Sua Idade

Por Giuliana Cury (@giucury)

Dos 49 anos celebrados nesta quarta-feira (30), praticamente 43 deles foram vividos na frente das câmeras. Aos 6 anos, Angélica ganhou o concurso de criança mais bonita do Brasil, realizado pelo programa Buzina, do Chacrinha. Aos 12, já apresentava atrações infantis na extinta Rede Manchete. Com 15, estourou nas paradas musicais com o hit Vou de Táxi e tinha 20 anos quando comandou o show que levava seu nome no SBT, o Casa da Angélica. Sua estreia na Rede Globo foi com 23 anos, apresentando não um, mas dois programas infanto-juvenis: Angel Mix e Caça Talentos.

Cantora, apresentadora, atriz, Angélica coleciona boas memórias em todos esses anos de trabalho. “Eu vivi momentos muito especiais ao longo da minha carreira, que começou muito cedo. Tive o privilégio de conviver com grandes nomes na cultura nacional e me sinto muito honrada de ter feito parte do entretenimento e da arte do país”, disse a artista multitasking em entrevista à Vogue.

Além dos números superlativos que acumula na carreira, Angélica também tem motivos de sobra para celebrar as conquistas na vida pessoal. Em 30 de outubro, comemorou 18 anos de casamento com o apresentador Luciano Huck e sente-se privilegiada por poder acompanhar o dia a dia dos três filhos, Joaquim, de 17 anos, Benício, de 15, e Eva, com 12. “Ter um tempo com a família é muito importante para mim, é meu combustível. Isso me traz uma plenitude e uma alegria incrível.” Confira a nossa conversa com a artista, que ainda entregou o que falaria para a Angélica de 20 anos sobre como estaria agora:

VOGUE: Qual foi seu grande aprendizado nesses anos? O que mais mudou em você, na forma de ver a vida, o trabalho, a família?

ANGÉLICA: Acho que meu maior aprendizado foi me acalmar, não ter pressa. A maturidade traz um pouco isso, mas acredito que eu me permiti viver assim também. Me permiti dar um tempo, respirar, ter calma nas coisas, nas decisões, não precisar estar sempre no foco para ser feliz. Isso me trouxe essa liberdade que eu tanto prezo, liberdade de pensamento, de escolhas… A minha relação com o trabalho, que sempre foi e continua sendo importantíssima para mim, porque eu praticamente nasci trabalhando, está muito mais tranquila. Hoje eu tenho a possibilidade e o privilégio de poder escolher trabalhos e de passar mais tempo com a minha família. E isso é meu combustível. Cheguei a essa conclusão, que é esse tempo com eles além do trabalho, que me traz plenitude e alegria. E é mais sobre qualidade do que quantidade. Porque, antes, eu arrastava todo mundo comigo para as gravações, mas não dava para dar muita atenção. Agora, o tempo que passamos juntos é de qualidade.

Você está completando 49 anos linda, com a pele radiante, em forma… Quanto de felicidade, de maturidade, de bem com a vida, tem nesse resultado e quanto é de cuidado e dedicação?

A: Felicidade e maturidade trazem liberdade e segurança, uma ótima combinação para autoestima. E o que mais me traz felicidade é ter essa liberdade de pensamento. Agora, é claro que eu me cuido. Como comecei muito cedo na carreira, sempre me cuidei, tenho isso como rotina mesmo, é como escovar os dentes. Tirar a maquiagem, passar creme, fazer uma drenagem, praticar exercício físico… Essa dedicação é uma rotina natural na minha vida. E, sim, a maturidade, o estar bem com o corpo, o estar de bem com os defeitos e com as partes boas, essa liberdade de você se aceitar — e aceitar também aquilo que as outras pessoas julgam que não são boas, mas que você acha que são — é muito bom. É muito legal essa aceitação. Isso deixa a gente mais bonita, sim.

Tem alguma coisa que você começou a fazer mais recentemente que nunca imaginou que faria?

