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Por Martha Funke, para o Valor

Empresa de controle familiar, 100% nacional e de perfil discreto, o grupo paranaense Fertipar briga de igual para igual com grandes multinacionais no mercado de fornecedores de fertilizantes no Brasil. Desde sua fundação, em 1980, sua estratégia, cujo alvo é o comportamento do agronegócio, busca acompanhar o ritmo de demanda e a localização dos clientes para crescer de maneira orgânica.

Hoje, a holding controla 11 empresas com 21 unidades industriais e cerca de 3,8 mil funcionários. No ano passado foram entregues 6,7 milhões de toneladas de fertilizantes, com faturamento de R$ 27 bilhões. As tradings relacionadas ao grupo, NPK e Fico, comercializaram 1,2 milhão de toneladas, agregando US$ 757 milhões extras, para somar ao final R$ 31 bilhões em faturamento.

O ano de 2022 não foi fácil para o setor. Os preços chegaram a patamares três vezes superiores aos níveis pré-pandemia, desafiados por fatores extras, como a guerra na Ucrânia e a alta do dólar, com risco de desabastecimento em uma área onde mais de 80% da matéria-prima é importada e tanto Rússia quanto Ucrânia têm papel de destaque. Em contrapartida, como a alta dos preços e recordes de produção favoreceram também a agricultura, mesmo com queda de 17,8% nas vendas e de 30% nas importações em 2022, a média de expansão da receita líquida superou 32% nos últimos cinco anos.

“A alta na receita ocorreu em função do preço”, diz a sócia e diretora institucional do grupo, Juliana Feldmann. A executiva é filha de Alceu Elias Feldmann, fundador da empresa em Paranaguá (PR), em 1980, e que ainda ocupa sua presidência. De lá para cá, o crescimento médio anual da empresa, atualmente sediada em Curitiba (PR), gira em torno de 15% e, mesmo com a profissionalização, a companhia agrega filhos e netos do fundador, que domina reuniões de família, conta ela.

O desempenho corresponde praticamente ao da agricultura nacional. A meta de acompanhar o cliente de perto impulsiona investimentos em expansão de capacidade produtiva, armazenagem e produtividade para atender as “janelas” determinadas pelo ritmo das safras. Em 2022, por exemplo, foi finalizada a expansão da unidade de Uberaba (MG) e celebrada a maturação do volume da unidade de Sinop (MT), a segunda do Estado, maior produtor de fibras e grãos do país.

Juliana Feldman, da Fertipar: dinâmica diferente — Foto: Divulgação
Juliana Feldman, da Fertipar: dinâmica diferente — Foto: Divulgação

Neste ano, só em seis projetos em andamento, entre expansões e novas unidades, os investimentos superam R$ 550 milhões. Novas plantas estão sendo implantadas em Rio Verde (GO), Palmeirante (TO), Miritituba (PA), Arceburgo (MG) e Penápolis (SP), enquanto Rio Grande (RS) e Paranaguá (PR) recebem aportes para maior capacidade. Porto Velho (RO) também está na mira, em fase de prospecção de terreno.

A ampliação da fábrica de Paranaguá está sendo acompanhada de modernização. Com a dependência da importação, boa parte das unidades produtivas estão localizadas próximas aos portos por onde chegam as matérias-primas e, para reforçar agilidade, qualidade e sustentabilidade dos produtos, a planta paranaense está ganhando um sistema de descarga com conexão direta ao porto por meio de esteiras aéreas, reduzindo perdas com queda de resíduos e comprometimento por movimentação dos produtos por caminhões.

O plano de expansão também inclui aumento da capacidade de armazenagem global, de 1,6 milhão para 1,8 milhão de toneladas, investimentos em produtos especiais para tratamento do solo, como o superfosfato Super N, e melhoria de atendimento de operadores portuários. A logística é um dos pontos fortes da companhia. “Só de área de estacionamento são 216 mil metros quadrados”, destaca Juliana. Mas um importante foco estratégico é a sustentabilidade. Mesmo com a expansão das operações, o consumo de energia caiu 34% entre 2018 e 2022, de 898 MW para 590 MW.

Atualmente, a região Centro-Oeste fica com a maior fatia das vendas, 33%, seguida pelas regiões Sul (26%) e Sudeste (24%). Entre as culturas, a liderança é da soja, com 32%. Milho (29%) e cana-de-açúcar (11%) vêm na sequência. A diversificação é maior do que no mercado nacional como um todo, onde o consumo do Centro-Oeste é estimado em 39% do total e da soja, em 48%.

O crescimento da fatia de participação no mercado comprova os resultados da estratégia de expansão. Em 2003, o grupo respondia por menos de 10% do mercado nacional, enquanto no ano passado superou 16%. Somados, os fatores de destaque da companhia em 2022, como 47,5% de rentabilidade e alavancagem financeira (dívida financeira líquida sobre Ebitda) de 0,03% negativo, colocaram a Fertipar em primeiro lugar do ranking do setor de química e petroquímica do Valor 1000 com nota 69,7%.

Em relação à edição anterior, que analisou os balanços de 2021 e quando ocupou a quarta posição, a Fertipar saltou 26,4 pontos na nota final. Além do indicador de alavancagem financeira, o grupo avançou em outros dois indicadores que no exercício de 2021 não somaram pontos à análise de desempenho. Entrou para o grupo das dez líderes com 10,7% de margem Ebitda e conquistou a oitava posição em evolução da receita líquida (32,9%).

Para Juliana Feldmann, 2023 mostra dinâmica bem diferente da registrada no ano passado. O período começou com preços muito altos, mas, como foram caindo ao longo do tempo, os produtores preferiram aguardar o máximo para fechar as aquisições. “Apesar de os preços das commodities agrícolas também sofrerem diminuição, a relação de troca é positiva para o agricultor”, destaca a executiva.

Mas, embora o ano tenha começado com ritmo acelerado de entregas para a safrinha de milho, mais tarde a redução da janela de entrega aumentou a pressão sobre a companhia. Foi quando a capacidade de armazenagem fez diferença para aproximar as datas de venda e entrega. Só para comparar, em maio de 2022, 70% do volume de fertilizantes previsto para o período já tinha sido vendido, ante 55% no mesmo mês de 2023. As previsões otimistas das safras também favorecem as expectativas da empresa.

Em julho, o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), calculou produção recorde de cereais, leguminosas e oleaginosas, alcançando 308,9 milhões de toneladas, 17,4% acima do ano passado, favorecida por redução de percalços climáticos. Um exemplo é o volume da soja. A leguminosa plantada no fim de 2022, com colheita em 2023, aponta para novo recorde no segmento e deve crescer acima de 24% e se aproximar de 148,8 milhões de toneladas. Os índices positivos devem garantir a performance da empresa ao longo do ano.

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