Shopping centers
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Por Lúcia Helena de Camargo — Para o Valor, de São Paulo


Marie Tarrisse, da Arcos Dorados: redução de 1.700 toneladas de plástico — Foto: Divulgação
Marie Tarrisse, da Arcos Dorados: redução de 1.700 toneladas de plástico — Foto: Divulgação

Nas praças de alimentação dos 628 shopping centers do país, parte das comidas e bebidas são servidas em embalagens e com utensílios de plástico de uso único, como copos, pratos e talheres, que, embora de difícil reciclagem, por serem geralmente descartadas com restos de comida, começam a ganham atenção em iniciativas para que esses materiais deixem de ser destinados aos aterros sanitários.

A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) não dispõe de dados sobre a geração de resíduos nas praças de alimentação, apenas estabelece diretrizes. “Orientamos nossos parceiros para que façam a destinação adequada desses materiais, visando a reciclagem ou reutilização”, diz Glauco Humai, presidente da entidade. Assim, o avanço na pauta segue apoiado em iniciativas isoladas, como a do Pátio Alcântara, de São Gonçalo (RJ) - administrado pela Niad Shopping Centers -, que em menos de um ano conseguiu saltar do índice de 23% para 96% de aproveitamento dos resíduos gerados pelas operações. Segundo Ulisses Silva, líder da área de sustentabilidade do shopping, o programa centrado no descarte correto foi iniciado em setembro de 2022, progredindo rapidamente, até chegar, em junho, à quase totalidade de resíduos encaminhados à reciclagem. Apenas ao longo do ano de 2022, o volume de resíduos foi de 101 toneladas de materiais que deixaram de ser enviados para aterros sanitários, prevenindo que mais de 44 mil toneladas de carbono fossem liberadas na atmosfera.

Silva afirma que a chave do sucesso está no treinamento de lojistas e funcionários, principalmente aqueles que atuam nas áreas de cozinha e limpeza. Partindo da constatação que os consumidores (em todos os shoppings) jogam no lixo restos de comida misturados às embalagens, o centro de compras retirou as lixeiras das praças de alimentação, transferindo aos colaboradores a tarefa de fazer a triagem dos materiais. “No paralelo, desenvolvemos campanhas para levar ao público o mesmo objetivo, de reduzir a quantidade de lixo e evitar desperdícios”, diz o líder.

De acordo com Thiago Morais, gerente de operações do Shopping Eldorado, empreendimento administrado pela Aliansce Sonae +brMalls em São Paulo, são destinados corretamente 95% dos resíduos. A fórmula da eficiência ali também passa por triagem feita por equipes treinadas. “O shopping coleta e destina corretamente 780 toneladas por ano de materiais recicláveis, por meio de parceria com a cooperativa Cooper Viva Bem, que gera renda para 80 famílias”, afirma o gerente. O Eldorado encaminha para a reciclagem também bitucas de cigarro, transformadas em papel artesanal; tampinhas plásticas, doadas à ONG Ecopatas, responsável pela castração de animais abandonados; além de lixo eletrônico, processado pela empresa Green Eletron, que coletou 700 kg de e-lixo desde 2017.

Os restaurantes foram convidados a segregar seus resíduos orgânicos”
— Daniela Pavan

O Center Norte e o Lar Center, que integram o complexo Cidade Center Norte, também em São Paulo, têm concentrado esforços em iniciativas de destinação correta dos resíduos que saem das praças de alimentação. “Desde 2017, implantamos o projeto Resíduo Zero, no qual todos os restaurantes foram convidados a segregar seus resíduos orgânicos para transformação em adubo”, diz Daniela Pavan, gerente executiva de sustentabilidade dos shoppings. Em 2022, houve aproveitamento de 13 toneladas de restos de comida, transformadas em fertilizantes para as hortas nas quais são cultivados legumes e verduras, depois doados a moradores em situação de rua e pessoas em vulnerabilidade social do entorno. Pavan afirma ainda que foram recolhidos e destinados à reciclagem 3.000 toneladas dos demais resíduos, principalmente plásticos e papéis. A comercialização de recicláveis rendeu, de acordo com a gerente, R$ 473 mil para investimentos em projetos de geração de emprego e renda na zona norte de São Paulo, em 2022.

O Shopping da Bahia (Aliansce Sonae + brMalls), em Salvador, chegou ao patamar “aterro zero”, com todas as 30 toneladas de resíduos produzidos mensalmente destinados a reciclagem ou coprocessamento, incluindo os especiais ou perigosos, como lâmpadas, pilhas e óleo usado. E é na praça de alimentação que ocorrem as ações mais contundentes. Todo o lixo orgânico é recolhido e a orientação da administração é para que seus restaurantes deixem de oferecer embalagens e utensílios de uso único. “A grande maioria de pratos e talheres usados nos restaurantes e lanchonetes do shopping já não são de material descartável, portanto são lavados e reutilizados”, diz Wilton Oliveira, superintendente do Shopping da Bahia.

Essa é linha de ação também de redes como a Mania de Churrasco!. O total de resíduos descartáveis em todos os 99 restaurantes da marca, incluindo delivery, soma 230 toneladas de papel e papelão e 70 toneladas de plástico por mês, segundo Alessandro Gonçalves Pereira, sócio fundador da rede. “Como fazemos uso de pratos de louça e talheres convencionais em todos os nossos restaurantes, a geração de lixo é pequena, mas ainda assim iniciamos recentemente uma parceria com a eureciclo para fazer a reciclagem correta de 100% das embalagens e itens descartáveis utilizados”, diz.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece que a responsabilidade pela destinação correta dos resíduos é de todos, do consumidor à grande corporação. Mas ações vindas de gigantes como o McDonald’s podem incentivar avanços mais abrangentes. A rede, presente em todas as praças de alimentação, já embala os lanches apenas em papel certificado pelo FSC (Forest Stewardship Council), que garante produtos originados do bom manejo florestal, 100% dos canudos são feitos de papel; e os mexedores de plásticos foram substituídos por apetrechos feitos com materiais à base de fibra (papel e madeira), entre outras iniciativas.

“Com essas ações, desde 2017 conseguimos reduzir mais de 1.700 toneladas de plásticos de uso único”, diz Marie Tarrisse, gerente sênior de impacto social e desenvolvimento sustentável da divisão Brasil da Arcos Dorados, operadora da rede McDonald’s em 20 países da América Latina e Caribe. A companhia estabeleceu a meta de ter, até o fim de 2025, 100% de suas embalagens provenientes de fontes renováveis, recicladas ou certificadas em todos os territórios nos quais atua. O percentual hoje está em 88% da meta, segundo Tarisse.

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