![Laboratório de inovações financeiras deve receber mais projetos com IA generativa, diz André Siqueira — Foto: Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/HU8ciYawPRHBfIfYXFMawGIrSFc=/0x0:319x502/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/K/D/nTndXZSxeEzaVybnBl6w/04rel-110-sublift-f10-img01.jpg)
O Banco Central (BC) tem exercido papel relevante no cenário de evolução tecnológica, impulsionando a modernização do setor financeiro. Entre as iniciativas emblemáticas está o Pix, pagamento instantâneo, que ganhou escala rapidamente. Além disso, atua na implementação do Open Finance e do Drex, o real digital. Ao ter uma agenda relevante de inovações, o BC mantém uma série de conexões e parcerias com agentes de mercado. Uma das estruturas é o Lift (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas), criado em 2018, a partir de um acordo entre o BC e a Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac). É um ecossistema que une a autarquia, fintechs, instituições financeiras, empresas de tecnologia e universidades.
“Por meio do Lift, o regulador interage com projetos inovadores da indústria financeira e fintechs enquanto eles estão sendo desenvolvidos, o que permite acertos regulatórios e sugestões para melhorias do Sistema Financeiro Nacional (SFN)”, destaca Veruska Aragão, diretora adjunta do departamento de tecnologia da informação do BC e integrante do comitê gestor do Lift.
Em suas edições anuais para seleção de projetos, entre 2018 e 2022, o Lift recebeu 303 propostas, resultando na aprovação de 76 protótipos. Apesar de a edição de 2023 ter contado com recorde de 95 projetos inscritos, sendo em nove aprovados para o desenvolvimento, a iniciativa foi suspensa temporariamente.
Logo no anúncio do resultado, a autarquia informou que a pausa seria necessária devido a limitações operacionais e de recursos humanos. Ao Valor, o Banco Central ressaltou que foi uma situação localizada na edição de 2023 e que já está em fase de planejamento da retomada.
Os temas das iniciativas aprovadas no ano passado são relevantes como novas funcionalidades para o Pix, GreenFi (finanças descentralizadas para a sustentabilidade) e tokenização de ativos do agronegócio para gerar mais liquidez.
As soluções de blockchain vem sendo bastante exploradas, conforme André Siqueira, chefe de subunidade no departamento de TI do BC e membro do comitê gestor do Lift. Principalmente nas edições entre 2020 e 2022, entraram diversos projetos nessa linha. Um deles foi o DeFi - Liquidity Pool do Itaú, uma plataforma que, por meio de blockchain e smart contracts, possibilita custódia, troca de moedas e investimentos. Ou seja, é um pool de liquidez de stablecoins que podem ter paridade com real, dólar ou outras moedas fiduciárias. Outras iniciativas tratam, por exemplo, da interoperabilidade entre blockchains públicos.
Sobre o uso de IA, o Lift chegou a selecionar um projeto de reconhecimento facial utilizando inteligência artificial para tratar de casos de autorização de pagamentos em dispositivos móveis, com grande potencial de adoção em escala. “Com o crescimento das IAs generativas são esperados projetos que façam uso de tais tecnologias nas próximas edições do Lift”, comenta Rodrigoh Henriques, diretor de inovação e estratégia da Fenasbac.
Além de fomentar desenvolvimento de soluções para o mercado, o Lift é um ecossistema que promove trocas de experiências, pesquisas, organiza eventos e conta com uma revista, a “Lift Papers”, revista para publicação de resultados dos projetos e artigos especializados.