Telecomunicações
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Por — Para o Valor, do Rio


Marcia Ogawa: Open RAN nasceu para desagregar o hardware do software e os elementos da cadeia de telecom — Foto: Divulgação
Marcia Ogawa: Open RAN nasceu para desagregar o hardware do software e os elementos da cadeia de telecom — Foto: Divulgação

O governo dos Estados Unidos vem procurando uma forma de voltar a ser protagonista no setor desde que o continente perdeu seus fornecedores de equipamentos de telecomunicações, após a falência da canadense Nortel e a compra da americana Lucente pela francesa Alcatel, adquirida depois pela Nokia. Vinicius Caram, superintendente de outorgas da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), diz que, nesse contexto, surgiu, em 2018, a iniciativa Open RAN (rede de acesso por rádio aberta), liderada pela O-RAN Alliance.

“Os Estados Unidos perceberam o potencial do mercado de redes de acesso (RAN) com o surgimento do 5G e iniciaram esse movimento para estimular a indústria americana”, diz o superintendente da Anatel. Com a padronização, a separação das partes e a criação de interfaces abertas, propostas pelo Open RAN, servidores de empresas como Dell, Cisco e HPE podem substituir as dispendiosas soluções proprietárias verticalizadas.

Para Marcia Ogawa, advisor no InovaUSP, o Conselho Superior de Inovação da USP, e no InovaHC, o núcleo de inovação do Hospital das Clínicas, mais do que a questão geopolítica, o que justifica o Open RAN é a lógica econômica. Ela explica que o Open RAN nasceu para desagregar o hardware do software e os elementos da cadeia de telecom, hoje muito integrada num único bloco - hardware, sistema operacional, software - ofertado, principalmente, por apenas três fornecedores: Ericsson, Huawei e Nokia.

“A desagregação permite o surgimento de múltiplos fornecedores. Nos anos 1980, vimos um processo semelhante com o fim da dominância dos mainframes IBM (computadores de grande porte centralizados) e o surgimento da microinformática, que revolucionou a década de 1990, beneficiando toda a sociedade”, analisa Ogawa. Como o Open RAN pode significar a disrupção de seus negócios, Nokia e Ericsson vêm desenvolvendo suas próprias soluções de interfaces abertas.

Marcos Scheffer, vice-presidente de redes e serviços da Ericsson, diz que os equipamentos da empresa já estão aptos a operar no conceito de Open RAN. A companhia tem ainda em andamento cerca de 35 acordos, entre contratos assinados, testes e atividades de integração. “O maior contrato da história da Ericsson, de US$ 14 bilhões, foi fechado em dezembro com a AT&T, para implantação em larga escala de redes de acesso de rádio abertas num prazo de cinco anos. No Brasil, já temos um acordo comercial com uma das três grandes operadoras para implementar 15 estações rádio base no cloud RAN da Ericsson”, anuncia Scheffer.

Elmo Matos, diretor de planejamento de redes da Vivo, diz que a tecnologia evoluiu muito desde os primeiros testes em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), em 2019. Mas ainda há desafios de integração e gerenciamento de múltiplos fornecedores, de interoperabilidade e de roadmap (programação) lastreado pelas evoluções do padrão 3GPP (organismo de padronização das redes móveis).

“Com mais fornecedores, esperam-se preços mais competitivos, redução dos custos e uma possível aceleração da inovação. Como passo intermediário, estamos avaliando o Cloud RAN, que traz as mesmas vantagens de desagregação e virtualização do Open RAN, porém, com um único fornecedor”, diz Matos.

A Claro informa que a estratégia atual é observar o tema e estudar o mercado. Já a TIM fez testes em Santa Rita do Sapucaí (MG), em parceria com o Inatel e o TIP (Telecom Infra Project) e constatou que, em termos de desempenho, o resultado foi bom. Para Marco Di Costanzo, vice-presidente de tecnologia da TIM, o Open RAN vai otimizar custos e permitir fornecer serviços digitais mais avançados, como a indústria 4.0.

EUA perceberam o potencial do mercado de redes de acesso com o 5G”
— Vinicius Caram

“A TIM está avaliando os casos de uso, como em redes privadas, soluções indoor ou outdoor, em diferentes tamanhos de cidade. As operadoras podem buscar melhores soluções de hardware e software de forma desacoplada, sem precisar comprometer-se com um único fornecedor. Estamos avaliando soluções de diferentes fornecedores em termos de custos, funcionalidades e disponibilidade”, sinaliza Costanzo.

Entre os novos players do mercado de redes de acesso abertas, estão Mavenir, Parallel Wireless, Samsung, Rakuten, Docomo, Fujitsu e NEC. Em abril, a NEC formou uma joint-venture com NTT Docomo e tem montado configurações Open RAN com diferentes fornecedores. “A questão do preço foi resolvida e já temos negociações na América Latina com clientes no Brasil e na Colômbia”, sinaliza Roberto Murakami, diretor da unidade de telecom da NEC.

Marcia Ogawa diz que, no Brasil, o Open RAN deve gerar oportunidades para as empresas locais por meio de parcerias internacionais. Assim, afirma ela, o país passará a participar da cadeia de telecom. A Padtec associou-se à Parallel Wireless, para oferecer as soluções no Brasil e na América Latina. “São raros os casos em que os sistemas fechados foram vencedores. Faz parte de nossa estratégia trabalhar com sistemas abertos”, diz Carlos Raimar, presidente da PadTec.

O governo brasileiro também considera o tema estratégico. Em 2021, antes do leilão do 5G, a Anatel criou o grupo de trabalho de redes abertas, e no fim daquele ano o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) lançou o programa OpenRAN@Brasil. O objetivo é criar uma rede Open RAN 5G com implementação da RNP em parceria com o CPqD.

Gustavo Corrêa Lima, gerente de soluções de conectividade do Centro de Competência Embrapii (CPqD), conta que o centro desenvolve o projeto Plataforma 5G BR baseado no conceito de redes abertas e desagregadas.

Fernando Farias, coordenador de projetos de P&D na RNP, diz que a rede Open RAN 5G contará com sete pontos de presença em todas as regiões para testes. “Atualmente, já temos dois pontos implantados no Rio de Janeiro e na sede do CPqD em Campinas (SP)”, diz Farias.

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