Revista Inovação
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Por Inaldo Cristoni


Bissacot, da Alcoa: acordo com a USP para monitorar biodiversidade — Foto: Divulgacao/Divulgacao
Bissacot, da Alcoa: acordo com a USP para monitorar biodiversidade — Foto: Divulgacao/Divulgacao

A perspectiva de aumento da produtividade tem estimulado a formalização de parcerias entre universidades e empresas para desenvolvimento de projetos que fomentam a inovação. A quantidade de acordos de cooperação com tal objetivo e o desembolso financeiro para que sejam executados cresceram de forma expressiva nos últimos anos em diferentes ramos de atividade econômica – de energia a telecomunicações, da mineração ao agronegócio e ao meio ambiente – e com uma abordagem que reforça o alinhamento empresarial ao discurso da sustentabilidade.

O setor empresarial considera a inovação um pilar para o aumento da produtividade que, por sua vez, contribui de forma direta para o crescimento econômico. Estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) aponta que o aumento da produtividade das empresas pode gerar um incremento de US$ 1 trilhão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos próximos cinco anos e fazer o Brasil subir quatro posições (do 12º para o 8º lugar) no ranking das maiores economias do mundo até 2027.

Por meio do Programa Institutos Senai de Inovação (ISIs), a Firjan apoia as iniciativas em inovação que estão em um estágio de desenvolvimento mais avançado e, portanto, habilitadas a chegar ao mercado na forma de produto no curto prazo. “É o que chamamos de prontidão tecnológica”, afirma Antonio Fidalgo, coordenador de pesquisa, desenvolvimento e inovação da entidade.

Os desembolsos financeiros para apoiar a inovação saltaram de R$ 1,5 bilhão em 2020 para R$ 2 bilhões no ano passado. Em 2021, foram contabilizados 1.990 projetos, que somaram R$ 1,9 bilhão em recursos, beneficiando 860 empresas. No exercício passado, o montante evoluiu para 2,4 mil acordos de cooperação, abrangendo mil empresas.

Marquezini,  da Ericsson: estudo sobre novas demandas das redes com a Inova Unicamp — Foto: Divulgação
Marquezini, da Ericsson: estudo sobre novas demandas das redes com a Inova Unicamp — Foto: Divulgação

Entre os projetos em andamento, Fidalgo destaca o conduzido pela startup Microbiotec, em parceria com uma grande companhia especializada em saúde animal. Orçado em R$ 3 milhões, pesquisa a aplicação de bacteriófagos (fagos) no tratamento de mastite, uma inflamação da glândula mamária das vacas, em substituição aos antibióticos convencionais. A vantagem é que essa nova formulação de medicamento permite a continuidade do processo de ordenha sem o risco de contaminação do leite, diferentemente do que ocorre atualmente, observa.

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) há o registro de 127 projetos de pesquisa entre janeiro de 2022 e setembro deste ano, que somam R$ 199 milhões em financiamento público e privado. Esses números devem crescer, porque até dezembro pelo menos mais R$ 20 milhões relativos a novos acordos de cooperação com foco em inovação estão previstos “para entrar na burocracia de contratação”, estima Jacques Mick, pró-reitor de pesquisa e inovação da UFSC.

A Petrobras, que é um dos principais parceiros da UFSC, responde por R$ 47 milhões do volume financeiro aplicado na universidade. Um dos três acordos de cooperação firmados com a estatal no primeiro semestre deste ano, no valor de R$ 6 milhões, contempla o desenvolvimento de um reator experimental para aplicação em plataforma offshore de exploração de petróleo a partir de 2027. De acordo com a companhia, a tecnologia a ser desenvolvida tem como objetivo reduzir o consumo de produtos químicos utilizados no tratamento da água produzida e aumentar a eficiência e capacidade operacional das plantas de tratamento offshore, de forma a permitir a produção de óleo e gás sem impacto ao ambiente marinho.

A Agência de Inovação da Universidade Estadual de Campinas (Inova Unicamp) obteve um recorde no número de convênios de pesquisa e desenvolvimento (P&D) firmados com o setor empresarial no ano passado: foram 73 no total, que representaram um financiamento de R$ 249,5 milhões, volume 244% superior ao registrado no montante captado em 2021. Uma das parcerias foi firmada com a Ericsson – a companhia tem acordos também com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Federal do Pará (UFPA) – no âmbito do projeto Smartness.

