Siderurgia
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Por Marco Aurélio Canônico — Do Rio


Vendas externas recuam após guerra na Ucrânia — Foto: Valor
Vendas externas recuam após guerra na Ucrânia — Foto: Valor

Após um 2022 favorável para a balança comercial da siderurgia brasileira, com exportações crescendo 8,8% (11,9 milhões de toneladas) e as importações caindo 32,7% (3,3 milhões), os primeiros oito meses deste ano registraram uma inversão que tem assustado o setor. De janeiro a agosto, as vendas caíram 5% em volume (10,3% em valor), enquanto as compras subiram 49,5% em volume (23,5% em valor) em relação ao mesmo período do ano passado. O saldo até agora foi positivo em relação à América do Norte e ao Mercosul, e negativo em relação à Ásia (principalmente por conta da China, nosso maior vendedor) e à Europa.

“O Brasil é, desde meados da década de 1980, exportador líquido de produtos siderúrgicos, como reflexo de ter um parque diversificado, com grande abrangência do mix de produtos, e relativamente moderno”, diz Germano Mendes de Paula, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia. “Nos últimos dez anos, as exportações brasileiras de aço atingiram o máximo em 2017, com 15,3 milhões de toneladas. Desde então, a trajetória foi predominantemente decrescente, até atingir 11,9 milhões de toneladas no ano passado.”

Em 2022, os Estados Unidos importaram cerca de 5,9 milhões de toneladas do Brasil, respondendo por 48,7% (aproximadamente US$ 5,3 bilhões) do faturamento do setor. Argentina (9,4%), México (7,1%), Peru e Canadá (3,1% cada) completaram os cinco maiores clientes estrangeiros das usinas nacionais. Quadro semelhante se deu em 2021, com liderança ainda maior dos EUA (54,1%), seguidos por Argentina (10%), México (6,4%), Canadá (6,2%) e Chile, Colômbia e Bolívia (2,3% cada). O ponto fora da curva foi o ano pandêmico de 2020, quando a China, normalmente responsável por menos de 1% das compras do aço brasileiro, ficou em segundo lugar, com 1,4 milhão de toneladas (9,2% do faturamento).

“Os números mostram que o Brasil consegue ter preço competitivo de aço lá fora”, diz Leonardo Trevisan, professor da ESPM. “As vendas para os Estados Unidos têm um aspecto modernizado. As exportações para os vizinhos são favorecidas pela proximidade e pelos acordos do Mercosul.”

O comércio internacional está afetado pelo excesso de oferta chinesa e pelas sanções aplicadas por União Europeia, EUA e Reino Unido à Rússia após a invasão da Ucrânia, que causaram um redirecionamento das exportações do país para mercados como China, Leste Asiático, Índia e Turquia.

“Para fecharem negócios, as siderúrgicas russas chegaram a conceder de 15% a 40% de desconto frente ao preço internacional. Praticaram dumping, desestruturando os mercados”, diz De Paula. “Para a siderurgia brasileira, no curto prazo, os impactos foram a possibilidade de aumentar as exportações de alguns insumos e produtos siderúrgicos, mas o efeito negativo é que os preços dos produtos russos são predatórios.”

Principal produto da pauta exportadora das usinas brasileiras, as placas (66% do volume em 2022) tinham a Rússia como principal fornecedor para a UE. Num primeiro momento, o bloco não estabeleceu sanções sobre este produto, mas, a partir deste mês, as cotas para importações de placas russas terão volume 20% menor do que a média de 2022. “Mais importante, a partir de abril de 2024, União Europeia proibirá a importação de placas provenientes da Rússia e de laminados que tenham sido produzidos a partir de placas e tarugos de origem russa. Isso pode servir de estímulo às exportações brasileiras”, afirma.

A eventual retomada do crescimento das exportações, porém, não resolverá sozinha a levada capacidade ociosa das siderúrgicas nacionais, na faixa de 40%, segundo o Aço Brasil. “É difícil diminuir a ociosidade por meio de aumento de exportação de laminados quando se compete com siderúrgicas chinesas, que operam baixas margens de lucro, e quando os outros mercados já se protegeram. Num setor intensivo em capital e com alta ociosidade, o custo fixo médio fica muito alto, deprimindo margens, em particular na exportação. O cobertor fica muito curto”, diz De Paula.

Mais recente Próxima Invasão de importados e cenário desfavorável ameaçam investimentos

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