Saneamento
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Lúcia Helena de Camargo — Para o Valor, de São Paulo


Um dos entraves ao avanço na reciclagem, cujo índice permanece estacionado em torno dos 4% no Brasil, é a insegurança jurídica que paira sobre a cobrança de impostos, segundo o setor. Desde 2005, as empresas e cooperativas que comercializam recicláveis são isentas do recolhimento de PIS e Cofins, cujo índice seria de 9,25% sobre as vendas.

Já as indústrias transformadoras reivindicam na Justiça o direito de tomar créditos relativos a esses impostos ao adquirir recicláveis, benefício que detêm quando compram a matéria-prima virgem. A briga se arrasta no Supremo Tribunal Federal, sem resolução à vista. “O passivo tributário, caso a decisão seja desfavorável e haja cobrança retroativa, pode chegar a R$ 4,1 bilhões”, calcula Rodrigo Petry, consultor jurídico do Instituto Nacional da Reciclagem (Inesfa).

Água, esgoto e gestão de resíduos são universos conectados dentro da questão do saneamento, diz Edson Grandisoli, coordenador pedagógico da iniciativa Movimento Circular. “É urgente olharmos para esses três aspectos com a lente da economia circular, pois os recursos estão escassos e precisamos usá-los por mais tempo, com maior qualidade”, afirma. Ele considera que, embora a reciclagem não seja a solução ideal, já que exige logística integrada, ela é necessária para diminuir o ritmo de retirada de insumos da natureza.

“Se o reciclado fica caro, a indústria acaba buscando o insumo virgem, opção pior em termos ambientais, por extrair insumos e gastar mais energia”, afirma o presidente do Inesfa, Clineu Alvarenga. O instituto sustenta que a adoção definitiva da renúncia fiscal poderia elevar a arrecadação federal em cerca de R$ 1,1 bilhão anuais. “Com a desoneração, serão gerados mais negócios na cadeia produtiva. Ganha o país, a sociedade e o planeta”, diz Alvarenga.

Aline Sousa, presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal e Entorno (CentCoop-DF), também tem percebido menor procura das indústrias transformadoras pelos recicláveis, mesmo com preços mais baixos. “Na pandemia, chegamos a ganhar R$ 2 pelo kg do papelão, porque havia a necessidade de fabricar embalagens, mas agora estão pagando R$ 0,15 e ainda assim as papeleiras têm preferido investir em plantação de eucaliptos em vez de comprar aparas, material carro-chefe das cooperativas”, afirma. “Apenas as latinhas de alumínio ainda encontram mercado, com preços entre R$ 4 e R$ 6, a depender da região, mas as latas raramente chegam para nós, porque as pessoas pegam antes.”

O sucesso da economia circular de latas no Brasil é emblemático, pelo conhecido valor agregado conferido ao material. O índice de reciclagem, que era equivalente a 98% das latas produzidas em 2021, atingiu 100% em 2022, segundo a Associação Brasileira de Alumínio (Abal). Em 60 dias, as latas são transformadas e voltam à cadeia produtiva, injetando cerca de R$ 6 bilhões anuais na economia.

No ano passado, 59% do metal consumido pela indústria veio da reciclagem, contra uma média global de 30%. A produção de alumínio primário aumentou 5% em 2022; já o alumínio secundário teve alta de 4,4% no mesmo período. A indústria do alumínio, cujo faturamento foi de R$ 140 bilhões em 2022, cresceu 13% em relação a 2021, em parte impulsionada pela demanda crescente por embalagens sustentáveis.

“Precisamos fomentar a atividade, tanto por razões ambientais quanto sociais, para gerar renda, sem esquecer, no tripé da sustentabilidade, do aspecto econômico, dentro do qual advogamos que haja incentivos fiscais à atividade da reciclagem”, diz Janaina Donas, presidente executiva da Abal, ao defender os créditos à indústria transformadora.

Nesse contexto, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), cuja receita líquida foi de R$ 8,8 bilhões em 2022, persegue metas de aumentar a reciclagem. Com capacidade de reciclar 298 mil toneladas por ano em três plantas, desde 2021 investiu R$ 115 milhões na linha de tratamento de sucata da Metalex, unidade instalada em Araçariguama, interior de São Paulo, cuja produção chegou a 60% a partir de material reciclado, com ambição de alcançar 80% até 2030.

Mais recente Próxima Ativista defende salário mínimo para catadores
Tudo sobre uma empresa
Acesse tudo o que precisa saber sobre empresas da B3 em um único lugar! Dados financeiros, indicadores, notícias exclusivas e gráficos precisos - tudo para ajudar você a tomar as melhores decisões de investimento
Conheça o Empresas 360

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Índice de preços pode consolidar apostas de corte de 0,25 ponto percentual pelo Fed na semana que vem

Dólar ronda a estabilidade após divulgação de inflação ao produtor nos EUA; juros futuros sobem

No acumulado em 12 meses, o índice de preços ao produtor americano subiu 1,7%

PPI dos EUA tem alta de 0,2% em agosto, em linha com o esperado

Em 2023, a empresa adquirida registrou receita operacional líquida de US$ 70 milhões, com uma margem Ebitda de 18,5%

WEG compra fabricante de motores turca Volt Electric Motor por US$ 88 milhões

BCE reitera que manterá as taxas de juros suficientemente restritivas pelo tempo necessário para alcançar a meta de inflação de 2% no médio prazo de forma oportuna

Banco Central Europeu corta juros em 0,25 ponto percentual, de 3,75% para 3,50%

Com o aporte, a Energisa quita o passivo de R$ 1 bilhão decorrente da sua segunda emissão de notas comerciais

Energisa Paraíba vai receber investimento de R$ 1 bi do Bradesco

Por se tratar de uma reforma na Constituição, pelo menos dois terços dos Legislativos dos Estados deverão endossar o que já foi aprovado pelo Congresso

Reforma judicial do México passa por aprovação final dos Estados

J.P. Morgan vai agora limitar as horas de trabalho dos jovens banqueiros de investimento a 80 horas por semana na maioria dos casos, segundo fontes; Bank of America desenvolve nova ferramenta no software

Bancos de Wall Street tentam reduzir jornada de jovens funcionários após desmaios e até mortes

Ministro da Fazenda destacou que problemas do clima como os atuais podem elevar a trajetória de preços

Haddad: Não podemos estar desatentos aos efeitos da mudança climática na segurança alimentar e energética

O Cerrado foi o bioma com a maior área queimada em agosto de 2024, com 2,4 milhões de hectares

Queimadas mais que dobram em um ano e atingem 5,65 milhões de hectares, diz MapBiomas

Na comparação com julho de 2023, o varejo restrito avançou 4,4%, também superando as estimativas dos consultados pelo Valor Data

Venda no varejo no Brasil cresce 0,6% em julho, acima do esperado