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Por — Para o Valor, de São Paulo


Paulo Dias: é preciso criar um ambiente básico paraa tecnologia funcionar — Foto: Divulgação
Paulo Dias: é preciso criar um ambiente básico paraa tecnologia funcionar — Foto: Divulgação

A inspiradora cena bucólica nas áreas rurais, de calma e beleza, esconde uma revolução tecnológica. Há cinco anos não se falava em IoT, sigla em inglês para a internet das coisas, ou seja, a conectividade para dispositivos que estão no ecossistema. O tema, hoje, tem ganhado cada vez mais atenção de produtores de todos os portes. A constatação, entretanto, da importância de colocar equipamentos, máquinas, veículos e sistemas para “conversar”, de forma que a otimização de processos aconteça e resulte em aumento de rentabilidade, não basta. É preciso que se tenha conectividade, estrutura, equipamentos, manutenção e pessoal treinado. Tudo isso junto, funcionando bem e interligado. Algo que já é difícil em ambientes urbanos.

O CEO da Ponta Agro, Paulo Marcelo Amorim Dias, enumera os gargalos enfrentados por quem quer e precisa adotar a internet das coisas no campo. A conectividade é o primeiro deles - a qualidade da internet. “A conectividade é péssima. A pessoa acha que tem internet, mas ela conta, na verdade, com um provedor que promete oferecer um ‘x’ de banda, o que não acontece”, detalha. Depois vem a estrutura física, para que os equipamentos possam funcionar com o menor custo. Muitas vezes, afirma Dias, o empreendedor tem tudo exposto a chuva e poeira, a céu aberto. O que representa mais investimento.

E há também a necessidade de ter uma equipe preparada, que saiba utilizar todo o potencial de equipamentos conectados e prestar o primeiro suporte num momento de emergência, por exemplo. O turnover nessas áreas é grande. “Se um funcionário pede demissão, é preciso que outro também esteja apto a resolver os problemas. E isso dificilmente acontece”, ressalta o CEO.

“Um ponto igualmente importante são os equipamentos adjacentes. A internet só funciona se o caminhão funcionar. Se ele quebra, por falta de manutenção, até pela ausência de um ar condicionado, não adianta o empresário investir numa tecnologia de IoT. O veículo ficará parado. É preciso criar um ambiente básico, monitorado, para que a tecnologia possa funcionar”. Dias afirma que as condições das fazendas e similares estão melhorando. Mas o básico, muitas vezes, ainda não está presente.

Fica em Água Boa, no Mato Grosso, o modelo inspiracional de propriedade rural: a Fazenda Conectada Case IH, da multinacional de máquinas agrícolas e equipamentos do grupo CNH Industrial. Lá, a internet das coisas reina absoluta. Entre a safra de 2021/2022 e a de 2022/23, foi registrada economia de 25% de combustível diesel com o uso de internet das coisas.

“Além disso, a produção total cresceu 18%. É o impacto da conectividade”, afirma Eduardo Penha, diretor de marketing e comunicação da Case IH para a América Latina.

Mas não há um modelo ideal para a tecnologia. Não depende da aplicação, e sim da disponibilidade do recurso e do tipo de negócio, afirma Jorge Augusto Pessatto Mondadori, consultor de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Senai. Ele dá um exemplo de uma granja inteligente em Santa Tereza Do Oeste (PR) focada na produção de leitões. O sistema usado é o de rádio frequência.

O equipamento monitora, em tempo real, a quantidade de alimento consumido pelos animais e qual fêmea está no cio, entre outros. “O sensor fica conectado na granja por rádio e manda informações para a casa do caseiro, que tem uma conexão de fibra ótica”, diz Mondadori.

Um estudo feito pela ConectarAgro, associação que busca viabilizar a internet em todas as rurais do país, demonstra que a conectividade no campo pode ser feita da mesma forma que na área urbana, utilizando a banda 4G. Na área rural, a frequência do 4G usada é de 700 MHz. “Essa tecnologia proporciona grandes alcances de cobertura nas áreas rurais ou remotas, e pode atingir milhares de hectares com uma simples infraestrutura, formada por torre, rádio e antenas”, detalha Paola Campiello, presidente da ConectarAgro.

A associação criou o Indicador de Conectividade Rural (ICR), que traça um perfil do alcance e da qualidade do sinal nas áreas rurais dos municípios brasileiros. A classificação vai de zero (sem conexão rural) a um (conexão rural completa). “Mato Grosso é o Estado mais importante para a agricultura no país. Lá, o índice é de 0,16. É preciso que a conectividade melhore muito”, ressalta Paola.

O levantamento, de 2023, demonstra que apenas 37% dos imóveis rurais brasileiros têm cobertura 4G ou 5G. O índice de conectividade rural dos municípios foi de 0,454, em média.

Além da conexão por fibra, estão disponíveis também a tecnologia de rádio e serviço por satélite. “A tecnologia por satélite é bem simples e facilita o trabalho para os menores, que estão longe e com problemas de acesso”, afirma João Delgado, diretor de tecnologia e inovação da Associação Brasileira da Industria de Máquinas (Abimaq). A internet das coisas, segundo ele, pode aumentar a produtividade de uma propriedade em até 30%.

Porém, mesmo nas cidades a aplicação esbarra em oferta de sinal. Mariana Soletti Beckheuser, presidente da Beckhauser, indústria de equipamentos de contenção para manejo na pecuária bovina sediada em Maringá (PR), diz que internet boa “não existe”. “Tenho três redes instaladas, mas ainda enfrento oscilação, perdemos informações e há a necessidade de recomeçar o trabalho. Esse é um grande desafio”, destaca.

Ela promoveu a preparação de infraestrutura em 2020, com a colocação de rede de fibra, e fez a adequação dos maquinários. A companhia tinha máquinas que já conseguiam conversar com os equipamentos e com o software. Outras foram adquiridas, e a empresa fez um estudo para que os dados chegassem ao sistema central. “A ideia é sempre otimizar os recursos: fazer manutenção preventiva e saber quanto tempo a máquina fica ociosa, por exemplo. Investimos R$ 100 mil em infraestrutura e equipamentos específicos para rede, mas não conseguimos ainda a qualidade do sinal da internet”, afirma a executiva.

A MGL Indústria, especializada em peças em ferro fundido para o mercado automotivo de Cambé (PR), também decidiu investir em IoT - e já colhe resultados. Os apontamentos de produção (ferramenta que envia registros em tempo real sobre o cenário de cada processo), antes, eram feitos no papel, com caneta. “Havia muita divergência de informação, os dados não eram confiáveis”, lembra João Marcelo Correia da Silva, gerente de qualidade da empresa.

O investimento da empresa no projeto, feito há dois anos, em cabeamento de rede de internet e compra de tablets, entre outros itens, foi de R$ 476 mil, e já se pagou. “Hoje as informações de todos os equipamentos estão no sistema, automatizado, e cada funcionário tem tudo à mão”.

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