Uma pioneira na adoção do conceito de economia circular é a Aço Verde do Brasil (AVB), empresa do grupo Ferroeste em operação desde 2015 em Açailândia (MA). Este ano, a siderúrgica conquistou o menor indicador mundial para emissões de CO2 por tonelada de aço bruto produzido entre 2018 e 2022, conforme a World Steel Association. Seu inventário anual de gases de efeito estufa de 2022 foi de 0,02 tonelada de CO2 equivalente emitida por tonelada de aço (tCO2 e/t), bem inferior à média mundial (1,89).
Maior recicladora de sucata ferrosa do Maranhão, a AVB patenteou uma tecnologia inovadora de pré-aquecimento do material, que usa gás dos altos-fornos para elevar a temperatura do material a cerca de 600 graus centígrados. Dessa forma, é possível aumentar de 15% para 33% a proporção de sucata sólida aproveitada dentro do convertedor, o que reduz as emissões de carbono e aumenta a capacidade de produção.
A siderúrgica consegue reaproveitar 100% dos gases e coprodutos gerados na fabricação do aço, utilizando somente energia renovável certificada - um terço dela, proveniente de geração própria. Sua meta é tornar-se autossuficiente em energia renovável no prazo de cinco anos, adicionando 26 megawatts aos atuais 11 MW disponíveis da usina termoelétrica.
“Somos uma empresa que já nasceu verde, com todos os processos pensados para ter o mínimo impacto ambiental possível”, resume o diretor de sustentabilidade e novos negócios, Sandro Raposo. “A AVB é a única indústria integrada de aços longos do mundo que usa 100% de biocarbono”. Toda a madeira do processo produtivo vem de florestas próprias de eucalipto reflorestado. Ele destaca uma informação sobre diversidade na liderança: a AVB é a única siderúrgica do Brasil a ter uma presidente mulher, Silvia Carvalho Nascimento.
Outra empresa que tem contribuído para a produção de aço mais sustentável é a thyssenkrupp. Em dezembro de 2022, a corporação de origem alemã assinou contrato com a ArcelorMittal para fornecer uma nova planta de dessulfuração de gás de coqueria no município de Serra (ES), prevista para entrar em operação em 2024. O projeto prevê a instalação de um sistema avançado que permitirá ao conglomerado industrial luxemburguês reduzir as emissões da usina.
O gás de coqueria que pode ser produzido pela ArcellorMittal é equivalente a 480 megawatts de energia elétrica, ou ao consumo de 2 milhões de residências. No pico das obras, a previsão é que o projeto gere 400 vagas de trabalho. “Precisamos acelerar a transição para uma economia com neutralidade nas emissões de gases de efeito estufa”, afirma o presidente da thyssenkupp para a América do Sul, Paulo Alvarenga.
Investir em inovação também tem sido a prioridade de empresas do ramo metalúrgico, que abrange a manipulação de metais em geral. É o caso da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que nos últimos quatro anos alocou R$ 32 milhões em projetos ligados à indústria 4.0. As iniciativas incluem o desenvolvimento de uma Inteligência Artificial (IA) exclusiva e de uma sala de controle de processos.
Outras inovações que vêm sendo exploradas na empresa são aprendizado de máquina, robôs autônomos, computação em nuvem, gêmeos digitais, realidade virtual e internet das coisas. “A inovação e a transformação digital ocupam um papel muito importante no desempenho sustentável e na competitividade do nosso negócio”, afirma o diretor de inovação, Fernando Varella.
A estratégia de transformação digital da Tupy, multinacional brasileira de metalurgia com sede em Joinville (SC), coloca grande ênfase na descarbonização e na formação contínua de seus colaboradores para lidar com as novas tecnologias. Ao mesmo tempo em que a companhia investe em equipamentos de ponta, como sensores de internet das coisas para monitoramento ambiental, também aposta no retrofit.
“Temos mais de 200 robôs industriais de grande porte somente na planta principal, mas como o nosso parque fabril existe desde os anos 1950, precisamos adaptar as máquinas mais antigas para se tornarem digitais”, explica o diretor de inovação e TI, Daniel Marques de Moraes. Uma inovação tecnológica recente é a adoção de robôs colaborativos, que podem trabalhar junto aos humanos sem oferecer riscos à segurança.
Em 2022, a Tupy lançou a liga metálica Ultra Light Iron, que viabiliza a fabricação de blocos de motor de veículos extremamente resistentes e bastante leves, com o mesmo peso do alumínio e baixa pegada de carbono. No ano, a metalúrgica reduziu suas emissões em 17% na comparação com o ano anterior.