Empresas apostam no agro conectado, digital e produtivo

A falta de estrutura ou a deficiência na conectividade deixa 23 milhões de pessoas da área rural sem cobertura ou com sinal deficiente. Entretanto, o grande problema é o alto custo da infraestrutura, argumenta Aldo Clementi, diretor de desenvolvimento de negócios da IHS Towers. Para disponibilizar infraestrutura de baixo custo, a empresa, por meio de parcerias, vem integrando serviços para montar um ecossistema capaz de viabilizar o uso de serviço móvel celular e inovações baseados em internet das coisas (IoT). “Além disso, fornecemos recursos de telecomunicações para cooperativas, com o intuito de permitir que pequenos provedores possam pagar a conta”, frisa o executivo da IHS.

Questões burocráticas também dificultam a montagem de infraestrutura e a conectividade no campo, de acordo com Diego Aguiar, diretor de IoT e big data da Vivo. “O licenciamento de uma torre ou uma estação móvel de internet demora cerca de oito a dez meses para ser concluído”, assinala.

Na opinião de Eduardo Polidoro, diretor de IoT da Claro, o empecilho para a digitalização do campo e para torná-lo mais produtivo vai além da falta de conectividade. “As pequenas empresas do setor precisam se planejar corretamente para tirar proveito dos dados coletados”, afirma. “Políticas públicas são importantes para ajudar o produtor a aproveitar os recursos que já estão disponíveis”, rebate Ana Helena Andrade, presidente da Conectar Agro, entidade sem fins lucrativos voltada para o fomento à conectividade.

Soluções são o que não faltam para a conectividade e planejamento do agronegócio. Porém, é importante que o modelo de negócios viabilize o uso das inovações. A IHS disponibiliza hoje para o setor duas soluções: a MobiAgro e a RURALLink. A primeira oferece cobertura de rede itinerante. Possui infraestrutura adaptável, capaz de permitir a inclusão de soluções que viabilizam outras aplicações, como o monitoramento ambiental com suporte GPS. De rápida instalação, a segunda caracteriza-se por dispensar o uso de concreto na fundação. Autônoma, essa solução baseia-se na conexão via satélite, movida a energia solar.

Já a Conectar Agro oferta uma rede de tecnologia aberta, simples e interoperável. “O objetivo desse recurso é não deixar que os produtores se tornem dependentes de uma única solução”, diz Andrade. Criada há cinco anos, a associação reúne um grupo de empresas unidas com o propósito de ofertar opções públicas e privadas para atender o agronegócio.

Algumas empresas de grande porte já descobriram o caminho das pedras para se tornarem produtivas, evitarem os desperdícios e melhorarem a conectividade. Considerada a maior empresa de suco de laranja concentrado do mundo, a Citrosuco é responsável pelo maior projeto SAP (software de gestão) em inovação do Brasil. A companhia levou em conta duas questões cruciais nessa transformação digital: disponibilidade dos dados e má interpretação dos mesmos. Foi fundamental construir uma infraestrutura para coleta de dados, da fazenda até a chegada do produto ao consumidor.

Com as informações refinadas e utilizadas em tempo real, foi possível detectar períodos mais apropriados para a colheita e a necessidade de drones equipados com inteligência artificial para ajudar os produtores no diagnóstico de saúde das plantas, entre outros parâmetros. “O processo envolve a coleta de informações, depois o preparo das pessoas para lidar com elas e em seguida as soluções para auxiliar na resolução de problemas reais”, explica Tomás Balistiero, diretor de Operações da Citrosuco.