁĶĸĿĴŀĸŁŇłķĴʼnļķĴķĸņķĸł momento de seu surgimento. ĸņņĸņķļņŃłņļŇļʼnłņŁőłĿĻĸņŇĸŁĻłĶłŁŇŅĴŃłņŇłĴĿĺłĸņŇŅĴŁĻłёŀĴņ ņļŀёĸŃŅĸĶļņĴŀĸŁŇĸёłņĸňłŃłņŇłļŀĸķļĴŇłѓňŀĴĶłŁĶĸŃŬőłķĴŁłŅŀĴļŀĴі ŁĸŁŇĸĴłņĶłŅŃłņёŁőłļŀŃłņŇĴķĸņķĸłĸŋŇĸŅļłŅёňŀĴŅňŃŇňŅĴķĴļķĸļĴĹĸі ĶĻĴķĴĸłŅĺŐŁļĶĴķłĶłŅѳѳĿƓŇļĶłĸŀĹĴʼnłŅķĴŀňĿŇļŃĿļĶļķĴķĸķĴĸŋļņŇŴ ĶļĴʼnĴŅļĴķĴĸŃĿňŅĴĿĸёŃłŅDzĿŇļŀłёňŀĴŃłĿƓŇļĶĴķłŁĴņĶļŀĸŁŇłĸŁŇĸŁķļķĴ ĶłŀłŃŅłķňŬőłĶłŁŇƓŁňĴķĴķļĹĸŅĸŁŬĴĸŀŅĸĿĴŬőłĴŇłķĴŃŅŏŇļĶĴļķĸŁŇļŇŏі ria. Sem poder retomar aqui em detalhe os argumentos propostos, eles se orientam no sentido de uma conjugação inédita entre linguagem da vida e forma política mediante a re exão losó ca. Ainda não podemos saber o ńňĴŁŇłķĸļņņłŇňķłŃłķĸŅŏļŅŁłņĸŁŇļķłĶłŁņŇļŇňŇļʼnłķĸňŀĴ ļłŃłĿƓŇļĶĴ a rmativa. O que me interessa é assinalar vestígios, enovelar os capazes de adiantar algo que ainda não emergiu com claridade no horizonte. u-7 ou -u1 v (bm 1b v - b u 7 ou o ( o 7 l0uo 7 b bu-