![Silva, da WTW: resultados da convergência devem aparecer em 2025 — Foto: Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/zFffRQKPeM8V2SJv_ouEld3JBBU=/0x0:1500x1072/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/D/2/zxtdAmTZqoobC6N9zZrg/018-raquel-20silva-wtw.jpg)
O open insurance (Opin), ecossistema aberto de compartilhamento de dados do setor de seguros, estará em operação até o fim de novembro se as empresas conseguirem cumprir o cronograma definido pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). A conclusão do Opin, que inicialmente estava programada para junho de 2022, foi adiada para setembro de 2023 e, depois, prorrogada para novembro deste ano (para quando se prevê o término da fase 3 do projeto).
A justificativa dos agentes do mercado segurador para os sucessivos adiamentos, além dos inúmeros desafios regulatórios, é a enorme complexidade tecnológica do projeto, já que a fase 3 marca o início da etapa de serviços e também da integração com o open banking, que vai unir os projetos e colocar em prática o open finance, o sistema financeiro aberto para o compartilhamento de dados de clientes. Nessa etapa, também estarão liberadas para operar as chamadas Sociedades Processadoras de Ordem do Cliente (SPOCs), corretoras e insurtechs credenciadas pela Susep para realizar atividades de processamento de pedidos dos clientes, entre outros serviços.
No início de maio, o projeto rumou para a fase 3, mas ainda sobram dúvidas e incertezas no mercado, conforme revela pesquisa recente da Capgemini, que mostra que nem as seguradoras nem as corretoras estão 100% preparadas para o Opin. Contudo, como observa o head de soluções para seguros da Capgemini Brasil, Gustavo Leança, é preciso considerar que elas estão em estágios diferentes de maturidade. “As seguradoras vêm trabalhando no Opin desde 2021, quando teve início a fase 1, logo, elas têm um nível de maturidade maior, além de uma capacidade tecnológica muito estruturada.”
Apesar dos contratempos, a adesão ao Opin é considerada bastante positiva pela Susep. Hoje, 72 empresas participam do sistema aberto, segundo o diretor técnico Airton Renato de Almeida Filho. “Considerando que a Susep tem em torno de 150 empresas reguladas, é um bom indicativo.” A expectativa do diretor é que a integração com o open banking estimule a entrada de novos participantes no ecossistema, aumente a concorrência, a inovação e a diversificação na intermediação e permita a criação de soluções mais robustas, que atendam melhor os consumidores.
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Os resultados dessa convergência, no entanto, só devem começar a ser sentidos no ano que vem, avalia a diretora de afinidade e parcerias da WTW, Raquel Silva. Ela diz que essa também é a percepção de parte dos agentes do setor, embasados em pesquisa da Capgemini com executivos de seguradoras, resseguradoras, insurtechs e prestadores de serviços – cerca de 50% dos entrevistados apontaram que os impactos do Opin somente serão percebidos em 2025.
A executiva considera que a entrada das SPOCs e insurtechs deve proporcionar produtos mais acessíveis e personalizados e jornada de contratação mais ágil, já que a operação dessas empresas será 100% digital. Entretanto, ela observa que as corretoras e iniciadoras de transações de pagamentos (ITPs) que desejarem se tornar SPOCs terão de cumprir diversas exigências, como ter CNPJ exclusivo para essa operação e patrimônio líquido mínimo de R$ 1 milhão.
Para o diretor de operações e tecnologia da Brasilseg, Tiago Vieira, a entrada das corretoras de seguros no Opin é fundamental para a melhoria da chamada experiência do cliente. “As corretoras têm o papel de traduzir as vantagens das várias modalidades de seguros ao contratante da apólice. Com o open insurance, elas poderão utilizar ferramentas digitais e plataformas on-line para agilizar processos e melhorar a jornada do consumidor.”
A alteração feita pela Susep, que substituiu a figura da Sociedade Iniciadora de Serviços de Seguro (SISS) por SPOCs, reflete claramente o reconhecimento do papel crítico do corretor dentro do ecossistema de seguros, avalia o diretor de tecnologia do grupo Wiz Co., Marcus Reis. Os corretores, segundo ele, respondem por aproximadamente 60% das vendas de seguros no Brasil e desempenham um papel imprescindível na educação dos clientes sobre a importância e os benefícios dos produtos de seguro.
O mercado é composto por mais de 120 mil corretores de seguros, além das seguradoras e operadoras, ressalta Manuel Matos, vice-presidente da Fenacor, entidade que reúne corretoras e corretores de seguros e resseguros. Para ele, a relevância do setor dá uma dimensão de o que o open insurance pode trazer em termos de oportunidades para toda a cadeia de seguros e de benefícios para os segurados: os clientes terão acesso a uma gama mais ampla e personalizada de produtos, preços mais adequados e mais transparência na contratação do seguro, ao poder comparar os produtos oferecidos no mercado.