O Brasil está longe de universalizar o saneamento até 2030, como prevê o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6, do Pacto Global da ONU. Apesar do avanço do serviço nos últimos 12 anos - em que a população atendida passou de 64,5%, em 2010, para 75,7%, segundo o IBGE, a extensão nos próximos seis anos para todos os brasileiros é inviável, segundo especialistas.
As razões para o cenário, na avaliação do gerente de água e oceano do Pacto Global - Rede Brasil, Rubens Filho, são a falta de prioridade e de debate da população. “O Brasil precisa aumentar sua prioridade para a infraestrutura sanitária como um todo, desde o fornecimento de água à coleta de esgoto”, diz. “Ainda que saneamento signifique saúde, quando parte da população pede por saúde, saneamento não vem à cabeça.”
José Tavares Araruna Júnior, coordenador do curso de engenharia ambiental do Centro Técnico Científico da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (CTC/PUC-Rio), também aponta razões históricas. “Há 50 anos, éramos um país rural e sofremos um processo intenso de urbanização, que gerou uma ocupação desordenada”. Para ele, uma das medidas que pode reverter esse quadro é a centralizar decisões. “O governo tem pouca margem para direcionar os investimentos, uma boa parte fica a cargo dos congressistas em emendas. Precisamos de um planejamento integrado”, diz.
Em 1999, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desafiou líderes empresariais a estabelecerem uma aliança a fim de “dar uma face humana ao mercado”. Assim surgiu o Pacto Global, movimento que propõe o cumprimento, até 2030, de 17 ODS nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e anticorrupção. No Brasil, o Pacto Global forma a segunda maior rede do mundo, com mais de 1.900 organizações participantes.