Seguros e Resseguros
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Por — Para o Valor, de São Paulo


Com o maior mercado segurador da América Latina, o Brasil também desponta como o principal ecossistema de insurtechs. Relatório de 2024 da plataforma de inovação Distrito aponta que o país já concentra 57,2% de todas as startups de seguro na região. O aumento do uso da tecnologia por essas empresas, em especial por aquelas saídas do sandbox - o ambiente regulatório experimental da Superintendência de Seguros Privados (Susep) que incentiva a criação de projetos inovadores em produtos, serviços ou soluções -, agora chama a atenção de investidores brasileiros e estrangeiros.

Segundo o relatório publicado em janeiro pela Digital Insurance Latam, consultoria chilena especializada em inovação e transformação digital, dos US$ 125 milhões investidos em 2023 nas insurtechs em toda a América Latina, o Brasil ficou com 64% do valor.

“O ecossistema insurtech brasileiro se destaca na América Latina como o que mais tem recebido investimentos e isso se deve, especialmente, ao tamanho e à inovação do mercado, o que faz do Brasil o principal destino de investidores que desejam investir na América Latina. Por outro lado, também se deve à existência de grandes fundos brasileiros que aplicam recursos no mercado interno”, diz Hughes Bertin, CEO e fundador da Digital Insurance Latam.

Depois de receber US$ 305,6 milhões de investimentos em 2021, o mercado de insurtechs da América Latina enfrentou uma diminuição dos recursos no ano seguinte. Mas o cenário continua favorável. “Os investimentos encolheram até o início de 2023, mas começaram a crescer de forma gradual a partir do terceiro trimestre do ano passado devido às startups que começaram a atingir fases mais maduras, trazendo para o mercado soluções avançadas que atraíram investidores”, diz Leonardo Bona, analista de research do Distrito.

Outro fator que tem ajudado no crescimento dos recursos tem a ver com o Sandbox, segundo Vitor Harano, gerente de pesquisa do Distrito. Startups que participam do programa testam produtos e serviços sob a supervisão da Susep.

“No primeiro semestre, no fim do programa do Sandbox, estarão saindo insurtechs com soluções mais robustas”, afirma Harano. Além disso, diz ele, o ecossistema de venture capital está voltando a aportar recursos. Os dois momentos, em sua opinião, vão convergir. “Por isso esperamos nova rodada de investimento no segundo semestre.” No primeiro trimestre de 2024, mostra o Distrito, as insurtechs captaram US$ 37 milhões, superando todo o volume de 2022.

Até o fim de 2023, o mercado somava 250 insurtechs latino-americanas. O período em que mais startups foram criadas foi entre 2016 e 2017, quando 157 novas insurtechs chegaram ao mercado. No Sandbox, desde 2021, já foram aprovadas 19. No segundo semestre, a Susep espera lançar mais um edital para nova rodada de insurtechs no Sandbox, conta Julia Normande Lins, diretora do Sandbox.

Esperamos nova rodada de investimento no segundo semestre”
— Vitor Harano

“Nossa perspectiva é de que ao longo deste ano muitas insurtechs peçam autorização definitiva para operar no mercado. É que essas seguradoras, ao saírem do Sandbox, ganham autorização temporária de 36 meses para operar.” Muitas delas, conta Lins, já estão procurando a Susep para obter autorização definitiva antes dos três anos.

“O fato de o Brasil ter grande importância na inovação do setor atrai os olhos do mercado. Por isso o país continuará na mira dos investidores”, diz Camila Calais, do Matos Filho, escritório de advocacia. O que mudou um pouco, em 2023, afirma, foi a disponibilidade menor de capital por questões macroeconômicas. “O que vemos é que vários investidores também estão aprendendo um pouco sobre o mercado e sendo mais seletivos em relação aos projetos.”

Para Calais, as insurtechs com mais visibilidade para receber aportes de investidores são as que estão trazendo novas tecnologias para canais de atendimento e inclusão social. Na América Latina, as insurtechs com foco em soluções multimercado são 60,8% do ecossistema. De seguro de automóveis, 17,1%; de seguro saúde, 10,2%. Nos demais, como seguro de vida, empresarial ou residencial, entre outros, a representatividade não chega a dois dígitos.

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