Revista Inovação
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Por Rosangela Capozoli


Camila Oliveira, do IDG: estímulo ao pensamento crítico de futuras cientistas — Foto: Divulgação
Camila Oliveira, do IDG: estímulo ao pensamento crítico de futuras cientistas — Foto: Divulgação

Sem diversidade, não há como garantir a excelência da produção científica de um país. O Brasil, que faz parte desse grupo de risco, dá os primeiros passos em busca de uma ciência inclusiva. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), anunciou a disponibilização, em outubro, de R$ 100 milhões para lançar o maior programa de incentivo à ciência voltado para meninas e mulheres. O plano também visa combater a evasão em cursos de graduação nas áreas de ciências exatas, engenharia e computação.

A nova chamada pública Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação tem como objetivo apoiar projetos que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e para a inovação, informa nota do MCTI. O público-alvo são estudantes do sexo feminino, matriculadas no ensino médio, além de estudantes da graduação. Pelo menos 30% das bolsas deverão ser destinadas a meninas pretas e/ou indígenas.

Para o ministério, a vontade política do Estado é decisiva para superar a desigualdade de gênero. E a diversidade é fundamental para garantir a excelência da produção científica do país. Hoje, de acordo com dados do CNPq, as mulheres são maioria nas bolsas de iniciação científica. Elas têm 60% de participação, mas somente 35% estão nas bolsas de produtividade, que são alcançadas no topo da carreira.

“No cenário geral, os indicadores sugerem a paridade entre homens e mulheres. Entretanto, nos recortes específicos, as mulheres tiveram percentuais menores que os homens”, mostra o painel de fomento em ciência, tecnologia e inovação lançado pelo CNPq em setembro.

Regina Acher,  da Laboratória: orientação para alunas encontrarem empregos em tecnologia — Foto: Divulgação
Regina Acher, da Laboratória: orientação para alunas encontrarem empregos em tecnologia — Foto: Divulgação

A modalidade produtividade em pesquisa – bolsa concedida para pesquisadores já reconhecidos em seus campos – possui em torno de 35% de mulheres no conjunto de todos os níveis, percentual que diminui conforme aumenta o nível das bolsas.

Há diferentes iniciativas voltadas para a redução da desigualdade no campo da tecnologia e inovação. A ONG PrograMaria trabalha pelo aumento da diversidade na tecnologia. A organização surgiu como um coletivo em 2015 e, em 2018, se formalizou, transformando-se em um negócio de impacto social. Segundo a ONG, ao longo da trajetória, foi identificado que não falta interesse, mas sim oportunidades e incentivos para que pessoas de grupos minorizados considerem a tecnologia como uma alternativa de carreira.

De acordo com o Global Gender Gap Report 2023 do Fórum Econômico Mundial, no Brasil as mulheres representam só 36,6% dos estudantes nas graduações relacionadas à inovação e tecnologia. Se o país continuar com a mesma taxa de equiparação entre mulheres e homens, serão necessários 131 anos para atingir a igualdade.

Segundo a Brasscom, associação que reúne as empresas de tecnologia da informação, apenas 20% das pessoas que trabalham com tecnologia no Brasil são mulheres. Até 2024, a demanda por profissionais em TI somará mais de 420 mil vagas. No entanto, com a revolução da indústria 4.0, mulheres que não possuem formação técnica perdem cinco vezes mais vagas que os homens. Considerando os nove primeiros meses de 2023, foram mais de 1.300 bolsistas matriculadas nos cursos on-line da PrograMaria e quase mil pagantes, totalizando mais de 2.300 alunos.

As empresas, em princípio, deveriam estar mais atentas ao valor da diversidade. A multinacional francesa Engie, por exemplo, apoia um projeto chamado Meninas de 10 anos. Trata-se de uma ação promovida pelo Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, em parceria com o Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA).

O objetivo é estimular o pensamento crítico e empoderar futuras cientistas e lideranças femininas com foco na emergência climática. “Muitas vezes são meninas que são direcionadas para fora da escola para realizar trabalho doméstico e outras práticas que não dizem respeito à infância”, explica Camila Oliveira, gerente de educação do IDG. A faixa etária das participantes é de 10 a 16 anos. E há uma razão para esse recorte. De acordo com a UNFPA, essa é a fase que as meninas se tornam mais vulneráveis a abusos e violações de direitos, prejudicando seu desenvolvimento.

Já a Laboratória atua há nove anos para alcançar uma economia digital mais diversa, inclusiva e competitiva que abra oportunidades para que cada mulher desenvolva seu potencial, segundo Regina Acher, cofundadora da organização. “Fazemos isso por meio de um bootcamp intensivo de programação com duração de seis meses, totalmente remoto e exclusivo para mulheres”, diz. Após o programa, destaca, as alunas são guiadas para que encontrem empregos de qualidade em tecnologia.

Segundo seus números, mais de 3.500 mulheres se formaram como desenvolvedoras web ou UX designers, 1.100 empresas já contrataram talentos da Laboratória e a taxa de empregabilidade alcança 79%.

Estudo feito pela Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei) reflete esse cenário – 39% das empresas em geral têm mulheres nas suas áreas voltadas à inovação. Quando se observa pelo tamanho das empresas, vê-se que a presença das mulheres nesse setor chega a 48% nas microempresas, caindo para 27% nas grandes corporações.

“Estamos em um período de mudanças constantes e acreditamos firmemente que as mulheres devem estar na vanguarda de todas as áreas que moldam a inovação e o futuro do mercado”, afirma Cynthia Zanoni, diretora da WoMakersCode, uma organização sem fins lucrativos dedicada a capacitar e empregar mulheres na tecnologia.

A organização se apresenta como a maior comunidade de mulheres na tecnologia da América Latina, parceira da Organização das Nações Unidas (ONU) que já impactou mais de 250 mil mulheres em todo o Brasil por meio de eventos, mentorias e cursos. Zanoni lembra que, pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra Domicílios (Pnad), as mulheres têm predominância de 51% da população, mas no setor de TIC a presença de profissionais do gênero feminino é de apenas 39%.

Até 2022, a ONG distribuiu 4.050 bolsas de estudos, com um índice de 80% das alunas recolocadas no mercado de trabalho. Neste ano, destaca, foram realizados 13 projetos de formação, concedendo 6.200 bolsas de estudos para meninas e mulheres. Parcerias estratégicas também foram estabelecidas com empresas líderes do setor.

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