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Por Mônica Magnavita — De São Paulo


Rodrigo Agostinho, do Ibama: fiscais, que eram 1,7 mil, foram reduzidos para 300 — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Rodrigo Agostinho, do Ibama: fiscais, que eram 1,7 mil, foram reduzidos para 300 — Foto: Silvia Zamboni/Valor

Manter a floresta brasileira em pé, especialmente na Amazônia, reduzindo a zero o desmatamento ilegal, significa evitar o lançamento de 21 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera até 2050. Caso atinja esse patamar, o Brasil não só conquistará o posto de nação neutra em gases de efeito-estufa, como poderá agregar até US$ 100 bilhões anuais ao PIB nacional com atividades agroflorestais.

Potencial é o que não falta. A demanda global de produtos da Amazônia, como cacau, açaí, pimenta-do-reino, frutas tropicais, peixes nativos, entre outros de uma lista de 64 itens já exportados, atinge atualmente US$ 176 bilhões. Só que o Brasil participa desse bolo com apenas 0,2%, conforme o pesquisador Salo Coslovsky, da Universidade de Nova York. Ou seja, praticamente nada. Políticas adequadas e ações concretas que preservem atividades produtivas com a floresta em pé serão capazes de reverter o atual cenário.

Para tanto, a floresta em pé precisa valer mais que a floresta no chão. Iniciativas nessa direção, segundo Ricardo Assunção líder de ESG da consultoria EY, podem se tornar a maior fonte de recursos para a Amazônia nos próximos dez anos, sobretudo em virtude de sua capacidade de sequestrar carbono. E isso a um custo de cerca de US$ 10 bilhões de investimentos no desenvolvimento de economia sustentável baseada na floresta. “O valor para se conseguir equacionar problemas é muito menor do que o potencial que a floresta pode entregar”, diz Assunção. Produtos como cacau, café, açaí, pimenta-do-reino, cupuaçu, banana estão entre os principais.

Chegar a tal resultado, no entanto, exigirá um conjunto de ações. A primeira delas é combater a ilegalidade evitando, em paralelo, a concorrência predatória de produtos fora da lei.

Hoje, em algumas regiões da Amazônia, áreas com florestas preservadas valem apenas 10% do valor de áreas desmatadas. Não por outra razão, o Brasil vem perdendo quase 2 milhões de hectares de vegetação nativa por ano, por falta de fiscalização e ações de comando e controle, foco da nova direção do Ibama.

“Os 1,7 mil fiscais do Ibama durante o primeiro plano de combate ao desmatamento estão reduzidos para 300. Isso não dá para aceitar. É esse ponto de virada que precisamos atingir para enfrentarmos mudanças climáticas e não fazermos apenas greenwashing”, afirma Rodrigo Agostinho, presidente do Ibama, que participou de painel sobre o tema no Fórum Ambição 2030, referindo-se a práticas traduzidas por “lavagem verde”.

De acordo com ele, 1 milhão de metros cúbicos de toras de madeira ilegal são vendidos no mercado nacional. “O mundo espera que o Brasil faça rastreabilidade para separar o certo do errado. Ao mesmo tempo que o comando e controle vai fazendo seu trabalho, precisamos de ações de bioeconomia sérias, dentro de um grande cardápio de soluções”, diz Agostinho.

Como exemplo, ele citou concessões florestais tanto para produtos, quanto para restauração de áreas públicas desmatadas ilegalmente, que têm grande capacidade de gerar emprego na coleta de sementes, produção de mudas e plantio, no sequestro de carbono e na manutenção da floresta. Além disso, há vasto potencial de retorno de investimentos na produção para indústria de cosméticos, alimentícia e farmacêutica.

A estratégia correta, na visão de especialistas, é diversificar ações. O consenso é de que não existe bala de prata. A Agenda 2030 demanda uma combinação de estratégias, começando pelo combate rigoroso ao crime, passando pelo desenvolvimento socioeconômico (a região representa 60% do território, mas apenas 8% do PIB brasileiro), bases para a criação de uma nova economia com a floresta.

“Temos um potencial enorme a ser explorado em todas as cadeias de valor. Na Amazônia nunca tivemos investimentos de vulto na competitividade de cadeias que promovem a restauração florestal e a conservação de florestas”, diz Mariano Cenamo, criador do Idesam, ONG que se tornou uma referência no fomento a negócios que ajudam a preservar as florestas, com investimentos em 18 empresas.

Além de reflorestar áreas degradadas por pastagens e sequestrar carbono, a experiência do Idesam mostrou ser possível produzir de forma eficiente, sem uso de agrotóxicos, gerando renda para a população.

Renda, aliás, é outra questão central no esforço de se manter a floresta em pé. Ricardo Assunção observa que resultados concretos demandarão a combinação de investimentos público, privado e filantropia. “Só assim teremos ‘match’. O mundo ficou viciado na agenda de carbono e esqueceu a biodiversidade. A COP deixou claro que os negócios entrarão nessa jogada”, conclui.

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