Tecnologia bancária
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Por Mônica Magnavita — Para o Valor, de São Paulo


Ketlin Sfair Antunes: “A tokenização de ativos vai transformar o formato que comercializamos grãos de uma forma que não conseguimos vislumbrar agora” — Foto: Divulgação
Ketlin Sfair Antunes: “A tokenização de ativos vai transformar o formato que comercializamos grãos de uma forma que não conseguimos vislumbrar agora” — Foto: Divulgação

O mercado agrícola passa por um processo disruptivo de compra e venda de grãos - o da tokenização da comercialização de commodities - que vem transformando o modelo de negócios do setor. A conversão de ativos, como a produção de parte da safra em tokens, permite que o agricultor utilize sua lavoura para obter crédito, garantias ou negociar seus produtos por outros, prática conhecida como barter, palavra inglesa para escambo. Por exemplo, comprar equipamentos agrícolas e pagar com soja. Contratos e garantias digitalizados também podem virar lastros para se chegar ao token de uma commodity agrícola.

O mercado ainda ensaia os primeiros passos no Brasil, mas o potencial de expansão tem chamado a atenção das instituições financeiras. Hoje, um terço dos negócios do mercado de grãos do país ocorre por meio de barter. Em valores, são cerca de R$ 300 bilhões. Esse é o montante com potencial de tokenização no setor, pelo menos em um primeiro estágio. No mundo, o modelo de tokenização ultrapassa os US$ 200 bilhões (cerca de R$ 1,1 trilhão), em todos os segmentos, por se mostrar aplicação eficiente e real do blockchain, banco de dados que permite o compartilhamento de informações.

O tema, foco de painéis da Febraban Tech 2024, reuniu bancos, seguradoras e empresas de tecnologia e um público atento à digitalização em curso no agronegócio, setor responsável por 23,8% do PIB brasileiro. Os números, apresentados por expositores, também incluem os de créditos agrícolas disponíveis no mercado, de cerca de R$ 900 bilhões. O valor é inferior à necessidade de financiamento dos produtores, o que abre espaço para o crescimento da tokenização, ampliando o crédito no setor.

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“Grandes bancos acessam o agronegócio, mas fundos de investimento têm dificuldade [para acessá-lo]. Há muito dinheiro de private equity represado, sem conseguir entrar. Com a tokenização, haverá mais players; com isso, mais crédito e barateamento do custo. O produtor começará a usar a moeda dele e terá risco menor”, diz Anderson Nacaxe, diretor da Agrotoken, startup pioneira na tokenização de commodities agrícolas, que fechou parcerias com a Visa e com o Broto, plataforma digital do agronegócio do Banco do Brasil, criada em 2023. O potencial do mercado tem chamado a atenção de instituições financeiras.

O Broto começará a operar com a tokenização de grãos no segundo semestre deste ano. A partir daí, ao acessar a plataforma, o produtor poderá comprar equipamentos pagando em grãos. A Agrotoken converterá a quantidade de grãos em tokens equivalentes ao valor do produto adquirido, que serão transferidos como pagamento ao vendedor da máquina agrícola. “A tokenização de ativos é altamente inovadora e vai transformar o formato que comercializamos grãos de uma forma que não conseguimos vislumbrar agora”, diz Ketlin Sfair Antunes, gerente-executiva de agronegócios do Banco do Brasil.

Segundo ela, tornar esse mercado ágil, fácil e transparente, com uso de blockchain, abre portas para novas receitas, novos agentes e prestadores de serviços. Hoje, a plataforma Broto conta com mais de 1,5 mil vendedores do agronegócio, tendo movimentado 6,5 bilhões em ativos com financiamentos de R$ 3 bilhões. “O mercado de tokenização precisa de confiança, que é a base de tudo. O Broto entra como agente, gerando consistência de processos para construção de ativos digitais. Os outros agentes financeiros conseguem dar autoridade para esse ativo ter valor, de modo a atrair novos agentes financiadores, como mercado de capital e fundos de investimentos”, diz Marcos Santos, superintende-executivo do Broto.

A Visa também se voltou para o setor nos dois últimos anos e, desde então, consolidou sua estratégia de expansão. Em conjunto com a Agrotoken, criou um cartão destinado aos agricultores interessados em tokenizar a produção de grãos, que passam a funcionar como moeda ou lastro para compra de maquinários, insumos, fertilizantes, por exemplo, nos mais de 80 mil estabelecimentos da Visa pelo mundo.

“De 2022 a 2023, triplicamos a quantidade de transações no agro”, afirma Juliana Amoroso, gerente de produtos da Visa, que quer ampliar sua atuação para o que hoje é atendido pelo barter e pela indústria. “Cada vez mais precisamos falar a linguagem do produtor, trazer a tecnologia para ajudar na inclusão financeira e facilitar processos”.

As perspectivas são promissoras, de acordo com os painelistas. “Em menos de um ano, o mercado vai explodir, porque vemos os grandes players entrando. Focamos muito no mercado de barter brasileiro”, diz Nacaxe, da Agrotoken. Outra vantagem está relacionada ao uso do blockchain, capaz de criar registros digitais imutáveis. Cada transação ao longo da cadeia pode ser registrada como um token, gerando rastreabilidade integral das transações.

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