Siderurgia
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Por Josette Goulart — Para o Valor, de São Paulo


A indústria siderúrgica brasileira está fazendo investimentos bilionários em projetos de energia eólica e solar. Parte da decisão estratégica das empresas em ter esse tipo de energia em seus portfólios está baseada no quesito preço. Hoje, esse é o tipo de energia mais competitiva do mercado. Mas parte da decisão também está calcada em metas de descarbonização. O setor é responsável por 7% das emissões de gás carbônico do mundo e é um dos maiores consumidores de energia elétrica.

Somente a Gerdau, por exemplo, usa cerca de 1% de toda a eletricidade gerada no Brasil. São 500 MW consumidos todos os dias pela siderúrgica. A empresa tem boa parte de seus contratos de energia vinculados à geração hidrelétrica, mas 80% deles não têm certificação de renovável. Com metas de produzir aço verde e vislumbrando o fim de parte de seus contratos de energia a partir de 2026, a empresa decidiu, no fim do ano passado, se tornar sócia de uma empresa que vai gerar energia solar e eólica.

O investimento de R$ 1,5 bilhão está sendo feito pela Gerdau Next, o braço de novos negócios da companhia. A empresa adquiriu 33,33% da Newave Energia, empresa nova que tem o objetivo de desenvolver parques de geração solar ou eólica de 2,5 GW. O primeiro projeto, já em obras, é um parque solar no norte de Minas Gerais. A meta da Gerdau é ter 50% de energia renovável certificada até 2030. “Só não vamos acelerar mais porque nossos contratos são de longo prazo”, aponta a diretora global de suprimentos da companhia, Flávia Dias.

A decisão da Gerdau de comprar uma empresa, e não apenas contratos de energia no mercado livre, passa pelo fato de que a autoprodução tem incentivos financeiros no país. Os autoprodutores de energia pagam menos encargos do setor elétrico, que vão desde custeio para consumidores de baixa renda até pagamento de combustível para gerar energia em sistemas isolados.

A autoprodução também foi uma escolha da ArcelorMittal, que em abril deste ano anunciou uma joint venture com a Casa dos Ventos em um projeto de R$ 4,2 bilhões para a construção do parque eólico Babilônia, no sul da Bahia, com capacidade de gerar 553,5 MW.

Os dados informados pela gerente de energia da ArcelorMittal, Juliana Marreco, mostram que a empresa fechou 2022 com 50% de seu portfólio de energia advindo da autoprodução. Hoje, cerca de 90% dos contratos são de energia proveniente de geração hidrelétrica, solar ou eólica. Na associação feita com a Casa dos Ventos, a companhia ficará com 90% da energia gerada pelo parque.

De acordo com Lucas Araripe, diretor-executivo da Casa dos Ventos, esse é um dos maiores PPA (Power Purchase Agreement, contrato de comercialização de energia de longo prazo) da história do Brasil. “A energia vai ser uma coisa muito importante no projeto de descarbonização de alguns setores e na produção de alguns produtos como o aço”, afirma Araripe. “Para a Arcelor descarbonizar toda a sua operação, precisará usar hidrogênio. Com isso, vai ter que consumir dez vezes mais energia do que consome hoje. Ou seja, a energia será estratégica para eles", afirma.

A presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, reforça que o hidrogênio é a energia da próxima década, substituindo o óleo e o gás em processos produtivos e significando mais consumo de energia elétrica. “A velocidade da transição energética vai crescer muito e essa velocidade traz impacto de custo”, diz Gannoum. “O mundo vai ter que se acostumar a um patamar de custo mais alto porque toda a indústria está voltada para renováveis. De qualquer forma, continuam mais competitivas do que outras fontes de energia elétrica”.

No último leilão de energia do governo federal, realizado no ano passado, a solar foi a fonte mais barata, com preços de R$ 171 o MWh. A energia eólica ficou em R$ 178/MWh, enquanto a energia hidrelétrica superou os R$ 270/MWh. A energia solar se tornou uma das mais competitivas, o que explica o crescimento exponencial de projetos ligados à indústria siderúrgica. Se todos os projetos forem adiante, serão feitos mais de R$ 500 bilhões em investimentos.

A maior parte dos projetos está localizada em Minas Gerais. O Estado já tem 3.125 MW de energia solar para uso industrial instalada e outros 2.692 MW em construção, o que inclui o parque solar da Gerdau com a Newave. Os parques não precisam estar conectados às plantas industriais, já que a energia é jogada na rede elétrica, como acontece também com os parques eólicos.

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