Em 2022, Santa Catarina bateu o recorde histórico no fluxo de comércio exterior, com uma movimentação de US$ 41 bilhões em mercadorias - a maior parte delas, por meio de seus cinco portos. As exportações somaram US$ 12 bilhões, 16,2% a mais que no ano anterior, e as importações, US$ 29 bilhões, um crescimento de 16,3%, segundo o Observatório Fiesc, da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. Desde o ano 2000, o valor das exportações cresceu 4,4 vezes. No mesmo intervalo, a corrente de comércio aumentou 11 vezes e o déficit na balança comercial, dez vezes.
O Estado é líder nacional no preço médio de produtos exportados e ocupa a quarta posição no ranking das vendas externas de alta intensidade tecnológica. Um dos desafios para os exportadores é adaptar-se à tendência mundial de diversificação das cadeias de suprimentos. O cenário geopolítico pós-pandemia tem levado muitas empresas a rever estratégias. Há algum tempo, as companhias catarinenses estão atentas a isso. As indústrias Weg e Tupy, por exemplo, têm investido em suas fábricas no México, visando o mercado americano de equipamentos elétricos e blocos de motor.
“Santa Catarina deve ter a pretensão de substituir parte do que o mundo comprava da China e, para isso, é fundamental o investimento em tecnologia e digitalização”, afirma o presidente da Federação das Indústrias, Mario Cezar de Aguiar. Essa mudança, na visão do dirigente industrial, passa pelo avanço em áreas como inteligência artificial, manufatura aditiva, conectividade, robótica, biotecnologia e novos materiais. “Estamos trabalhando para que a nossa indústria se reinvente, o que inclui produzir com sustentabilidade e modernizar a gestão das empresas familiares”, acrescenta o dirigente.
Carnes de aves e de suínos lideram a lista de produtos exportados por Santa Catarina, seguidas de motores elétricos, soja e partes de motor. Estados Unidos, Europa e China são os principais destinos das vendas externas. Para o presidente da Fiesc, o recorde de exportações em 2022 se deve a uma combinação de fatores que envolvem a valorização internacional dos produtos, a expansão das vendas de itens intensivos em tecnologia e o nível de competitividade da indústria catarinense.
Quase 40% dos produtos que chegaram ao Brasil por Santa Catarina no ano passado vieram da China. As principais mercadorias importadas foram cobre refinado, semicondutores, fertilizantes nitrogenados e revestimentos de ferros laminados planos. Apesar do déficit de R$ 17 bilhões na balança comercial, Aguiar ressalta que as compras internacionais são positivas, pois movimentam os portos do Estado, criam empregos e geram impostos.
De janeiro a maio deste ano, o fluxo de comércio internacional do Estado somou US$ 16,6 bilhões. Nesse período, a China ultrapassou os Estados Unidos como o principal comprador de produtos exportados por Santa Catarina, principalmente soja e carne suína, por causa do peso do calendário agrícola no primeiro semestre. A diversificação da economia estadual favorece as vendas externas, afirma Aguiar. “Com a baixa do setor imobiliário, por exemplo, caiu a exportação de móveis e madeira, mas ela é compensada por outros setores”, pondera o presidente da federação.
Um exemplo de inovação industrial disruptiva que mira no mercado global é a proteína animal cultivada a partir de células. A JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, pretende investir US$ 60 milhões nos próximos quatro anos em um centro de pesquisa em biotecnologia a ser construído na capital de Santa Catarina. “A escolha da cidade se deve aos atributos reconhecidos internacionalmente para ajudar a atrair pesquisadores estrangeiros e pelo seu destaque como polo de tecnologia”, informa a empresa em nota.
Enquanto as instalações não ficam prontas, os pesquisadores da JBS trabalham com parceiros locais dentro do Instituto da Indústria, espaço de inovação da Fiesc no Sapiens Parque.