O cenário de juros altos, a pressão vinda da China e a queda dos preços também têm afetado as empresas menores de siderurgia e mineração. Até antes da pandemia, Ferbasa e Riosulense vinham se destacando pela velocidade com que cresciam e pela atuação em nichos específicos. Mas do ano passado para cá, mudanças no cenário macro afetaram o desempenho financeiro dessas empresas e a negociação de seus papéis na B3.
Tanto que Ferbasa e Riosulense acumulavam no ano, até 20 de setembro, quedas de 6,52% e 0,43, respectivamente. Analistas consideram, no entanto, que vencidos os fatores atuais, as duas empresas têm potencial para valorização de seus papéis, não só pela particularidade de seus mercados como pela robustez das empresas.
“A Ferbasa tem um fator específico para melhorar os resultados. Está se voltando para verticalização, buscando eficiência e acordos com empresas de matérias-primas”, observa Felipe Ruppenthal, analista de mineração e siderurgia da Eleven Research.
A Ferbasa atua na fundição de metais ferrosos e não ferrosos para a fabricação de peças para a indústria automotiva. Por isso depende dos preços do mercado externo. A empresa, que tem seu papel negociado hoje na B3 por volta de R$ 48,80, pode chegar a preço-alvo de R$ 50 até o fim do ano, na avaliação da Eleven.
“Além disso, a Ferbasa assinou um contrato de energia com a AES Tietê, com início em 2024, que deve torná-la menos suscetível a oscilações no mercado livre de energia”, conta Ruppenthal. O analista aponta que o risco que o mercado enxerga neste tipo de investimento é a oscilação de preços do ferrocromo e do ferrosilício, que dependem da dinâmica de players como a China.
Só no segundo trimestre deste ano, o preço médio das ferroligas da empresa caiu 8% comparado ao trimestre anterior. O volume vendido também foi afetado negativamente, com recuo de 7%, impactado pelas exportações, que ficaram 23% inferiores ao primeiro trimestre. O resultado foi compensado em parte pela maior venda no mercado interno, que cresceu 13%.
Já a metalúrgica Riosulense, apesar de ter registrado queda de cerca de 10% no valor da sucata nos últimos 12 meses, é aposta futura das gestoras de small caps. Isso porque dois terços de suas vendas são de componentes e peças para caminhões, tratores, máquinas e motores, que deve voltar a crescer. “Tem supersafra de grãos que precisará ser transportada. O mercado está retomando e o volume deve melhorar. A empresa deu R$ 27 milhões em lucro até junho e tem possibilidade de chegar a R$ 60 milhões até o fim do ano”, afirma Werner Roger, sócio-fundador e gestor da Trígono Capital.
Nas suas contas, a Riosulense tem valor de mercado hoje de R$ 400 milhões e, se atingir R$ 60 milhões de lucro, valerá R$ 540 milhões ao final de 2023.