Revista Sustentabilidade
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Por Lívia Ferrari


Almeida, da Nidec Global: economia de energia nos compressores da Embraco — Foto: Divulgação
Almeida, da Nidec Global: economia de energia nos compressores da Embraco — Foto: Divulgação

A agenda da sustentabilidade ambiental está cada vez mais presente na linha de produtos e sistemas das empresas de bens de capital. Máquinas e equipamentos com elevados níveis de eficiência operacional, visando a redução de emissão de gases de efeito estufa, engrossam o pipeline dos fabricantes.

Daniel Marteleto Godinho, diretor de sustentabilidade e relações institucionais da WEG, diz que sustentabilidade e inovação andam juntas. “Temos motores com 98,7% de eficiência energética. Resultado de muita inovação. Motores mais eficientes e menores significam menos consumo de energia e de matéria-prima. Ou seja, representam menor emissão de carbono.” Segundo ele, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) giram, por ano, em torno de 2,5% da receita líquida da empresa. Com isso, 59,3% da receita, em 2022, veio de produtos lançados no mercado nos últimos cinco anos, o que mostra o alto índice de inovação.

Líder no setor de bombas elétricas, a WEG cumpre o programa de carbono neutro, que prevê a redução de gases de efeito estufa de 52% até 2030, chegando à emissão zero até 2050. A queda foi de 15% no ano passado. Para atingir as metas, a empresa atua internamente em quatro frentes, que são desenvolvidas também nas trajetórias de descarbonização de seus clientes: eficiência energética, eletrificação de processos e da frota de veículos, uso de energias renováveis e soluções digitais da indústria 4.0.

Na área de máquinas agrícolas, a CNH Industrial lançou o primeiro trator movido a gás biometano do mundo, o T6.180, da New Holland. O modelo opera com a mesma eficiência de um trator equivalente movido a diesel, mas com redução de 90% nas emissões. A máquina, em operação em fazenda no Mato Grosso do Sul, utiliza como combustível o gás gerado na propriedade a partir da decomposição de resíduos orgânicos.

“Um projeto que envolve o conceito de fazenda autossustentável do ponto de vista energético. Não é apenas a máquina: tem todo um processo de fomento envolvido na capacidade de gerar o biometano, transformando um passivo ambiental, um rejeito, em capital, um combustível”, diz Rafael Miotto, presidente da CNH Industrial para a América Latina. Ele lembra que a empresa aplica cerca de US$ 1 bilhão por ano em P&D.

A sustentabilidade também está nas quatro plantas industriais da companhia no Brasil. Juntas, geram cerca de 26,2 mil toneladas de rejeitos por ano. “A empresa passou a operar com ‘aterro zero’, resultado de um programa de reaproveitamento de resíduos, com destino para 100% dos rejeitos”, afirma Miotto.

“O foco em portfólios mais eficientes é fundamental para atingir as metas globais de descarbonização”, diz Guilherme Almeida, presidente da Nidec Global Appliance, da qual faz parte a Embraco, referência em tecnologia para refrigeração. Segundo ele, a eficiência energética está entre as prioridades estratégicas do grupo. Tanto que, com o desenvolvimento da tecnologia “inverter” (velocidade variada), os compressores da Embraco atingiram economia de até 50% no consumo de energia ante a de compressores de velocidade fixa comuns (on-off), explica Almeida.

Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) mostra que 38% das máquinas vendidas no país destinam-se à melhoria de produtividade, condição essencial para o processo de sustentabilidade das empresas.

“O mercado exige cada vez mais que se produza de forma sustentável, com redução de emissões de carbono, eficiência energética, menores custos e economia de insumos”, diz o presidente-executivo da entidade, José Velloso. Ele conta que as 40 câmaras setoriais da Abimaq estão envolvidas com o tema da sustentabilidade, com a estratégia ESG. “Grandes players do mercado estão construindo suas políticas climáticas, de eficiência de energia, de baixo carbono. Esta é a agenda atual”, destaca Patrícia Gomes, diretora de mercado externo da Abimaq.

Para os especialistas, o processo de reindustrialização do Brasil, a chamada “neoindustrialização”, terá como base a transição energética, ou seja, energias limpas. Isso implica grandes investimentos em inovação e P&D.

O diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Luís Gordon, garante que a instituição terá papel estratégico no apoio dessa nova política industrial. “A agenda da sustentabilidade, da transição ecológica, é prioridade no BNDES”, afirma. O banco melhorou as condições das linhas de inovação e busca ampliar os recursos do Fundo Clima com captação no mercado. Esse fundo apoia projetos para a redução de emissões de gases do efeito estufa e adaptação a mudanças do clima. Agora, as operações para inovação e digitalização são remuneradas pela Taxa Referencial (TR), cerca de 2% ao ano. O banco tem R$ 20 bilhões a serem concedidos em quatro anos.

A descarbonização automotiva ganhou destaque no BNDES, com discussões internas sobre possível criação de linha específica de financiamento à eletrificação de ônibus no transporte público e motores híbridos. Também a cadeia de óleo e gás é alvo de atenção, com foco na inovação, eficiência e transição energética. Nesse contexto foi criado um grupo de trabalho entre o BNDES e a Petrobras.

“O Brasil tem grandes oportunidades no setor de fontes renováveis de energia. Somente em energia eólica offshore, o país tem 60 projetos em licenciamento”, lembra Alberto Machado Neto, diretor da Abimaq, especialista no tema.

“As empresas têm que estar preparadas para atender, desde já, as demandas do futuro”, afirma Fernando Boscariol, superintendente de engenharia da Dedini. “O mercado exige cada vez mais soluções sustentáveis e inovadoras.” A Dedini participa do desenvolvimento de novas tecnologias para o setor sucroenergético. Entre elas, a produção de etanol celulósico a partir do bagaço e da palha da cana-de-açúcar e produção de biogás integrada, a partir dos resíduos dos processos de fabricação de açúcar e etanol. Além disso, em escala de desenvolvimento com parcerias estratégicas, tem o hidrogênio verde e o combustível sustentável para a aviação.

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