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Por Marcela Marcos, para o Valor

Com raízes fincadas no tripé formado por medicina, educação e tecnologia, a Afya tem colhido os frutos de um processo de expansão acelerado durante a fase mais crítica da pandemia de covid-19. O ano de 2022 foi marcado por aumentos significativos na receita líquida: o valor ajustado ficou em R$ 2,3 bilhões, um crescimento de 32,3% ante o resultado de 2021. Em 2019, quando ocorreu a oferta pública de ações (IPO, na sigla em inglês) feita na Nasdaq, bolsa americana focada em empresas de tecnologia, a receita líquida da companhia era de R$ 750,6 milhões. Desde então, o número de funcionários, que girava em torno de três mil, cresceu para dez mil.

As projeções para 2023 são de que a receita líquida ajustada poderá chegar a R$ 2,85 bilhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado deve atingir o patamar de R$ 1,2 bilhão. “Costumamos dizer que este é nosso ano ‘4x4’: quatro vezes o crescimento, em quatro anos pós-IPO”, afirma o CEO da Afya, Virgilio Gibbon. Até 2020, a empresa, que nasceu como um grupo de faculdades de medicina, era puramente educacional, voltada para formação acadêmica. Atualmente, o grupo consolida-se como um grande hub de soluções para médicos, além da própria formação.

Na vertente educacional, no segmento de graduação, a Afya fechou 2022 com 2.823 vagas autorizadas pelo Ministério da Educação (MEC) – em janeiro, o número saltou para 3.163. Hoje são 17.968 alunos de graduação em medicina matriculados em 30 instituições de ensino superior distribuídas por todas as regiões do país. Por uma questão estratégica, as instituições, na maioria, estão localizadas mais longe das capitais. O grupo ainda ampliou sua atuação em educação continuada, com pós-graduandos matriculados nos mais de 55 cursos e capacitações da Ipemed, instituição fundada em 2006 e que passou a integrar a Afya em 2020.

As inovações impostas no período pandêmico foram um ponto de virada para o grupo. “Com o advento da telemedicina, da prescrição digital e o boom das healthtechs, entendemos que, se não trouxéssemos a digitalização da cadeia de saúde para dentro do processo de aprendizagem, seríamos facilmente ultrapassados”, afirma Gibbon. “Então, desenvolvemos um ecossistema, do zero. Nele, o médico ganha suporte para tomada de decisão clínica e melhora a assertividade [do diagnóstico].” O executivo se refere ao ecossistema formado pelas 11 startups que oferecem soluções em saúde, compradas pela Afya de 2020 até o fim do ano passado. Entre as companhias estão o aplicativo Glic, criado para auxiliar na rotina de pacientes com diabetes, o site CardioPapers, que divulga informações sobre cardiologia, e a healthtech Pebmed, que produz, por ano, mais de três mil conteúdos sobre saúde. Grande parte dessas empresas foi criada por médicos, o que, segundo analistas, confere mais confiabilidade, na medida em que os empreendedores à frente dos negócios entendem as necessidades do público-alvo. O ano passado foi encerrado com uma base superior a 260 mil usuários de serviços digitais.

Outro destaque de 2022 foi o início de uma estratégia B2B para potencializar o uso das soluções oferecidas. Com foco inicial no segmento de farmácias, foram fechados quase cem contratos no primeiro período, com cerca de 45 farmacêuticas. No último mês de abril, a Afya lançou seu Corporate Venture Capital (CVC) para fomentar o empreendedorismo e anunciou o investimento na startup Lean Saúde, cuja plataforma utiliza tecnologia e ciência de dados para antecipar eventos de alta complexidade. O objetivo é evitar internações e complicações clínicas. Já o mês de julho marcou o lançamento da nova estratégia de posicionamento de marca. As unidades de graduação, pós-graduação e especializações, assim como as soluções digitais, passam a receber o nome da organização. As instituições de ensino superior passam a se chamar Afya Faculdade de Ciências Médicas. Já as unidades de educação continuada vão assinar como Afya Educação Médica, enquanto as healthtechs adotam Afya Whitebook, Afya iClinic e Afya Papers.

Virgilio Gibbon, da Afya: negócio robusto — Foto: Julio Bittencourt/Valor
Virgilio Gibbon, da Afya: negócio robusto — Foto: Julio Bittencourt/Valor

“Isso tudo tem relação com propósito. Começamos na jornada de formação médica, inicialmente regida por tradicionalismo e corporativismo, mas nos vimos na necessidade de trazer disruptura para dentro de casa, com uma cultura mais descolada”, diz o CEO. “Tornamo-nos uma marca de consumo de serviços, que proporciona uma vida melhor para o médico. A ideia é que ele possa viver o melhor de sua profissão”, complementa.

As ações ambientais, sociais e de governança (ESG) estão no centro da estratégia da Afya para a solidez do negócio. Seu mais recente relatório de sustentabilidade destaca que a empresa foi premiada, pelo segundo ano consecutivo, no Índice de Igualdade de Gênero (GEI) publicado pela Bloomberg, que considera o desempenho de empresas de capital aberto em métricas relacionadas à equidade de gênero no local de trabalho. A companhia assumiu o compromisso público de ter, até 2030, 50% dos cargos de liderança a partir de gerência ocupados por mulheres, firmado no âmbito do Pacto Global, iniciativa liderada pela Organização das Nações Unidas. Atualmente, já tem 57% de colaboradoras e 40% de mulheres integrantes do conselho de administração (41% em posições de gestão). “Nosso produto, hoje, é ESG”, afirma Gibbon, para quem “um modelo de negócio vencedor requer uma preocupação genuína” com essa agenda. Sobre a liderança feminina, o executivo enxerga o tema como “uma questão de sobrevivência”, até mesmo porque as mulheres representam mais da metade do total de alunos.

Ainda no âmbito das práticas ambientalmente responsáveis, a Afya aposta em iniciativas de promoção à saúde e prevenção de doenças, com mais de 14 mil pessoas impactadas. A companhia, que é incentivadora do Programa Mais Médicos, também promove atendimentos de saúde gratuitos e desenvolve ações de responsabilidade social em comunidades locais (a exemplo da arrecadação de três toneladas de alimentos em campanhas realizadas pelas Ipemeds).

Há, ainda, iniciativas voltadas para fontes energéticas mais limpas: 17% do total consumido em 2022 foi suprido por energia solar, ante 8% em 2021. Outro ganho relacionado a boas práticas foi a conquista da certificação Great Place to Work (GPTW) pela primeira vez no ano passado, como “excelente lugar para trabalhar”.

No primeiro trimestre de 2023, a receita líquida ajustada da empresa cresceu 25%, conforme o balanço de resultados da Afya Limited. No mesmo período, houve redução do endividamento líquido em R$ 177 milhões. Recentemente, a Afya entrou na B3, a convite da própria bolsa de valores brasileira, um movimento visto pelo CEO como importante em um momento de baixa liquidez. O executivo está otimista diante do biênio 2023-2024, não só pelo cenário tributário, mas também por ter conseguido criar, nas palavras dele, “um negócio novo, mas já com robustez muito grande”.

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