Rumos da Economia
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Por Marli Olmos — De São Paulo


Glauco Arbix, da USP: “Precisa convidar todo mundo para dançar” — Foto: Carol Carquejeiro/Valor
Glauco Arbix, da USP: “Precisa convidar todo mundo para dançar” — Foto: Carol Carquejeiro/Valor

As empresas reconhecem o trabalho científico da academia brasileira, valorizado internacionalmente. As universidades sabem que o setor privado também é berço de inovação. E tanto um lado quanto o outro percebem no governo que assumiu há menos de seis meses vontade de recuperar a base financeira e os programas de fomento à pesquisa. O que falta? A conexão entre todos, e eles querem isso.

É como reunir pessoas com os mesmos interesses. Só que alguém tem que organizar esse encontro. Quem fala com cada parte ouve a queixa de que falta essa interação. E é razoável pensar que o governo seria o mais indicado a tomar a iniciativa dessa troca de ideias, como diz a própria ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (leia reportagem Recursos para pesquisa estão protegidos, afirma Luciana Santos).

Professor e coordenador do Observatório da Inovação do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), Glauco Arbix defende um pacto entre o setor público, empresas e universidades para enfrentar a mudança climática. Para ele, o Brasil pode ter um papel relevante, por exemplo, no setor de energia. “Mas precisa convidar todo mundo para dançar”, destaca.

O professor aponta a urgência de programas inclusivos e coloca a tecnologia no mesmo patamar de prioridades governamentais que no passado trataram, por exemplo, a questão da luz elétrica. “Assim como tivemos o ‘Luz Para Todos’, hoje precisamos de internet para todos, nas escolas e nos centros de saúde”, afirma, referindo-se ao programa criado em 2003 para ampliar o acesso à energia elétrica.

Arbix diz perceber “uma simpatia” da nova gestão do governo federal em relação à academia. Mas falta ir além disso. “O Brasil tem hoje mais do que nos últimos quatro a cinco anos, quando houve sucateamento de laboratórios. Mas eu gostaria de discutir mais”, destaca.

Como professor visitante da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), Arbix tem vivenciado a polêmica discussão em torno do avanço do ChatGPT nos EUA. Segundo ele, no Brasil “é preciso ser ambicioso porque nosso atraso é grande”. “Se o pessoal da OpenAI [laboratório desse programa de inteligência artificial] vier aqui verá que não temos computador apropriado para rodar o programa nem na USP, que detém metade da produção de inteligência artificial do país”.

A falta de elo entre academia e setor empresarial é apontada como “uma das deficiências da inovação brasileira” também por Rafael Cagnin, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Ele cita trabalho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que aponta os países com pesquisa forte e habilidade para inovar como os que têm maior facilidade para responder aos desafios socioeconômicos. “Ciência, tecnologia e inovação deveriam ser mais blindados”, destaca.

Cagnin lamenta o longo tempo em que o Brasil passou sem reajustar bolsas de estudos. Lembra que na França, por exemplo, o tempo de aposentadoria começa a contar no doutorado. “Muitos ingressam no mercado de trabalho tarde por passar o tempo se qualificando.”

Não se pode, porém, generalizar a falta de sinergia entre empresas e academia. Muitos produtos fabricados por setores que investem pesado em pesquisa, como tecnologia, transporte e farmacêutico, nasceram em universidades.

O Vonau, remédio para enjoo e um dos mais vendidos pela brasileira Biolab, é resultado de parceria com a USP. O protetor solar Photoprot, da mesma empresa, é fruto de trabalho com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Um dos diferenciais da Biolab é ter um cientista entre os donos. Dante Alario Jr é químico e farmacêutico pela USP, com pós-graduação em farmacotécnica pela Universidade de Gênova, na Itália.

A vocação ele herdou do pai, que era farmacêutico em Presidente Prudente (SP). Em 1997, Alario Jr. juntou-se aos irmãos Cleiton e Paulo Marques na sociedade que deu origem à empresa. Além de sócio, Alario é chefe da área científica na Biolab. As áreas operacional e comercial ficam a cargo de Paulo e Cleiton, respectivamente. “Porque só cientista não garante nada”, diz.

Mas, apesar da sinergia com a ciência brasileira, a Biolab escolheu o Canadá para abrir seu terceiro centro de pesquisas, há cinco anos. Ali trabalham 80 pessoas.

“No Brasil, há morosidade para a importação de reagentes e insumos. A burocracia é muito grande. Buscávamos velocidade para preparar os produtos”, afirma Alario. O projeto cresceu. A partir desse centro, a Biolab se prepara para produzir no Canadá e dali exportar para os Estados Unidos.

No primeiro ano, a empresa recebeu, do governo canadense, dinheiro por ter cumprido o cronograma de pesquisa. “O incentivo veio em cash; não foi um tapinha nas costas como quem diz: não fez mais do que a obrigação”.

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