Cada dia mais digital, o consumidor vai à loja e compra on-line ou vice-versa: pesquisa no Google e nas mídias digitais e compra presencialmente. É o chamado movimento omnichannel. Para atender esse público, o varejo recorre a tecnologias como a IA e a RFID (identificação por radiofrequência) para deixar o cliente mais satisfeito. Foi o que constatou a Renner após adotar RFID no sistema para gestão, controle, reposição e segurança, em 100% de suas lojas no Brasil.
A etiqueta inteligente, com um microchip com tecnologia RFID, usa ondas de rádio para gerar e armazenar dados a distância. A implementação começou em 2018 e foi concluída em 2022. Primeiro, as etiquetas inteligentes foram adotadas na linha de confecção e depois na chamada linha dura (no caso da Renner, cosméticos, perfume e higiene), relatou Alexandre Ribeiro, diretor de riscos das Lojas Renner, durante painel no Latam Retail Show, realizado em São Paulo.
“Para a jornada do consumidor, melhorou a experiência de encontrar um estoque mais acurado, o produto que ele quer, onde quer e em toda a cadeia”, disse Ribeiro. Essa melhoria foi possível pela acuracidade do estoque. Os dados gerados indicam o que entrou na loja, o que saiu e o que não vendeu, agilizando a reposição e o inventário - o que antes demorava dois dias, agora é feito em até 2 horas.
Além da disponibilidade de produtos, a tecnologia tem funcionalidades de alarme antifurto, o que possibilitou a Renner eliminar as etiquetas duras, que antes eram “penduradas” nas roupas. Outro avanço foi a leitura automatizada dos produtos em todos os canais de pagamento, inclusive nos caixas de autoatendimento, acelerando o fluxo de checkout.
Desenvolvida em parceria com a Sensormatic, do grupo Johnson Controls, a inovação nos mais de 400 pontos de venda deu a Renner a principal premiação internacional da área de tecnologia de identificação por radiofrequência, a RFID Journal Awards 2023.
Um projeto desenvolvido pela Cadastra, empresa de soluções de tecnologia, marketing, consultoria, data e analytics, para o Sam’s Club, do grupo Carrefour, mostrou que o uso intensivo de dados cookieless, metodologias ágeis de trabalho e tecnologias avançadas de distribuição de mídia, pode dar bons resultados: um aumento de 105% em novos leads através de meios digitais, além de um crescimento de 10 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Esse resultado contribuiu para alavancar as vendas físicas do Sam’s Club e foi um dos destaques do balanço trimestral do grupo Carrefour no 1º trimestre de 2023.
“Nosso principal objetivo era elevar a aquisição de novos associados via digital, mas, no caso de Sam’s Club, não há uma segregação total entre on e off, pois as interações digitais dos consumidores com a marca em muitos casos levam a visitas a lojas físicas e o caminho inverso também ocorre”, diz Alyne Miyagawa, diretora de business & strategy da Cadastra.
A IoT se tornou um arcabouço tecnológico, onde estão embarcadas tecnologias como o AIDC (Automatic Identification and Data Capture ou, no português, Identificação Automática e Captura de Dados), um processo de identificação automática de objetos, coletando e adicionando os dados sobre eles diretamente a sistemas de computador.
“Dentro da visão computacional, as câmeras integradas pela IA vão conseguir identificar hábitos do cliente, como sexo, faixa etária e até seu estado emocional, se está de bom humor ou não”, afirmou Regiane Relva Romano, diretora de inovação da VIP-Systems Informática Consultoria.
“Com essas tecnologias vamos transformar dados não estruturados em dados estruturados”, explicou, mostrando em sua apresentação um slide de um consumidor diante de uma gôndola no supermercado. Na medida em que o cliente olha os objetos, as tecnologias permitem transformar o movimento dos olhos em dados.
Para o futuro, ela prevê o comércio unificado, que será possível por meio da centralização de dados e da aplicação da IA para personalizar a experiencia do consumidor.