Tecnologia bancária
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Por — Para o Valor, de São Paulo


Rafaela Vitoria: “Educação financeira é fundamental e deve começar na escola” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor
Rafaela Vitoria: “Educação financeira é fundamental e deve começar na escola” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O Brasil tem avançado nos indicadores de acesso a serviços financeiros. De 2022 a 2023, passou da 35ª para a 21ª posição no Índice Global de Inclusão Financeira, chegando a 89,8% da população com algum vínculo bancário. O estudo, conduzido pelo Centro de Pesquisas Econômicas e Empresariais (CEBR) e o Principal Financial Group, de investimentos globais, analisa 42 mercados e mostra Cingapura, Estados Unidos e Suécia como os três países mais “financeiramente inclusivos” do mundo. Apesar do salto brasileiro, especialistas afirmam que ainda há muito a ser feito para trazer as classes C, D e E para o circuito de finanças.

“Cinco anos antes, os usuários ativos [do mercado financeiro] no Brasil eram 46,8%”, diz Antônio Soares, CEO da Dock, plataforma global de pagamentos e banking, considerada uma startup unicórnio - com valor de mercado que supera US$ 1 bilhão - desde 2022. “Mesmo assim, há um grande mercado para o setor de finanças explorar a base da pirâmide.”

Soares destaca, baseado em dados do Banco Central, que o número de usuários ativos no setor financeiro brasileiro marcou 163,6 milhões em dezembro de 2023, um aumento de 103,2% ante junho de 2018. “Somente o crescimento do número de pessoas jurídicas e microempreendedores individuais (MEIs) incluídos no sistema foi de 244,5%, no período.”

Segundo o executivo, o empurrão na inserção financeira começou em 2020, com o Pix. “O sistema brasileiro se tornou, mundialmente, um modelo de sucesso na democratização bancária”, afirma. “Hoje, enquanto 15 milhões de estabelecimentos comerciais aceitam cartão, 25 milhões, que há três anos trabalhavam somente com dinheiro, aceitam o Pix”, afirma.

O CEO da Dock, que acumula 70 milhões de contas ativas e 7 bilhões de transações anuais em mais de 10 países, afirma que a integração bancária - 87% dos brasileiros com renda mensal de até R$ 2 mil utilizam ferramentas financeiras - também ganhou tração por conta dos atores envolvidos. “Temos um regulador forte, fintechs e empresas de TI inovadoras que impulsionam essa evolução.”

Apesar dos números em alta, Soares diz que a bancarização “sozinha” não é inclusão. “Um desenvolvimento econômico inclusivo vai além da promoção de serviços digitais. Temos que resolver o problema do crédito acessível”, afirma. Segundo o executivo, 37% dos consumidores apontam que o acesso ao crédito está mais difícil, enquanto apenas três em cada dez pequenos negócios conseguem obter empréstimos.

Para mudar esse cenário, o executivo aposta nas finanças embarcadas, conceito que diz respeito à integração de serviços - como meios de pagamentos, créditos e seguros - por empresas não financeiras, como varejistas ou farmácias. “No Brasil, a expectativa é que a modalidade possa gerar receitas de até R$ 24 bilhões, até 2026.”

Soares acredita que companhias que aderem às finanças embarcadas trabalham com uma visão diferente dos bancos tradicionais. Conhecem melhor os clientes e estão preocupadas em atingir os objetivos de produtividade da carteira que conquistaram, garante o executivo.

Movimentações recentes no mercado mostram que a onda de finanças embarcadas deve crescer. Em junho, o iFood anunciou a incorporação da fintech Zoop para criar um banco digital voltado para restaurantes, batizado de iFood Pago. “Temos dez anos de dados sobre 350 mil restaurantes no nosso ecossistema. Estamos aportando tecnologia e inovação”, disse Bruno Henriques, CEO do iFood Pago ao Valor.

Rafaela Vitoria, economista-chefe do Banco Inter, destaca a importância da informação para evitar o endividamento das famílias que entram no sistema financeiro. “As mulheres lideram o segmento de pequenas empresas. A educação financeira é fundamental e deve começar cedo, na escola”, afirma Vitoria. De acordo com pesquisa realizada este ano pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 78% dos negócios que mais vendem por meios digitais são comandadas por empreendedoras. Entre os empresários, esse índice cai para 68%.

Para Marisa Reghini, vice-presidente de negócios digitais e tecnologia do Banco do Brasil, a inclusão é um processo sem prazo para acabar. “Fomos o primeiro banco do país a lançar um cartão em braile”, diz Reghini. Em abril, o BB lançou uma versão totalmente em braile do plástico. A instituição também oferece a clientes com deficiência visual a possibilidade de solicitar extrato impresso em braile. Um estudo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que existam mais de 1,5 milhão de pessoas cegas no país. A maioria (946 mil) está em grupos economicamente vulneráveis.

“Inclusão financeira não é filantropia”, observa Soares, da Dock. Segundo ele, ao impactar a base da pirâmide, “estamos contribuindo com os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela ONU)”. “Dá para ganhar dinheiro e, ao mesmo tempo, mudar o mundo.”

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