Santa Catarina
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Por Flavia Alemi — Para o Valor, de São Paulo


Depois de ganhar forte impulso durante a pandemia de covid-19, o setor florestal de Santa Catarina passa por um período de desaceleração, marcado pela normalização das cadeias produtivas. Representantes do setor dizem também que o fato de não terem ainda estabelecido diálogo com o atual governo é uma preocupação. Segundo eles, durante a gestão de Jair Bolsonaro foi possível estabelecer um diálogo centrado no ponto de vista de negócios, o que não teve continuidade, afirmam, nos primeiros seis meses de governo Lula.

Na reforma ministerial promovida por Bolsonaro, o Serviço Florestal Brasileiro passou do Ministério do Meio Ambiente para o da Agricultura, mas retornou à pasta de origem - agora comandada pela ambientalista Marina Silva - sob o governo Lula, um movimento criticado pelo setor. “Hoje, no Brasil, madeira de reflorestamento é considerada um tema sensível. Nos últimos quatro anos, houve uma abertura grande para discutir, mas, com a troca de governo, voltamos à estaca zero”, afirma Daniel Woiski, diretor da madeireira catarinense Solida.

Na esfera estadual, o governo de Jorginho Mello (PL) anunciou no começo do ano a intenção de criar um Plano Estadual de Florestas Plantadas, que visaria aumentar a capacidade produtiva da região. A reportagem tentou contato com a Secretaria de Estado da Agricultura de Santa Catarina, mas não obteve resposta. Concentradas nas regiões serrana, oeste e norte de Santa Catarina, as florestas plantadas para fins comerciais no Estado responderam por 12,7% das exportações brasileiras de produtos florestais no ano passado, com faturamento de US$ 2 bilhões.

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O setor florestal como um todo no país teve crescimento robusto na pandemia, impulsionado pela demanda por itens de higiene e embalagens, além de madeira para a construção civil. De 2019 a 2021, o valor da produção do segmento saltou 51%, para R$ 22,78 bilhões, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde o segundo semestre do ano passado, entretanto, está havendo uma normalização da demanda, afirmam empresários do setor. Os números da produção brasileira em 2022 ainda não foram divulgados. Mas as exportações de pinus serrado, por exemplo, recuaram 8,5% no ano passado, para 1,364 milhão de toneladas. A alta de 4,5% no valor dessas exportações, para US$ 801 milhões, não foi suficiente para compensar os custos, afetando o resultado das companhias.

Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), a perspectiva para 2023 é que os embarques alcancem patamares ainda mais baixos. Os resultados das principais reflorestadoras da região em 2022 confirmam a desaceleração. O lucro líquido da Adami S/A, uma das maiores companhias madeireiras do Estado, caiu 46% no ano passado em relação a 2021, para R$ 140 milhões. O resultado foi afetado por um aumento de 35% das despesas com vendas, que superaram o ritmo de crescimento da receita líquida, de 14,5%.

Na Brochmann Pollis, a queda no lucro foi de 44%, para R$ 35,5 milhões. A receita operacional líquida recuou 20%, para R$ 138,7 milhões, com destaque negativo para o eucalipto, cuja receita passou de R$ 43 milhões em 2021 para R$ 19,7 milhões em 2022.

Se a indústria estivesse aquecida, teria vendido tudo para a Europa”
— Mauro Murara Jr.

Cerca de 70% da madeira serrada - produtos como vigas, tábuas, caibros e outros itens ligados à construção civil - produzida no Estado vai para o exterior, segundo a Associação Catarinense de Empresas Florestais (ACR), principalmente para Estados Unidos e México, que respondem por mais da metade das compras. Mas o cenário global de juros altos está reduzindo o consumo dos americanos, afetando a demanda da construção civil e, por consequência, da indústria moveleira.

Para o diretor-executivo da associação, Mauro Murara Jr, o segmento de madeira serrada vive uma recessão. “Nos últimos 40 anos, a população dos Estados Unidos não viu inflação. Antes, para financiar a construção civil, pagava-se juros de 1%; agora, está em 12%. Aquela classe que está no pico de consumo, que é a população de até 50 anos de idade, deixa de consumir”, afirma. Além disso, ele avalia que o setor perdeu a oportunidade de fornecer pellets de madeira para geração de energia no continente europeu quando se instalou a guerra entre Rússia e Ucrânia. “Para fazer pellets de madeira, precisa da indústria trabalhando para produzir esse subproduto. Se a indústria estivesse aquecida, teria vendido tudo para a Europa”, lamentou.

Hoje, o plantio de florestas em Santa Catarina se estende por cerca de 1 milhão de hectares onde predominam o pinus, com 63,1% da área, e o eucalipto, com 31,5%, de acordo com o IBGE. Mas algumas empresas estão abrindo espaço para o cultivo de produtos de safras mais rápidas, como a soja. Enquanto as florestas levam até 20 anos do plantio ao corte, o ciclo da soja não é nem de seis meses.

De acordo com a ACR, Santa Catarina perdeu 80 mil hectares de floresta plantada para o cultivo de soja nos últimos cinco anos, o que representa uma redução de 80 milhões de toneladas de madeira do mercado.

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