Revista Sustentabilidade
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Por Márcia R. Corradini


Sarah Chaia, da Roche: R$ 440  milhões para pesquisa clínica — Foto: Vivian Koblinsky/Divulgação
Sarah Chaia, da Roche: R$ 440 milhões para pesquisa clínica — Foto: Vivian Koblinsky/Divulgação

Ao completar dois anos, o projeto de sustentabilidade integrado da cadeia farmacêutica inicia uma nova fase em setembro nas cidades com menos de 500 mil habitantes. O programa de logística reversa de medicamentos domiciliares vencidos e suas embalagens (Logmed), que reúne a indústria, os distribuidores de remédios e as farmácias, com a instalação de um ponto de coleta para cada 10 mil habitantes, já é feito hoje em municípios com mais de 500 mil habitantes. Depois de verdadeiras quedas de braço, houve uma pacificação do acordo e os custos estão sendo absorvidos pela cadeia farmacêutica. “Nossos associados nos instaram a coordenar essa operação, a Logmed, e hoje somos reconhecidos pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS)”, conta Nelson Mussolini, diretor-presidente do sindicato das indústrias farmacêuticas (Sindusfarma).

A amplitude do território brasileiro e o número de farmácias independentes (fora de redes como Drogasil, Ultrafarma, Panvel, Pague Menos) é o maior desafio da extensa cadeia de medicamentos. O ponto de coleta é nas farmácias e os distribuidores, que entregam remédios nas regiões mais remotas, levam os medicamentos vencidos de volta às indústrias, para ser incinerados, enquanto as embalagens vão para recicladores.

Em 2021, primeiro ano da operação, foram recolhidas 53 toneladas de remédios vencidos em 3,6 mil farmácias de 74 municípios. No ano passado foram 261 toneladas (alta de 392%) em 5,15 mil farmácias (+43%) de 446 cidades. O país tem pouco mais de 40 mil farmácias.

Enquanto o programa institucional vai se espalhando, laboratórios farmacêuticos consolidam suas políticas de ESG e buscam rotas biotecnológicas baseadas em ativos de biomas brasileiros. O laboratório Aché pesquisa a biodiversidade brasileira e obteve o princípio ativo para produzir o anti-inflamatório Acheflan, a partir do óleo de uma planta (Cordia verbenacea DC) encontrada na Mata Atlântica e para o fitoterápico Sintocalmy, derivado da Passiflora incarnata (trepadeira parente do maracujá). No momento, na Aché, há oito projetos de inovação radical baseados em ativos de origem natural, em sua plataforma Bioprospera, com o primeiro lançamento previsto para 2026. Para a produção de medicamentos biológicos de alta complexidade, a empresa divide os elevados investimentos com a EMS (grupo NC Farma), a Hypera Farma e a União Química, na Bionovis, onde cada um detém 25% do capital. “Além disso, temos um projeto em fase clínica final global para o tratamento de vitiligo”, adianta Fernanda Bardi, diretora responsável pela área de sustentabilidade da Aché.

A estatal Farmanguinhos/Fiocruz, que executa a política de aproveitamento de ativos dos biomas nacionais do Ministério da Saúde (MS), apoia arranjos produtivos em plantas medicinais e fitoterápicos. E segundo Jorge Mendonça, diretor da Farmanguinhos/Fiocruz, há ênfase em estudos de espécies vegetais priorizadas pelo MS e/ou já utilizadas pela população, voltados para validar seu uso medicinal, especialmente nos projetos destinados a doenças parasitárias e infecciosas, inflamatórias, imunológicas e traumatológicas; as que afetam funções vasculares, hepáticas ou renais; além de alguns tipos de câncer. “Também cuidamos no nosso entorno de coleta seletiva solidária e gerenciamento de resíduos, bem como o tratamento de 100% dos efluentes sanitários e industriais, o que nos tornou a única autarquia federal certificada com a ISO 14001”, diz Mendonça.

No momento, o maior foco na sustentabilidade do setor farmacêutico está nas fontes renováveis de energia. Maria Del Pilar Muñoz, vice-presidente e que também responde pela sustentabilidade na Eurofarma, quer manter o ritmo de crescimento da companhia a 17% ao ano, enquanto instala o maior programa de substituição por fontes de energias 100% renováveis: a Eurofarma firmou um acordo com a Omega Energia para a participação no parque eólico Assuruá 4, em Gentio do Ouro, na Bahia. “A parceria nos permitirá uma matriz 100% renovável a partir de 2024, garantindo com a autoprodução energia para as fábricas e demais operações.”

Entre outros programas sociais a empresa patrocina um banco de leite humano (privado) que atende UTIs neonatais parceiras e desde sua implantação em 2019, já arrecadou mais de 7 mil litros de leite materno processado para 2,6 mil bebês.

A União Química elegeu 16 objetivos em seu programa de ESG. O mais recente na área de sustentabilidade é o da eficiência energética. Para isso firmou parceria com a IFC, do Banco Mundial (Bird). Cerca de R$ 330 milhões serão investidos desde a evolução no mercado de vacinas, na expansão das fábricas, instalação de painéis solares, projetos de eficiência energética, novos negócios e projetos de governança corporativa. “A agenda ESG segue sendo o grande foco da companhia e contaremos com a expertise internacional da IFC”, diz Fernando de Castro Marques, presidente da União Química. Ele destaca ações como o projeto Raízes da União lançado em 2021, em comemoração aos 85 anos da empresa, para plantar 1 milhão de mudas de árvores nativas em até cinco anos, nas regiões de suas unidades fabris: São Paulo, Minas Gerais e Brasília/DF. “Uma de nossas unidades é de ‘outsourcing’ e com ela exportamos para mais de 70 países com certificações dos órgãos reguladores mais importantes do mundo, que também avaliam as nossas práticas sustentáveis”, acrescenta Marques.

A afiliada brasileira da suíça Roche lidera o Sustainability Roche Affiliates Engagement Squad, que tem como objetivo a criação de uma rede colaborativa entre as afiliadas da Roche pelo mundo, para integrar a sustentabilidade à estratégia de negócios local. De acordo com a sua diretora, Sarah Chaia, que coordena a área de sustentabilidade da Roche Farma Brasil, a empresa busca reduzir a geração de lixo e o consumo de materiais, água e energia, além das emissões de CO2. Aos 90 anos de Brasil, destinou R$ 440 milhões para pesquisa clínica no país em 2022, quando sua receita local chegou aos R$ 3,7 bilhões.

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