Identificar engenheiros com experiência e convencê-los a trabalhar longe de casa são alguns dos desafios que tiram o sono das chefias da indústria do aço. “No preenchimento de posições técnicas, é preciso ter ‘expertise’ em algumas áreas e, dependendo do empregador, disponibilidade de mudança para locais remotos”, afirma Isis Borge Sangiovani, sócia do Talenses Group, de recrutamento de executivos. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, que representa produtoras de aço, o setor tinha 126,8 mil trabalhadores em 2022, entre efetivo próprio e terceirizado, em 31 usinas administradas por onze grupos empresariais.
Para atrair e reter talentos, diz Sangiovani, as empresas deveriam divulgar mais os projetos das frentes de ESG (práticas ambientais, sociais e de governança). Alguns candidatos têm restrições ao setor por conta de possíveis danos ambientais, explica. “Também é importante enfatizar práticas de mercado como a oferta de um bom pacote de remuneração e a possibilidade de ascensão na carreira. A Talenses viu crescer em 65% o número de vagas no setor em 2022. Para 2023, há expectativa de demanda para lideranças com expansões de grupos nacionais para o exterior e multinacionais que investem em projetos locais. “Estamos trabalhando algumas posições de diretoria”, diz, sem dar detalhes.
A ArcelorMittal tem 310 vagas abertas, 79 delas para nível superior. As formações mais procuradas são em engenharia e áreas técnicas da metalurgia, afirma Sofia Trombetta, diretora de pessoas, saúde e bem-estar na ArcelorMittal Aços Longos e Mineração para a América Latina. Segundo ela, houve 742 contratações no primeiro semestre, sendo 1,2% para gerentes ou superior. O tempo médio de casa dos funcionários na empresa é de oito anos. “Estamos vivendo a menor média de permanência na organização, comparada aos últimos cinco anos”, aponta. “Isso ocorre em função da entrada das novas gerações no mercado, com maior foco em experiências e não mais em empregos ‘vitalícios’.”
Trombetta diz que o processo para contratar um candidato para liderança pode levar até 90 dias, se o posto exigir especialização. Para dinamizar as admissões, uma das estratégias é realizar parcerias com comunidades do entorno, inclusive universidades e sistema Sesi-Senai, para mapear e qualificar profissionais. Ações no campo da diversidade também estão no radar.
No Grupo Aço Cearense, o plano é adequar as vantagens de admissão. “Precisamos ficar atentos a benefícios flexíveis que atendam às necessidades da família do candidato, como adaptação às cidades onde temos operações”, afirma Valquíria Ferreira, gerente de desenvolvimento e performance.
Houve 581 contratações no primeiro semestre, sete delas para cadeiras de decisão - há projetos de expansão de capacidade produtiva e de desenvolvimento de uma aciaria no Pará. Ferreira diz ter 110 posições disponíveis, sendo 14% para nível superior e 24% para cursos técnicos. “O maior desafio é achar profissionais técnicos e de engenharia para a região Norte.”
Para Allyson Rocha, diretor geral do Grupo Tecno, um dos gargalos é encontrar talentos com experiência e habilidades digitais. A empresa adotou busca nas redes sociais e programas de desenvolvimento para as equipes.