Angélica: Ah, não sei… Eu simplesmente vou fazendo. Sempre gostei de coisas novas, de experimentar… Sempre fui deixando a vida me levar um pouco — claro, com aquilo que eu não fosse me arrepender lá na frente. Sempre gostei dessa leveza. Acho que isso veio do tempo em que trabalhei com crianças. Porque elas têm muita liberdade de imaginação, de não ter medo ou vergonha de fazer as coisas. E eu aprendi muito com elas. Fiquei muitos anos pensando com elas, para elas, como elas. Essa liberdade de fazer, de experimentar, vem muito desse lado criança, e eu procuro manter.

Angélica faz um balanço dos seus 49 anos e fala sobre maturidade, casamento, menopausa, autocuidado e como lida com o tempo — Foto: Vogue / Pedro Bucher
Angélica faz um balanço dos seus 49 anos e fala sobre maturidade, casamento, menopausa, autocuidado e como lida com o tempo — Foto: Vogue / Pedro Bucher

Para você, como é envelhecer na frente das câmeras? O que você gostaria que a indústria do entretenimento entendesse sobre envelhecimento?

Angélica: Empreender, fazer parte do negócio de entretenimento, é realmente bem mais desafiador para as mulheres, sobretudo quando vão ficando mais velhas. Continua não sendo fácil, mas já foi mais difícil. A luta de muitas mulheres ícones tem sido muito importante para abrir caminhos e amenizar isso. Agora, sobre como lidamos com o envelhecimento, acho que demos alguns passos para traz. Essa coisa dos filtros, das redes sociais, da internet, as comparações a que elas levam, as pessoas se projetando naquela imagem do outro… Tudo isso tem gerado uma angústia grande nas pessoas, com elas desejando parecer mais jovens, não querendo envelhecer. Essa é uma batalha grande, que não sei a fórmula para vencer, mas que a gente tem que travar. Ainda mais porque isso impacta diretamente nessa liberdade que eu falei, de você ser feliz com seu corpo, do jeito que você quer. Acho que isso ainda não está resolvido e temos que falar muito ainda.

Você tem um papel muito importante no movimento de normalização da menopausa. O fato de ter vivido isso precocemente, aos 42 anos, e com muito tabu ainda sobre o tema na época, foi um estímulo para você falar para outras mulheres?

A: Com certeza. Eu vivi essa fase sem muita informação, fui errando, fui me dando mal em alguns momentos… Então, tenho muita vontade de democratizar, normalizar, falar mais dos assuntos de mulher que continuam meio tabus (menstruação, menopausa…) Isso é uma loucura, um conceito antigo colocado pelo patriarcado — e que ainda está enraizado — de que a mulher não pode isso, não pode aquilo. O que, na verdade, é uma tentativa de controle. Falar da menopausa, e de todos os assuntos femininos, é muito importante para quebrar esses estigmas. E fico muito feliz em, de alguma forma, com a minha imagem, ajudar mulheres que estão passando por isso.

O que você aprendeu com a menopausa?

A: Aprendi mais sobre o meu corpo. A gente precisa se olhar mais. Quando a menopausa vem, ela chega meio que avassaladora, com os calores, a falta de libido, a queda de cabelo, o ressecamento da pele, a mudança de humor… Eu tive que parar e me olhar, para cuidar disso tudo de dentro para fora. Isso incentivou ainda mais o meu autocuidado.

O que diria para as mulheres que estão passando por esse momento ou prestes a entrar?

A: Para quem já está na menopausa: força e procurem bons profissionais. Não esperem porque, às vezes, o humor muda e você pode entrar em depressão — e aí não vai conseguir sair do lugar. Então, não espere. Procure um profissional, fale disso com parentes, amigos… Não fique sozinha.

Para quem está prestes a entrar: já que percebeu que a menopausa está chegando, antecipe os cuidados, fale com o médico, comece a se cuidar. Existem muitas alternativas naturais para adotar e fazer com que os sintomas cheguem mais suave. Falar sobre o assunto é muito importante também para desmistificá-lo. E, se você tem algum parceiro, converse, explique pelo que está passando, não tenha vergonha de expor seus calores, de dizer que está com a libido baixa… Porque aí, juntos, vocês vão procurar uma forma de resolver isso.

