![Itxaso del Palacio, da Notion Capital: saúde e seguros possuem boas oportunidades para negócios que combinem disrupção e investimento em tecnologia — Foto: Eóin Noonan/Web Summit Rio via Sportsfile](https://s2-valor.glbimg.com/JzOv1edLalPiyhXVVNCxBVj6r_g=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/Y/n/BzwTxoQmiuj08d26qMsA/foto12rel-101-investevc-f2.jpg)
Os ventos gelados do inverno tech não congelaram o apetite dos investidores no Brasil. Considerado mercado estratégico para o desenvolvimento de fintechs na América Latina, o país continua atraindo o olhar dos investidores de venture capital em busca de negócios disruptivos.
Durante o Web Summit Rio, os avanços na agenda de regulação que têm favorecido as mudanças de paradigmas na oferta de serviços financeiros no Brasil foram destacados por gestores de venture capital. Sob a ótica dos investidores e participantes do segmento de fintechs, a agenda do Banco Central é vista como extremamente favorável à inovação e ao desenvolvimento tecnológico.
A regulação brasileira tem exercido papel fundamental no fomento de novos produtos e serviços financeiros. Porém, o caminho dos investimentos está mais racional. “A liquidez não foi embora, ela continua existindo. Com a Selic alta, o investidor não precisa correr tanto risco. Então, vai escolher melhor onde correr riscos. As startups que contam com um plano de negócio, um modelo empreendedor e não estão com valuations malucos vão conseguir captar”, afirma Daniel Izzo, cofundador e CEO da Vox Capital.
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Com cerca de R$ 1 bilhão, entre investimentos e capital disponível para novos projetos, a Vox Capital privilegia projetos de impacto. A gestora, que tem investimentos em fintechs como a Celcoin, olha com otimismo as oportunidades em projetos de serviços financeiros no país.
Sobre o mercado de fintechs no Brasil, Izzo é otimista quanto às perspectivas de expansão. “Enquanto 40% dos brasileiros estiverem desbancarizados ou subbancarizados e apenas cinco bancos concentrarem 90% das contas correntes, há espaço para disrupção”, diz o executivo.
Para Izzo, é fundamental valorizar projetos que favoreçam a inclusão financeira. “A Celcoin é um caso típico de inclusão. Não apenas pelo aspecto da plataforma de bank as a service (BaaS), mas pela rede de agentes que ela construiu. A Celcoin leva soluções e serviços financeiros para quem não tem conta bancária em três mil cidades brasileiras”, conta o CEO da Vox Capital.
Bruno Chan, co-founder e CEO na Klavi, que oferece soluções de open finance, considera o Brasil como referência em inovação e serviços financeiros na América Latina. Chan ressalta que o Brasil é uma geografia próspera para investimentos e atribui essa prosperidade à combinação de pessoas envolvidas na criação de empresas disruptivas e a existência de uma regulamentação favorável para fomento da inovação, de tecnologias e investimentos.
“As maiores startups da América Latina são brasileiras. O Brasil representa cerca de 50% da América Latina. Se você consegue uma solução vencedora no Brasil, pode expandir para outros países da região. Nosso foco é garantir sucesso nos projetos de open finance no mercado brasileiro e depois expandir para outros mercados”, conta Chan, que pretende abrir escritórios da Klavi em outros países da América Latina a partir de 2024.
Gabriel Vasquez, sócio da gestora de venture capital Andreessen Horowitz, focada em negócios na América Latina, avalia o Brasil como um mercado estratégico. Na comparação do Brasil com outras economias emergentes, Vasquez ressalta que a China é muito fechada, e a Índia ainda é um mercado com muita dificuldade para ser “decifrado”.
Para o sócio da Andreessen Horowitz, o Brasil apresenta oportunidades muito interessantes no segmento de fintechs. Vasquez vislumbra também um grande desenvolvimento em startups relacionadas ao segmento de assistência em saúde. “Há muito espaço para disrupção em healthcare”, afirma.
Aos olhos dos investidores estabelecidos em mercados maduros, como a Europa, os investimentos na América Latina exigem perspectivas realistas de expansão global. Itxaso del Palacio, sócia da Notion Capital, com sede no Reino Unido, observa que dificilmente o investidor europeu colocará dinheiro em um projeto da América Latina que não tenha capacidade de ganhar mercado globais.
Segundo del Palacio, os investidores de venture capital também privilegiam negócios com projetos de embedded finance para aumentar receitas. Ela ressalta ainda a importância de projetos que façam bom uso dos dados, receita extraídas a partir da aplicação de big data. A sócia da Notion destaca que há, globalmente, boas oportunidades nas indústrias de saúde e seguros para negócios que combinem disrupção e investimento em tecnologia.