Siderurgia
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Por Vinicius Konchinski — Para o Valor de Curitiba


Em meio a uma corrida pela redução das emissões de gases causadores do efeito estufa, a indústria siderúrgica persegue o que batizou de aço verde, produzido com pegada de carbono praticamente nula e que tem o hidrogênio verde como insumo estratégico. Esse gás combustível é produzido com água através de uma reação química iniciada com energia elétrica gerada por fontes renováveis, principalmente solar e eólica. Na siderurgia, ele pode substituir o coque, um tipo de carvão, no processo de transformação do ferro em aço.

Cerca de 70% do aço produzido no mundo usa o coque, cuja queima gera gás carbônico - 3,3 toneladas de CO2 por tonelada produzida -, que contribui com o aquecimento global. A produção com hidrogênio, por sua vez, gera água; o oxigênio da molécula do minério de ferro combina-se com o gás num forno elétrico e vira vapor, com emissão residual de carbono.

Segundo a consultoria britânica Wood Mackenzie, a indústria siderúrgica mundial precisará investir US$ 1,4 trilhão (cerca de R$ 6,8 trilhões) para adequar-se, até 2050, ao Acordo de Paris. Para consultoria, 90% das emissões do setor precisam ser cortadas, e o hidrogênio verde será importante para isso. A Wood Mackenzie estima que 50 toneladas do combustível serão necessárias à siderurgia por ano.

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A produção do hidrogênio verde hoje é basicamente experimental, segundo Frederico Freitas, diretor da H2 Verde e pesquisador do combustível. Um complexo para produção em estruturação no Porto de Pecém (CE) deve gerar 2 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano a partir de 2030.

O complexo chamou atenção da ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo, que comprou a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), um negócio de US$ 2,2 bilhões (R$ 10,7 bilhões). “Existe um potencial significativo para descarbonizar o ativo, dada a ambição do Estado do Ceará de desenvolver um hub de hidrogênio verde de baixo custo e o enorme potencial que a região tem para a geração de energia solar e eólica”, declarou o presidente da ArcelorMittal, Aditya Mittal, em julho do ano passado, quando o acordo foi anunciado.

A companhia já conseguiu produzir aço com hidrogênio verde no Canadá e desde 2021 integra um consórcio de empresas dedicado a cortar emissões com o uso de hidrogênio na indústria.

A Gerdau, que já produz aço emitindo menos da metade da média do setor, monitora o avanço da tecnologia, diz seu diretor industrial, Maurício Metz. A empresa fechou acordo com uma universidade americana para analisar o uso do hidrogênio também para substituir o gás natural no processo de fabricação do aço. O nome da universidade é mantido sob sigilo.

A Vale fechou acordo com a sueca H2 Green Steel para produzir aço com hidrogênio verde. A brasileira deve fornecer ferro a futuros complexos industriais no país e América do Norte nos quais a H2 Green Steel pretende atuar. Já a sueca levantou € 1,5 bilhão (R$ 7,8 bilhões) para construir sua primeira fábrica, em Boden, em seu país natal. A empresa tem parceria com o conglomerado de energia Iberdrola, da Espanha, que controla a Neoenergia, que atua no Brasil.

Para o presidente da Neoenergia, Eduardo Capelastegui, o Brasil tem “grande potencial” de desenvolver o aço verde devido à matriz energética majoritariamente renovável e por ser o segundo produtor mundial de minério. Vinicius Botelho, pesquisador do Centro de Estudos de Energia da Fundação Getulio Vargas (FGV Energia), também vê o país bem posicionado, mas diz que há desafios a serem superados. “Precisamos saber se o hidrogênio terá um custo competitivo, resolver questões de armazenagem, gasodutos, etc”, listou.

Há empresas que apostam que o aço verde não será massificado por meio do hidrogênio. Tadeu Carneiro, presidente da Boston Metal, é taxativo sobre isso. “O hidrogênio verde não será a rota predominante”, afirma. A Boston Metal trabalha no desenvolvimento da eletrólise de óxido fundido, pela qual também produz ferro com baixas emissões. A empresa tem uma planta piloto em Woburn, nos Estados Unidos, e pretende produzir em escala industrial a partir de 2026. Ela também tem uma fábrica em Coronel Xavier Chaves (MG) para produção de ferroligas de alto valor. Recebeu US$ 6 milhões (R$ 25,3 milhões) em investimento da Vale em 2021.

Já a Aço Verde do Brasil (AVB) faz aço com biocarbono, carvão oriundo de florestas plantadas, descreve Sandro Marques Raposo, diretor de ESG e novos negócios da companhia, certificada como carbono neutra pela Société Générale de Surveillance (SGS), da Suíça. “O uso de biocarbono na siderurgia é a tecnologia de descarbonização mais consolidada e testada disponível no mercado”, diz Raposo.

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