Futuro do dinheiro e inteligência artificial andam de mão dadas, assim como serviços financeiros inovadores e fintechs. O caminho para garantir cada vez mais produtos e serviços disruptivos na área financeira foi tema de painéis da última edição do Web Summit Rio.
A fintech brasileira CloudWalk anunciou sua chegada aos Estados Unidos, neste primeiro semestre, com um novo aplicativo que permitirá o pagamento instantâneo, como o pix, voltado para empreendedores individuais ou pequenos negócios. A solução reúne três grandes tendências: inteligência artificial, pagamento no celular por aproximação e transferência, como o pix. Luís Silva, fundador da marca, disse ser este o ponto de partida para a expansão global.
Outra tendência que se consolida é a do mercado de criptoativos. Marcelo Sampaio, CEO da Hashdex, primeira a lançar ETFs (fundos negociados em Bolsa como uma ação) em cripto, observou que só nos primeiros meses do ano, entraram mais 32 mil cotistas. “Lidamos com o futuro do dinheiro no mundo, com um ativo, o cripto. Já, já, vamos usar infraestrutura tecnológica que permitirá a criação de produtos que nunca foram possíveis”, diz.
Segundo Sampaio, o mercado de bitcoin ganhou fôlego depois da aprovação, em janeiro de 2024, dos ETFs de bitcoin à vista nos Estados Unidos. Outro consenso nos painéis foi o de que as trilhas atuais do dinheiro são apenas o ponto de partida para o que está por vir. O futuro do dinheiro passa por um reset maior, que atinge a questão estrutural, indo além da eficiência.
“Teremos um futuro no qual o dinheiro será naturalmente digital. O pix foi grande impulsionador disso. O dinheiro tende a acabar. Vai deixar de ter um componente muito nacional e começará a circular mais mundialmente. A infraestrutura vai mudar. Quando se tem dinheiro digital, não necessariamente precisa de dinheiro emitido ou controlado pelo governo”, disse Sampaio, para quem o mundo oferece hoje alternativas descentralizadas, como o bitcoin.
Nessa jornada tecnológica de serviços financeiros, as fintechs ganharam destaque a partir do uso de tecnologia a serviço da redução de custos, impulsionada pela vanguarda da legislação brasileira, conduzida pelo Banco Central. A questão também inclui o tema da inclusão financeira.
A Dock, fintech com 70 milhões de contas, é uma das que apostam nesse processo. Gabriela Szprinc, à frente da empresa, citou o modelo do pix como um divisor de águas no Brasil e uma inspiração para o mundo. Em sua opinião, inovações como a chamada “embedded finance” (finanças integradas em empresas que não atuam no mercado financeiro) fazem o país ser um exemplo em novos serviços financeiros. Segundo a Deloitte, o “embedded finance” poderá gerar cerca de R$ 24 bilhões até 2026 para os setores de varejo, bens de consumo e outros serviços.