O contrato foi assinado em abril. Consiste em um centro de excelência em redes de telecomunicações para explorar soluções, que auxiliem na projeção e construção de infraestruturas de computação em nuvem e de redes cognitivas orientadas por tecnologias de aprendizado de máquina e inteligência artificial. O objetivo é desenvolver serviços de conectividade que serão suportados nas redes móveis de quinta e sexta geração (5G e 6G). “Vamos estudar novas aplicações que irão demandar diferentes requisitos da rede, como capacidade, confiabilidade e qualidade de serviço”, explica Maria Valéria Marquezini, que coordena os projetos de pesquisa da Ericsson com universidades brasileiras.

Financiado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que desembolsou R$ 56 milhões, o centro Smartness funcionará no campus da Unicamp e até dezembro estará equipado com uma rede privativa 5G. Outros três hubs de pesquisa foram ativados no campus da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em Sorocaba, na Universidade de São Paulo (USP) e no Laboratório de Inovação da Ericsson, que fica na cidade de Indaiatuba (SP), diz Marquezini.

A rede 5G é objeto também de uma parceria entre a Vivo, o Centro Universitário FEI e a Ericsson. Juntos, estão montando um laboratório para que empresas parceiras possam testar soluções baseadas na tecnologia 5G, em especial nas áreas de automação, logística, mobilidade urbana, agronegócio e mineração, assim como em processos industriais relacionados à manufatura avançada. Localizado no campus da universidade, em São Bernardo do Campo (SP), o laboratório conta com equipamentos da Ericsson e uma rede privativa 5G instalada pela operadora.

Segundo Diego Aguiar, diretor de IoT e big data B2B da Vivo, um dos pilares do projeto é promover a cocriação, ou seja, facilitar a troca e a criatividade entre o mundo corporativo e acadêmico, e estimular o desenvolvimento de soluções baseadas na tecnologia 5G. “As empresas são bem-vindas para se unir à iniciativa e desenvolver soluções de forma independente e alinhadas às suas necessidades.”

A Alcoa conta com o apoio da USP no processo de revisão do seu plano de ação para biodiversidade na mina de bauxita de Juriti, no oeste do Pará, que a companhia explora desde 2009, cuja capacidade atual é de 7,5 milhões de toneladas por ano – o potencial da reserva é de 700 milhões de toneladas métricas de bauxita. Com duração de cinco anos, o acordo tem como objetivo fazer estudos para avaliar como o monitoramento socioambiental deve ser estruturado para analisar a eficácia da aplicação da hierarquia de mitigação, além de apoiar um sistema de governança de impactos sobre a biodiversidade e serviços ecossistêmicos.

A expectativa gira em torno da consolidação de uma malha de informações mais assertivas. Na prática, esse plano vai virar um guia de tudo o que tem que ser feito com foco em biodiversidade, assinala Thaiza Bissacot, diretora de meio ambiente da Alcoa. “O objetivo é permitir que sejam possíveis análises preditivas para mitigar, recuperar ou ainda compensar cada impacto previsto na mina.” Outro ganho decorrente dessa iniciativa, de acordo com ela, é a geração de documentos sobre os parâmetros monitorados que possam ser compreendidos pela comunidade do entorno.

No setor químico, a Indorama Ventures estruturou o seu processo de inovação em plataformas tecnológicas (biotecnologia, sistemas de encapsulamento e liberação controlada e química de superfícies são alguns exemplos de áreas contempladas). A empresa tem como parceiros o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, o Senai – Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil (Senai CETIQT), do Rio de Janeiro, e o Senai Eletroquímica (PR).

“Estamos buscando inovações disruptivas e potencialmente novos mercados”, diz Renata Corradi Haenel, diretora global de gestão da inovação da companhia. Produtos que resultaram de projetos de inovação já estão disponíveis comercialmente no mercado. Lançado neste ano, o SurfonicBio destina-se ao mercado de home & personal care (HPC) e tem como base matérias-primas de fontes renováveis e processos sustentáveis.

Nos últimos dois anos, a Indorama Ventures realizou investimentos de mais de R$ 10 milhões em seu programa de inovação. Em 2023, está conduzindo cinco projetos de inovação por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), que considera “um excelente mecanismo de fomento para acelerarmos nossas inovações em parceria com infraestruturas externas”.

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