De nome complicado, o seguro prestamista cobre o pagamento total, parcial ou por um período de dívidas como empréstimos, financiamentos de veículos, aluguel, fatura do cartão de crédito, entre outros. Hoje, as duas coberturas mais procuradas são por morte e invalidez, mas também há opções por desemprego e perda de renda.
“O seguro prestamista traz tranquilidade para a instituição financeira, para o segurado e para a família do segurado”, diz a presidente da comissão de produtos de risco da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Ana Flávia Ribeiro. Já a diretora de seguros de pessoas da Tokio Marine, Nancy Rodrigues, afirma que este seguro age como uma “ferramenta social”. “Evita uma maior inadimplência pelo consumidor. Para a família, é uma garantia de que terá um alívio financeiro.”
Hoje, o seguro prestamista só fica atrás do seguro de vida em valores arrecadados no pagamento dos prêmios. Entre janeiro a agosto deste ano, o total acumulado ficou em R$ 40,1 bilhões. Desse montante, 48% foi pago por beneficiários do seguro de vida e 28% pelo prestamista. Os dados são da FenaPrevi.
A procura por este seguro só cresce, conforme as corretoras e seguradoras consultadas pelo Valor. A percepção é constatada no aumento nos pagamentos dos prêmios nos últimos quatro anos. De R$ 13,7 bilhões, em 2019, passou para 16,7 bilhões em 2022, segundo levantamento da FenaPrevi a partir dos dados da Superintendência de Seguros Privados.
Um dos principais motivos para o crescimento foram as incertezas por conta da pandemia. A diretora de affinity e parcerias da corretora de seguros WTW, Raquel Silva, observa que as instituições financeiras ficaram mais preocupadas em conceder crédito sem este tipo de seguro.
Na Icatu, o aumento na procura por este tipo de seguro foi de 81,7% entre 2018 e 2022. “Quando veio a pandemia, o seguro de vida, de forma geral, começou a fazer parte do assunto das famílias. E as pessoas começaram a morrer de uma forma muito aleatória”, diz a diretora de produtos de seguro de vida da Icatu, Luciana Bastos.
Apesar disso, algumas empresas observam que este tipo de seguro ainda é pouco conhecido. “Diria que o cliente não procura esse seguro. Ele é uma consequência do crédito. Se bem ofertado, o cliente enxerga o valor na oferta”, afirma Silva.
Normalmente, a contratação deste seguro ocorre no momento da solicitação de crédito, e a aceitação pela seguradora tende a ser automática, segundo a Susep. “Porém, cada empresa possui os seus critérios de subscrição de risco e, sendo assim, podem ocorrer situações em que a oferta do seguro não acontece ou é recusada, como, por exemplo, quando o contratante tiver além da idade máxima de entrada no seguro estabelecida na política de subscrição da seguradora”, observa a entidade.
O perfil do cliente costuma ser variado, sendo comum haver limite de idade para a contratação, o que é definido por cada seguradora, que leva em conta a modalidade e o prazo do financiamento/empréstimo. “Encontramos produtos para pessoas de até 65 anos e também para até 80 anos”, diz Ribeiro. Há empresas que apostam em seguros prestamistas para pessoas entre 71 e 85 anos.
No início deste mês, a BNP Paribas Cardif Brasil lançou um seguro prestamista específico para esse público em parceria com o Banco BRB e BRB Seguradora. “As pessoas estão vivendo cada vez mais e precisam continuar sendo atendidas em todas as esferas, cuidando da saúde, da qualidade de vida e tendo suporte para realizações financeiras, independentemente da idade”, diz a CEO da BNP Paribas Cardif Brasil, Sheynna Hakim.
Os preços do seguro prestamista variam. “Não é um produto tabelado. Entre os fatores levados em conta estão o saldo devedor da dívida, a idade do cliente e o índice de inadimplência atual, entre outros. São análises pormenorizadas”, observa o sócio da Globus Seguros, Jessé Teixeira. Também é levado em consideração a área de atuação da empresa que concede o crédito, salienta Rodrigues. “Em geral, o ticket médio é muito para os varejistas.”
A pedido do Valor, a Tokio Marine apresentou duas cotações de seguros para empresas varejistas. Uma delas tem custo mensal de R$ 5,90, enquanto a outra sai por R$ 12,99. A primeira quita saldo devedor de até R$ 2,5 mil em caso de morte e invalidez permanente total por acidente, já o outro abate um valor máximo de R$ 6,5 mil. As duas cotações também apresentam cobertura para desemprego e incapacidade física temporária por acidente ou doença - a primeira cobre saldo devedor máximo de R$ 1 mil, enquanto a outra é de R$ 2 mil.