![Marcelo Greco: “Quase todas têm relação comercial ou operacional com a CSN” — Foto: DIvulgação](https://s2-valor.glbimg.com/3ZNabC8SAAG74g3DpaPwxHzflAM=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/y/E/lXueVBRfi7hp11wxp6BA/foto26rel-201-startups-f9.jpg)
A relação do setor siderúrgico com startups para enriquecimento de suas estratégias de inovação ganhou ainda mais maturidade com a criação de fundos corporativos de capital de risco (CVCs). A aproximação mira desde produtividade até a descarbonização e novos negócios.
A CSN Inova, área corporativa de inovação da CSN, nasceu em 2018 para centralizar e potencializar questões relacionadas a inovação, tecnologia e ESG para o grupo. A maturação da iniciativa levou à complementação da estratégia de inovação com investimentos em startups, de forma a atingir soluções que a empresa não conseguiria desenvolver internamente ou que necessitavam de capital para acelerar o seu desenvolvimento.
Em 2020, a companhia anunciou o lançamento do fundo CSN Inova Ventures, com R$ 30 milhões a serem investidos em três anos. Mas no ano seguinte o valor já era multiplicado por três. As teses de investimento foram elaboradas com base nos desafios internos: indústria do futuro, tecnologias para as diferentes etapas da cadeia industrial, com adoção de novos materiais e rotas de processo; aumento de eficiência e digitalização de operações; transição ESG, focada em sustentabilidade e metas socioambientais; e corporativo e novos negócios, para áreas de suporte, novas fontes de receitas e canais de venda e negócios adjacentes.
Hoje, o portfólio inclui a 2DM, voltada a grafeno; para a cadeia de hidrogênio, a 1s1 Energy, de componentes, e a H2Pro, de hidrogênio verde; os marketplaces Oico, B2B para construção civil, e Clarke, de energia; sistemas de inteligência Alinea, para atendimento da saúde, i.Systems, inteligência artificial (IA) para cadeias de suprimento industrial, e Traive, IA para crédito agrícola; e Gauss Fleet, gestão e monitoramento de ativos logísticos. “Quase todas têm relação comercial ou operacional com a CSN”, diz Marcelo Greco, head da CSN Inova Venture.
A ArcelorMittal e a Gerdau seguiram a mesma rota. A primeira criou o hub de inovação aberta Açolab em 2018, que já reúne mais de 120 projetos. Além de manter o fundo global XCarb, com U$ 100 milhões anuais, em 2021 apresentou o fundo Açolab Ventures, para a América Latina, com R$ 110 milhões. Já colocou R$ 26 milhões em quatro investidas: Agilean, solução para auxiliar planejamento e gestão de canteiros de obras; Sirros IoT, para digitalização de grandes operações industriais; Modularis Offsite Building, de construção modular 3D com estruturas de aço; e Beenx, plataforma online para transação de energia no mercado livre.
Outras iniciativas são a startup criada em parceria com a Impacto InovaçãoCom, para soluções customizadas para clientes; o programa de transformação digital INO.VC; e a AcerlorMittal Soluções, sediada no Brasil para desenvolver soluções de TI para diversos países, diz o gerente de inovação e Açolab Rodrigo Carazolli.
A Gerdau criou a divisão Next em 2020, com fundo de CVC com US$ 80 milhões, para diversificar seu portfólio com criação e incorporação de novas empresas para ir além do aço, concentrando-se nas verticais de construtechs, mobilidade, sustentabilidade e tecnologia. A estratégia agregou 11 empresas, três integralmente da Gerdau e oito joint-ventures com grandes empresas.
Entre elas, Brasil ao Cubo, especializada em construções modulares de aço, a operadora logística multimodal da Gerdau, G2L, a locadora de veículos pesados e equipamentos Addiante (parceria com Randoncorp), além da Newave Energia, para geração de energia renovável. No Next Ventures, os destaques incluem as norte-americanas Plant Prefab, especializada em casas pré-fabricadas sustentáveis, AlFleet, de logtística, e 3DEO, de impressão 3D com ligas metálicas; a colombiana Tul, plataforma de e-commerce para empresas; a plataforma de abastecimento para e-commerce Cubbo e a Docket, especializada em gestão de documentos jurídicos, detalha o vice-presidente da Gerdau e líder da Gerday Next, Juliano Prado.
No ano passado, a gestora de investimento de impacto Good Karma (GK) Partners anunciou seu primeiro fundo, com R$ 400 milhões sob gestão, e um aporte de R$ 30 milhões na Negócios Verdes, hoje Vertuos, plataforma de gestão de resíduos que reunia a Rolth, especializada em escória de aciaria, e Sulminas, que produz areia de sílica a partir de sobras da indústria de pedras ornamentais.
A tecnologia da Rolth transforma o resíduo em subprodutos metálicos, vendidos para siderúrgicas e sucateiros, agregados siderúrgicos, empregados em artefatos como concreto e blocos de pavimentação, e óxido de cálcio e magnésio, para produção de fertilizantes. O uso de um passivo ambiental acumulado em siderúrgicas de todo o mundo ajudou a fechar parceria com a ArcelorMittal para tratamento da planta de Resende (RJ).