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Por Martha Funke — De São Paulo


A expansão do uso de inteligência artificial (IA) em empresas brasileiras foi atestada pela Bain & Company. Estudo da empresa mostra que 58% de 120 executivos entrevistados consideram a IA uma das cinco prioridades estratégicas da companhia. Mas a adoção da tecnologia é desafiada por falta de entendimento de casos de uso, privacidade de dados e carência de talentos no setor, além de preocupações com a integração da nova tecnologia com a infraestrutura tecnológica já existente e com o retorno sobre o investimento.

No Brasil, 30% dos participantes da pesquisa da consultoria têm ao menos um caso de uso em estágio avançado. As áreas com maior volume de aplicações em andamento são TI / programação, experiência do cliente e automação de tarefas administrativas. As metas principais metas incluem maior eficiência e redução de custos em processos - questão em foco de 84% dos brasileiros, contra 81% da média global. Por outro lado, a geração de experiências diferenciadas ao consumidor, mencionada em 74% das respostas globais, foi citada por apenas 63% dos executivos locais.

Uma das questões são as expectativas nem sempre realistas sobre a IA. “A expressão está sendo usada para marketing até em ar condicionado”, diz Valter Wolf, presidente da Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria). “A oportunidade está onde o problema é maior que a solução”, resume Guilherme Fuhrken, executivo de telecom da NVIDIA Enterprise LATAM. Sensores inteligentes podem prever falhas em caldeiras de milhões de dólares, mas podem ser custosos demais para equipamentos menores, compara.

A empresa alcançou valor de US$ 1 trilhão graças ao apoio de seus aceleradores de poder computacional à análise de dados por trás do ChatGPT, da Open AI, tecnologia que causou furor, mas não serve para tudo. A capacidade de inferência de sequências lógicas pode ser útil se alimentado com bancos de dados de códigos computacionais, por exemplo, mas perde eficácia frente a questões específicas de uma empresa caso respondida com sua base genérica, formada sobre conteúdo da internet até 2021. “Sem sua realidade, a IA pode alucinar, com respostas sem sentido, ou até colocar seu concorrente na resposta”, exemplifica Fuhrken.

A empresa está envolvida com a Dell em projetos como monitoramento por visão computacional de micro erros no envase de milhares de latas por segundo da cerveja OpenBrew, nos Estados Unidos. Outro exemplo em avanço no mundo são os gêmeos digitais. A BMW criou digitalmente uma fábrica nova para entrar em operação em 2025, inclusive com robôs treinados e ergonomia definida. A NVIDIA atende operadoras de telecomunicações com gêmeos digitais de redes ou datacenters, com simulações de operação e ganhos de performance.

Lyzbeth Cronembold, CEO da Changers Digital, ajuda empresas como PepsiCo, Dias Branco e o Palmeiras a estruturarem suas estratégias de dados e IA. Ela verificou o aumento do interesse no tema, mas destaca a necessidade de avaliação dos melhores formatos a serem adotados, desde modelos estatísticos menos complexos até a IA generativa. Além disso, ela destaca que, ao contrário do temor inicial de perda de empregos, a IA vai se tornar uma extensão do trabalho e criar mais produtividade, exigindo novas habilidades, como pensamento crítico, analítico e criativo.

Um dos casos em curso emprega IA para identificar variação de peso ao longo da fabricação de pacotes de biscoitos, desde a produção da massa até a chegada ao supermercado, já que uma diferença de 20% a mais nos 350 gramas definidos para um determinado produto pode representar o valor de um ano de produção. Outro monitora protocolos de cortes e análise de imagens em processos cirúrgicos para conferir precisão do procedimento e até inferir em quanto tempo um paciente deve voltar ao hospital. De acordo com Lyzbeth, um dos pontos principais na escolha de IA para uma empresa, além de impacto em indicadores, é a competência para desenvolver ou dar continuidade nos projetos.

Entre operadoras, a Claro aposta em IA internamente e junto aos clientes. Criou bancos de dados gigantes (data lakes) para ofertas como Claro Escore, já fornecido para um banco digital, GeoData, com dados de movimentação da massa de usuários e dados de qualidade, usados para órgãos de fiscalização. O diretor de inovação e produtos B2B do hub de inovação beOn destaca resultados como melhoria de atendimento do técnico em campo e redução de 40 para três dias para soluções de determinadas reclamações no call center, que levou à oferta do serviço para clientes interessados em melhorar suas próprias centrais. “O impacto alcança até o Ebitda da companhia, com mais vendas, melhoria de qualidade ou experiência em casa”, exemplifica.

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