O Brasil tem, atualmente, cerca de 1.400 lojas instaladas em outlets, centros de compras com comodidades de shopping onde fabricantes vendem diretamente aos consumidores produtos com descontos que podem chegar a 80%. O número faz parte do estudo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), que analisa o comportamento dos frequentadores de outlets. O levantamento está no forno e deve ser publicado em outubro deste ano em comemoração aos 15 anos da chegada deste modelo de negócio no país. A despeito de alguns analistas considerarem o número atual de outlets - 17 em atividade - aquém do potencial de oportunidades, o crescimento deste segmento pode ser percebido pelo ritmo de expansão dos empreendimentos.
Com apenas nove anos, o Catarina Fashion Outlet inaugurou, em outubro de 2023, sua terceira expansão. O empreendimento, que tem por trás a JHSF, empresa do setor de incorporação imobiliária de alta renda e com forte presença nos mercados de shopping centers, entre outros, recebeu R$ 200 milhões para ampliar em 22 mil m² sua Área Bruta Locável (ABL), abrindo espaço para mais 150 lojas e 22 quiosques.
Os 51 mil m² atuais abrigam 300 lojas e 36 quiosques visitados diariamente por, em média, 25 mil clientes. Instalado no município paulista de São Roque, a ampliação fez do Catarina o maior outlet do Brasil em tamanho e número de lojas. E a JHSF já fala em uma quarta expansão, “mas só quando a terceira maturar”, diz Walter Borghi, diretor geral da JHSF Malls.
O executivo conta que o principal gatilho para a recente ampliação foi a falta de espaço para abrigar novas marcas interessadas em operar no Catarina, cuja vacância estava à época zerada. “Começamos a perder marcas porque não tínhamos onde colocá-las. Como havia muito espaço físico para crescer, isso foi determinante na decisão”, diz.
Mas o Catarina não está sozinho nesse movimento. A busca de lojistas por um lugar nos outlets também colocou nos planos do Iguatemi, empresa do setor de shopping centers que tem em seu portfólio o I Fashion Outlet Novo Hamburgo, primeiro outlet Premium do Sul do país, criado dez anos atrás, e o I Fashion Outlet Santa Catarina, lançado em 2018, e a expansão do outlet de Novo Hamburgo após desembolsar R$ 24,5 milhões por uma participação adicional de 10% no empreendimento, em janeiro último.
“Passados dez anos podemos dizer que o empreendimento já alcançou a maturidade e por isso estamos neste momento na fase de estudos para aumentar a Área Bruta Locável”, diz Charles Krell, vice presidente de Operações da Iguatemi S.A. Em um primeiro momento, afirma ele, o grupo mira em uma expansão física entre 25% e 30% com a inclusão de algo em torno de 30 lojas. O prazo para o início, no entanto, ainda não está definido.
“O outlet é um canal em expansão e prestes a comemorar, em 2024, 15 anos de operação no Brasil. Além dos 17 empreendimentos ativos no país, teremos mais duas novas operações até o fim de 2025, no interior paulista, o Santa Maria Outlet, em Cravinhos, em outubro de 2024, e o Olímpia Outlet, em Olímpia, em 2025, diz Glauco Humai, presidente da Abrasce.
A JHSF já fala em uma quarta expansão do Catarina Fashion Outlet, “quando a terceira maturar”
Relatório da Agência Brasileira de Outlets prevê mais quatro entre setembro de 2024 e dezembro de 2025, totalizando 80 mil m² de ABL. Hoje, a ABL total de outlets no Brasil soma 348 mil m², segundo a Abrasce. O mais novo empreendimento lançado foi o Outlet Premium Imigrantes, aberto em 12 de abril na saída 23 da Rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo do Campo, com pouco mais de 100 lojas e um investimento de R$ 230 milhões do Grupo General Shopping & Outlets, empresa líder no segmento de outlets no país. Esse modelo de negócios tem atraído consumidores das classes A e B, que vão atrás de roupas, calçados e acessórios de marcas famosas. Mas também atrai empresas com atuação distante do varejo tradicional.
Em maio de 2021, o grupo BCI, do ramo atacadista de distribuição de combustíveis, levou para Pernambuco o Recife Outlet, primeiro do gênero no Estado, localizado na BR-232, em uma área de 14 mil m² de ABL, 70 operações e investimento de R$ 120 milhões. “Pernambuco era um dos poucos Estados do Nordeste que não tinham esse empreendimento e acreditamos que era o momento de investirmos nessa área do varejo”, diz Paulo Peres, diretor do Grupo BCI.
Em três anos, o outlet cresceu 30%, conta. Para 2024, espera crescer 40%. E apesar do tão pouco tempo de existência, os planos de expansão já estão sobre a mesa. “Temos uma área que nos permite expandir a Área Bruta Locável para 30 mil m², projeto que deveremos colocar em prática nos próximos seis anos”, diz.