Angélica faz um balanço dos seus 49 anos e fala sobre maturidade, casamento, menopausa, autocuidado e como lida com o tempo — Foto: Reprodução/Instagram
Angélica faz um balanço dos seus 49 anos e fala sobre maturidade, casamento, menopausa, autocuidado e como lida com o tempo — Foto: Reprodução/Instagram

Você acredita que o bem-estar e o autocuidado são o novo luxo?

A: Acredito que são muito importantes, sim, mas não diria que é um luxo, porque, quando falamos assim, as pessoas acabam achando que isso é coisa para ricos, só para quem tem tempo. Precisamos desmistificar isso. Acho que tem que ser um luxo para todos. Pequenas e grandes coisas que todos podem fazer.

Como você pratica o autocuidado no dia a dia?

A: Existem muitas formas de você cuidar da mente sem precisar gastar dinheiro. Eu procuro meditar pelo menos uma vez por dia — quando consigo duas vezes, aí sim é um luxo. E meditar é uma coisa que todo mundo pode fazer. Parar 10, 15, 20 minutos por dia e meditar. Isso já é um autocuidado. Eu gosto de ter um tempo só para mim. Hidratar meu cabelo, cuidar do meu corpo, alguma coisa só minha. O bem-estar, para mim, também é estar com com minha família. Ver meus filhos crescerem, acompanhar o dia a dia deles, isso é muito gostoso. Estar com bichos, em contato com a natureza, pisar no chão descalça… Procuro ter esses momentos.

São quase 20 anos de casamento com o Luciano Huck. Você acha que a maturidade ajuda no relacionamento? Quais as melhores partes de uma união longeva assim, e os maiores desafios?

A: Eu fico muito grata por ter encontrado um parceiro de vida. Nosso relacionamento é muito melhor hoje do que há 5, 10 anos. A gente se conhece mais, se completa mais. Um pensa, o outro já responde. É muito gostoso ter essa conexão. E acho que a vida é sobre conexão: com a natureza, com o parceiro, com os filhos, com o mundo. Acho que a melhor parte de uma união longeva é isso. O maior desafio é a rotina. Então, o segredo é não deixar a rotina tomar conta. Procurar estar sempre cuidando do relacionamento, mas de forma natural. O que me faz bem, por exemplo, acaba fazendo bem para o outro também. E se cuidar é uma forma de cuidar do outro também.

O que a maternidade te ensinou?

A: A maternidade me ensina todos os dias. Eu aprendo com os meus filhos a todo momento, eles me renovam, me trazem leveza. E a gente perde muito do egoísmo ao ser mãe, porque tem que dividir momentos, abrir mão de coisas por eles. Essa divisão acaba sendo uma soma, eles somam muito na minha vida.

Hoje, quando se olha no espelho, o que você vê?

A: Vejo uma mulher feliz, muito realizada com todas as coisas que a vida me presenteou. Vejo uma mãe forte, potente, e uma esposa também forte e potente. Enxergo uma mulher enfrentando os desafios de ser mulher, mas buscando resoluções, procurando asfaltar esse caminho para a minha Eva, que está vindo, e para outras meninas… E ainda querendo realizar muito.

Se pudesse dar um spoiler para a Angélica de 20 anos sobre como você estaria hoje, aos 49 anos, o que contaria para ela?

A: Uau. Acho que falaria para ela: ‘Olha, vamos com tudo porque vai dar certo no final. Você vai passar por muitas coisas, muitos questionamentos, muitas pessoas vão passar pela sua vida e aprenda com todas elas. Não deixa passar nada, aprenda muito. Aí, quando você tiver 49, 50 anos, você vai estar muito realizada e muito feliz por ter cruzado o caminho de tanta gente e de ter aprendido com essas pessoas’. Falaria também pra ela confiar e não desanimar nos momentos de ansiedade. Diria para respirar e seguir, porque ela iria realizar muitos sonhos daquela menina de 20 anos. E sou muito grata a ela, porque ela nunca desistiu! Ela veio firme.

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